Psicofarmacologia
Juliana Brum Moraes – médica
psiquiatra pela UEL
Psicofarmacologia
• É o estudo dos fármacos utilizados nas
diversas patologias psíquicas, seu mecanismo
de ação no SNC e comportamentos esperados
dos indivíduos que os utilizam.
• Surgiu com a invenção da clorpromazina na
década de 50 do século passado.
Estrutura e função dos neurônios
• Neurônios: células
cerebrais responsáveis
pela comunicação
química
• Cérebro humano: dezenas
de bilhões de neurônios,
cada um ligado a
centenas de outros –
sinapses
• Possuem diversos
tamanhos, formatos e
localização –
determinantes de sua
função.
Estrutura e função dos neurônios
• Dendritos + corpo = zona
somatodendrítica – recepção
de sinais (outros neurônios,
ambiente, substâncias
químicas, hormônios, drogas)
• Corpo – integração química do
sinal (genoma decodifica o
sinal e realiza a produção de
proteínas)
• Segmento inicial do axônio
(integração elétrica – ocorre
disparo ou não)
Síntese protéica
• Maioria das moléculas estruturais e regulatórias de um
neurônio são proteínas
• A síntese de proteínas é uma das funções mais
importantes do neurônio -resultado da ativação
genética
• Por exemplo: novas sinapses = proteína
• Novos receptores = proteína
• Novas enzimas = proteína
• DNA
RNA
• RIBOSSOMOS
PROTEÍNA
Neurodesenvolvimento
Vídeo sobre neurogênese
Vídeo – funcionamento do neurônio
O que são neurotransmissores?
• Neurotransmissores são substâncias químicas
produzidas pelos neurônios com a função de
biossinalização.
• Por meio delas, podem enviar informações a
outras células.
• Podem também estimular a continuidade de
um impulso ou efetuar a reação final no órgão
ou músculo alvo.
• Essas substâncias atuam no encéfalo, na
medula espinhal e nos nervos periféricos e na
O que são neurotransmissores?
• Quimicamente, os neurotransmissores são
moléculas relativamente pequenas e simples.
• Diferentes tipos de células secretam
diferentes neurotransmisores.
• Cada substância química cerebral funciona em
áreas bastante espalhadas mas muito
específicas do cérebro e podem ter efeitos
diferentes dependendo do local de ativação.
• Cerca de 60 neurotransmissores foram
identificados.
Neurotransmissores
• Os neurotransmissores são produzidos na
célula transmissora (A) e são acumulados em
vesículas, as vesículas sinápticas (1).
Neurotransmissores
• Quando um potencial de ação ocorre, as
vesículas se fundem com a membrana
plasmática, liberando os neurotransmissores
na fenda sináptica, por exocitose (B).
Neurotransmissores
• Estes neurotransmissores agem sobre a célula
receptora (C), através de proteínas que se
situam na membrana plasmática desta, os
receptores celulares pós-sinápticos (6).
Neurotransmissores
• Os receptores ativados geram modificações no
interior da célula receptora, através dos
segundos mensageiros (2). Estas modificações
é que originarão a resposta final desta celula.
Classificação de
neurotransmissores
Aminas
Aminoácidos
Neuropeptíde
os
Hormônios
Serotonina
Noradrenalina
Dopamina
DOPA
Histamina
Melatonina
Acetilcolina
Glutamato
Aspartato
GABA
Glicina
Taurina
Encefalinas
Endorfinas
Insulina
Leptina
estrogênio
Prolactina
VIAS SEROTONINÉRGICAS
Origem
-Núcleo medial da
rafe
Projeções
Implicações
fisiológicas e
clínicas
-Formação reticular,
tálamo e áreas
inervadas pelo
fascículo
prosencefálico medial
(Hipocampo)
-Regulação do fluxo
sanguíneo cerebral,
sono e enxaqueca,
tolerância ao estresse
persistente,inibição
comportamental.
Impulsividade
-Núcleo dorsal da rafe -Colículos, matéria
cinzenta
periaquedutal,
amígdala, ganglios da
base, neocórtex
-Estimulado por
eventos aversivos,
regulação do
comportamento
defensivo, ansiedade
-Núcleo magno da
rafe
-Vias descendentes
inibitórias da dor
-Medula espinhal
VIAS NORADRENÉRGICAS
Origem
Projeções
Implicações
fisiológicas e
clínicas
-Locus Coeruleus
-áreas
mesencefálicas,
núcleos talâmicos,
áreas inervadas pelo
fascículo
prosencefálico medial
-Atenção seletiva,
sinaliza estímulos
ameaçadores,
vigilância.
Prepara o individuo
para situações de
emergência.
