Leitura e interpretação de texto Professor Ms. Miguel Angelo Manasses Aula 3 Língua Padrão • No ambiente escolar, vive-se sob o domínio do certo e do errado que a gramática impõe. Porém, muitas vezes não se sabe o conceito de gramática. • A palavra gramática define o conjunto de regras que organiza as línguas humanas – um conjunto de regras que já está presente numa criança de dois ou três anos e que está presente mesmo entre os povos que desconhecem os livros, as escolas e qualquer sistema de escrita. Língua Padrão • De acordo com Faraco e Tezza (2010), língua padrão ou norma culta “é a forma linguística que as gramáticas pedagógicas, normativas, tentam descrever ou sistematizar”. Em outras palavras, é o que se chama de gramática ideal. • Ainda que lidemos de forma satisfatória com a variedade linguística no cotidiano, quando é necessário utilizada a norma padrão, muitas vezes nos mostramos inseguros. Língua Padrão • Do ponto de vista científico, não há também como dizer que uma forma linguística é melhor do que outra, sobretudo porque a ciência não apresenta como critério o preconceito e a subjetividade. • Contudo, há um caráter de diferenciação valorativa em diferentes formas linguísticas, por conta da significação social, pois a linguagem revela não somente informações neutras, mas também classe social, região onde se vive, ponto de vista, escolaridade, intenção, em síntese, a linguagem é um índice de poder. Língua Padrão • Do ponto de vista científico, não há também como dizer que uma forma linguística é melhor do que outra, sobretudo porque a ciência não apresenta como critério o preconceito e a subjetividade. • Contudo, há um caráter de diferenciação valorativa em diferentes formas linguísticas, por conta da significação social, pois a linguagem revela não somente informações neutras, mas também classe social, região onde se vive, ponto de vista, escolaridade, intenção, em síntese, a linguagem é um índice de poder. Língua Padrão • Evidentemente, a língua padrão não foi estabelecida por acaso. Nas sociedades modernas, a padronização da língua é resultado de um processo histórico seletivo sempre ligado aos grupos sociais dominantes, ou seja, “a língua padrão, na sua origem, é a língua do poder político, econômico e social” (FARACO & TEZZA, 2010, p. 52). Língua Padrão • O resultado disso é que suas diferentes formas se mantêm por força de um intenso processo social coercitivo que atua em várias direções, entre elas a própria escola, que utiliza todos os seus esforços para transmitir e conservar a língua “correta”, ligada fortemente com a língua escrita. Língua Padrão • Os próprios usuários da língua também costumam ser uma força coercitiva na medida em que lutam por identificar-se com as formas linguísticas consideradas “boas”, mesmo quando não as dominam. • Isto ocorre porque em caso de não utilizá-la em determinadas situações, o usuário pode ser censurado, discriminado e até mesmo ser prejudicado no que tange à ascensão social. Língua Padrão • Ocorre que descrever rigorosamente a norma padrão é uma tarefa extremamente difícil, sobretudo, em um país em que as transformações políticas, sociais e econômicas ocorrem de forma extremamente rápida. • Qualquer gramático conservador que assistisse um mês de televisão ou lesse os jornais impressos diria que ninguém mais sabe falar português no território nacional. Língua Padrão • Daí que alguns aspectos precisam ser levados em consideração quando o assunto é língua padrão. Primeiro porque a língua padrão não é uniforme, admitindo algumas variações como: variação geográfica, níveis de formalidade, diferenças estilísticas que se dão, por exemplo, pela abundância de orações subordinadas, aquelas que exercem uma função sintática sobre a oração principal e que pede complemento. Exemplo: Espero, que você fique e, por fim, língua oral e escrita. Língua Padrão • Segundo, porque a língua padrão muda no tempo. Em algumas situações a mudança ocorre mais rapidamente e em outras elas demoram mais. • E com a mudança, ocorre também uma alteração do referencial para o estabelecimento de um padrão. Atualmente é impossível falar em norma padrão e desconsiderar os meios de comunicação social que, via de regra, são ignorados pelas gramáticas tradicionais, ainda que representem, de fato, o padrão brasileiro. Língua Padrão • Um bom ponto de partida para todo aquele que pretende dominar a língua padrão, que não é em absoluto decorar regras, é diversificar as fontes de referência da língua padrão. • As gramáticas tradicionais são um bom começo para tal tarefa, mas é preciso analisar mais do que uma delas, já que são muito contraditórias entre si. Língua Padrão • O problema dos livros de gramática tradicionais é que eles terminam por utilizar textos de autores antigos que já não espelham mais o padrão real do português do Brasil e costumam ser intolerantes diante dos sinais da mudança da língua. • Os meios de comunicação de massa também são uma referência. Alguns deles criaram manuais de redação para padronizar a linguagem do veículo. Porém, também é preciso ter cautela com tais manuais, pois muitas vezes eles reproduzem normas de gramática tradicionais que eles mesmos descumprem. Língua Padrão • Os textos literários também servem como referências da língua padrão, ainda que com menor importância do que em outras épocas. Sendo assim, a leitura de textos literários é fundamental para quem objetiva dominar a língua padrão. • É importante lembrar também que o domínio da língua padrão não significa unicamente o domínio de regras de concordância, regência ou de aspectos que dizem respeito à técnica da oração. Língua Padrão • O texto é mais importante do que o domínio da técnica e este é o maior problema atualmente, pois a noção de texto está longe das gramáticas tradicionais e ainda ocupa um espaço subalterno no ensino escolar da língua, pois “quem escreve bem escreve bons textos, e não boas frases” (FARACO & TEZZA, 2010, p. 57).