Obras Literárias UFSJ 2012.1
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ROMANTISMO (SÉC. XIX)
Romantismo – designa uma visão de mundo centrada no
INDIVÍDUO. Os autores românticos voltaram-se cada vez
mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores
trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismos (fugas).
Primeira Geração Romântica:
Nacionalista ou indianista, pois tomou o índio como
representante da nacionalidade brasileira, do passado précolonial do país.
Também apresenta a exaltação da natureza (principalmente
ao reproduzir a “cor local”), o sentimentalismo e a
religiosidade como traços principais.
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A OBRA MELHORES POEMAS:
É uma coletânea organizada por José Carlos Garbuglio e
publicada pela editora Global. Para compô-la o organizador
buscou alguns poemas de:
“Primeiros cantos” (poesias americanas, diversas e hinos);
“Novos Cantos”;
“Sextilhas do Frei Antão” (texto com linguagem arcaica,
erudita);
“Últimos cantos” (poesias americanas e diversas);
“Os Timbiras” (apenas a introdução desse poema épico
inacabado); e outras poesias.
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Há nos poemas de Gonçalves Dias:
 Tendências neoclássicas (árcades): a harmonia, o
equilíbrio, a sobriedade e a elegância que o afastam dos
excessos do romantismo;
Indianismo
como
parte
mais
representativa
do
nacionalismo, mas a natureza estão em grande parte da
poesia do autor;
O índio não é o selvagem americano e sim um ser poético
elaborado segundo as convenções da lírica ocidental,
principalmente como enriquecimento do patrimônio cultural;
O índio apresenta intuitos de heroicização e de
engrandecimento do nascente orgulho nacional; ele é um
exemplar de atributos e virtudes da cultura branca;
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 Há a presença do poema dramático “I- JUCA PIRAMA”
(aquele que vai morrer):
Uma narrativa em versos que mostra as variações
psicológicas do guerreiro aprisionado e os diferentes
momentos da preparação do ritual da festa (antropofágica).
Tudo isso em mobilidades rítmicas dos versos que acentuam
o drama vivido pelo guerreiro, desde o momento da
“maldição” profanada pelo pai, até a reabilitação do
guerreiro, que tocado pelo sentimento bem ocidental de
dever, se assemelha aos padrões da cavalaria medieval.
Personagens da obra:
1 — I-Juca Pirama: o herói romantizado, guerreiro Tupi, nobre, corajoso.
Cuida do pai cego.
2— O Velho Tupi: pai de I Juca Pirama, velho e cego. Honra a ética da
bravura.
3—Os Timbiras: representados pela figura do Chefe. Ferozes e canibais.
4—O Velho Índio Timbira: narrador e personagem - testemunha.
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 Valorização do nacional: poesia de exaltação ou simples
descrição da paisagem brasileira;
Aproxima-se à poesia da natureza os estados de solidão e
melancolia do eu lírico, como também a poesia religiosa que
surge em “Visões”, “A ideia de Deus”, tal como propõe o
Romantismo: tudo aparece como projeção da vontade divina
ou expressões que se ligam aos estados íntimos do poeta;
Poemas amorosos: resultado de dores fictícias – nem por
isso menos sofridas – de um homem que se comprazia em
figurar dificuldades e impossibilidades;
Nas “Sextilhas de Frei Antão” vê-se o grande conhecimento
de Gonçalves Dias a respeito de poesia e das fontes eruditas
e medievais da língua Portuguesa, em especial com os
cancioneiros.
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Em “primeiros cantos” percebe-se que o trato dado ao índio
é representado pelo ritmo (versos breves, fortemente
cadenciados e sabiamente construídos na sua alternância
de sons duros e vibrantes) e por expressões de valores
bélicos (exaltação da qualidade dos índios, principalmente a
honradez e a bravura).
Aqui na floresta
De ventos batidos,
Façanhas de bravos
Não geram escravos
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
(canto do guerreiro)
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O sentimentalismo lamuriante e lacrimoso.
O desejo de amar que não se concretiza, como também a
infelicidade, o desengano, a solidão, entrelaçados à ideia de
morte.
A mulher, na concepção romântica, vivendo em uma
dimensão inatingível, uma “etérea visão”, que se confunde
com “os anjos”.
É triste a minha Musa, como é triste
O sincero verter d´amargo pranto
D´órfã singela
É triste como o som que a brisa espalha,
Que cicia nas folhas do arvoredo
Por noite bela.
