Economia em Tempos de Mobilização de Massas Nilson Pimentel (*) Chega a ser patético assistir como os políticos ainda estão tratando os movimentos populares, excludentes de matiz política partidária, como se apostassem na passagem deste despertar da cidadania do povo. Para não sair daqui de Manaus, na quinta-feira (11/julho) assisti em jornal de TV, como o “dialogo” entre os membros do movimento de agricultores e o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, o qual se portava com um ar de paisagem vazia, sem nenhum interesse, como se estivesse em ato obrigado e não no exercício de seu dever como representante político desse povo que lhes falava em uma audiência forçada. Lamentável! Deprimente! Pensam (os políticos) que são maiores e melhores do que o povo os elegeram. No primeiro governo do Partido dos Trabalhadores (PT), a economia mundial passava por momento ascendente, favorável, tanto que os ditos países emergentes, identificados por BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) passaram a taxa de crescimento econômico muito significativo, tanto que o Brasil passou por longos 8 (oito) anos de economia favorável, mas não bem aproveitado pelo governo brasileiro para crescer e implementar as reformas que o pais precisava para trilhar um crescimento econômico de longo prazo. O que não se pode analisar nesse segundo governo desse mesmo partido, pois ainda preste a deteriorar todo o sistema econômico que se alterou para o equilíbrio desde 1994, o atual governo está à deriva em termos de Política Econômica (PE), tanto que exerce o poder de aplicar gotas dessa política, em desonerações pontuais em diversos segmentos da indústria nacional. Visto por muitos economistas, o que eu compartilho totalmente desse entendimento, pois na base da Teoria Econômica, não existe milagre, pois os esses incentivos dados pelo governo Dilma para incrementar a economia brasileira em declínio, podem custar bem caro para o próximo governo, a partir de 2015, uma vez que, todas essas isenções devem interferir nas contas públicas nos anos vindouros. Todas essas sucessivas desonerações e demais repasses de recursos para o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) objetivando compor programas de governo, com os Programas Assistencialistas, com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e Brasil Maior, devem provocar significativos impactos nas contas nacionais para o próximo governo, se tornando uma espécie de herança maldita. Vimos atônitos o recrudescimento da famigerada INFLAÇÃO, o que induziu no governo as autoridades econômicas utilizarem instrumentos de Política Monetária, com alterações sistemáticas na taxa de juros básica, a SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), o que nesse momento está em 8,5% (10/julho). Além disso, no atual regime, em que a Política Monetária é feita por meio da fixação de uma taxa de juro básica, o Banco Central (BACEN) está sempre disposto a recomprar os títulos públicos de acordo com a taxa estabelecida, ou seja, eles têm liquidez garantida e, através da qual o BACEN procura influenciar as outras taxas, pois o Conselho de Política Monetária (COPOM) estabelece metas para a taxa SELIC, que refletem sua avaliação sobre a trajetória da inflação. Assim, o governo estimula o mercado de títulos públicos e reprime a demanda de bens e serviços, ou seja, retém o dinheiro e diminui o risco de uma pressão inflacionária, por consumo imediato e de curto prazo. Com essa decisão o COPOM pretende controlar a inflação, cuja meta central é 4,5% (com dois pontos para mais ou para menos). Contudo, nesses últimos dozes meses (até junho) o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado) somou 6,7%, bem acima da meta prevista. Esse controle da inflação se dá porque, teoricamente, com os juros mais altos, o consumo será inibido por conta da tomada de crédito para consumo ficar mais caro. Por outro lado, com menor consumo, a indústria produz menos, e os juros mais altos acabam contribuindo para a retração da produção industrial, afetando o Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país, que está sendo revisado para baixo consecutivamente. O que se viu na terça-feira (9/julho), foi o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixar novamente a projeção de crescimento para a economia brasileira em 2013 e 2014, prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 2,5% este ano. Porém, a China deve crescer 7,8% em 2013 e 7,7% em 2014. Nas estimativas para 2013, a Rússia 2,5% e a África do Sul para 2%. Tendo em vista essas restrições do crescimento econômico, o que se tem visto é a redução de investimentos fixos produtivos na indústria e a redução da entrada de novos capitas estrangeiros diretos, nesse primeiro semestre de 2013. Por outro lado, o governo anda às tontas com sua Política Cambial frente as constante ‘subidas’ do dólar mais valorizado, por volta de R$ 2,25 (12/julho), que tende a reduzir o ritmo das importações (ficam mais caras em real), mas só deve ter reflexo positivo nas exportações de 2014, porém esse cenário não é bom e tende a piorar no segundo semestre, conforme a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), pois a crise mundial ainda não dá sinal de retrocesso e nosso ciclo de crescimento através da exportação de commodities dá sinais de esgotamento, o que prejudica os resultados da balança comercial brasileira de 2013, podendo inclusive arcar com déficit, haja vista, a colheita da grande safra americana nesse segundo semestre, o que poderá determinar o preço das commodities agrícolas no mercado internacional, afetando o preço dos produtos brasileiros. Por outro lado, seguem as maiores reivindicações do setor do agrobusiness brasileiro, como as medidas de maiores investimentos na infraestrutura logística portuária e a devolução de créditos de PIS e COFINS às empresas exportadoras. Este é o cenário atual que passa a economia brasileira que está no pano de fundo, encoberto por essas movimentações sociais e, agora a questão da ‘espionagem americana’ no Brasil e nos países latinoamericanos. Para os especialistas, a revelação deste ex-espião Snowden, não traz nenhuma novidade, pois é sabido que os países hegemônicos, mesmo após a 2ª. Guerra Mundial e Guerra Fria continuaram com os mecanismos de espionagem em todo o mundo, principalmente com a introdução das chamadas TI´s, os Estados Unidos criaram um “guarda-chuva” tecnológico de proteção e espionagem, ainda mais avançado com o maior alcance da internet mundial. Todos os países desenvolvidos possuem e desenvolvem departamento especial de inteligência competitiva avançada com foco em todos os segmentos da atividade humana, em todo o mundo. Entretanto, a economia está na rotina de todos nós, nas contas diárias e despesas domésticas, nos financiamentos de carros, compra de produtos diversos, na compra de imóveis e nas decisões políticas do governo (preços públicos), sendo o grande desafio dos economistas é procurar respostas para as dúvidas que diariamente cercam os negócios e a vida da sociedade. (*) Economista, Engenheiro e Administrador de empresas, com pós-graduação: MBA in Management (FGV), Engenharia Econômica (UFRJ), Planejamento Estratégico (FGV), Consultoria Industrial (UNICAMP), Mestre em Economia (FGV), Doutorando na UNINI-Mx, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]