Infra-estrutura logística e seu impacto na competitividade brasileira Marta B.K. Massarotto Paula R. Vasconcellos Cleonice Araujo Cristiano Rios Introdução A logística de abastecimento é um ramo que abrange desde os fornecedores de empresas até o consumidor final. Alem de produzir bons produtos é preciso disponibilizá-los rapidamente para o consumo ao menor custo total possível, maximizando a lucratividade. Portanto, o sistema de transportes são fundamentais para empresas e clientes que visam o produto disponível no local certo , na hora certa e em condições de uso/consumo certo. No Brasil hoje existem problemas que precisam ser resolvidos para que os transportes possam ser mais eficientes e eficazes, uma vez que faltam armazéns para estocar os produtos, os portos não tem capacidade para escoar as exportações em tempo hábil e as estradas ainda apresentam péssimas condições de tráfego, gerando para as empresas custos adicionais, além dos esperados como os pedágios e o preço do petróleo. Fatores e características que influenciam na escolha da modalidade de transporte de maneira estratégica: Produto Peso, Volume, Valor Mercado Sazonal, Tamanho, Local, Acesso Negociação Prazos, Custos Geografia Produção, Armazenagem, Consumo, Infra-estrutura NTC&Logística. Todos os direitos reservados Fatores que afetam a cadeia de abastecimento Distância:trajeto percorridos entre os pontos de produção e de consumo Tempo:Tempo necessário para se percorrer a distância e disponibilizar o produto para consumo. Modelos organizacionais:Antes enfocava produtividade , hoje enfoca competitividade. Demanda e serviços ao cliente: Maior freqüência de entrega com quantidades reduzidas e maior variedade de produtos. Globalização:Movimentação em larga escala de mercadorias observando exigências tais como:(Velocidade,Confiabilidade, Flexibilidade). Tecnologia:Agilidade nos processos como (controle do veículo por satélite,controle de rotas,checagem de cargas,informações imediatas,visibilidade da frota). Uma das principais causas da ineficiência da matriz de transportes de carga brasileira está baseada no uso inadequado dos modais. Existe uma sobrecarga no transporte rodoviário, em função dos baixos preços de frete, o que acaba servindo como uma barreira ao uso dos demais modais conforme mostra a figura abaixo. NTC&Logística. Todos os direitos reservados Características do Transporte Rodoviário Tem a preferência da maioria das empresas como meio de transporte de seus produtos, por sua versatilidade e flexibilidade pendente e possibilita grande variedade de materiais para qualquer destino de longa, média e distâncias de grandes e pequenas encomendas por meio de coletas e entregas ponto a ponto. Faz conexão entre diferentes modos de transportes com seus respectivos pontos de embarque e desembarque. Obstáculos encontrados pelo TRC conforme indicadores estatísticos: Roubo de Cargas; Acidentes em Rodovias; Condição de Superfície do Pavimento de Rodovias do Brasil; Aumento considerável da Frota; Taxas de Pedágio; Sinalização Precária; Falta de pavimentação e acostamentos; Outros NTC&Logística. Todos os direitos reservados Acidentes em Rodovias Os acidentes rodoviários constituem outra forma de impacto econômico, com atrasos ou cancelamento na entrega de cargas, elevação dos custos operacionais das empresas e ocorrência de gastos nos sistemas de saúde (principalmente hospitais), sem falar nas incontáveis perdas de vidas. Número de mortes nas estradas Índice de Mortes nas Estradas - por 1.000 km de Rodovia 10 10 10 14 EUA França Japão Reino Unido Alemanha 21 Brasil 7 Itália 3 Canadá 213 Fonte: Banco Mundial . Com base na Pesquisa CNT de Rodovias 2009, as rodovias brasileiras apresentaram a seguinte distribuição da qualidade do pavimento A frota brasileira de veículos apresentou um crescimento de 36,8 % no período de 2004 a 2008, correspondendo a uma taxa de crescimento média anual de 8,1%, conforme dados divulgados pelo Departamento Nacional de Trânsito. Características do Transporte Ferroviário Definido como um modo de transporte para grandes volumes, com um valor unitário baixo, sem urgência de entrega e terminais fixos não podendo ser aplicado em transportes que requer coleta e entrega ponto a