Que papel pode desempenhar os CoCos?
Knowledge@Wharton: Que papel pode desempenhar os CoCos (Empréstimos em Obrigações Convertíveis) nos
esforços de regulamentação? Parece que eles poderiam servir como um amortecedor eficaz. A maneira como os
investidores e os reguladores podem vê-los é diferente. Professor Herring, você poderia dar sua opinião?
Richard Herring: Na minha opinião, existem pelo menos 14 ou 15 propostas diferentes de CoCos e quase todas
elas sofrem de defeitos fundamentais de um tipo ou de outro. Há, antes de tudo a quantidade que você deseja
emitir. O que os dispara? Quantos deles serão convertidos em capital, no ponto de disparo e em que termos vão
ser disparados?
Knowledge@Wharton: Poderia ser interessante começar com uma definição rápida de um CoCo.
Richard Herring: Um CoCo é um essencialmente um título, que, sob certas circunstâncias, tem um evento de
gatilho que irá convertê-lo em capital. Isso beneficia o banco no sentido de que aumenta seu patrimônio e
suas necessidades de liquidez tendem a diminuir porque ele já não tem de pagar juros e amortizações sobre o
título (que foi convertido). Agora, o truque é torná-lo atraente o suficiente para que os detentores de obrigações
queiram comprá-lo, e torná-lo útil dando aos bancos uma maior reserva de capital.
E a minha opinião sobre isso foi que os CoCos existentes -- Eu acho que dois no mercado no momento - não
estão realmente da maneira desejável. Eles estão intervindo em um ponto muito baixo onde não há chance de
correção. Eu preferiria vê-los usados como incentivo, o que significa que você realmente quer para maximizar
o grau de diluição de forma que tanto a gestão e como os acionistas tenham um forte incentivo para evitar a
conversão - e espero que eles não sejam convertidos com muita freqüência -- pela reestruturação ou aumento de
capital novo, enquanto eles podem.
Isso significa ter um nível bastante elevado para o gatilho. E na minha opinião o gatilho deve ser bastante
vantajoso para os portadores de títulos para que sejam atraentes para serem retidos. Se o gatilho realmente
acontecer, você terá uma massa de acionistas insatisfeitos aos quais você pode adicionar novos acionistas – os
acionistas involuntários que retiveram os CoCos antes. E você tem uma chance muito boa de mudança de gestão
e de mudança estrutural real, e tempo suficiente para realizá-la. Finalmente, a principal vantagem é de não haver
nenhuma desculpa para ter noites insones no fim de semana em que você salvar um banco ou colocá-lo em
falência, pois será muito evidente que um banco está em declínio durante um longo período de tempo.
Knowledge@Wharton: Então, esses CoCos seriam um instrumento que ajudaria nos casos em que uma crise
financeira possa parecer estar se aproximando tanto para uma instituição individual como sistemicamente?
Richard Herring: Bem, eu gostaria de ver isso acontecer antes [que chegue esse ponto].
Knowledge@Wharton: Eles pretendem ser um amortecedor que ajude a evitar essa situação.
Richard Herring: Sim. É visto como um incentivo extra para a gestão de empreender mudanças, enquanto eles
ainda têm a flexibilidade – a flexibilidade financeira - para fazê-lo. E o problema é que vimos inúmeras vezes
gerentes mantendo a mesma velha estratégia que não estava funcionando.
Knowledge@Wharton: Bill, digamos que os CoCos tivessem sido usados em larga escala em 2006. Será que isso
teria um efeito amortecedor significativo sobre o que aconteceu em 2007 e 2008?
Bill Schlich: Bem, poderia ter. Você sabe, capital adicional é sempre bom. A preocupação que eu tenho com os
gatilhos é onde você os coloca? Como você os define? Mas o mais importante, se você for a instituição que é
acionada, ok, agora vamos converter para capital e isso é positivo.
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Richard Herring: E isso depende do nível em que você faz isso e da quantidade na qual você faz. Se você dobrar–
literalmente dobrar - o seu capital, então você tem tempo para realmente mudar a sua estratégia de muitas
maneiras. E você tem liquidez reduzida. Você tem tempo para vender uma grande parte de sua empresa se
você precisar. Mas eu concordo perfeitamente que, se você esperar até 4% ou 5% para fazer isso, então não vai
funcionar.
Knowledge@Wharton: Como [ex-] regulador: O que você diria?
Donald Vangel: Eu acho que a idéia - um dos objetivos da política - é aumentar a capacidade do sistema de
absorver choques e de internalizar os custos disso tanto quanto possível, no seu próprio setor. Eu concordo
com o professor Herring. Eu penso como você estrutura isso [é fundamental] – é difícil argumentar que a maior
capacidade de absorção das perdas não seja uma boa idéia. A questão é: quais são as calibrações e quais
são as estruturas? E eu acho que estruturar os instrumentos de uma forma que incentivem a mudança de
comportamento antecipando-se à necessidade de usá–los para absorver choques - mantidas inalteradas as outras
coisas- ele próprio um absorvedor de choque. A absorção de choque não é apenas a título de liquidação está em
uma base de gestão também.
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