Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 MODELOS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS COSTA, Maria Elisabete Pinto da ([email protected]) Universidade Lusófona do Porto RESUMO Nos últimos anos a mediação tem proliferado em Portugal, institucionalizandose a mediação nos Julgados de Paz, a mediação familiar, a mediação penal, a mediação laboral e ainda a mediação escolar. Em cada uma destas áreas, podem existir distintas abordagens da mediação. Os vários modelos de mediação fundamentam determinadas perspectivas e estratégias, pelo que os profissionais não compreendem o processo da mesma maneira nem visam os mesmos objectivos. Nesta comunicação pretende-se apresentar os três modelos clássicos de mediação que fundamentam a actuação do mediador e a finalidade primordial da mediação. O modelo tradicional-linear de Harvard, o modelo circular-narrativo e o modelo transformativo. Basicamente três elementos distinguem esses modelos: 1) concepção do conflito; 2) método; 3) objectivos. Partindo de uma determinada concepção do conflito, a cada modelo corresponde uma metodologia, enformadora da intervenção do mediador. Esta diversidade epistemológica tem suscitado um grande debate entre os mediadores porquanto estes tendem a adoptar um modelo como ideal e estanque. Não obstante as diferenças, a mediação é comummente definida como um processo conduzido por um terceiro, neutro e imparcial, que auxilia as partes envolvidas num conflito a alcançarem um acordo. Em contexto escolar, o modelo transformativo apresenta vantagens por ter efeitos transformadores valiosos para os protagonistas de um conflito e para a sociedade em geral. Qualquer acordo entre as partes resulta da modificação da relação existente e o êxito da mediação é alcançado quando estas mudam em virtude do ocorrido ao longo do processo. O mediador intenta principalmente o reconhecimento da (co)-responsabilidade das partes no desenvolvimento do conflito e promove o reconhecimento e a revalorização. Trabalhar o conflito nesta perspectiva, com recurso a certas estratégias, significa promover o diálogo, a aprendizagem da cooperação, a prática da tolerância e do respeito pelo outro, a responsabilidade, a aquisição de habilidades de comunicação que fortalecem as relações interpessoais. Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 Pretendemos por isso demonstrar como este é um modelo que se adequa aos programas de intervenção de mediação de conflitos em contexto escolar que entendem o conflito como uma oportunidade de crescimento e de aprendizagem. MODÈLES DE MÉDIATION DE CONFLITS RÉSUMÉ Ces dernières années, la médiation a proliféré au Portugal, en s'institutionnalisant dans les Juges de Paix, dans le contexte familial, dans le contexte criminel, dans le monde du travail et encore dans le cadre scolaire. Mais dans chacun de ces domaines, elle peut être l’objet d’approches différentes. Comme les divers modèles de la médiation se fondent sur certaines perspectives et stratégies, les professionnels ne comprennent pas tous le processus de la même manière et ne visent pas tous les mêmes objectifs. Dans cette communication, sont présentés les trois modèles classiques de la médiation qui se basent sur l'action du médiateur et sur lafinalité primordiale de la médiation. Le modèle traditionnel linéaire de Harvard, le modèle circulaire narratif et le modele transformatif qui se distinguent surtout par trois éléments : 1) la conception du conflit, 2) la méthode, 3) les objectifs. En partant d'une conception donnée de conflit, pour chaque modèle il y a une méthodologie qui determine l'intervention du médiateur. Cette diversité épistémologique a suscité un grand débat entre les médiateurs puisque ceux-ci tendent à adopter un modèle censé idéal et étanche. Malgré les différences, la médiation est communément définie comme un processus conduit par un tiers, neutre et impartial, qui aide les parties prenantes à atteindre un accord. Dans le contexte scolaire, le modèle transformatif présente des avantages parce qu’il a des effets transformateurs précieux pour les protagonistes d'un conflit et pour la société en général. Tout accord entre les parties résulte de la modification de la relation existante et le succès de la médiation est atteint quand celles-ci changent à cause de ce qui s’est passé pendant le développement du processus. Le médiateur essaye principalement la reconnaissance de la (co)-responsabilité des parties dans le développement du conflit et promeut la reconnaissance et la revalorisation. Travailler le conflit dans cette perspective, en s’appuyant sur certaines stratégies, signifie promouvoir le dialogue, l'apprentissage de la coopération, la pratique de la tolérance et Maria Elisabete Pinto da Costa “Modelos de mediação de conflitos” 2 Tutoria e Mediação em Educação: Novos Desafios à Investigação Educacional XVI Colóquio AFIRSE/AIPELF 2008 du respect envers l'autre, la responsabilité, et l'acquisition de compétences de communication qui renforcent les relations interpersonnelles. Nous prétendons donc démontrer comment ce modèle s'ajuste aux programmes d'intervention de la médiation des conflits dans le contexte scolaire, en comprenant le conflit comme une occasion de croissance et d’apprentissage. Maria Elisabete Pinto da Costa “Modelos de mediação de conflitos” 3