Psicofarmacologia Juliana Brum Moraes – médica psiquiatra pela UEL Psicofarmacologia É o estudo dos fármacos utilizados nas diversas patologias psíquicas, seu mecanismo de ação no SNC e comportamentos esperados dos indivíduos que os utilizam. Surgiu com a invenção da clorpromazina na década de 50 do século passado. Estrutura e função dos neurônios Neurônios: células cerebrais responsáveis pela comunicação química Cérebro humano: dezenas de bilhões de neurônios, cada um ligado a centenas de outros – sinapses Possuem diversos tamanhos, formatos e localização – determinantes de sua função. Estrutura e função dos neurônios Dendritos + corpo = zona somatodendrítica – recepção de sinais (outros neurônios, ambiente, substâncias químicas, hormônios, drogas) Corpo – integração química do sinal (genoma decodifica o sinal e realiza a produção de proteínas) Segmento inicial do axônio (integração elétrica – ocorre disparo ou não) Síntese protéica Maioria das moléculas estruturais e regulatórias de um neurônio são proteínas A síntese de proteínas é uma das funções mais importantes do neurônio -resultado da ativação genética Por exemplo: novas sinapses = proteína Novos receptores = proteína Novas enzimas = proteína DNA RNA RIBOSSOMOS PROTEÍNA Neurodesenvolvimento Vídeo sobre neurogênese Vídeo – funcionamento do neurônio O que são neurotransmissores? Neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos neurônios com a função de biossinalização. Por meio delas, podem enviar informações a outras células. Podem também estimular a continuidade de um impulso ou efetuar a reação final no órgão ou músculo alvo. Essas substâncias atuam no encéfalo, na medula espinhal e nos nervos periféricos e na junção neuromuscular ou placa motora. O que são neurotransmissores? Quimicamente, os neurotransmissores são moléculas relativamente pequenas e simples. Diferentes tipos de células secretam diferentes neurotransmisores. Cada substância química cerebral funciona em áreas bastante espalhadas mas muito específicas do cérebro e podem ter efeitos diferentes dependendo do local de ativação. Cerca de 60 neurotransmissores foram identificados. Neurotransmissores Os neurotransmissores são produzidos na célula transmissora (A) e são acumulados em vesículas, as vesículas sinápticas (1). Neurotransmissores Quando um potencial de ação ocorre, as vesículas se fundem com a membrana plasmática, liberando os neurotransmissores na fenda sináptica, por exocitose (B). Neurotransmissores Estes neurotransmissores agem sobre a célula receptora (C), através de proteínas que se situam na membrana plasmática desta, os receptores celulares pós-sinápticos (6). Neurotransmissores Os receptores ativados geram modificações no interior da célula receptora, através dos segundos mensageiros (2). Estas modificações é que originarão a resposta final desta celula. Classificação de neurotransmissores Aminas Aminoácidos Neuropeptíd Hormônios eos Serotonina Noradrenalina Dopamina DOPA Histamina Melatonina Acetilcolina Glutamato Aspartato GABA Glicina Taurina Encefalinas Endorfinas Insulina Leptina estrogênio Prolactina VIAS SEROTONINÉRGICAS Origem -Núcleo medial da rafe Projeções Implicações fisiológicas e clínicas -Formação reticular, tálamo e áreas inervadas pelo fascículo prosencefálico medial (Hipocampo) -Regulação do fluxo sanguíneo cerebral, sono e enxaqueca, tolerância ao estresse persistente,inibição comportamental. Impulsividade -Núcleo dorsal da rafe -Colículos, matéria cinzenta periaquedutal, amígdala, ganglios da base, neocórtex -Estimulado por eventos aversivos, regulação do comportamento defensivo, ansiedade -Núcleo magno da rafe -Vias descendentes inibitórias da dor -Medula espinhal VIAS NORADRENÉRGICAS Origem Projeções