ESCOLA SUPERIOR DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO CEARÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Disciplina: Seminário de Integração, de Motivação e de Pesquisa Científica UNIDADE I – O CONHECIMENTO Profa. Germana Parente Neiva Belchior Agosto / 2011 DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 1. A FORMAÇÃO DO CONHECIMENTO SUJEITO COGNOSCENTE ATIVIDADE OBJETO COGNOSCÍVEL Antes de se partir para um estudo sobre pesquisa científica, é importante analisar como se dá o conhecimento, pois ele é o início de todo fenômeno científico. Para que se tenha um ato de conhecimento, é inafastável a presença de três elementos necessários: sujeito, atividade e objeto. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 1.1 O sujeito cognocente É aquele ser que busca conhecer ou conhece dotado de razão. A racionalidade é característica fundamental do “eu” cognoscente, daquele que observa, interage com o objeto, por meio de uma atividade. UEM PODE SER SUJEITO COGNOSCENTE? De acordo com a filosofia clássica, é o ser humano pelo fato de ser o único dotado de racionalidade, ou seja, por agir com razão, com consciência, por um ato volitivo. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 1.2 A atividade no conhecimento A atividade é tudo o que o cognoscente desenvolve para interagir com o objeto. É o olhar, o pensar, o correr, o falar, etc., enfim, é a ação do sujeito para conhecer o objeto. 1.3 O objeto cognoscível Não há como imaginar o “eu” sem objeto ou um objeto sem o “eu”. Dessa forma, para haver um ato de conhecimento, o “eu” que conhece há de se defrontar com o objeto cognoscível, ou seja, aquele que será conhecido. “Objeto é tudo aquilo que pode ser termo da vontade consciente do sujeito. É objeto todo ser a respeito do qualquer se possa tecer ou elaborar um juízo lógico.” (FALCÃO: 2007) DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA Assim, o objeto do conhecimento pode ser o próprio homem, ideias, conceitos abstratos, fenômenos da Física, movimentos políticos, legislação, democracia, etc. Todo ser humano é capaz de produzir conhecimento, porém não necessariamente sob sua roupagem científica. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E PESQUISA CIENTÍFICA 2. O CONHECIMENTO COMO PROCESSO O processo de evolução da humanidade está diretamente vinculado à qualidade de conhecimento adquirido. (DEMO: 1994) A questão do conhecimento é tradicionalmente abordada sobre duas perspectivas: objetivista e subjetivista. Segundo os objetivistas, os objetos devem ser apenas descritos, na medida em que sua essência é dada, faz parte da realidade. A atividade do sujeito se limita em desvendar a verdade ali existente. Para os subjetivistas, o ato de conhecer é uma operação própria do agente que conhece mediante o uso de sua razão (Kant, Hegel, Thomas Kuhn, dentre outros). DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA TESE ANTÍTESE SÍNTESE Dialética dos opostos (Hegel) É subjetivista, ao dizer que o conhecimento é resultado dialético do produto entre sujeito e objeto, ou seja, entre racionalidade e realidade. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA O sujeito ao se envolver com o objeto em um processo de conhecimento é também por ele influenciado, alterando sua précompreensão. Tudo depende da lente pela qual se vê. A lente influencia o intérprete e é por ele influenciada. O conhecimento, portanto, não tem como ser estático, parado, engessado. Ele é dinâmico, podendo sempre ser renovado e reconstruído. É um processo. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 3 . CONHECIMENTO E VERDADE H AVERIA A POSSIBILIDADE DE SE BUSCAR UM CONHECIMENTO VERDADEIRO? A FINAL, O QUE É VERDADE? A noção de verdade pode ser compreendida sob dois aspectos distintos: 1) verdade como atributo de uma proposição de caráter lógico cujo oposto seria a falsidade (lógica formal); 2) verdade como sinônimo de realidade, algo que se apresente como um dado inquestionável, cujo oposto seria a ilusão, o irreal, a mentira. No entanto, é sabido que hoje as verdades sobre fatos, ideias e realidade, dentre outros, além de não serem absolutas, também podem ser transitórias, e até consensualmente aceitas. