CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE PASTOS DE AVEIA BRANCA (Avena sativa L.) E ALTURAS DE RESÍDUO PÓS-PASTEJO. Edson Rodrigo Pansera (IC/UNICENTRO); Sebastião Brasil Campos Lustosa; Deonisia Martinichen; Vinícius Peterlini Pavoski (IC/EMBRAPA/UNICENTRO); Bruno Freire Rickli (IC/BIC/UNICENTRO) Universidade Estadual do Centro – Oeste/ Setor de Ciências Agrárias e Ambientais/ Departamento de Agronomia/ Forragicultura e Pastagens – Guarapuava – PR. Palavras chave: Avena sativa L.; Interceptação de área foliar; Resíduo póspastejo. Resumo A definição do residual em sistemas pastoris determina o sucesso na utilização da forragem, utilizando como ferramentas a alturas e a massa da pastagem. Com o objetivo de estabelecer alguns critérios fundamentais ao manejo de pastagens, limitou-se as alturas de pré e pós-pastejos utilizando a interceptação da área folhar (95%) e as médias das alturas entre os tratamentos de 4, 8, 12 e 16 cm. Não houve diferença significativa no acúmulo de massa seca de pré-pastejo entre os tratamentos. Ao avaliar as produções médias de póspastejo, observou-se que o tratamento de 16 cm foi superior aos demais. Introdução As informações de manejo de aveias forrageiras, existentes na literatura, são encontradas em sua grande maioria em condições de cortes e somente uma minoria em condições sob pastejo. Normalmente são dados oriundos de ensaios de freqüência de corte, onde se fixa a altura de entrada entre 30 a 35 cm e o resíduo entre 5 a 10 cm do solo. Desta forma, não são considerados os hábitos de crescimento, tão pouco, as diferenças na taxa de acúmulo de forragem, pontos importantes que influenciam a composição e estrutura da planta, afetando sua qualidade, produção e persistência. Hodgson (1990) considera que as variáveis do pasto que apresentam maior consistência sobre a produção de forragem são a altura e o índice de área foliar (IAF), especialmente tratando-se de gramíneas forrageiras prostradas, de porte baixo e com alto potencial de perfilhamento. A interceptação de luz é, no entanto, regulada por uma série de fatores, tais como composição botânica/ morfológica da forrageira, hábito de crescimento da planta, estrutura do pasto, ângulo foliar e disposição das folhas no dossel (Fagundes et al., 1999). A taxa de crescimento do aparato foliar determina, portanto, a quantidade de radiação solar interceptada pela cultura e, conseqüentemente, a quantidade de biomassa produzida (Montheith, 1977). O objetivo do presente trabalho foi relacionar alturas e massa de forragem, do resíduo em pós-pastejo, para estabelecer critérios fundamentais ao manejo de pastagens em sistemas de integração lavoura-pecuária. Materiais e métodos O experimento foi conduzido no campo experimental do Centro Politécnico da Universidade estadual do centro oeste – UNICENTRO - Guarapuava-PR. O cultivar avaliado foi a aveia branca IPR 126 (Avena sativa L.). A implantação da cultivar foi no dia 01 de junho de 2006, em semeadura direta, espaçamento entre linhas de 17 cm e densidade de semeadura de 350 sementes aptas/ m2. A adubação seguiu as recomendações técnicas para pastagens de gramíneas anuais de inverno (ROLAS, 1995). Uma única aplicação de nitrogênio na dosagem de 150 kg de N. ha –1, realizada quando as plantas estavam no estádio fenológico de três folhas completamente expandidas (Zadoks et al. , 1974). O delineamento foi blocos ao acaso com quatro tratamentos (4, 8, 12 e 16 cm de altura de resíduo pós-pastejo) e quatro repetições com aranjo fatorial, totalizando 16 unidades experimentais com 12 m2 de área. Foram utilizados bovinos como desfoliadores, de