23 de janeiro de 2014
Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos
Mantemos a visão de que o ciclo de alta da taxa de juros será encerrado
em fevereiro, com uma última elevação de 0,25 p.p. da Selic
 Mantendo a linha do comunicado pós-decisão da semana passada, a ata do Copom sugere que o processo de
ajuste de juros está próximo de seu encerramento. Ao mesmo tempo, o Comitê manteve as portas abertas para
sua próxima decisão, que estará condicionada à divulgação dos próximos dados. De fato, após a surpresa altista
com o IPCA de dezembro e com o resultado abaixo do esperado do IPCA-15 de janeiro, conhecido hoje,
ressaltamos a importância da evolução da inflação nos próximos meses para as futuras decisões do Copom.
Parece-nos que o cenário mais provável contempla uma alta adicional de 0,25 p.p. na reunião de fevereiro,
encerrando o ciclo de ajuste com a Selic em 10,75%.
 A visão do Copom sobre o cenário internacional trouxe mudanças em relação aos últimos documentos, com
expectativa mais positiva para a economia mundial, com destaque para o “ritmo mais intenso da atividade em
importantes economias maduras”, incluindo a Área do Euro. Além disso, a avaliação em relação à decisão do
Fed é que, mesmo com o início da redução gradual dos estímulos monetárias, a postura acomodatícia continua
prevalecendo. Os riscos para a estabilidade financeira, por sua vez, estão relacionados à mudança “ na
inclinação da curva de juros em importantes economias maduras”.
 A avaliação em relação à economia doméstica foi alterada, de uma atividade “mais intensa” para uma expansão
“relativamente estável” neste ano. Somado a isso, o documento chamou atenção para a mudança na
composição da demanda e da oferta agregada. Isso significa dizer que o consumo crescerá em ritmo mais
moderado, ao mesmo tempo em que se espera uma aceleração dos investimentos na margem e maior
contribuição das exportações. Da mesma forma, com uma leitura mais positiva para a indústria e agropecuária e
mais moderada para serviços, o Copom entende que isso favorecerá ganhos de produtividade. No mercado de
trabalho, destaca-se o menor reajuste do salário mínimo deste ano e os reajustes salariais dos últimos trimestres
mais próximos dos ganhos de produtividade. Contudo, o Copom alerta que (i) o fortalecimento da confiança das
famílias e das empresas será fundamental para que essas mudanças se concretizem e (ii) que isso ainda não
implica alívio nas pressões inflacionárias de custos.
 Para o cenário prospectivo para a inflação, as projeções continuam acima da meta, com o cenário de referência
e de mercado apontando elevação da projeção da inflação de 2014 em relação ao esperado na reunião de
novembro. Para 2015, em ambos os cenários, a inflação encontra-se acima da meta de 4,5%. Sobre os impactos
da depreciação e da volatilidade da taxa de câmbio, foi mantida a expectativa que os preços relativos serão
corrigidos, mas os efeitos sobre a inflação poderão e deverão “ser limitados pela adequada condução da política
monetária”. Finalmente, em referência à surpresa com o IPCA de dezembro, o documento ressalta que, de fato,
a inflação – além de ainda revelar resistência – “tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se
antecipava”.
 Assim, uma inflação considerada ligeiramente acima do previsto, no nosso ponto de vista, requererá um aperto
de juros, de forma análoga, ligeiramente acima do originalmente imaginado pelo Banco Central. De fato,
mantendo a sinalização dada pelo comunicado emitido após o anúncio da elevação de 0,50 p.p., o comitê viu a
necessidade de rever a estratégia naquele momento, ainda que, para nós, esteja claro que o ciclo de aperto de
juros está bastante próximo do seu fim. Diante disso, mantemos nossa expectativa de que o ciclo de alta da Selic
será encerrado na reunião de fevereiro, com mais um aumento de 0,25 p.p., desde que os resultados do IPCA de
janeiro e do IPCA-15 de fevereiro não realimentem projeções altistas para a inflação deste ano.
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