Viagem Gastronômica através do Brasil Universidade Castelo Branco Profa. Aline Baroni Martins Panorama • 1650 – Padre Antônio Viera existia mais de 600 nações. - Diversidade de culturas, raças e línguas. Os alimentos, modo de preparo, modo de comê-los, ingredientes, temperos, acompanhamentos, misturas, proibições, liberações, o cru, o azedo, o doce – São característicos de cada cultura, da disponibilidade do habitat dos insumos e do paladar grupal. Alimentação Indígena • Culinária Ameríndia através das novidades adicionadas após descobrimento – tomate, batatas, mandioca, abacate, pimentões, pimentas, chocolate, guaraná. • Na Amazônia e nas Baias da Costa Brasileira- Bahia de São Luís, Bahia de todos os Santos, a da Vitória, Guanabara, Santa Catarina = Alimentação básica - Mandioca (7 toneladas de amido/ hectare/ano - auto-sustentável onde esta forma alimentar data o equivalente a 5000 a.c) e peixes. Alimentação Indígena • A agricultura da mandioca, tem uns 10 mil anos de especialização e tecnologia por ser VENENOSA (presença de ácido cianídrico), e durante este tempo, desenvolveu centenas de variedades –as doces, não venenosas, macaxeiras (Norte do estado), aipim (Rio de Janeiro). • Comidas como farinha ou em bolos, a própria mandioca cozida, diferentes produtos retirados depois de raladas e espremidas – diversidade de preparações. • Na botânica são classificadas: - Cor da massa: amarela ou branca; - Cor dos seus talos; - Tonalidade e número de folhas; Preparações derivadas da mandioca • Do líquido venenoso – resultante do prensamento (tipiti), fermentado ao sol e depois fervido = Tucupi. Pode ser servido como caldos e no famoso Tacacá (camarão, jambú = agrião) TUCUPI TACACÁ Preparações derivadas da mandioca • Beijus – massa prensada; • Goma - Preparações derivadas da mandioca • Pirão; • Farinha de mandioca = massa torrada; Curiosidade: quando os índios mudavam de terras (povo nômades), ou na proximidade do inimigo, eles transformavam toda a mandioca em farinha – foi o que ocorreu com a chegada dos portugueses, sendo então o único alimento encontrada em quantidade, sendo a base da alimentação dos neobrasileiros e os índios. Forma de preparo do peixe pelos Índios • Segundo alimento básico dos índios; • Forma comum de preparo: Moqueado (assados e defumados no moquém). Curiosidade: este costume passou para os piratas franceses pela facilidade de preparo. - Piracuí – peixe torrado e pilado; Carne de Caça • Alimento secundário; • Carne de caça mais comum: porco-domato, caititus; • Carne pilada com farinha de mandioca = paçocas. Outras fontes proteicas Na amazônia – lagartos, cobras, besouros, gafanhatos tostados, larvas de cabas, tapurus dos trocos podres; • Insetos: cupins amarelos vivos, tanajura cruas com farinha de mandioca, Curiosidade • Porco-do-mato filhote, sendo amamentando por índígena nutriz. Forma de transmissão de doenças para o seu filho e para a mãe. Antropofagia • Rituais ou gulas – crença que os espíritos mães, comiam os mortos. Para impedir este fato, os inimigos eram mortos, esquartejados e servidos moqueados e no tucupi. Alimentos Secundários • • • • • Milho – mingaus, assados, cozido; Batata-doce; Feijões; Morangas; Cará (Inhame); Frutas • • • • • • • • • • Abacaxi; Ananás; Biribá; Abacate; Matapi; Cucura; Cumã; Açaí; Bananas*; Cajú e sua castanhã; Bebidas • Fermentadas na saliva - Cauim - Base de aipim; • Chocolate; • Guaraná; Contribuição Portuguesa • Influenciou decididamente a gastronomia do Brasil; • Durante suas passagens, eram obrigados a se alimentarem do que dispunham na terra recém descoberta. Reconhecimento de saberes e sabores com toque português. O Português trouxe para o Brasil: - Modo de explorar a cozinha, preparar, dosear, confeccionar, temperar e conservar os alimentos; - Utensílios, horas das refeições, ordem dos pratos, os pesos e medidas, contenções religiosas; • O português era portador de antigas práticas de cozinhas enriquecidas pelos produtos atlânticos e índicos. Rota das especiarias. • Lisboa – centro da Europa; Alimentação com base árabe e preconceitos religiosos; • Século XVII – contribuição da culinária espanhola, caracterizada pela exuberância das receitas, decorações; Alimentação Portuguesa • Comiam mais peixes do que carnes, arroz, cuscuz; • Sardinhas, pescadas; • Mariscos; • Pães; • Mel; • Queijos; • Doces e guloseimas; Diálogo Alimentar • Portugueses e ameríndios – troca desigual; • Portugueses surpresos com o que viu, cheirou e saboreou; • Vaz de Caminha – relata permuta entre fartes e os exóticos e inesperados frutos; • O período de colonização demostra a REVOLUÇÃO ALIMENTAR; Diálogo Alimentar • 1570 – chegada dos africanos, povoados surgem em portos e cidades; • Crescimento imobiliário – engenhos de açúcar, igrejas, conventos, casas senhoriais no que irá resultar em: - hábitos, crenças, apetência e apetites; • Renovação constante dos costumes alimentares trazidas por viajantes com sotaques orientais, particularmente da Índia. • Uso de especiarias, óleos, pimenta malagueta; • Ocupação territorial desarmônica; • Ensaios de sementes; • Negros escravos nas chácaras – plantação de alface, chicória, abóboras, feijões; • Cozinheiros da corte real eram europeus, ajudados por escravos; • Desenvolvimento da sociedade brasileira levou a exigências culinárias – surgimento da profissão cozinheiro. Diversificação Alimentar • • • • • Milho; Arroz; Leguminosas; Castanha de cajú para docear; Mamão de Pernambuco levado e plantado na Bahia; Plantação da cana-de açucar O engenho produzia: - Açúcar; - Mel; - Aguardente; • Indústria de salga e secagem de carnes; • Comercialização de alimentos, importação e exportação – paio, presunto, azeite, queijo, marmeladas, , vinhos, vinagres; - foi possível pela medidas econômicas de Marques de Pombal, incrementando a cultura alimentar (Ex. arroz); 1750 – Mineração – extração do ouro • Culinária diferenciadas por zonas do Brasil (Branco, Negros, Importados); Fim do séc. XVIII - Cultivo do Café; Corte portuguesa através do Brasil – culinária européia (Cozinheiro francês, naturalizado português – Lucas Rigaud); “ Cozinha de botequins”, produto desse longo processo de adaptação e recriação;