Obras Literárias UFSJ 2011-2
Obras Literárias UFSJ 2011-2
18 narrativas, escritas no período de 1949 a 1969.
Literatura contemporânea
Linha intimista da narrativa. Ficção introspectiva.
Penetração psicológica para delinear os conflitos do
homem na sociedade contemporânea, através de uma
variedade de sentimentos que a vida moderna e
basicamente urbana sucinta.
A tensão das personagens ou narradores é
interiorizada, o que frequentemente as leva a não a
agir, mas a evadir-se, subjetivando seus conflitos.
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Narrativas polissêmicas, repletas de sugestões conotativas,
decorrentes da constante presença de metáforas e
símbolos, que corporificam as temáticas dos textos.
Personagens e objetos são interrelacionados para formar
uma estrutura simbólica muito forte.
Escrita alusiva e elíptica, ou seja, não há muitas descrições
objetivas.
Narradores oscilam entre 1ª e 3ª pessoas. Usa o discurso
indireto-livre, o fluxo de consciência e o monólogo interior,
através dos quais o leitor conhece os pensamentos e
emoções dos protagonistas.
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A cor verde está sempre presente para indicar o jogo com a
palavra literária e poética, já que as narrativas de Lygia
contêm tantos sentidos metafóricos. O verde forma um jogo
entre aparência e essência, realidade e imaginação, verdade
e mentira. Apenas no conto “Natal na barca” o verde está
ligado a ideia de esperança.
Ao final da leitura ficará a cargo do leitor criar o clima de
mistério, de terror, de desamor e desencontro, de solidão e
abandono.
Os finais dos contos provocam o imaginário coletivo e
convocam os leitores a participarem do ponto de vista das
personagens e narradores. Narrativas reticentes e
instigantes
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Considerações sobre os contos:
Rejeição, solidão, frustração, desencontro são temáticas
constantes.
Finais geralmente trágicos, pois não apresentam saída para
as personagens e seus narradores.
Por trás da delicadeza da linguagem escondem-se
sugestões das pequenas crueldades impostas pela vida.
A velhice, por exemplo, é abordada de modo irônico e
desencantado, por ser fruto de desprazer e abandono.
Da mesma maneira o casamento e as relações amorosas
existem mais como fonte de amargura e decepção do que
propriamente de felicidade.
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Os ambientes familiares não são idealizados de forma
alguma; são corroídos pela inabilidade de entendimento
entre as personagens. Assim como o meio familiar é
perturbado, os relacionamentos e sentimentos são
insatisfatórios e decepcionantes.
Em meio da percepção aos detalhes do real, desvela-se o
drama íntimo das personagens, retrata-se a solidão interior
das personagens. Há preocupação em sondar a psicologia
desses seres.
As mulheres são em geral livres de amarras, sedutoras,
liberais, mas que sofrem por causa da traição, do
abandono e das consequências de suas escolhas.
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Não raro, as personagens estão às voltas com seu
passado, e caem em estados reflexivos. O leitor
compartilhará das lembranças somente à medida que
emergirem, mas a maior parte ficará encoberta.
Tipos variados:
Adolescentes, idosos, ricos, miseráveis, crianças,
pessoas das mais variadas classes sociais e categorias.
Apresentados ao leitor com sua linguagem característica,
seus trejeitos, suas inflexões, suas visões de mundo.
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NARRADOR DE 1ª PESSOA
EU ERA MUDO E SÓ
(Manuel)
NATAL NA BARCA
(narradora sem nome)
O JARDIM SELVAGEM
(a menina Ducha)
O MOÇO DO SAXOFONE
(um motorista de caminhão)
HELGA
(Paulo Silva filho que se transforma no germânico
Paul Karsten)
APENAS UM SAXOFONE
(sem nome)
VERDE LAGARTO AMARELO
(Rodolfo)
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NARRADOR DE 3ª PESSOA
AS PÉROLAS; O MENINO; VENHA VER O PÔR-DO-SOL; A
JANELA; MEIA-NOITE EM PONTO EM XANGAI; A CHAVE;
A CAÇADA; ANTES DO BAILE VERDE; OS OBJETOS; UM
CHÁ BEM FORTE E TRÊS XÍCARAS; A CEIA
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Gênero: DRAMÁTICO
Realiza-se com o objetivo de mostrar ações que se
desenrolam diante dos espectadores. Sua principal
característica é, pois, a representação.
