Universidade Estadual Paulista – UNESP Pró-Reitoria de Graduação – PROGRAD Núcleo de Estudos e Práticas Pedagógicas - NEPP Formação Contínua de Professores Cursos de Fonoaudiologia e Odontologia USP - Universidade de São Paulo Câmpus de Bauru Saber Científico: Novos Paradigmas Setembro - 2010 Plano de aula Exposição (multimídia): Saber Científico: Novos Paradigmas Filme “O Ponto de Mutação” (Mindwalk) Atividade em grupos Plenária Saber Científico: Novos Paradigmas Paradigma Dominante Paradigma dominante e ensino universitário A crise do paradigma dominante Paradigma Emergente Paradigma emergente e ensino universitário: tendências Reflexão Paradigma Dominante Desenvolvido no domínio das Ciências Naturais (Copérnico, Galileu, Kepler Newton), no século XIX estende-se às ciências sociais emergentes e transforma-se num modelo global e autoritário de racionalidade científica tendo como preocupação defender suas fronteiras dos conhecimentos não científicos. SENSO COMUM HUMANIDADES Desconsidera todas as formas de conhecimento que não se pautam por seus métodos e princípios epistemológicos. Paradigma Dominante Vê a natureza totalmente separada do ser humano. é extensão, movimento; é passiva, eterna, reversível (tem mecanismos que se pode desmontar e depois relacionar sob a forma de leis) A ciência fará da pessoa humana “o senhor e possuidor da natureza” (Bacon). Vai de encontro aos interesses da burquesia emergente. Tem sua base na redução da complexidade. Conhecer significa dividir e classificar para depois poder determinar relações sistemáticas (leis) entre o que se separou. Paradigma Dominante A elaboração de leis é feita pela OBSERVAÇÃO e EXPERIMENTAÇÃO (Método Científico) idéias claras e simples são as idéias matemáticas * que oferecem os instrumentos de análise, a lógica da investigação * e o modelo de representação da estrutura da matéria/objeto estudado. Conhecer = Quantificar. O rigor científico afere-se pelas medições. As leis estão assentadas • no pressuposto de que o resultado se produzirá independente do lugar e do tempo em que se realizam as condições iniciais. • Universo é uma grande máquina = mecanicismo Paradigma dominante e ensino universitário Do teórico para o prático: primeiro o aluno aprende conteúdos isolados para depois aplicá-los ou reconhecer sua aplicação à realidade. Ênfase em procedimentos apoiados apenas na repetição e memorização de relações, muitas vezes arbitrárias. Conhecimento é estruturado, predominantemente, como um saber acabado, descontextualizado e a-histórico. Postura conceitual apoiada em certezas, admitindo-se um único caminho ao conhecimento. Sistema de avaliação centrado na quantificação de informações e conceitos memorizados; pouca relevância aos processos mentais superiores (comparação, julgamento, levantamento de hipóteses, criação ou resolução de problemas.... ) A Crise do Paradigma Dominante Condições teóricas: Teoria Especial da Relatividade (Einstein) O aprofundamento do conhecimento permitiu Mecânica Quântica (Planck, Einstein,em Schrödinger, ver a fragilidade dos pilares que se funda. Heisenberg, Bohr, de Broglie, Dirac, ...) Teoremas da Incompletude (Gödel) Teoria das Estruturas Dissipativas (Prigogine) Teoria Especial da Relatividade Não há referenciais absolutos Postulados A velocidade da luz é constante c ~ 300.000 km/s Conseqüências: Simultaneidade Dilatação Temporal Contração do Comprimento Espaço e tempo não são absolutos > Medições são locais massa energia E = m0 .c2 Mecânica Quântica O princípio da incerteza de Heisenberg (1927) O ato de medir algo afeta a própria quantidade que está sendo medida (colapso da função de onda). É impossível medir simultaneamente e com precisão arbitrária a posição e a velocidade de uma partícula. * Distinção sujeito/objeto torna-se complexa. * Dicotomia torna-se um continuum. Natureza probabilística Teoremas da Incompletude (do não-completamento ou da indecidibilidade) Teorema 1: “Se o conjunto axiomático de uma teoria é consistente, então nela existem teoremas que não podem ser demonstrados (ou negados)” e Teorema 2: “Não existe procedimento construtivo que demonstre que uma tal teoria seja consistente”. Teorema 1: “Se a aritmética for consistente, então é impossível provar sua consistência por um raciocínio metamatemático representável no formalismo do sistema” e Teorema 2: “Se a aritmética for consistente, então existem verdades que não podem ser deduzidas de seus axiomas, logo o sistema é incompleto, e