Implicações fisiológicas e clínicas -Locus Coeruleus -áreas mesencefálicas, núcleos talâmicos, áreas inervadas pelo fascículo prosencefálico medial -Atenção seletiva, sinaliza estímulos ameaçadores, vigilância. Prepara o individuo para situações de emergência. Ansiedade -Locus Coeruleus -núcleos -Coordenação de hipotalâmicos, núcleo respostas do leito da estria neuroendócrinas terminal -Núcleo do Trato solitário -Vias descendentes para medula espinhal - Coordenação de respostas autonômicas VIAS DOPAMINÉRGICAS Origem Projeções Implicações fisiológicas e clínicas -Sistema Nigroestriatal -Estriado -Comutação de programas motores, doença de Parkinson - Sistema mesolímbico -fascículo -Esquizofrenia prosencefálico medial -Sistema meso cortical -córtex préfrontal, - Esquizofrenia piriforme, entorrinal e cingulado) -Sistema tuberoinfundibular -Eminência média do hipotálamo -Galactorréia induzido por drogas antipsicóticas Formulação moderna dos transtornos psiquiátricos Integração de, no mínimo, quatro elementoschave: vulnerabilidade genética à expressão da doença eventos estressores na vida do indivíduo (divórcio, problemas financeiros, etc); a personalidade do indivíduo, a capacidade de lidar com problemas e o apoio social por parte de terceiros e outras influências ambientais sobre o indivíduo e seu genoma (vírus, toxinas e diversas doenças). Geneticistas não falam mais em herdar uma doença mental, e sim sua vulnerabilidade. (1) predisposição genética; (2) circuito neuronal alterado; (3) circuito neuronal pouco ativado; (4) compensação mal sucedida. Hipótese de Dois Impactos Todas as vulnerabilidades genéticas críticas devem ser apresentadas e também um segundo impacto de algum tipo proveniente do ambiente. Alguns transtornos possuem predisposição relativamente elevada para manifestar-se em indivíduos vulneráveis (alta determinação biológica), e necessitam de estressores ambientais menores para ativar o gene anormal: esquizofrenia Hipótese de Dois Impactos Outros, possuem predisposição genética relativamente pequena (determinação biológica baixa), necessitando de estressores ambientais maiores. Finalmente, mesmo aqueles com DNA aparentemente normal, podem descompensar sob estressores maiores e insuportáveis. Epigenética em Psiquiatria Risco doença Conspiração entre genes e ambiente Hipótese estresse/diátese – interação gene/ ambiente = doença mental Mecanismo importante: Epigenética Método que as células se utilizam para controlar qual parte de seu DNA será transcrito e traduzido Epigenética em Psiquiatria Toda célula pode controlar este processo ao modificar o próprio gene ou modificar a proteína histona ligada ao gene Epigenética em Psiquiatria Modificação bioquímica da proteína histona altera a transcrição gênica Metilação, acetilação, fosforilação e ubiquitinização Epigenética em Psiquiatria Acetilação – ativa a produção da proteína Metilação – silencia a produção da proteína Experiências de vida podem recrutar mecanismos epigenéticos de neurônios para ativar ou silenciar genes reguladores de cognição, comportamento e até mesmo transtornos psiquiátricos Toward a Neurobiology of Psychotherapy: Basic Science and Clinical Applications Amit Etkin, M.Phil, Ph.D. Christopher Pittenger, M.D., Ph.D. H. Jonathan Polan, M.D. Eric R. Kandel, M.D. The Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neurosciences 2005; 17:145–158) Efeitos da TCC ou Tratamento com Citalopram na atividade cerebral em pacientes com fobia social ao realizar uma tarefa de falar em público. TCC (esquerda) e Citalopram (direita) estão ambos associados com a ativação diminuída da amígdala durante o desempenho de uma tarefa ansiogênica. Casos clínicos Caso 01 B, sexo masculino, 32 anos, branco, reside