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 4 . CONHECIMENTO CIENTÍFICO T TRANSMISSÃO DO VÍDEO “ O QUE É CIÊNCIA?” D URAÇÃO: 2 MINUTOS E 52 SEGUNDOS DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA O conhecimento científico vai mais além do que o senso comum. SENSO COMUM X SENSO CRÍTICO. Enquanto aquele reflete os (pre)conceitos tranquilamente aceitos que uma ideia contrária se apresentaria como um grande disparate, o conhecimento científico está pautado em um senso crítico. O senso crítico está diretamente vinculado às habilidades desenvolvidas pelo sujeito a partir de estudos, leituras, reflexões e da aplicação prática desses conhecimentos. O primeiro modo de conhecer desenvolvido de forma mais rigorosa pela civilização ocidental foi a Filosofia. O conhecimento filosófico, desde a Antiguidade Clássica, já requisitava a capacidade de elaboração de raciocínios sofisticados e profundos. (MEZZAROBA; MONTEIRO: 2010) DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA Dessa forma, a noção de Ciência é posterior à de Filosofia e surge intimamente ligada a esta última. O conhecimento científico propriamente dito é uma conquista tardia da humanidade, quando ocorreu a Revolução Científica entre os séculos XVI e XVII deflagrada com Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes, dentre outros. A partir daquele momento, a Ciência passou a utilizar métodos próprios de pesquisa, separando-se, então, do conhecimento filosófico. Podem ser destacadas as seguintes características do conhecimento científico: objetivo (analisa a constituição universal do objeto investigado); homogêneo (investiga as leis gerais de funcionamento dos fenômenos); diferenciador (pois não procurar reunir nem generalizar os objetos); faz com que o homem se liberte de todo medo e superstição; é dinâmico, renovando-se e modificando-se, na medida em que surgem novas descobertas. (CHAUÍ: 1994) DISCIPLINA:SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 5 . VERDADE E DOGMA: A IMPORTÂNCIA DO SENSO CRÍTICO Um dogma é uma verdade assim considerada em um primeiro momento. É algo que não é questionado, mas simplesmente aceito. Diante de um fato novo, extraordinário ou excepcional, a tendência de uma conduta dogmática será reduzir esta nova realidade aos padrões do já sabido e conhecido. (MEZZAROBA; MONTEIRO: 2010) A postura dogmática faz com que acredite que o mundo existe como é percebido pelo sujeito. Isto só é rompido quando se é capaz de estranhar, indagar, questionar determinado fato, coisa, lei, objeto, enfim, tudo aquilo que até então parecia normal. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA 6 . PARADIGMAS DO CONHECIMENTO O termo “paradigma” foi introduzido no campo da Ciência por Thomas Kuhn, em 1962, em seu livro “A estrutura das revoluções científicas”. O autor percebeu que quando um paradigma é aceito pela maioria da comunidade científica, ele acaba se impondo como um modo obrigatório de abordagem de problemas. Paradigma, de uma forma bem simples, é o conjunto de crenças, ideias, valores e técnicas, institutos compartilhados por membros de um dado agrupamento em um determinado momento histórico. Trata-se exatamente de um ponto de vista, de uma perspectiva de ver a realidade. Ao adotar um paradigma específico, referida postura influenciará diretamente o processo de conhecimento. DISCIPLINA: SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO, DE MOTIVAÇÃO E DE PESQUISA CIENTÍFICA Um novo paradigma só pode surgir com a mudança das velhas crenças e formas de pensar. Referida mudança não é abrupta, haja vista que o paradigma também atua no inconsciente predefinindo a percepção e a forma de pensar. MODERNIDADE Iluminismo PÓS-MODERNIDADE Revolução tecnológica Nacionalismo Liquidez dos conceitos Universalismo Individualismo Certeza Risco Pensamento linear Pensamento complexo Positivismo Pós-positivismo