DISCURSO PROFERIDO PELO DEPUTADO MAURO BENEVIDES
NA SESSÃO DE 19 DE JULHO DE 2006
SENHOR PRESIDENTE
SENHORAS E SENHORES DEPUTADOS:
Está prevista para hoje, mais uma reunião do Comitê de
Política Monetária, quando serão anunciados os novos índices da
Taxa Selic, na linha da gradual redução registrada nos meses
anteriores, como imposição da realidade financeira do País.
Na semana passada, cheguei a analisar, desta tribuna, o
quadro deflacionário a que chegaríamos nos últimos dias, o que
legitimaria uma redução mais significativa, na quantificação do
percentual, a ser anunciado nesta quarta-feira.
A expectativa registrada nos círculos empresariais amplia-se
com justificada razão, havendo quem prognostique um decesso
mínimo de 1%, ensejando aplicações mais ponderáveis em nosso
País, com o conseqüente estímulo às atividades produtivas.
Aliás, em sua edição de domingo, no seu primo editorial, o
jornal O GLOBO aborda essa palpitante temática, destacando
enfaticamente o seguinte:
“Ambiente econômico favorece novo corte na taxa de juros”.
E na seqüência da argumentação expendida vai ressaltado
que:
“A queda da inflação para um patamar mais controlável é sem
dúvida uma vitória que merece ser comemorada com satisfação
pelos brasileiros, vítimas, desse flagelo econômico por décadas”.
Infere-se, desta forma, que há, efetivamente, amplo lastro de
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apoio ao reclamado posicionamento do Comitê de Política
Monetária, cujos integrantes deverão mostrar-se sensível às novas
possibilidades que ora se descortinam no panorama do nosso País.
Embora o presidente do Banco Central mantenha-se silente
em relação ao assunto, há quem considere tranqüila uma redução
mais expressiva, como anseia o empresariado nacional.
Com acerto dos pontos de vista referenciados no mencionado
artigo, entendi de solicitar a sua transcrição na integra, pela justeza
dos dados alinhados com clareza e precisão inquestionável.
Eis o texto aludido, Sr. Presidente:
Desafio nos juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se
reúne esta semana em um ambiente muito favorável à redução das
taxas de juros.
As instituições financeiras consultadas pelo BC projetam para
2006 uma inflação abaixo de 4% — mesmo levando em conta a
hipótese de reajuste nos preços dos combustíveis, em face da
continuação das cotações elevadas do petróleo no mercado
internacional. E para 2007 todas trabalham com a premissa de que
o ponto central da meta (4,5%) será atingido.
A economia deverá crescer este ano mais do que em 2005, o
que não chega a ser um grande feito, dado que o resultado anterior
(minguados 2,3%, em um período que a economia mundial
esbanjou dinamismo) foi muito frustrante.
A queda da inflação para um patamar mais controlável é sem
dúvida uma vitória que merece ser comemorada com satisfação
pelos brasileiros, vítimas desse flagelo econômico por décadas.
Agora o próximo desafio será conter a inflação com taxas de juros
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mais civilizadas, compatíveis com a realidade de economias com o
mesmo grau de desenvolvimento do Brasil.
Os juros altos foram até aqui um mal necessário, devido à
herança do passado inflacionário, e aos desequilíbrios estruturais
da economia brasileira.
Nem tudo está resolvido, pois o equilíbrio das finanças
públicas somente foi obtido por aumento de carga tributária. No
entanto,
foram
feitos
avanços
significativos
no
campo
macroeconômico — e o principal talvez seja a diminuição da
vulnerabilidade das contas externas brasileiras. O fantástico
desempenho das exportações proporcionou uma queda da dívida
externa e da dependência do país em relação aos financiamentos
em moeda estrangeira. Assim, o câmbio deixou de ser um fator de
perturbação, e não é mais um estopim para a inflação doméstica.
O Copom vem se mostrando atento a esse cenário e cortou
as taxas de juros básicas para o nível nominal mais baixo desde o
lançamento do real. Esta semana provavelmente a barreira dos
15% será quebrada, dando-se mais um passo para juros reais mais
baixos. A continuação desse processo dependerá da reação da
economia na prática.
Sr. Presidente:
Que o COPOM sinta-se estimulado a fixar uma nova Taxa
Selic bem mais compatível com o quadro deflacionário registrado no
País.
MAURO BENEVIDES
Deputado Federal
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Está prevista para hoje, mais uma reunião do Comitê de Política