em Londrina com a mãe. Paciente veio encaminhado por sua psicóloga (analista do comportamento), não informou o motivo, porém a mesma acompanhou o paciente ao consultório. B refere que em 1998, época em que passou no vestibular, “o mataram”. Na época falou que queria ser o prefeito de Londrina, acha que sofreu um bullying muito forte. Está fazendo um curso para ser caminhoneiro, inclusive precisa de laudo. Está muito triste e desanimado. Caso 01 Veio à consulta por insistência de sua psicóloga. Mãe e psicóloga entram para conversarmos. A mãe do paciente refere diagnóstico do filho de esquizofrenia desde os 18 anos, que o mesmo não vai a nenhum psiquiatra, apenas a mãe comparece (!), pega as receitas e fala como o filho está. Atualmente sua médica prescreveu as seguintes medicações: Olanzapina 20mg por dia, Quetiapina 300mg por dia. Mãe admite que está dando apenas 10mgde Olanzapina e um comprimido de Fluoxetina 20 mg (por conta própria – acha filho muito ansioso) Caso 01 Paciente delirante – refere que todas as coisas “pretinhas” são dele, e as pessoas o roubaram. Alucinações táteis – tira cobras de seus ombros várias vezes ao dia. Humor depressivo Mãe refere: “o problema do B. é que ele nunca tomou remédio direito”. Ao ser questionada sobre o porquê de não administrar as medicações corretamente, mãe responde que achava que dose era muito alta. Caso 01 - questões Quais as dificuldades a psicóloga poderia ter encontrado no trabalho com o cliente que a levaram a encaminhá-lo para o psiquiatra? Quais dificuldades o psiquiatra poderia encontrar neste caso se o paciente não estivesse em psicoterapia, além da medicação? Caso 02 C, 23 anos, sexo feminino Encaminhada por psicóloga: “O atendimento psicoterapêutico foi iniciado em 2010. Os maiores focos deste processo foram: assertividade, autocontrole, valorização pessoal, redução de esquiva e maior envolvimento em situações prazerosas. Foram realizadas sessões semanais de psicoterapia sem o acompanhamento medicamentoso durante a maior parte da intervenção. C. foi acompanhada por uma médica, a qual prescreveu Paroxetina. Inicialmente foram observados vários efeitos colaterais como náuseas freqûentes, redução expressiva do apetite, sonolência. Caso 02 Diante disso, a dosagem foi reduzida para 5 mg e aumentada gradualmente. Aproximadamente em Abril de 2012, C. Interrompeu o tratamento medicamentoso abruptamente e não teve mais acompanhamento neste sentido até o presente momento. Diante de alguns episódios que vêm dificultando o envolvimento com uma condição mais propícia a redução de padrões que geram prejuízos, esta psicóloga entende como necessário o acompanhamento psiquiátrico. Análise: observou-se um grande avanço de C. durante a psicoterapia, especialmente ao que se refere à assertividade. Caso 02 No entanto, quando as situações ambientais se agravaram, ela apresentou os seguintes comportamentos: sensação de desesperança e desamparo freqûentes, desinteresse generalizado (inclusive por atividades antes prazerosas), pensamentos repetitivos de desvalia, isolamento social, alterações de sono e apetite, esquiva de ocupações pessoais e independentes, resistência à adesão ao tratamento medicamentoso e padrão de grande exigência pessoal. Salienta-se, ainda, que seu ambiente permanece predominantemente desfavorável. Caso 02 - questões De qual forma o tratamento medicamentoso poderia auxiliar a psicoterapia de C. ? Como o médico poderia se beneficiar do diálogo com a psicóloga de C.? Quais as vantagens de C. em contar com dois profissionais que se comunicam e dialogam? Classificação dos medicamentos Termo geral: medicamento psicotrópico, psicoativo ou psicoterapêutico Divisão tradicional Antipsicóticos ou neurolépticos