ponto este transporte é reconhecido pela sua falta de flexibilidade. No Brasil é o segundo meio de transporte mais importante, pois se baseia no escoamento da produção agrícola e mineral do interior para os portos. Patrimônio Ferroviário Por meio de uma lei promulgada em 2007, o DNIT se tornou responsável pela maior parte do patrimônio (cerca de 95%) da extinta RFFSA, incluídos aí todos os bens arrendados às sete concessionárias ferroviárias que operam no país. O patrimônio está espalhado por 18 estados brasileiros, isso corresponde à guarda de nada menos que 60 mil imóveis e 300 mil itens Perspectivas do cenário ferroviário Algumas rotas não oferecem logística de carga ao seu redor, fazendo com que as empresas amarguem prejuízos e a conseqüente impossibilidade de investir em obras ou sequer em material rodante. Ferrovia Litorânea Sul e a Ferrovia do Frango, ou mesmo as obras para solucionar conflitos entre as linhas férreas e os espaços urbanos, encorpam algumas das medidas para resgatar um meio de transporte que, além de representar na maioria das vezes a metade dos custos do transporte rodoviário, ainda alivia a imensa pressão que os caminhões impõem sobre as rodovias e as cidades cortadas por elas. A Ferrovia Litorânea Sul tira do isolamento a ferrovia Tereza Cristina, em Santa Catarina, utilizando-a como uma ligação entre a malha Sul e o restante do país. Além disso, ela faz a ligação férrea com os portos de São Francisco do Sul, Itajaí e Imbituba, tirando parte significativa do tráfego pesado da já saturada BR-101. Com isso, irá aliviar em praticamente 80% o tráfego de cargas da rodovia” Fonte: Geraldo de Souza Neto, diretor de infra-estrutura ferroviária do DNIT. Investimentos em Infra-estrutura ferroviária Conforme Marcelo Almeida Chagas,coordenador geral de obras ferroviárias do DNIT as principais obras ferroviárias em andamento são os contornos ferroviários: de Araraquara, de Joinvile, de São Francisco do Sul e o rebaixamento da linha férrea em Maringá. São obras que, ao evitar a interferência no trânsito dos centros urbanos, vão agilizar o transporte de cargas, além de reverter um quadro de conflito que hoje permeia as linhas férreas e os municípios cruzados por elas. Segundo o coordenador a previsão de investimentos em ferrovias entre 2011 a 2014 está na ordem de 44 bilhões de R$ e estima-se uma expansão da malha ferroviária de 5.000 km Conforme Marcelo Almeida Chagas, PROSEFER Programa Nacional de Segurança Ferroviária em Áreas Urbanas, faz um amplo estudo sobre 11 mil quilômetros de linhas férreas e os 470 municípios cortados por elas. O objetivo maior do PROSEFER é fazer um “raio-X” na malha ferroviária, identificar onde estão os gargalos e eliminá-los. É uma alternativa para resolver os problemas entre os municípios e as estradas de ferro, acabando de uma vez por todas com os acidentes, permitindo que as composições imprimam velocidade superior ao cruzar os grandes centros”, O Plano Nacional de Desestatização,relativamente à modalidade ferroviária, tem como principais objetivos: 1. 2. 3. 4. 5. Desonerar o Estado; Melhorar a alocação de recursos; Aumentar a eficiência operacional; Fomentar o desenvolvimento do mercado de transportes; e Melhorar a qualidade dos serviços. O sistema ferroviário brasileiro totaliza 29.706 quilômetros, concentrando-se nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, atendendo parte do Centro-Oeste e Norte do país. Foram concedidos aproximadamente, 28.840 quilômetros das malhas. (Fonte de Dados ANTT) Mapa do Sistema Ferroviário Nacional Segundo o Ministério dos transportes as Principais Ferrovias do País são: ALL - América Latina Logística do Brasil S.A. Companhia Ferroviária do Nordeste, Estrada de Ferro Carajás, Estrada de Ferro Vitória a Minas, FERROBAN - Ferrovias Bandeirantes S.A., FERROESTE - Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. FERRONORTE S.A. Ferrovias Norte Brasil S.A., Ferrovia Centro-Atlântica S.A., Ferrovia Novoeste S.A., FTC - Ferrovia Tereza Cristina S.A., MRS Logística S.A. São cargas típicas do Transporte Ferroviário: Produtos Siderúrgicos; Grãos; Minério de Ferro; Cimento e Cal; Adubos e Fertilizantes; Derivados de Petróleo; Calcário; Carvão Mineral e Clinquer; Contêineres. Comparativo