(Minha Musa)
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À noite quando durmo, esclarecendo
As trevas do meu sono,
Uma etérea visão vem assentar-se
Junto ao meu leito aflito!
Anjo ou mulher? Não sei. – Ah! Se não fosse
Um qual véu transparente,
Como que a alma pura ali se pinta
Ao través do semblante,
Eu a crera mulher... – E tentas, louco,
Recordar o passado,
Transformando o prazer, que desfrutaste,
Em lentas agonias?!
( O delírio)
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Ao encontrar pela última vez, em Portugal, sua amada Ana
Amélia, produz “Ainda uma vez, adeus”. Um poema repleto
de comoção do último encontro.
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!
II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
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“Loa da Princesa Santa” – in.: Sextilha de Frei Antão
“Loa”: pode significar tanto um prólogo de uma composição
dramática, como um discurso elogioso, um cântico de
louvor às virtudes de um santo ou virgem, uma toada de tom
melancólico; ou mesmo mentira e fanfarronice.
Frei Antão após rápida apresentação de si, passa a narrar à
festa de chegada da comitiva de Afonso Quinto, que em
regresso de suas campanhas na África, trazia como
escravos um turba de mouros. Chama a atenção do frade as
belezas de uma jovem e específica mourisca, por quem
devotará uma paixão
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LOA DA PRINCESA SANTA
Bom tempo foi o d’outrora
Quando o reino era cristão,
Quando nas guerras de mouros
Era o rei nosso pendão,
Quando as donas consumiam
Seus teres em devação.
Dava o rei uma batalha,
Deus lhe acudia do céu;
Quantas terras que ganhava,
Dava ao Senhor que lhas deu,
E só em fazer mosteiros
Gastava muito do seu.
Se havia muitos Infantes,
Torneio não se fazia;
É esse o estilo de Frandres,
Onde anda muita heregia:
Para os armar cavaleiros
A armada se apercebia.
(...)
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O amor à pátria brasileira é visível em “O gigante de pedra”.
Nele o autor dá vida monte (conhecido hoje como Pão de
açúcar).
I
Gigante orgulhoso, de fero semblante,
Num leito de pedra lá jaz a dormir!
Em duro granito repousa o gigante,
Que os raios somente poderam fundir.
Dormido atalaia no serro empinado
Deverá cuidoso, sanhudo velar;
O raio passando o deixou fulminado,
E à aurora, que surge, não há de acordar!
(...)
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Em “Leito de folhas verdes” há os três elementos do
romantismo:
O índio: como um homem puro, ingênuo, feliz e bom.
A natureza: a beleza das flores e plantas com seus
perfumes.
A mulher: peça fundamental do romantismo.
Porque tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zeloza
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
1ª estrofe: eu lírico feminino anseia pela
volta de seu amado Jatir. Elementos da
natureza corroboram para a sensação de
angústia.
2ª e 3ª estrofes: natureza como leito de
amor e doçura do momento.
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Em “Marabá” – o desprezo do índio pela miscigenação.
Marabá será sinônimo de desprezo, descaso, desapego e
solidão:
Eu vivo sozinho; ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
– “Tu és,” me responde,
“Tu és Marabá!”
– Meus olhos são garços, são cor das safiras,
– Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
– Imitam as nuvens de um céu anilado,
– As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
“Teus olhos são garços,”
Respondo anojado, mas és Marabá:
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
“Uns olhos fulgentes,
“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”
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“Os Timbiras”
Epopeia indianista inacabada de Gonçalves Dias, é uma
narração dividida em uma introdução e quatro cantos. É o
ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante
desde os árcades, acabou por fazer-se verdade artística.
Nos poemas são narrados os feitos de guerreiros timbiras,
principalmente do chefe Itajubá e do jovem guerreiro Jatir.
Altamente idealizados, estes índios falam apenas em valor,
coragem, guerra e honra, num mundo habitados por
inimigos vis, piagas (pajés) sábios e guerreiros valorosos. O
autor usa e abusa de termos em tupi e do verso branco (sem
rima).
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Introdução
Poema Americano
Os RITOS semibárbaros dos Piagas,
Cultores de Tupã, e a terra virgem
Donde como dum trono, enfim se abriram
Da cruz de Cristo os piedosos braços;
As festas, e batalhas mal sangradas
Do povo Americano, agora extinto,
Hei de cantar na lira. – Evoco a sombra
Do selvagem guerreiro!... Torvo o aspecto,
Severo e quase mudo, a lentos passos,
Caminha incerto, – o bipartido arco
Nas mãos sustenta, e dos despidos ombros
Pende-lhe a rota aljava... as entornadas,
Agora inúteis setas, vão mostrando
A marcha triste e os passos mal seguros
De quem, na terra de seus pais, embalde
Procura asilo, e foge o humano trato.