Antidepressivos Antimaníacos ou estabilizadores do humor Ansiolíticos Divisão pouco válida: indicação clínica, uso de outras drogas que não se encaixam nesta classificação, termos descritivos restringem os efeitos da droga. Farmacocinética Droga Movimento Estudo do movimento da droga pelo organismo, o que envolve 4 eventos principais ADME Absorção, distribuição, biotransformação e excreção Relevante para TODAS as drogas Essencial na pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos. Importante para o tratamento farmacológico Frequente causa de falha do tratamento: atingir níveis efetivos; produção de efeitos tóxicos por níveis altos Falha de aceitação do tratamento Pode aumentar a satisfação do paciente com o tratamento Farmacocinética - absorção medicamento psicotrópico chega ao cérebro pela corrente sangüínea Via oral: dissolvidos no líquido do trato gastrointestinal – variação de lipossolubilidade, pH local, motilidade e da área de superfície. Administração parenteral pode atingir concentrações plasmáticas de forma mais rápida que a via oral Se um medicamento é administrado em emulsão insolúvel, a administração intramuscular pode manter a liberação gradativa do medicamento por várias semanas depot Farmacocinética Distribuição e biodisponibilidade Porção ligada às proteínas plasmáticas Porção livre – fração que atravessa a barreira hematoencefálica Distribuição - varia com o fluxo sangüíneo regional do cérebro, barreira hematoencefálica e afinidade pelos receptores cerebrais Biodisponibilidade – fração da quantidade total do medicamento administrado que pode ser recuperada da corrente sangüínea. (teste de bioequivalência do genérico, além da equivalência farmacêutica) Metabolismo e excreção Metabolismo: transformação do fármaco em metabólitos inativos, que podem ser excretados com mais facilidade. Também transforma pré-medicamentos inativos em matabólitos terapeuticamente ativos. Fígado – principal órgão Bile, fezes e urina – principais vias de excreção, porém ainda temos suor, saliva, leite materno, lágrimas. RELAÇÃO ENTRE CONCENTRAÇÃO DE FÁRMACO EM SÍTIO ALVO E EFEITOS CORRESPONDENTES CONCENTRAÇÃO EM SÍTO-ALVO EFEITOS Excessiva Tóxicos Máxima permitida Potencialmente Tóxicos Ótima Terapêuticos Limiar Parcialmente eficazes Insuficiente Ausentes Quantificação do metabolismo e da excreção Pico da concentração plasmática – varia de acordo com a via de administração e a taxa de absorção Meia-vida: quantidade de tempo que leva para o metabolismo e a excreção reduzirem pela metade a concentração plasmática de um medicamento. (steady state – 5 adm mais curtas que a meia-vida) Efeito de primeira passagem: metabolismo inicial de medicamentos via oral dentro da circulação porta do fígado. Depuração – quantidade de medicamento excretado em determinado tempo Enzimas do citocromo P450 A maioria dos psicotrópicos é oxidada pelo sistema de enzimas hepáticas do citocromo P450 Enzimas do citocromo P450 Várias famílias e subfamílias Família é um número, subfamília é letra e um mebro da subfamília é um número, p. Ex. CYP2D6 São responsáveis pela inativação da maioria dos medicamentos psiquiátricos – cuidado com interações medicamentosas!! *** interação medicamentosa – evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. Constitui causa comum de efeitos adversos Interações medicamentosas pelo CYP450 Indução – expressão de genes do CYP pode ser induzida pelo álcool e certos medicamentos Inibição não-competitiva – certos medicamentos podem inibir determinada enzima de forma indireta e retardar o metabolismo de outros substratos medicamentosos. Ex. Fluoxetina e amitriptilina Inibição competitiva – administração de 2 ou mais substratos de uma mesma enzima Polimorfismo genético – farmacogenomica Escolha do medicamento Avaliação acurada e completa Diagnóstico Identificação dos sintomas-alvo Às vezes, é necessário retirar medicamento para a avaliação – situação hospitalar, ambulatorial, em crise, estável História de resposta ao medicamento (adesão, resposta terapêutica, efeitos adversos) História familiar de resposta a um medicamento Obter registros médicos anteriores Doses não constantes da bula e utilizações não aprovadas ANVISA – a agência exerce o controle sanitário de todos os produtos e serviços (nacionais ou importados) submetidos à vigilância sanitária, tais como medicamentos, alimentos, cosméticos, saneantes, derivados do tabaco, produtos médicos, sangue, hemoderivados e serviços de saúde. Médicos podem prescrever em dosagem diferente e utilizar um medicamento para uso não-aprovado – sem respaldo da bula, maior responsabilidade para o médico Exercício do julgamento clínico Tentativa terapêutica Sintomas comportamentais são mais difíceis de se avaliar Médico e paciente precisam avaliar se o medicamento foi efetivo por um período de tempo pré-determinado O cérebro não é um grupo de chaves neuroquímicas para se ligar ou desligar, é uma rede interativa de neurônios com uma homeostase complexa. Fracasso terapêutico Foi correto o diagnóstico inicial? Medicamento foi administrado por tempo suficiente e dose adequada? (adesão ao tratamento) Pacientes podem apresentar taxas muito diferentes de absorção e metabolismo (dosagem sérica, testagem genética) Interação medicamentosa? Considerações especiais - Crianças Taxas mais altas de metabolismo – não hesitar em fazer uso de doses de adultos, porém sempre iniciamos com doses mais baixas. Crianças menores de 6 anos – uso de medicação deve ser extremamente cuidadoso e em último caso Considerações especiais - idosos Especialmente suscetíveis a efeitos adversos Metabolização mais lenta Polifarmácia – interações medicamentosas Iniciar com a metade da dose de adulto Grávidas e lactantes Transtorno psiquiátrico grave indica uso de medicação Dois agentes mais teratogênicos: lítio e anticonvulsivantes ECT é mais segura Farmacodinâmica A Farmacodinâmica é o campo da farmacologia que estuda os efeitos fisiológicos dos fármacos nos organismos, seus mecanismos de ação e a relação entre concentraçãodo fármaco e efeito. De forma simplificada, podemos considerar farmacodinâmica como o estudo do efeito da droga nos tecidos. Antipsicóticos Típicos Mecanismo de ação: bloqueio receptores D2 nos sistemas mesolímbico e mesocortical - efeitos antipsicóticos; Bloqueio receptores D2 na via nigro-estriatal – sintomas extrapiramidais; Hipersensibilidade dos receptores D2 na via nigro estriatal – discinesia tardia; Bloqueio dos receptores muscarínicos, α1 e H1, 5-HT – efeitos colaterais. Sintomas Extrapiramidais agudos – distonias (A) intermediário: acatisia (B), parkinsonismo (C) crônico: discinesia tardia (D) Antipsicóticos Atípicos ä Clozapina (Leponex) ä Risperidona (Risperdal) ä Olanzapina (Zyprexa) ä Quetiapina (Seroquel) ä Ziprasidona (Geodon) ä Aripiprazol (Abilify) Mecanismo de ação Droga D1 D2 5-HT1A 5-HT2A M1 1 H1 Clozapina +++ +++ Risperidona +++ ++++ Olanzapina ++++ ++++ Quetiapina + ++++ + ++ + ++++ •Ziprasidona •? •Aripiprazol •Agonista D2 pré-sináptico •Antagonista D2 pós-sináptico ++++ ++++ ++++ ++++ ++++ 0 ++++ 0 ++++ ++++ ++++ +++ ++++ ++++ ++++ ++++ PERFIL DO EFEITO CLÍNICO DOS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS Sintomas Positivos Sintomas Negativos Sintomas Cognitivos Clozapina +++ + ++? Risperidona +++? + ++? Olanzapina +++? + ++? Quetiapina ++ + ? Ziprasidona ++ + ? Droga Miyamoto et al., 2002 Antipsicóticos Atípicos Sintomas Negativos Sintomas Extrapiramidais Discinesia Tardia Atípicos