A mídia e a greve mundial no McDonald's – Altamiro Borges da Carta Maior
O McDonald's é um das maiores anunciantes na mídia brasileira, logo você não verá nada sobre os abusos
trabalhistas nem sobre a greve mundial.Está agendada para 15 de abril uma “greve mundial” contra a rede
estadunidense de fast-food McDonald’s. A previsão é de que o movimento tenha a adesão de 200 cidades de 35
países. O motivo é a brutal exploração exercida pela multinacional, que paga míseros salários e adota inúmeras
práticas lesivas aos direitos trabalhistas. Os trabalhadores brasileiros participarão da jornada.
Em meados de março, o sindicato da categoria (Sinthoresp) protocolou uma ação no Tribunal de Justiça do
Trabalho de São Paulo exigindo o fim do acúmulo de funções e o pagamento do adicional por insalubridade. Houve
protesto dos funcionários na Avenida Paulista e a população foi informada sobre a adesão à “greve mundial”. A
mídia privada, porém, não deu maior destaque ao movimento. A multinacional é uma das maiores anunciantes do
país, o que explica a cumplicidade da imprensa privada e venal!
A mobilização contra os abusos do McDonald’s tem crescido no mundo inteiro. Ela teve início nos EUA em
2012, quando os funcionários desta e de outras redes de fast-food se reuniram em Nova York para exigir aumento
salarial e melhores condições de trabalho. Desde então, outras cidades de várias partes do mundo aderiram aos
protestos. O movimento conquistou o apoio de vários sindicatos, de estudantes e até de pastores de igrejas de Nova
York, Chicago e Detroit.
Arrogante e truculenta, a direção da multinacional tenta minimizar o impacto das mobilizações. “Esses
eventos não são 'greves', mas manifestações organizadas para atrair a atenção da mídia”, afirma Heidi Barker, portavoz do McDonald's nos EUA. A realidade, porém, é bem diferente, conforme aponta Kwanza Brooks, funcionária da
empresa na Carolina do Norte. “Quando nós começamos, poucas pessoas queriam participar. Elas estavam
assustadas, com medo de perder o emprego. Mas o movimento está realmente crescendo, e pessoas que não
sabiam que nós existíamos, agora sabem”.
Os efeitos da mobilização já se fazem sentir em vários terrenos. Em fevereiro, a multinacional confessou uma
queda de 4% nas vendas em suas lojas nos EUA e de 1,7% em sua operação global, segundo reportagem do jornal
“The New York Times”. Nas últimas semanas, o comando da “campanha global pelos direitos dos funcionários do
McDonald’s” também comemorou outras vitórias parciais. Pela primeira vez na história ocorreu uma audiência do
Comitê Nacional de Relações de Trabalho dos EUA em que a empresa foi acusada formalmente por práticas lesivas
aos direitos dos trabalhadores e pela repressão à ação sindical. Antes, o órgão responsabiliza apenas os
franqueadores da rede.
Já na terça-feira (31), a Comissão Europeia Antitruste solicitou, em Luxemburgo, informações sobre o acordo fiscal
feito com o McDonald's em decorrência das denúncias de sindicatos de trabalhadores de evasão da ordem de 1
bilhão de euros entre 2009 e 2013. E no Japão, os investidores de fundos de pensão detentores de ações do
McDonald's pediram a troca dos integrantes do conselho da empresa motivados pelas quedas nos resultados da
companhia desde uma crise envolvendo o uso de matéria-prima estragada. Todos estes fatos, porém, não geram
reportagens e denúncias na mídia “imparcial”. A grana da publicidade justifica a postura mafiosa!
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Rede Mc Donald´s é acusada em diversos países de relações de