TRAGÉDIA:
Representa, de modo catastrófico, acontecimentos que
causam no público não só terror, mas também compaixão.
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ATO: subdivisão da ação de uma peça, que em geral
compreende uma unidade temporal e desenvolve um estágio,
ou fase, do conflito e da trama entre os personagens.
QUADRO: designa um cenário fixo em tempo contínuo que
pode prevalecer durante várias cenas. Ao se mudar o cenário
ou o tempo de representação (aurora para o crepúsculo, por
exemplo) muda-se o quadro.
RUBRICA: a palavra designa os apontamentos (em geral
impressos em itálico) que o autor põe no texto da peça e que
orientam o comportamento dos atores, a visão do diretor, ou
descrevem o cenário, a cena, situam a época etc.
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Anjo Negro, peça teatral de Nelson Rodrigues, foi escrita
em 1946 (estreou em 1948). O autor ao perceber o
preconceito de que o negro é alvo na sociedade brasileira
e a existência de preconceito no negro em relação a outro
da mesma cor, resolveu escrevê-la.
Uma outra razão foi porque achava um absurdo o negro
ser representado no teatro apenas como o “moleque
gaiato” das comédias de costumes ou por tipos
folclorizados. Por isso, criou um personagem – Ismael –
de classe média, inteligente, mas também com paixões e
ódios, ou seja, “um homem, com dignidade dramática”,
enredado em situações proféticas e míticas
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A peça é apresentada em três atos.
Na trama de Anjo Negro, pulula a violência, nas
suas mais diversas formas, das mais variadas
naturezas, em constantes situações.
As personagens são violentas entre si, sofrem a
violência, vivem-na. Há vinganças recíprocas e
intermináveis. Há ódio dissimulado no amor. Amor
dissimulado no ódio. Ou somente um desejo, que
gera violência. A história de Anjo Negro apresentase, assim, como uma rede truncada de muita
violência.
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A questão racial é tratada de forma radical. Numa
sociedade dominada pelo branco, a única estratégia
possível de inserção é a adoção da ética branca,
dominadora e autoritária. Repudiando sua cor e origem,
Ismael desfruta dos privilégios do branco: dinheiro,
status, prestígio e uma mulher também branca.
Destruídos os bloqueios morais impostos pela civilização,
o que aparece é um mundo infernal de desejos proibidos,
crueldade, amoralismo e “nostalgia da lama”. Os instintos
arrastam os personagens – dentro do próprio quadro
familiar – ao incesto, à perversão e ao crime, ao mesmo
tempo que o sonho de uma impossível pureza segue
atormentando-os.
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PERSONAGENS
ISMAEL(o marido negro)
VIRGÍNIA (a esposa)
ELIAS (o irmão branco de Ismael)
ANA MARIA (a filha branca de Virgínia e Elia)
TIA E 5 PRIMAS
CRIADA
COVEIROS DE CRIANÇAS
CORO DE PRETAS DESCALÇAS
CARREGADORES
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ESQUEMA DAS AÇÕES E FATOS NARRATIVOS (INTRIGA)
VIRGÍNIA
Vivia com a Tia e as 5 primas. Amava o noivo da prima
caçula. Um dia se entrega a ele. (“Não houve uma palavra,
ele me pegou e me beijou. Nada mais, a não ser a mão que
percorreu o meu corpo...”)
TIA e PRIMA CAÇULA chegam e veem a cena.
A prima suicida (enforca-se)
A vingança da tia: Na noite do velório da filha, o negro
Ismael sobe ao quarto de Virgínia e a estupra. Vão se casar.
Ela nunca mais sairia da casa. A tia e primas vão embora.
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O casal teve 03 filhos negros, todos mortos por Virgínia.
Toda vez que se velava um dos filhos, a tia e as primas
apareciam.
Ismael sabe que Virgínia matava seus filhos. O último fora
morto em um tanque, tão raso que não seria possível o
filho ter se afogado. Ismael assistiu a cena da janela do
quarto e nada fez para impedir.