vantagens Não Aderência Cognição Disforia Jibson MD, Tandon R, J Psychiatr Res., 1998 ESTABILIZADORES DOPAMINÉRGICOS Agonista parcial D2 ARIPIPRAZOL EFICÁCIA Esquizofrenia: sintomas positivos e negativos Transtorno Esquizoafetivo EFEITOS ADVERSOS Hipotensão ortostática Náuseas, vômitos Acatisia Insônia Não se observou peso ou PRL Risco de Recaídas em Pacientes Esquizofrênicos e Esquizoafetivos Taxa de recaída em pacientes tratados com Antipsicóticos Atípicos (1o episódio de esquizofrenia e transtorno esquizoafetiva) 16% após 1 ano 54% após 2 anos 82% após 5 anos O risco de recaídas de pacientes sem tratamento é quase 5x maior do que se estivesse tomando medicação Robinson D, Woerner MG, Alvir JMJ, et al. Arch Gen Psychiatry. 1999;56:241-247. ANTIDEPRESSIVOS AMBIENTAL PSICOLÓGICO DEPRESSÃO BIOLÓGICO NORADRENALINA DOPAMINA ATENÇÃO MOTIVAÇÃO PRAZER RECOMPENSA SEXUALIDADE ALERTA ENERGIA HUMOR ANSIEDADE OBSESSÕES COMPULSÕES SEROTONINA FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS ANTAGONISTA DE RECEPTORES MONOAMINÉRGICOS INIBIDORES RECAPTAÇÃO OUTROS METABOLIZAÇÃO PRÉ-SINÁPTICOS: -2 SELETIVOS: NA, 5-HT, DA NÃO SELETIVOS: NA/5-HT, NA/DA MAO PÓS-SINÁPTICOS 5-HT2 ANTIGLUTAMATÉRGICAS ESTIMULANTES DA RECAPTAÇÃO DE 5-HT AGONISTA MT1/ MT2 FÁRMACOS ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES RECAPTAÇÃO SELETIVOS SEROTONINA (5-TH) fluoxetina paroxetina, citalopram/ escitalopram clomipramina* NORADRENALINA (NA) reboxetina atomoxetina nortriptilina* desipramina* maprotilina* DOPAMINA amineptina METABOLIZAÇÃO NÃO SELETIVOS NA/ 5-HT (dual) venlafaxina duloxetina imipramina* amitriptilina* NA/ DA (dual) bupropiona *tricíclcios ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE 5-HT FLUOXETINA IR 5-HT • • • • • • E. ANTIDEPRESSIVO ALT. SEXUAIS INSÔNIA DIST. G INTESTINAIS SINT. EXTRAPIRAMIDAIS ANSIEDADE INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE DOPAMINA AMINEPTINA IR DA • • • • EF. ANTIDEPRESSIVO EFEITO ANTIPARKINSONIANO PIORA SINT. PSICÓTICOS POTENCIAL ABUSO (?) INIBIDORES SELETIVOS DA RECAPTAÇÃO DE NORADRENALINA ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS - AMINAS SECUNDÁRIAS • SEDAÇÃO • PESO IR NA BLOQUEIO H1 • HIPOTENSÃO POSTURAL • TAQUICARDIA REFLEXA • • • • EF. ANTIDEPRESSIVO TREMORES TAQUICARDIA DISF. EREÇÃO/ EJACULAÇÃO NORTRIPTILINA BLOQUEIO CANAIS RÁPIDOS DE Na+ BLOQUEIO BLOQUEIO • • • • • • • PREJUÍZOS MNÊMICOS CONFUSÃO MENTAL VISÃO TURVA XEROSTOMIA OBSTIPAÇÃO RETENSÃO URINÁRIA TAQUICARDIA SINUSAL M1 • ALTERAÇÒES DE CONDUÇÃO ISNS - ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS AMINAS TERCIÁRIAS • SEDAÇÃO • PESO • EF. ANTIDEPRESSIVO ? • HIPOTENSÃO POSTURAL • TAQUICARDIA REFLEXA BLOQUEIO BLOQUEIO 5-HT2A IMIPRAMINA BLOQUEIO • • • • • • • PREJUÍZOS MNÊMICOS CONFUSÃO MENTAL VISÃO TURVA XEROSTOMIA OBSTIPAÇÃO RETENSÃO URINÁRIA TAQUICARDIA SINUSAL IR NA EF. ANTIDEPRESSIVO TREMORES TAQUICARDIA DISF. EREÇÃO/ EJACULAÇÃO H1 BLOQUEIO • • • • M1 BLOQUEIO CANAIS RÁPIDOS DE Na+ IR 5-HT • • • • • • EF. ANTIDEPRESSIVO ALT. SEXUAIS INSÔNIA DIST. G-INTESTINAIS SINT. EXTRAPIRAMIDAIS ANSIEDADE • ALTERAÇÕES DE CONDUÇÃO INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA / NORADRENALINA • • • • IR NA VENLAFAXINA IR 5-HT EF. ANTIDEPRESSIVO TREMORES TAQUICARDIA DISF. EREÇÃO/ EJACULAÇÃO • • • • • • E. ANTIDEPRESSIVO ALT. SEXUAIS INSÔNIA DIST. G INTESTINAIS SINT. EXTRAPIRAMIDAIS ANSIEDADE INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE DOPAMINA / NORADRENALINA IR NA EF. ANTIDEPRESSIVO TREMORES TAQUICARDIA DISF. EREÇÃO/ EJACULAÇÃO (+)HIDROXIBUPROPIONA BUPROPIONA IR DA • • • • • • • • EF. ANTIDEPRESSIVO EFEITO ANTIPARKINSONIANO PIORA SINT. PSICÓTICOS POTENCIAL ABUSO (?) AGOMELATINA AGONISTA DOS RECEPTORES MELATONINÉRGICOS ANTAGONISTA