entre os modais rodoviário e ferroviário Transporte Rodoviário Positivas Negativas Transporte Ferroviário Positivas Negativas Flexibilidade Inexistência de controle e tipos de cargas (Peso /Volume) Maior quantidade relativa Deficiência operacional Versatilidade Carroçarias não padronizadas (Fabricantes) Tarifas competitivas Para grandes quantidades Restrição de percursos inflexibilidade Infra-estrutura Retorno a nível nacional Rede Nacional Tarifas Relativo ou pouco emprego de pallets ou estrados Infra-estrutura arcaica Maior controle de percursos Falta de padronização de pallets ou estrados Fonte energética: (eletricidade) Avarias e extravio Transporte Rodoviário Positivas Equipamentos de Qualidade internacional Pedágios Positivas Consumo de combustível por t/km Transporte Ferroviário Positivas Consumo energético por t/km Negativas Prazos de trânsito Distribuição dos terminais aos pontos de vendas Tarifas não competitivas para cargas pequenas e médias Deficiências dos carreteiros em concorrer com grande número de transportadoras Poucos ramais nos armazéns de usuários Jornadas de trabalho diárias que ultrapassam as 8 as/dia chegando até 16hs/dia Falta de rede de armazéns em apoio ao sistema Transportadores autônomos dependentes de transportadoras Sucateamento de máquinas, linhas e equipamentos Pedágios Legislação Custos de transportes: Fixos (depreciação,licenciamentos,seguros, aluguel, impostos e taxas,salários e encargos sociais) Variáveis (combustíveis,manutenção, lubrificantes, pneus, despesas de viagem) Conclusão A rodovia é o principal sistema de transporte utilizado no país para o deslocamento de mercadorias e pessoas, promovendo a integração econômica entre regiões e trazendo grandes benefícios para a sociedade. Assim, é imprescindível que essa infra-estrutura se mantenha em situação adequada, pois as deficiências nas rodovias interferem diretamente nos custos operacionais dos veículos, elevando os preços dos produtos e serviços comercializados. Sob ponto de vista ambiental,as rodovias de baixa qualidade geram impacto negativo ao fazerem com que os veículos consumam mais combustíveis e, conseqüentemente, emitam maiores quantidades de poluentes. Existe, assim, a necessidade urgente de melhoria, para que o sistema de escoamento da produção seja eficiente. Os investimentos públicos em rodovias são irrisórios e insuficientes frentes às necessidades de adequação e ampliação da malha viária. Os atrasos na execução de obras de operações tapa buracos geram prejuízos para o país que tem que desembolsar uma quantidade maior de recursos. Os usuários das rodovias, transportadores e a população em geral, que perdem em desempenho e elevação dos custos de movimentação. Quanto ao sistema ferroviário, acreditamos que seja um das mais coerentes modalidades de transporte.Porque nosso país é privilegiado pela amplitude geográfica o que possibilitaria com as ferrovias um aumento das exportações e diminuiria a carga de frota nas rodovias reduzindo custos de manutenção e ao mesmo tempo encurtaria as distâncias permitindo maior movimentação de produtos e serviços no processo de globalização. O futuro não é algum lugar que estamos indo, mas um lugar que estamos criando. Os caminhos não são para ser encontrados, mas criados. E a atividade de criá-los faz com que eles mudem tanto o criador como o seu destino. ( Johan Schaar) Anexos Queimado, saqueado e esquecido. ESSA É A IMAGEM DE UM PAIS, QUE NÃO SE PREOCUPA COM SUA HISTÓRIA. Um Brasil que prioriza as Rodovias e sucateia a sua história Bibliografia http://www.cnt.org.br/informacoes/pesquisas/rodoviaria/2009/arquivos/pdf/Gerencial.pdf Pesquisa CNT de rodovias 2009: relatório gerencial. – Brasília : CNT : SEST : SENAT, 2009 http://www.guiadotrc.com.br/Estatistica/malha_transporte.asp http://www.antt.gov.br/relatorios/ferroviario/concessionarias2003/index.asp HTTP://www.transportes.gov.br Razzolini Filho, Edelvino-Trasportes e modais:com suporte de TI e SI, editora IBPEX, 2ª edição, 2009- Curitiba Bertaglia, Paulo Roberto – Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento, editora saraiva,2006. p. 276 Dias, Marco Aurélio P-Transportes e Distribuição Física, editora Atlas S.A -1987- São Paulo p. 30