A chegada do irmão de Ismael, o cego Elias (homem
branco).
Virgínia não sabia da presença dele, a qual é revela pela
criada negra. Virgínia a suborna para que abra a porta do
quarto e possa ver Elias.
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Virgínia se entrega a Elias. Ele faz juras de amor e
fidelidade. Tem medo do irmão tal como Virgínia. Mas a
mataria para concretizar o amor, como uma libertação e
prova de amor.
A tia e as primas chegam atrasadas para o velório. Veem
Elias sair do quarto. A tia pressiona Virgínia a revelar a
traição. Ela revela. A tia ameaça contar tudo ao marido,
como forma de vingança pelo suicídio da filha.
Ismael chega. Virgínia tenta seduzi-lo, como nunca antes
fizera, pois sempre reagia como se estivesse sendo
violentada.
A tia sobe ao quarto e conta da traição. Ismael expulsa tia
e primas.
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Manda que Virgínia chame Elias. Vai matá-lo. Virgínia
concorda como forma de proteção a sua vida.
Depois de assassinado Elias, Ismael diz que matará o filho
que Virgínia espera de Elias, fazendo o mesmo que ela
fazia com seus filhos.
Nasce o bebe de Virgínia. Ela desejava um homem branco,
pois assim poderia se entregar a ele, mas surge uma
menina branca, a qual nunca amará, principalmente porque
Ismael não permitirá que Virgínia jamais fique só com a
filha.
Ismael diz a Ana Maria que ele é o único homem branco
que existe. Os negros são maus e ela tem que ficar
protegida na casa. Ismael cega a menina com ácido para
que ela nunca saiba a verdade.
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Passam-se 16 anos. Ana Maria idolatra o pai Ismael e
odeia a mãe. Ele também mantém relação sexual com a
menina sem que a mãe saiba.
Uma mulher é estuprada por um negro de 6 dedos. Seus
gritos de terror lembram os de Virgínia. Ninguém faz
nada.
Um grupo de negros aparece trazendo o corpo da mulher
estuprada. Teria uns 40 anos. Pedem para ficar no
estábulo da casa até que o carro venha buscar o corpo.
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Aparece a tia, velha, diz a Ismael que a mulher estuprada era
sua última filha. Ela mandou que a filha passasse pela fonte
para que não morresse virgem como as outras, mas não
esperava que o homem a matasse. A tia roga uma praga
dizendo que Ana Maria morreria virgem também, que agora
já estava com 15 anos.
Quando a filha tem 15 anos, Virgínia pede a Ismael para
poder ficar a sós com a filha e revelar a verdade. Ele irá
permitir que elas fiquem três noites juntas, no final Virgínia
terá que ir embora, ficarão apenas Ana Maria e Ismael.
Virgínia concorda.
Depois de revelada toda a história a Ana Maria, esta não
acredita na mãe, a expulsa de sua vida e revela que mantém
relações com Ismael e que este a ama. Virgínia tem ciúmes.
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Ao procurar Ismael vê que ele construiu um mausoléu de
vidro para que Ele e Ana Maria fiquem longe dos olhos de
todos. Ismael manda Virgínia embora.
Virgínia o seduz dizendo que Ana Maria só gosta dele
porque acha que é branco, ela não, sabe que é preto e o
deseja muito.
Ismael concorda com Virgínia em prender Ana Maria no
mausoléu para que morra ali. Faz isso. Depois os dois
sobem para o quarto. Querem ter outros filhos, os quais
morrerão como todos os outros filhos:
“SENHORA: Em vosso ventre existe um novo filho!
SENHORA: Ainda não é carne, ainda não tem cor!
SENHORA: Futuro anjo negro que morrerá como os outros!
SENHORA: Que matareis como vossas mãos!
SENHORA: ó Virgínia, Ismael!”
(Anjo Negro, página 192)
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O elemento que direciona todas as ações humanas nesta
obra de Nelson Rodrigues é a sexualidade, apresentada
sempre de forma corrompida. O sexo está o tempo todo
relacionado à violência e ao desejo proibido.