RECEPTORES 5-HT2C Receptores Melatoninérgicos: MT1 e MT2 agomelatina LAMOTRIGINA: REDUÇÃO DA LIBERAÇÃO DE GLUTAMATO PELO BLOQUEIO DOS CANAIS DE Na+ VOLTAGEM DEPENDENTES x LAMOTRIGINA Hypericum perforatum (LI 160) MECANISMO DE AÇÃO INIBIÇÃO DA RECAPTAÇÃO DE 5-HT E NA INIBIÇÃO DA MAO (FRACO) EFEITOS ADVERSOS (<5% DOS PACIENTES) GASTROINTESTINAIS (LEVE NÁUSEA, DIMINUIÇÃO DO APETITE E DESCONFORTO GÁSTRICO), REAÇÕES ALÉRGICAS FADIGA TONTURA ANSIEDADE FOTOSENSIBILIDADE VIRADA MANÍACA 67% Responsivos 10 % Recaem Humor normal Início da medicação 33% Não responsivos Depressão 8 semanas 24 semanas Stahl. Essential Psychopharmacology. 1996 DROGAS ANSIOLÍTICAS Anxiety DROGAS ANSIOLÍTICAS • BENZODIAZEPÍNICOS • Diazepam, Bromazepam, Lorazepam, Clonazepam, Alprazolam • AZASPIRONAS/ AZASPIRODECANEDIONAS • Buspirona, Gepirona, Ipsapirona OUTROS TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS DA ANSIEDADE • Antidepressivos (Tricíclicos, ISRS,Venlafaxina) • -bloqueadores • Fitoterápicos (Piper methistycum, Passiflora,Valeriana) • Antipsicóticos • Anticonvulsivantes (Pregabalina, Gabapentina) BENZODIAZEPÍNICOS FARMACOCINÉTICA • ALTAMENTE LIPOFÍLICOS: • BOA ABSORÇÃO GASTRO-INTESTINAL • RÁPIDA PENETRAÇÃO SNC • BOA BIDISPONIBILIDADE • METABOLISMO DE 1a. PASSAGEM (midazolam, brotizolam) • LIGAÇÃO PROTEINAS PLASMÁTICAS: • Extensa (99% diazepam; 66% clonazepam) • METABOLIZAÇÃO HEPÁTICA: • OXIDAÇÃO (N-desmetilação e hidroxilação): metabólitos ativos (diazepam, bromazepam, alprazolam) • SOMENTE CONJUGAÇÃO: metabólitos inativos (lorazepam, oxazepam) BENZODIAZEPÍNICOS EFEITOS ADVERSOS • SEDAÇÃO E DEPRESSÃO DO SNC INTERAÇÃO COM OUTROS DEPRESSORES (p.ex. álcool) • ATAXIA • PREJUÍZO CONGNITVO: AMNÉSIA ANTERÓGRADA (Idosos agravamento de prejuízos prévios ) • DESINIBIÇÃO COMPORTAMENTAL • DEPENDÊNCIA • SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA COMPARAÇÃO ENTRE OS TRATAMENTOS FARMACOLÓGICOS DO T. DE ANSIEDADE BDZ TCA Buspirona Lento ISRS/ Venlafaxina Lento Rápido Piora Inicial - + + +/0 Tolerância Pouca - - - Abstinência ++ + + - Pot. Abuso + - - - Int. Álcool +++ + + - Sedação ++ ++ - - Amnésia ++ + - - Overdose - +++ - - Início de ação Lento (adaptado de Argyopoulus et al., 20 Agentes específicos –estabilizadores do humor Lítio Aprovado pela FDA no tratamento da mania em 1970 – primeiro estabilizador de humor. Mecanismo de ação ainda não totalmente compreendido. Agentes específicos –estabilizadores do humor Lítio Ação em 2ºs mensageiros, ↓ resposta neuronal a neurotransmissores. Também atua na regulação da expressão gênica para fatores de crescimento e plasticidade neuronal. Carbonato de Lítio Controla episódios de mania aguda e previne recidiva em 80% dos pacientes. Início lento de ação, com melhora sintomática dentro de 1-3 semanas Também indicado nos episódios depressivos, inclusive com efeito anti-suicídio. Interrupção abrupta associada a ↑ taxas de recidiva dos episódios de humor. Carbonato de Lítio Doses entre 900 e 1800 mg/dia. Monitoração laboratorial é regra. Intoxicação: tremor grosseiro, disartria, ataxia, sintomas gastrointestinais, alterações cardiovasculares e renal, perturbação da consciência, fasciculações musculares, mioclonias, convulsões e coma. Carbonato de Lítio Fatores de risco para intoxicação: idade avançada, exceder dose recomendada, comprometimento renal, dieta pobre em sódio, desidratação e interações medicamentosas. Efeitos colaterais variam desde perda do apetite, náuseas, vômitos, diarréia até poliúria, edema, tremor. Considerar hipotireoidismo. Estabilizadores do humor Ácido valpróico/divalproato Classe dos anticonvulsivantes. Mecanismo de ação exato é incerto. Controla sintomas de mania aguda em 2/3 dos pacientes, sendo menos eficaz nos episódios