Regime… outro regime!
Para tanto, basta que cada sociedade se comprometa, e comprometa os governantes a definir
e resolver cada ponto do caderno de encargos, que rege governados e governantes, tornando
tão difícil eleger como destituir. Nunca colocar na mão de um só, a capacidade de o fazer. As
eleições tal como existem, são o salvo-conduto e desculpa para tudo. São períodos
normalmente de quatro anos que em detrimento da ética e da verdade se privilegia a
arrogância e soluções com hipóteses teóricas, de que não se lhes conhece a eficácia. Quatro
anos é um período de afirmação, generoso, nunca de governação. Significa que por cada cem
anos são sacrificados cinquenta, na hipótese de cada governo democrático ser eleito para
segundo mandato. A não ser assim, o atraso será tanto maior quantos governos de apenas
quatro anos se forem passeando pelo aparelho do Estado. Os governos saídos deste tipo de
escolha são governos intercalares que atrapalham o crescimento definitivamente, em especial
das pequenas Nações, quase sempre sem recursos e normalmente dependentes.
O Mundo está a desabar em nome da mentira, ou seja, duma falsa verdade democrática.
Institucionalizou-se nas democracias um modo de vida, que não permite a distribuição da
riqueza de forma a minorar a miséria. Outros regimes poderão padecer mais ou menos deste
mal, mas as democracias é que se arvoram exclusivamente de regimes democráticos. E é este
que de forma subtil, ardilosa, endrómina… vai levando a água ao moinho, gradualmente,
navegando entre a passividade e a cumplicidade da expectativa e ignorância de uns, e da
expectativa, ignorância, ignomínia e indignidade de outros.
É este que se permite a veleidades optimistas, fornecendo um alimento teórico, utópico, mas
agradável de absorver. É um veneno que mata com consentimento. São ideias fabricadas,
difundidas de forma apetitosa com a finalidade de iludir as mentes mais sagazes. Apresentam
um mundo ao alcance de todos, com direitos que não conhecem limites.
Há de facto, consentida e colectivamente uma cisão entre os valores mais nobres e o sacrifício
de uma política nacional.
São estes governos que se dizem legítimos, mas não são; são legais porque resultam das
normas, das leis, de que curiosamente são autores. Seriam legítimos se estivessem de acordo
com as regras da sociedade. E a sociedade quando se manifesta ruidosamente, o que não seria
necessário se fossem governos esclarecidamente democráticos, está a tirar-lhes a
legitimidade, que curiosamente também, foi a sociedade que lha conferiu… iludida e
sucessivamente frustrada.
As democracias são o que há de mais hipócrita e cínico na política.
Apresentam-se com a originalidade de um modelo padrão assente num conceito puro de
intenções, que permite que o ruído dos maus se sobreponha ao silêncio dos bons.
São o equívoco em absoluto. Não se consegue governar, satisfazendo à direita e à esquerda.
Foi dito que «a democracia é o pior de todos os regimes com excepção de todos os outros; eu
diria que à excepção de todos os outros, a democracia é o melhor de todos os regimes.
Quem governa tem que ser permissível às manifestações da alma; tem que ser prudente com a
evolução, vigilante e implacável perante os desvios.
Esta democracia é, por definição e na prática, uma forma equivocada de governar. Utiliza a
retórica de um discurso inovador, joga com as necessidades, com a ignorância, apresenta
caminhos aparentemente racionais, mas repletos de implicações sociais… negativas.
Ao inverso de apresentar uma diversidade qualitativa em favor da colectividade, sustentável e
consistente, fá-lo de forma a parecer, sem ser. Fomenta a quantidade de bem-estar
mascarado, privilegiando o prazer imediato, facilitando o uso de tudo por todos sem regra, ou
seja, favorece a miséria, estimula a insolvência das famílias moral, material e espiritual, num
completo alheamento e desprezo pela angústia alheia.
É neste ambiente de ambições conflituais, nesta perversidade, nesta insolubilidade mental,
ética e intelectual, defesa consciente e de primeira linha da multiplicidade de interesses que
move os agentes desta actividade douta na arte de iludir, que se entrelaçam tantos interesses,
que muitos deles assumem compromissos tão gravosos, cujos processos se tornam imparáveis
e incontroláveis, beneficiando a degradação das sociedades de forma crescente e
criminosamente consciente.
Está nos antípodas do que informam as sociedades livres; livres de compromissos opostos ao
interesse nacional!
Uma sociedade liderada por pessoas que não se revejam no seu povo, que não apelem às
virtudes e aos símbolos nacionais, que o descaracterizem e desidentifiquem como nação, que
dependa dum polvo governativo de interesses, e cuja política externa seja de subserviência, é
uma sociedade sem coluna vertebral, e não tem aptidão para se impor ao mundo.
Os países têm passado moral e histórico; têm exemplos de fé e de negação. Cumpre escolher!
Não são governos ambígenos os que se fazem respeitar, e conseguem elevar os seus países
perante o mundo. Precisamos de gente com visão; gente que mande, mas que faça; gente que
exija, mas que dê. Gente com Autoridade!
Gente com tolerância “0” perante a desordem; que crie normas, a elas se submeta e as
fiscalize.
Talvez, repensar um REGIME SOLIDÁRIO, com instituições sólidas, interdependentes e
complementares, um regime intolerante perante a tolerância que provoca a desordem, em
que os limites suportáveis à transigência sofram uma avaliação contínua, e se fosse o caso,
«uns safanões a tempo» não trariam mal ao mundo!
João Gomes
2015-02-15
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