Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional
XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008
DA COMPREENSÃO DO CONFLITO EM CONTEXTO
ESCOLAR À FORMAÇÃO EM MEDIAÇÃO (UM
ESTUDO EXPLORATÓRIO)
COSTA, Maria Elisabete Pinto da ([email protected])
Universidade Lusófona do Porto
RESUMO
Na nossa sociedade e, em particular, na escola predomina uma visão negativa
do conflito (Jares, 2002) e a forma como o encaramos pode ser determinante para a
promoção da sã convivência. (Torrego, 2003; 2006). A frequência dos conflitos é prova
da sua elevada penetração na vida escolar (Nascimento, 2003) mas o conflito é algo
natural e inevitável às relações interpessoais (Deutsch, 1973).
Esta comunicação pretende apresentar os resultados de um questionário
elaborado com o propósito de conhecer a conflitualidade na escola. O tratamento e
análise dos dados, no programa estatístico SPSS, caracteriza: (a) o professor quanto ao
género, nível de ensino e tempo de serviço; (b) a noção de conflito (b) os protagonistas,
a frequência e tipo de conflitos; c) as abordagens ao conflito; d) a colaboração dos
actores e órgãos da comunidade escolar na promoção de boa convivência.
Este estudo orientou-se pelas seguintes hipóteses: (1) os docentes definem o
conflito numa acepção adversarial; (2) e consideramno como algo habitualmente
negativo. Na escola, (3) os problemas de convivência entre alunos e professores e entre
alunos são muito frequentes; (4) os tipos de conflitos com maior ocorrência são más
maneiras e falta de respeito. (5) Os conflitos são resolvidos entre alunos e professores
preferencialmente pela sanção; (6) o professor está satisfeito com a forma como lida
com os conflitos e (7) os professores colaboram na promoção de um bom ambiente na
escola, enquanto que (8) os pais colaboram pouco.
O questionário foi aplicado em 5 escolas urbanas e semi-urbanas do norte do
país, a professores do ensino pré-escolar ao ensino secundário, num total de 107
participantes, 64,5% do sexo feminino e 34,6% do sexo masculino, com uma maior
representatividade de professores do ensino secundário (30,8%), seguido do 2º ciclo
(25,2%) e depois do 3º ciclo e secundário (20,6%). Os resultados permitiram confirmar
as hipóteses (1), (2), (4), (7), (8) e infirmar as hipóteses (3), (5), (6).
Em relação à hipótese (1), tomando por referência um estudo de Jares (2002),
pretendemos ainda apresentar uma grelha de sinónimos do conflito indicados pelos
docentes através da qual obtemos uma melhor percepção da visão do conflito.
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XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008
De modo conclusivo, pretende-se corroborar que a modificação da percepção
negativa, adversarial e competitiva do conflito é um desafio a enfrentar pelos actores
educativos. Trata-se de aprender a trabalhar com o conflito e não contra ele, aproveitar
para saber resolvê-lo de forma conjunta e pacífica e a considerá-lo também como uma
oportunidade pedagógica (Jares, 2002, Bonafe-Smith, 2004; Vinyamata, 2007, Boqué,
2002).
LA COMPRÉHENSION
DU CONFLIT DANS LE CONTEXTE SCOLAIRE (UNE
ÉTUDE EXPLORATOIRE)
RÉSUMÉ
Dans notre société en général et à école en particulier, prédomine une vision
négative du conflit (Jares, 2002). La manière comment nous saisissons les conflits peut
être déterminante pour la promotion d’une convivialité saine et équilibrée (Torrego,
2003; 2006). La fréquence du conflit est de plus en plus évidente dans la vie scolaire
(Naissance, 2003), mais le conflit est naturel et inévitable dans les relations
interpersonnelles (Deutsch, 1973).
Dans cette communication, sont présentés les résultats d'un questionnaire
élaboré en vue de connaître la conflictualité à l’école. Letraitement et l'analyse des
données par le programme statistique SPSS caractérisent : (a) l'enseignant, selon le
genre, le niveau d'enseignement et l’ancienneté ; (b) la notion de conflit ; (c) les
protagonistes, la fréquence et le type de conflits ; (d) les approches du conflit ; (e) la
collaboration des acteurs de la communauté scolaire dans la promotion d’une bonne
convivialité.
Cette étude est guidée par les suivantes hypothèses : (1) les professeurs
définissent le conflit dans une signification adversative; (2) Ils les considèrent comme
quelque chose habituellement négative. (3) à l’école, les problèmes de convivialité entre
élèves et enseignants et entre pairs sont très frequents ; (4) les types de conflits les plus
frequents sont en rapport avec les mauvaises manières et le manque de respect ; (5) les
conflits sont décidés entre élèves et enseignants préférentiellement à travers la sanction
; l'enseignant est satisfait de la forme commentil agit avec les conflits ; (7) les
Maria Elisabete Pinto da Costa
“Compreensão do conflito em contexto escolar à formação em mediação (um estudo exploratório)”
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enseignants collaborent dans la promotion d'un bon environnement à l'école ; (8) les
parents collaborent très peu à la résolution du conflit.
Le questionnaire a été adressé aux éducateurs et aux enseignants de cinq écoles
urbaines et semi-urbaines du nord du pays, en y incluant ceux du préscolaire, de
l’enseignement de base et du secondaire, sur un total de 107 participants (65,4% du
sexe féminin et 34,6% du sexe masculin), avec une plus grande représentativité
d'enseignants de l'enseignement secondaire (30.8%), suivi du 2ème cycle (25.2%) et du
3ème cycle et du secondaire (20.6%). Les résultats ont permis de confirmer les
hypothèses (1), (2), (4), (7), (8) et d'infirmer les hypothèses (3), (5), (6).
Concernant l'hypothèse (1), en prenant par référence une étude de Jares (2002),
nous prétendons encore présenter une grille avec les synonymes du mot conflit
indiqués par les professeurs, à travers laquelle nous aurons une meilleure perception
de la vision du conflit.
De manière concluante, on corrobore que la modification de la perception
négative, adversative et compétitive du conflit, est un défi pour les acteurs éducatifs. Il
faut apprendre à travailler avec le conflit et non contre lui, apprendre à savoir le
résoudre ensemble et pacifiquement, en le considérant comme une opportunité
éducative (Jares, 2002 ; Bonafe-Smith, 2004 ; Vinyamata, 2007 ; Boqué, 2002).
Maria Elisabete Pinto da Costa
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