depressivos. Ciclagem rápida e ultra rápida, mania disfórica ou mista e nos pacientes com co-morbidade de abuso de substâncias e transtorno do pânico. Ácido valpróico/divalproato Efeitos ocorrem entre 5 e 15 dias com concentrações plasmáticas entre 50 e 100 μg/ml. Em vista de seu perfil mais favorável de efeitos adversos é preferível ao lítio em crianças e idosos com mania aguda. Efeitos adversos: ganho de peso, diarréia, dor de cabeça, alterações no fígado e sanguíneas, tremores finos e raramente perda de cabelos. Estabilizadores do humor Carbamazepina Anticonvulsivante. Age sobre canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem, levando a ↓ da transmissão sináptica. Nos episódios de mania aguda tem eficácia comparada ao lítio e antipsicóticos, principalmente quando há disforia e/ou ciclagem rápida. 2ª linha na profilaxia de episódios tanto maníacos quanto depressivos. Carbamazepina Por induzir várias enzimas hepáticas, pode haver interferência no metabolismo de outras medicações usadas concomitantemente. Efeitos adversos: visão dupla, alterações sanguíneas, fadiga, dificuldade para urinar, tonturas, sonolência, sódio sanguíneo. Não causa ganho de peso. Estabilizadores do humor Oxcarbazepina Relaciona-se estruturalmente com a Carbamazepina,. Menor grau de sedação, menos toxicidade à medula óssea e menos interações medicamentosas via complexo citocromo P450. Não aprovada como estabilizador de humor e seu uso é “off label” (fora da bula). Estabilizadores do humor Lamotrigina Aprovada em 2003 pelo FDA para uso no TAB na fase de manutenção e prevenção de episódios depressivos. Pouco efetiva em monoterapia . Efeitos adversos: ataxia, cefaléia, diplopia, sonolência, tonturas, visão turva e náuseas. Devido risco de lesões de pele evitar uso com valproato. Estabilizadores do humor Topiramato: perda de peso, bulimia, alcoolismo, automutilação, enxaqueca. Gabapentina: dor crônica, ansiedade e insônia. Verdadeiro ou falso: O carbonato de lítio deve ser prescrito para todos os pacientes com transtorno bipolar pois tal doença resulta em redução do nível de lítio corporal e portanto estes pacientes possuem déficit de lítio no sangue. Sintomas psicóticos, ideação suicida e agitação grave são indicações de tratamento medicamentoso. Antipsicóticos típicos (1ª geração), como haloperidol e clorpromazina, quando usados por muitos anos resultam em perda neuronal acelerada, com efeito neurotóxico. Verdadeiro ou falso: A hipótese estresse-diátese procura explicar como genética e ambiente interagem de forma conjunta no aparecimento da doença mental. O carbonato de lítio possui efeito neuroprotetor pois aumenta os níveis cerebrais de BNDF, diminuindo apoptose neuronal. O tratamento multiprofissional de doenças psiquiátricas é cada vez menos utilizado uma vez que profissionais de diferentes abordagens podem confundir o paciente. Em seu consultório... Situação 01 Carlos é seu cliente há alguns meses. Você solicitou que ele procurasse um médico psiquiatra para avaliar a necessidade de medicação. O médico psiquiatra prescreveu um antidepressivo, porém Carlos refere que não quer tomar pois tem medo de ficar dependente de medicação, não acha certo usar um remédio que mudará o seu jeito de ser. Como você abordaria esta questão? Situação 02 Carolina, 27 anos, empresária, procura sua clínica pois há um mês sente-se muito ansiosa, chorosa, não consegue dormir bem. Relaciona o início dos sintomas com o diagnóstico de câncer de mama que sua mãe recebeu. Na entrevista inicial relata estar em uso de Rivotril (clonazepam) meio cp à noite há 2 semanas, relata que sua tia sempre tomou e lhe deu uma caixinha. Obs: a tia não é médica. Como você discutiria a questão da medicação com a paciente?