O estilo poético-realista de Nelson Rodrigues revela, de
maneira perturbadora, temas adormecidos no inconsciente.
Ele revolve esse universo profundo do espectador trazendo
à consciência o recalcado e utiliza-se da tragédia para falar
do racismo. Assim, remete-nos ao drama grego: a tragédia,
pois somente o trágico daria conta de desvendar essa
realidade brasileira relegada às trevas – o racismo. Algo da
ordem do trágico, tal qual é explicitado no drama grego,
pode estar muito próximo de nós, se considerarmos que,
enquanto humanos, vivenciamos as emoções que o
perpassam.
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SEMELHANÇA À TRAGÉDICA CLÁSSICA
Apesar de ser formalmente bem mais semelhante à tragédia
clássica, é difícil organizar Anjo Negro dentro dos padrões
trágicos. Ismael também é movido por amor, e esse exagero
de amor o faz incorrer em erros ainda mais graves, como o
assassinato da filha; mas seu maior erro é o preconceito
com sua cor. Se se tratar Virgínia como heroína, teríamos
uma estrutura semelhante à de seu marido; seu erro seria o
mesmo, é o preconceito da cor, mas depois do casamento,
ele se torna repugnante a ela que, por ódio, mata seus
filhos. (...) é difícil considerá-los personagens maus, porque
a sociedade em que estão inseridos é fortemente racista o
que quase os impele para o erro.
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15 contos que se realizam sobre:
recordações dos tempos infantis (com suaves toques
emocionais e cenário de cidadezinhas do interior, ou na
vida cotidiana carioca); há uma presença do tom irônico e
humorístico característico do autor.
O textos podem ser divididos em 04 temáticas:
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A infância: reminiscências, o comportamento infantil e o
contraste com o adulto, a imaginação.
“A salvação da Alma” (1ª p) – evocação da infância e
mostra a seriedade grave de uma criança, empenhada em
salvar sua alma das garras do demônio e de pecados
inculcados por uma religião de concepção medieval.
“O sorvete” (1ª p) – Compram o sorvete, mas vem a
decepção. Sonho é belo, enquanto sonho; a realidade é
dolorosa e chocante,e quase sempre traz decepção e
frustração.
“A doida” – a transformação de uma criança descobrindo
o lado humano
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“Nossa amiga” – Valoriza “as campinas da imaginação”,
o “elemento poetizável” do mundo infantil. No final uma
intertextualidade bíblica, que coloca o conto no sentido
da compaixão humana.
“Conversa de velho com criança” (1ª p) – a menina Maria
de Lourdes e Ferreira, uma relação de amizade em
bonde. O Narrador Carlos questiona o seu mundo.
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Impressões: o comportamento de certas personagens e o
“mergulho” em seu estado de espírito e ânimo ante as
inquietações da vida.
“O presépio” – profano x sagrado – a mulher e o olhar
machista
“Extraordinária conversa com uma senhora de minhas
relações” (1ª p) – texto com digressões sobre a beleza
“Meu companheiro” (1ª p) - O cão exerce função moral de
consciência ao narrador, e recupera sua infância e o
autoriza a praticar atos que a condição de adulto não
permita.
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Questões sociais: a força opressora do capitalismo, o valor
humano relegado a um segundo plano.
“Câmara e cadeia” - Conto com acentuado humor: em cima,
vereadores na câmara que discutiam um meio de cobrar mais
impostos; em baixo, numa miséria sórdida, a cadeia com 5
presos em situação deplorável.
“Beira-rio” Negro Simplício, vindo de Pirapora, pretende
montar sua bitácula, venda de cigarros, pastéis e aguardente.
Desafia o poder da Companhia. Simplício representa a
dignidade do homem na luta contra a opressão.
“Um escritor nasce morre” (1ª p) - Escritores em torno dele
discutiam assuntos literários, ele vai caindo em profunda
solidão. Sátira literária Reflexão sobre a literatura engajada.
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Universo
fantástico,
surreal,
macabro:
situações
misteriosas, histórias do sobrenatural, atitudes absurdas e
insólitas do homem.