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15 contos MODERNISTAS que se realizam sobre:
Recordações dos tempos infantis (com suaves toques
emocionais e cenário de cidadezinhas do interior, ou na
vida cotidiana carioca); há uma presença do tom irônico e
humorístico característico do autor.
Com o auxílio da imaginação e um limite entre o real e o
fantástico, Drummond constrói histórias típicas do
cotidiano urbano, que muitas vezes remontam aos tempos
das cidades pequenas e de interior.
Os textos de Drummond têm a estrutura dos contos
tradicionais modernistas, apesar de se perceber em alguns
a proximidade com a crônica, pois estes focam lapsos do
cotidiano. É o que ocorre em “Conversa de Velho com
Criança”.
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OBS:
Há ternuras, como no conto “Meu companheiro”;
decepções, “O sorvete”; solidariedade, “A doida”; crenças
interioranas, “A salvação da alma”; olhares perturbados de
um homem para com uma mulher em um coletivo,
momentos de sensualidade e desejos, “Extraordinária
conversa com uma senhora de minhas relações”; o
fantasmagórico surrealismo de “Flor, telefone, moça”; o
devaneio de uma moça ante a montagem de um presépio e
o namorado, “O presépio”.
Já apareceram nas provas da UFSJ:
Salvação da alma, um escritor nasce e morre, o sorvete, a baronesa, Nossa
amiga, a doida, presépio, flor moça telefone.
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A infância: reminiscências, o comportamento infantil e o
contraste com o adulto, a imaginação.
“A salvação da Alma” (1ª p) – evocação da infância e
mostra a seriedade grave de uma criança, empenhada em
salvar sua alma das garras do demônio e de pecados
inculcados por uma religião de concepção medieval.
“O sorvete” (1ª p) – Compram o sorvete, mas vem a
decepção. Sonho é belo, enquanto sonho; a realidade é
dolorosa e chocante,e quase sempre traz decepção e
frustração.
“A doida” – a transformação de uma criança descobrindo
o lado humano
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“Nossa amiga” – Valoriza “as campinas da imaginação”,
o “elemento poetizável” do mundo infantil. No final uma
intertextualidade bíblica, que coloca o conto no sentido
da compaixão humana.
“Conversa de velho com criança” (1ª p) – a menina Maria
de Lourdes e Ferreira, uma relação de amizade em
bonde. O Narrador Carlos questiona o seu mundo.
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Impressões: o comportamento de certas personagens e o
“mergulho” em seu estado de espírito e ânimo ante as
inquietações da vida.
“O presépio” – profano x sagrado – a mulher e o olhar
machista
“Extraordinária conversa com uma senhora de minhas
relações” (1ª p) – texto com digressões sobre a beleza
“Meu companheiro” (1ª p) - O cão exerce função moral de
consciência ao narrador, e recupera sua infância e o
autoriza a praticar atos que a condição de adulto não
permita.
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Questões sociais: a força opressora do capitalismo, o valor
humano relegado a um segundo plano.
“Câmara e cadeia” - Conto com acentuado humor: em cima,
vereadores na câmara que discutiam um meio de cobrar mais
impostos; em baixo, numa miséria sórdida, a cadeia com 5
presos em situação deplorável.
“Beira-rio” Negro Simplício, vindo de Pirapora, pretende
montar sua bitácula, venda de cigarros, pastéis e aguardente.
Desafia o poder da Companhia. Simplício representa a
dignidade do homem na luta contra a opressão.
“Um escritor nasce morre” (1ª p) - Escritores em torno dele
discutiam assuntos literários, ele vai caindo em profunda
solidão. Sátira literária Reflexão sobre a literatura engajada.
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Universo
fantástico,
surreal,
macabro:
situações
misteriosas, histórias do sobrenatural, atitudes absurdas e
insólitas do homem.
“Flor, telefone, moça” – moça rouba flor do cemitério e uma
voz ao telefone lhe cobra a flor. A insistência leva a moça ao
desespero e à morte. A voz não chama mais. Tom de ironia.
“A baronesa” Narrativa com característica de humor negro,
pelo tom satírico e irônica, em que se opõe, entre outras
coisas, a nobreza e a avareza.
