Acreditando na Intermodalidade Por: Marcilio Cunha – professor universitário e consultor em logística O Brasil é um país eminentemente rodoviarista,embora apresente milhares de quilômetros de rios navegáveis não utilizados e espaços vazios que poderiam ser preenchidos por ferrovias. De fato as rodovias assumiram um papel prepoderante na interiorização do desenvolvimento, em função de uma decisão política do governo. Mas não concordo,em princípio, que o país seja vocacionado primordialmente para as rodovias. A opção deu-se em função da busca de resultados mais rápidos,mais baratos,num período em que a industria automobilística se instalava na nação. Nessa época os preços do petróleo eram insignificantes e a crise energética só aparecia duas décadas depois. Eficiência,rapidez e segurança são um processo dinâmico que nunca pode ser pensado separadamente quando decide transportar qualquer mercadoria.O mais lógico para se atingir estes três fatores seria integração dos transportes rodoviário,marítimo e ferroviário.O problema é que a partir de 1960 a política govornamental foi totalmente rodoviarista, a ponto de 60% de todo produto transportado,atualmente,trafegar pela malha rodoviária,enquanto os 40% restantes seguem por ferrovia,cabotagem e via aérea.A rápida análise desta desproporção,considerando os canais de escoamento de mercadorias no Brasil, que possui cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias,7.400 quilômetros de Costa, contra 2 milhões de quilômetros de estradas,comprova que a estratégia do governo federal durante muitos mandatos relegou a segundo plano os setores ferroviário e marítimo.A situação atual ainda é difícil ao intermodalismo eficiente.Os maiores problemas ocorrem na transferência de um tipo de transporte a outro,pois falta fluidez.Hoje as condições estruturais da economia se modificaram bastante.Existe uma demanda de cargas mais do que suficiente para alimentar o sistema ferroviário,que ganhou mais competitividade relativa.Há cargas à beira dos trilhos, mas que não podem ser transportadas devido à necessidade de recuperar a malha ferroviária.O desafio hoje é de recuperar milhares de quilômetros de linhas de alta densidade de tráfego,além da recuperação de locomotivas e vagões.Ë óbvio também que se deu pouca atenção ao transporte hidroviário,quase nenhuma.No momento,procura-se valorizar a participação das ferrovias e hidrovias no sistema de transportes.Os rios por si só não são hidrovias.São necessários investimentos no balizamento do rio,sinalização,dragagem e naturalmente uma infra-estrutura portuária,como também uma integração com o transporte terrestre.Para que a cabotagem seja viabilizado é preciso ter regularidade na programação de data certa de saída e chegada nos portos,bem como, ter mais disponibilidade de navios. O transporte aéreo,apesar de pouco utilizado,é criticado pelos usuários não só pelo alto custo do frete como pela falta de pessoal especializado para manipular os produtos.Mesmo com as dificuldades apresentadas,os empresários envolvidos nas operações de distribuição de mercadorias acreditam ser o intermodalismo, como sendo a integração harmoniosa de todos os tipos de transportes.É a tábua de salvação para desafogar as rodovias e fazer funcionar as outras estruturas de transporte de carga,como a ferroviária,aérea e cabotagem.O transporte intermodal é uma vontade nacional,porque seu objetivo é a racionalidade econômica ,tendo o governo e empresariado empenhados em facilitar ao máximo a sua operacionalização.