“Flor, telefone, moça” – moça rouba flor do cemitério e uma
voz ao telefone lhe cobra a flor. A insistência leva a moça ao
desespero e à morte. A voz não chama mais. Tom de ironia.
“A baronesa” Narrativa com característica de humor negro,
pelo tom satírico e irônica, em que se opõe, entre outras
coisas, a nobreza e a avareza.
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“O gerente” – Samuel, gerente de banco, comia o dedo de
mulheres quando as cumprimentava.
“Miguel e seu furto”. O roubo do mar. Miguel depositou sua
fortuna em bancos seguros e passou a colecionar
conchinhas para se lembrar de sua ex-propriedade. Troca da
1ª pessoa do plural para a 3ª.
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Os textos de Drummond têm a estrutura dos contos
tradicionais modernistas, apesar de se perceber em
alguns a proximidade com a crônica, pois estes focam
lapsos do cotidiano. É o que ocorre em “Conversa de
Velho com Criança”.
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OBS:
Com o auxílio da imaginação e um limite entre o real e o
fantástico, Drummond constrói histórias típicas do
cotidiano urbano, que muitas vezes remontam aos tempos
das cidades pequenas e de interior.
Há ternuras, como no conto “Meu companheiro”;
decepções, “O sorvete”; solidariedade, “A doida”; crenças
interioranas, “A salvação da alma”; olhares perturbados de
um homem para com uma mulher em um coletivo,
momentos de sensualidade e desejos, “Extraordinária
conversa com uma senhora de minhas relações”; o
fantasmagórico surrealismo de “Flor, telefone, moça”; o
devaneio de uma moça ante a montagem de um presépio e
o namorado, “O presépio”.
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ROMANTISMO (SÉC. XIX)
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o
Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o
espírito romântico passa a designar toda uma visão de
mundo centrada no INDIVÍDUO. Os autores românticos
voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o
drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos
de escapismos (fugas).
Primeira Geração Romântica:
geração nacionalista ou indianista, pois tomou o índio como
representante da nacionalidade brasileira, do passado précolonial do país.
Também apresenta a exaltação da natureza (principalmente
ao reproduzir a “cor local”), o sentimentalismo e a
religiosidade como traços principais.
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A OBRA MELHORES POEMAS:
É uma coletânea organizada por José Carlos Garbuglio e
publicada pela editora Global. Para compô-la o organizador
buscou alguns poemas de:
“Primeiros cantos” (poesias americanas, diversas e hinos);
“Novos Cantos”;
“Sextilhas do Frei Antão” (texto com linguagem arcaica,
erudita);
“Últimos cantos” (poesias americanas e diversas);
“Os Timbiras” (apenas a introdução desse poema épico
inacabado); e outras poesias.
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Há nos poemas de Gonçalves Dias:
 Tendências neoclássicas (árcades): a harmonia, o
equilíbrio, a sobriedade e a elegância que o afastam dos
excessos do romantismo;
Indianismo
como
parte
mais
representativa
do
nacionalismo, mas a natureza estão em grande parte da
poesia do autor;
O índio não é o selvagem americano e sim um ser poético
elaborado segundo as convenções da lírica ocidental,
principalmente como enriquecimento do patrimônio cultural;
O índio apresenta intuitos de heroicização e de
engrandecimento do nascente orgulho nacional; ele é um
exemplar de atributos e virtudes da cultura branca;
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 Há a presença do poema dramático “I- JUCA PIRAMA”
(aquele que vai morrer):
Uma narrativa em versos que mostra as variações
psicológicas do guerreiro aprisionado e os diferentes
momentos da preparação do ritual da festa (antropofágica).
Tudo isso em mobilidades rítmicas dos versos que acentuam
o drama vivido pelo guerreiro, desde o momento da
“maldição” profanada pelo pai, até a reabilitação do
guerreiro, que tocado pelo sentimento bem ocidental de
dever, se assemelha aos padrões da cavalaria medieval.
Personagens da obra:
1 — I-Juca Pirama: o herói romantizado, guerreiro Tupi, nobre, corajoso.
Cuida do pai cego.
2— O Velho Tupi: pai de I Juca Pirama, velho e cego. Honra a ética da
bravura.