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“O gerente” – Samuel, gerente de banco, comia o dedo de
mulheres quando as cumprimentava.
“Miguel e seu furto”. O roubo do mar. Miguel depositou sua
fortuna em bancos seguros e passou a colecionar
conchinhas para se lembrar de sua ex-propriedade. Troca da
1ª pessoa do plural para a 3ª.
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São 53 poemas antecedidos por uma “dedicatória” em
versos e um prólogo em prosa.
Apesar de não constar os poemas sobre os escravos,
sente-se em vários momentos deste livro o mesmo ímpeto
verbal e a mesma indignação presente naqueles poemas.
A metáfora do título é explicada no “prólogo”: assim como
a espuma, os poemas teriam sido gerados “do mar e do
céu, da vaga e do vento”, o que significa que eles têm sua
fonte na natureza.
Mas além da natureza, são assinalados mais dois
elementos inspiradores: A “musa – este sopro do alto”
(inspiração artística divina) e o “coração – este pélago da
alma” (o sentimentalismo).
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Diferente dos poetas da 2ª geração, Castro Alves declara
sua sede de viver para o amor e para a glória, mas
reconhece que a morte, embora indesejada, é iniludível.
A morte é associada a imagens repugnantes, que ele se
possível gostaria de recusar. Não se foge à vida, a deseja.
No poema “Os três amores” ele desenha, em gradação,
três modos de amar, do platônico ao arquétipo mais
sensual, passando por um estágio intermediário.
Uma das fontes de amor tem caráter narcísico e consiste
no desejo quase obsessivo pela glória literária. Outra
fonte é a mulher.
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No poema: “Os anjos da meia noite” o poeta, ardendo em
febre, delira e julga ver o desfile de sete sombras,
fantasmas de mulheres amadas no passado, que o visitam
em seu quarto de enfermo. A oitava sombra aparece
flutuando no ar, silenciosa, envolta em névoa e vestida de
noiva, mas o poeta não a reconhece. Tentando adivinhar
sua identidade, o poeta supõe que ela poderia ser a morte.
Alguns poemas antecipam o Parnasianismo, pelo rigor na
forma, pelo descritivismo plástico, pelas imagens
escultórias e pelo arsenal de referências clássicas grecoromanas.
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Em “Immensis Orbibus Anguis”, Castro Alves constrói
uma alegoria para representar uma mulher (Eugênia
Câmara) como monstruosa serpente que lhe devorou a
vida.
Castro traz do mundo sensível imagens transfiguradas em
metáforas
eróticas
[“Boa
noite”,
“Adormecida”,
“Hebreia”]. A paisagem não é um mero pano de fundo
onde se desenrola o idílio; ela se incorpora aos próprios
dotes da amada, ou do amante, dos quais é correlativo
objetivo.
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O vocabulário - repertório de referências cósmicas
arrebatadores: raios, trovões, vulcões, espaços abertos e
amplos da terra, do céu e do mar.
Em “O Livro e a América”: a magnitude da natureza
americana e a suposta grandeza moral que o continente
assumiria perante a história futura da humanidade. O
“livro” faz “o povo pensar” e difunde a “luz”
revolucionária, sementeira de um futuro glorioso.
O poeta Castro Alves aparece como tribuno de causas
populares: tentar animar o povo a lembrar de seus heróis
populares. Para tanto dedica poema a Pedro Ivo,
guerrilheiro liberal da revolução Praeira de Pernambuco e
dois outros aos heróis baianos da independência (“Aos
dous de julho” e “Ode ao dous de julho”)
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Os poemas de Espumas Flutuantes foram feitos para
comover e persuadir plateias de ouvintes. Foram escritos
para se falar em voz alta o que justifica a presença do
travessão, de pontos de exclamação e reticências. Poesia
pública e oral que utiliza os recursos da retórica:
Enumeração , Anáfora, Gradação, Apóstrofe, Hipérbole,
Hipérbato.
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Dois irmãos, romance de Milton Hatoum, tematiza o
incesto, a rivalidade, a revolta, o ciúme e as
tantas nuanças que desajustam a vida de uma
família de imigrantes libaneses residente em
Manaus.