pesos variados (180 a 450 kg). O pastejo iniciava quando 95% da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) era interceptada pelo dossel. Na interceptação da PAR utilizou-se um ceptômetro linear (AccuPar®). Na determinação da altura do dossel no pré e pós-pastejo, foi utilizado o sward stick (Bircham, 1981), medindo a altura de 20 pontos aleatórios em cada unidade experimental. A produção de massa seca (MS) residual e total, foram avaliadas com a média de duas amostras (0,25 cm2) cortadas rente ao solo, em cada unidade experimental. Após a pesagem da massa verde (MV), o material coletado foi fragmentado em componentes morfológicos (folhas, colmo + bainha e material senescente). Para determinação do hábito de crescimento e incidência de doenças foram utilizados os critérios estabelecidos pela Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia (2006). Resultados e discussões Tabela 1 – Produção de massa seca (Kg.ha-1) de pré-pastejo e pós-pastejo e rendimento acumulado sob pastejo. Tratamento 4 cm 8 cm 12 cm 16 cm Média CV (%) Pós – Pastejo Pré – Pastejo Acúmulo de Massa Seca (Kg.ha-1) 1º 2º Total 1º 2º 3.514,35 a 3.608,32 a 7.122,67 a 516,80 b 1.107,18 b 794,80 b 830,48 b 3.541,35 a 3.952,51 a 7.466,86 a 3.541,35 a 4.573,79 a 8.088,14 a 1.106,50 b 1.778,48 b 3.514,35 a 4.938,28 a 8.452,63 a 1.984,90 a 2.873,97 a 3.514,35 4.268,23 7.782,58 1.100,75 1.647,53 0,00 17,98 9,86 32,85 27,72 Total 1.623,98 c 1.625,28 c 2.884,93 b 4.858,97 a 2.748,27 14,88 Obs.: Médias seguidas por diferentes letras minúsculas nas colunas indicam diferenças entre Tratamentos (Tukey, p<0,05). A tabela 1 demonstra que a produção de massa seca acumulada em prépastejo não apresentou diferença significativa entre os tratamentos avaliados. Quando avaliado o acúmulo de forragem em pós-pastejo, se observou diferença estatística entre os tratamentos, onde as parcelas manejadas á 16 cm de altura demonstraram acúmulo superior de massa seca perante aos demais, submetidos à análise de variância pelo teste de Tukey (P< 0,05). Tabela 2 – Composição do residual da forrageira em pós-pastejo, considerando os valores médios de massa seca. Tratamento 4 cm 8 cm 12 cm 16 cm Média CV (%) Folha 19,30 a 14,89 a 20,91 a 34,34 a 22,36 40,72 1º Pós – Pastejo 2º Pós – Pastejo Composição do Resíduo (%) Colmo Senescente Folha Colmo Senescente 73,95 a 6,75 a 7,35 a 56,77 a 31,18 a 11,87 a 7,95 a 58,50 a 32,87 a 73,23 ab 10,85 a 5,40 a 70,80 a 22,95 a 68,23 ab 56,99 b 8,65 a 10,42 a 66,35 a 21,48 a 68,10 9,53 7,78 63,10 27,12 10,81 37,50 32,54 13,69 24,31 Obs.: Médias seguidas por diferentes letras minúsculas nas colunas indicam diferenças entre Tratamentos (Tukey, p<0,05). Quando avaliado a composição do dossel forrageiro, não se observou diferença significativa entre os tratamentos nas frações de folha, colmo e material senescente, exceto na porção colmo do tratamento de 16 cm, em primeiro póspastejo, sendo inferior aos demais, submetidos à análise de variância pelo teste de Tukey (P< 0,05). Conclusões A morfogênese das partes aéreas da planta constitui um elemento fundamental a ser considerado no entendimento da formação da biomassa e da estrutura de captação e repartição de carbono, demonstrando que um maior acúmulo residual em pós-pastejo, proporciona melhores rendimentos de forragem. Referências bibliográficas BIRCHAM, J. S. Herbage growth and utization under continous stocking management. Ph.D Thesis. University of Edinburgh. 1981. FAGUNDES J. L; Silva, S. C.; Pedreira, C.G.S.; Sbrissia, A.F; Carnevalli, R.A.; Carvalho, C.A.B.; Pinto, L.F.M. 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