3—Os Timbiras: representados pela figura do Chefe. Ferozes e canibais.
4—O Velho Índio Timbira: narrador e personagem - testemunha.
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 Valorização do nacional: poesia de exaltação ou simples
descrição da paisagem brasileira;
Aproxima-se à poesia da natureza os estados de solidão e
melancolia do eu lírico, como também a poesia religiosa que
surge em “Visões”, “A ideia de Deus”, tal como propõe o
Romantismo: tudo aparece como projeção da vontade divina
ou expressões que se ligam aos estados íntimos do poeta;
Poemas amorosos: resultado de dores fictícias – nem por
isso menos sofridas – de um homem que se comprazia em
figurar dificuldades e impossibilidades;
Nas “Sextilhas de Frei Antão” vê-se o grande conhecimento
de Gonçalves Dias a respeito de poesia e das fontes eruditas
e medievais da língua Portuguesa, em especial com os
cancioneiros.
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O fazer poético e o ideário romântico:
a) o culto e exaltação da natureza, vista quase sempre como
reflexo de Deus;
b) a tendência para a solidão, em contato com a natureza,
longe da sociedade;
c) a necessidade de perpassar tudo de imaginação e
sentimentalismo;
d) o derramamento lírico, em que o poeta extravasa as
emoções e sentimentos de forma livre e espontânea;
e) a necessidade de perpassar a produção poética do
sentimento cristão e religioso;
f) a metrificação variada e livre, sem o rigor formalista da
poesia clássica;
g) a improvisação, deixando-se o poeta levar pela imaginação
e pelas emoções, sem o freio do racionalismo clássico.
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Em “primeiros cantos” percebe-se que o trato dado ao índio
é representado pelo ritmo (versos breves, fortemente
cadenciados e sabiamente construídos na sua alternância
de sons duros e vibrantes) e por expressões de valores
bélicos (exaltação da qualidade dos índios, principalmente a
honradez e a bravura).
Aqui na floresta
De ventos batidos,
Façanhas de bravos
Não geram escravos
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
(canto do guerreiro)
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O índio, na obra, se deixa enganar, mas não escravizar. Sua
resposta à escravização é a luta, mesmo que esta lhe custe
a vida:
Não sabeis o que o monstro procura?
Não sabeis a que vem, o que quer?
Vem matar vossos bravos guerreiros,
Vem roubar-vos a filha, a mulher!
Vem trazer-vos crueza, impiedade –
Dons cruéis do cruel Anhangá;
Vem quebrar-vos a maça valente,
Profanar Manitôs, Maracás.
(canto do Piaga)
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O sentimentalismo lamuriante e lacrimoso.
O desejo de amar que não se concretiza, como também a
infelicidade, o desengano, a solidão, entrelaçados à ideia de
morte.
A mulher, na concepção romântica, vivendo em uma
dimensão inatingível, uma “etérea visão”, que se confunde
com “os anjos”.
É triste a minha Musa, como é triste
O sincero verter d´amargo pranto
D´órfã singela
É triste como o som que a brisa espalha,
Que cicia nas folhas do arvoredo
Por noite bela.
(Minha Musa)
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À noite quando durmo, esclarecendo
As trevas do meu sono,
Uma etérea visão vem assentar-se
Junto ao meu leito aflito!
Anjo ou mulher? Não sei. – Ah! Se não fosse
Um qual véu transparente,
Como que a alma pura ali se pinta
Ao través do semblante,
Eu a crera mulher... – E tentas, louco,
Recordar o passado,
Transformando o prazer, que desfrutaste,
Em lentas agonias?!
( O delírio)
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Ao encontrar pela última vez, em Portugal, sua amada Ana
Amélia, produz “Ainda uma vez, adeus”. Um poema repleto
de comoção do último encontro.
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!
II
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
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A atitude idealizada. Na impossibilidade o sujeito idolatra a
amada à distância. O pessimismo invade o espaço da
euforia. O eu lírico se rende à angústia e à melancolia.
Se se morre de amor! – Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d’amor arrebatar-nos.
Mas isso amor é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D’amor igual ninguém sucumbe à perda.