essencialmente incompleto”. O rigor matemático é relativo e assenta num critério de seletividade. Exemplo Auto-organização : Autómato celular Teoria das Estruturas Dissipativas Uma estrutura dissipativa é um sistema termodinamicamente aberto operando longe do equilíbrio termodinâmico num ambiente com o qual troca energia, matéria e/ou entropia. Em vez da eternidade, a história; em vez do determinismo, a imprevisibilidade; em vez do mecanicismo (leis), a ordem através de flutuações (Ex.: furacão, cidade) interpenetração, a espontaneidade e a auto-organização; em vez da reversibilidade, a irreversibilidade e a evolução; em vez daque ordem, a adesordem … nos sistemas abertos, a evolução os conduz um novo estado, explica-se por transformações nunca inteiramente previsíveis. Essas transformações, visíveis, resultam da interação de processos microscópicos, realizada segundo uma lógica de auto-organização numa situação de não-equilíbrio. “O ponto crítico em que a mínima flutuação de energia pode conduzir a um novo estado, representa a potencialidade do sistema”; ou seja, as mudanças irreversíveis são produto da história dos próprios sistemas”. Paradigma Emergente (???...) 1 Todo conhecimento científico-natural é também científico-social. • A distinção dicotômica entre ciências naturais e ciências sociais começa a deixar de ter sentido e utilidade. • Superação de distinções dicotômicas tais como natureza/cultura, natural/artificial, vivo/inanimado, mente/matéria, observador/observado, subjetivo/objetivo, coletivo/individual, animal/pessoa. • A pessoa, enquanto autor e sujeito do mundo, coloca-se no centro do conhecimento mas também a natureza coloca-se no centro da pessoa. Não há natureza humana pois toda natureza é humana. Paradigma Emergente (???...) 2 Todo conhecimento é total e local. • A especialização excessiva, especialmente nas aplicações da ciência, gerou fortes distorções. • O conhecimento tem como horizonte a totalidade. É um conhecimento interdisciplinar (transferência de métodos entre as diversas disciplinas), que visa à transdisciplinaridade (transcende a disciplinaridade buscando unidade). • A nova ordem científica não se define por uma fragmentação disciplinar, mas TEMÁTICA. Paradigma Emergente (???...) 3 Todo conhecimento é auto-conhecimento. • Os pressupostos metafísicos, os sistemas de crenças, os juízos de valor não estão antes nem depois da explicação científica da natureza ou da sociedade. São parte integrante dessa mesma explicação. • Aquilo que conhecemos e a forma como conhecemos interfere na nossa trajetória. A relação sujeito/objeto contém um movimento de construção mútua. Paradigma Emergente (???...) 4 Todo conhecimento científico visa constituir-se num novo senso comum • A ciência pós-moderna dialoga com outras formas de conhecimento, em particular com o senso comum. • O senso comum faz coincidir causa e intenção; subjaz-lhe uma visão do mundo assente na ação e no princípio da criatividade e da responsabilidade individuais. • Deixado a si mesmo, o senso comum é conservador e pode legitimar prepotências, mas interpenetrado do conhecimento científico pode estar na origem de uma nova racionalidade. Paradigma emergente e ensino universitário: tendências Desenvolver no aluno a sensibilidade para levantar problemas mais concretos de pesquisa e conhecimento da realidade. Inserir os conhecimentos especializados em áreas mais amplas do saber, sem desqualificar os conteúdos de cada área. Somar ao rigor científico a crítica, a dúvida epistemológica, a interdisciplinaridade do conhecimento. Buscar um caráter integrador ao conhecimento, pela articulação entre teoria e prática, pelo ensino com pesquisa. Paradigma emergente e ensino universitário: tendências Associar competência técnica ao espírito crítico. Assumir a não neutralidade da ciência e dos métodos pedagógicos: o ato pedagógico, sendo essencialmente formativo, determina não só aprendizagens científicas e conhecimentos técnicos, mas também valores e modos de comportamento social. Construir o projeto pedagógico de cada curso como tarefa necessária à efetivação de um processo de formação profissional: perfil profissional X papel no contexto geral da sociedade formação geral X formação específica Reflexão A prudência é a insegurança assumida e controlada. Tal como Descartes, no limiar da ciência moderna, exerceu a dúvida em vez de a sofrer, nós, no limiar da ciência pós-moderna, devemos exercer a insegurança em vez de a sofrer.