Romance Urbano – com descrições regionais –
Século XX: ±1910 a ±1970
Preâmbulo + 12 Capítulos
Ambiente: Manaus
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Galib
Zana
Lívia
Halim
Yaqub
Domingas
Omar
Agregada índia
Caçula
Nael
Rânia
Dália
Pau Mulato
Narrador
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ESCOLA LITERÁRIA: LITERATURA CONTEMPORÂNEA É obra da literatura contemporânea, do Pós-Modernismo
como querem alguns, seguindo a linha da literatura que
valoriza a linguagem simples, mas com elevado grau de
arte e de correção gramatical.
Romance memorialístico: o tempo sustenta a narração,
com suas idas e vindas cronológicas. Uma narrativa
dramática que está sempre a anunciar a tragédia que virá
e o anúncio do segredo que tanto atormenta Nael: a
identidade paterna.(HÁ AVANÇOS E RECUOS NO TEMPO)
Busca do pai/ da identidade (característica da literatura contemporânea)
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Através da epígrafe da obra já antevemos um
futuro nada glorioso, o retrato de um mundo
degradado:
A casa foi vendida com todas as lembranças
todos os móveis todos os pesadelos
todos os pecados cometidos ou em via de cometer
a casa foi vendida com seu bater de portas
com seu vento encanado sua vista do mundo
seus imponderáveis [...]
Carlos Drummond de Andrade
o)
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FOCO NARRATIVO
NARRADOR-PERSONAGEM- A história é narrada na
primeira pessoa, mas o narrador não é o herói principal.
Nael (o nome só é revelado quase no fim da história) valeuse do que viu, do que ouviu e, principalmente, do que lhe
contaram sobre a família de que fez parte. A função do
narrador é olhar para o passado e tentar juntar pedaços do
que lhe foram contando até formar a história como um
todo.
Explora a MEMÓRIA
Até o capítulo 4 não se sabe quem realmente ele é, no 9
seu nome é revelado.
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PERSONAGENS:
Os masculinos emergem quase como dependentes do clã
feminino
Mas, mesmo as figuras femininas sendo dotadas de mais
força, estão à mercê dos conflitos entre os irmãos.
Nael, o narrador, que se mostra dependente apenas de
sua dúvida.
Personagens PLANAS, LINEARES ou estereotipadas, isto
é, não evoluem psicologicamente nem mudam de caráter
ou de personalidade.
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TEMÁTICAS
CASA DEMOLIDA - O tema principal do romance é o drama
familiar demolindo as vidas e, por consequência, o lar.
AMOR INCESTUOSO -Apesar de não estar escrito com
todas as letras, deduz-se que o amor doentio da mãe
(Zana) pelo filho mais novo (Omar) tem muito de incesto:
ela o quer só para si, ignorando, a partir de certo
momento, a relação com o próprio marido. Na mesma
linha, classifica-se o amor de Rânia pelos irmãos gêmeos.
Como também a relação de Rânia e Nael, seu sobrinho.
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AMBIENTE:
Manaus (Porto dos Remédios, Centro comercial)
Líbano, São Paulo, Miami (apenas citadas)
Casa (microcosmo) Manaus (macrocosmo)
O rio Amazonas aparece representativamente durante as
descrições de todo o ambiente e de todo o progresso
social e econômico de Manaus.
Há uma forte simbologia do rio Amazonas, representando
a fonte da vida, o fluir de tudo, a mudança de ciclos, muito
presente dentro da obra.
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INTERTEXTUALIDADE
O diálogo com o presente e o passado fez-nos resgatar
histórias bíblicas, histórias clássicas e contemporâneas
para mostrar que seus temas são tão antigos, como atuais,
eternos como a própria impossibilidade de harmonia
terrena.
Adão e Eva – rivalidade/ciúme dos irmãos Caim e Abel
Isaac e Rebeca – rivalidade dos irmãos Esaú e Jacó
Machado de Assis, “Esaú e Jacó”.
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REGIONALISMO
Milton Hatoum, em entrevista ao Jornal Folha de S. Paulo,
faz a seguinte afirmação em relação ao regionalismo
literário: A literatura regionalista esgotou-se há muito
tempo. O regionalismo é uma visão muito estreita da
geografia do lugar, da linguagem. É uma camisa de força
que encerra valores locais. Minha ideia é penetrar em
questões locais, em dramas familiares, e dar um alcance
universal para eles. (2005, p. 12)
Dois irmãos configura-se como uma obra universal, mas
sem deixar de ser regionalista, já que Hatoum consegue
situar o drama familiar narrado na cidade de Manaus e,
dessa
forma,
consegue
aproximar
o
leitor
(independentemente de sua naturalidade) do mundo
amazonense.
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