(se se morre de amor)
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“Loa da Princesa Santa” – in.: Sextilha de Frei Antão
“Loa”: pode significar tanto um prólogo de uma composição
dramática, como um discurso elogioso, um cântico de
louvor às virtudes de um santo ou virgem, uma toada de tom
melancólico; ou mesmo mentira e fanfarronice.
Frei Antão após rápida apresentação de si, passa a narrar à
festa de chegada da comitiva de Afonso Quinto, que em
regresso de suas campanhas na África, trazia como
escravos um turba de mouros. Chama a atenção do frade as
belezas de uma jovem e específica mourisca, por quem
devotará uma paixão
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LOA DA PRINCESA SANTA
Bom tempo foi o d’outrora
Quando o reino era cristão,
Quando nas guerras de mouros
Era o rei nosso pendão,
Quando as donas consumiam
Seus teres em devação.
Dava o rei uma batalha,
Deus lhe acudia do céu;
Quantas terras que ganhava,
Dava ao Senhor que lhas deu,
E só em fazer mosteiros
Gastava muito do seu.
Se havia muitos Infantes,
Torneio não se fazia;
É esse o estilo de Frandres,
Onde anda muita heregia:
Para os armar cavaleiros
A armada se apercebia.
(...)
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O amor à pátria brasileira é visível em “O gigante de pedra”.
Nele o autor dá vida monte (conhecido hoje como Pão de
açúcar).
I
Gigante orgulhoso, de fero semblante,
Num leito de pedra lá jaz a dormir!
Em duro granito repousa o gigante,
Que os raios somente poderam fundir.
Dormido atalaia no serro empinado
Deverá cuidoso, sanhudo velar;
O raio passando o deixou fulminado,
E à aurora, que surge, não há de acordar!
(...)
Obras Literárias UFSJ 2011-2
Em “Leito de folhas verdes” há os três elementos do
romantismo:
O índio: como um homem puro, ingênuo, feliz e bom.
A natureza: a beleza das flores e plantas com seus
perfumes.
A mulher: peça fundamental do romantismo.
Porque tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zeloza
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
1ª estrofe: eu lírico feminino anseia pela
volta de seu amado Jatir. Elementos da
natureza corroboram para a sensação de
angústia.
2ª e 3ª estrofes: natureza como leito de
amor e doçura do momento.
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Em “Marabá” – o desprezo do índio pela miscigenação.
Marabá será sinônimo de desprezo, descaso, desapego e
solidão:
Eu vivo sozinho; ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
– “Tu és,” me responde,
“Tu és Marabá!”
– Meus olhos são garços, são cor das safiras,
– Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
– Imitam as nuvens de um céu anilado,
– As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
“Teus olhos são garços,”
Respondo anojado, mas és Marabá:
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
“Uns olhos fulgentes,
“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”
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“Os Timbiras”
Epopeia indianista inacabada de Gonçalves Dias, é uma
narração dividida em uma introdução e quatro cantos. É o
ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante
desde os árcades, acabou por fazer-se verdade artística.
Nos poemas são narrados os feitos de guerreiros timbiras,
principalmente do chefe Itajubá e do jovem guerreiro Jatir.
Altamente idealizados, estes índios falam apenas em valor,
coragem, guerra e honra, num mundo habitados por
inimigos vis, piagas (pajés) sábios e guerreiros valorosos. O
autor usa e abusa de termos em tupi e do verso branco (sem
rima).
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Introdução
Poema Americano
Os RITOS semibárbaros dos Piagas,
Cultores de Tupã, e a terra virgem
Donde como dum trono, enfim se abriram
Da cruz de Cristo os piedosos braços;
As festas, e batalhas mal sangradas
Do povo Americano, agora extinto,
Hei de cantar na lira. – Evoco a sombra
Do selvagem guerreiro!... Torvo o aspecto,
Severo e quase mudo, a lentos passos,
Caminha incerto, – o bipartido arco
Nas mãos sustenta, e dos despidos ombros
Pende-lhe a rota aljava... as entornadas,
Agora inúteis setas, vão mostrando
A marcha triste e os passos mal seguros
De quem, na terra de seus pais, embalde
Procura asilo, e foge o humano trato.
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