Ansiedade
-Locus Coeruleus
-núcleos
-Coordenação de
hipotalâmicos, núcleo respostas
do leito da estria
neuroendócrinas
terminal
-Núcleo do Trato
solitário
-Vias descendentes
para medula espinhal
- Coordenação de
respostas
autonômicas
VIAS DOPAMINÉRGICAS
Origem
Projeções
Implicações
fisiológicas e
clínicas
-Sistema Nigroestriatal
-Estriado
-Comutação de
programas motores,
doença de Parkinson
- Sistema mesolímbico
-fascículo
-Esquizofrenia
prosencefálico medial
-Sistema meso
cortical
-córtex préfrontal,
- Esquizofrenia
piriforme, entorrinal e
cingulado)
-Sistema tuberoinfundibular
-Eminência média do
hipotálamo
-Galactorréia
induzido por drogas
antipsicóticas
Formulação moderna dos transtornos
psiquiátricos
Integração de, no mínimo, quatro elementoschave:
vulnerabilidade genética à expressão da doença
eventos estressores na vida do indivíduo
(divórcio, problemas financeiros, etc);
 a personalidade do indivíduo, a capacidade
de lidar com problemas e o apoio social por
parte de terceiros e
outras influências ambientais sobre o indivíduo e
seu genoma (vírus, toxinas e diversas doenças).
 Geneticistas não
falam mais em
herdar uma doença
mental, e sim sua
vulnerabilidade.
 (1) predisposição
genética; (2) circuito
neuronal alterado;
(3) circuito neuronal
pouco ativado; (4)
compensação mal
sucedida.
Hipótese de Dois Impactos
Todas as vulnerabilidades genéticas críticas
devem ser apresentadas e também um
segundo impacto de algum tipo proveniente
do ambiente.
Alguns transtornos possuem predisposição
relativamente elevada para manifestar-se em
indivíduos vulneráveis (alta determinação
biológica), e necessitam de estressores
ambientais menores para ativar o gene
anormal: esquizofrenia
Hipótese de Dois Impactos
• Outros, possuem predisposição genética
relativamente pequena (determinação
biológica baixa), necessitando de estressores
ambientais maiores.
• Finalmente, mesmo aqueles com DNA
aparentemente normal, podem descompensar
sob estressores maiores e insuportáveis.
Epigenética em Psiquiatria
• Risco
doença
• Conspiração entre genes e ambiente
• Hipótese estresse/diátese – interação gene/
ambiente = doença mental
• Mecanismo importante: Epigenética
• Método que as células se utilizam para
controlar qual parte de seu DNA será
transcrito e traduzido
Epigenética em Psiquiatria
• Toda célula pode controlar este processo ao
modificar o próprio gene ou modificar a
proteína histona ligada ao gene
Epigenética em Psiquiatria
• Modificação bioquímica
da proteína histona
altera a transcrição
gênica
• Metilação, acetilação,
fosforilação e
ubiquitinização
Epigenética em Psiquiatria
• Acetilação – ativa a produção da proteína
• Metilação – silencia a produção da proteína
• Experiências de vida podem recrutar
mecanismos epigenéticos de neurônios para
ativar ou silenciar genes reguladores de
cognição, comportamento e até mesmo
transtornos psiquiátricos
Toward a Neurobiology of Psychotherapy:
Basic Science and Clinical Applications
Amit Etkin, M.Phil, Ph.D.
Christopher Pittenger, M.D., Ph.D.
H. Jonathan Polan, M.D.
Eric R. Kandel, M.D.
The Journal of Neuropsychiatry and Clinical
Neurosciences 2005; 17:145–158)
Efeitos da TCC ou Tratamento com Citalopram na
atividade cerebral em pacientes com fobia social
ao realizar uma tarefa de falar em público. TCC
(esquerda) e Citalopram (direita) estão ambos
associados com a ativação diminuída da amígdala
durante o desempenho de uma tarefa ansiogênica.
Casos clínicos
Caso 01
• B, sexo masculino, 32 anos, branco, reside em
Londrina com a mãe.
• Paciente veio encaminhado por sua psicóloga
(analista do comportamento), não informou o
motivo, porém a mesma acompanhou o
paciente ao consultório.
• B refere que em 1998, época em que passou
no vestibular, “o mataram”. Na época falou
que queria ser o prefeito de Londrina, acha
que sofreu um bullying muito forte. Está
Caso 01
• Veio à consulta por insistência de sua
psicóloga.
• Mãe e psicóloga entram para conversarmos. A
mãe do paciente refere diagnóstico do filho de
esquizofrenia desde os 18 anos, que o mesmo
não vai a nenhum psiquiatra, apenas a mãe
comparece (!), pega as receitas e fala como o
filho está.
• Atualmente sua médica prescreveu as
seguintes medicações: Olanzapina 20mg por
dia, Quetiapina 300mg por dia.
Caso 01
• Paciente delirante – refere que todas as coisas
“pretinhas” são dele, e as pessoas o
roubaram. Alucinações táteis – tira cobras de
seus ombros várias vezes ao dia.
• Humor depressivo
• Mãe refere: “o problema do B. é que ele
nunca tomou remédio direito”. Ao ser
questionada sobre o porquê de não
administrar as medicações corretamente, mãe
responde que achava que dose era muito alta.
Caso 01 - questões
• Quais as dificuldades a psicóloga poderia ter
encontrado no trabalho com o cliente que a
levaram a encaminhá-lo para o psiquiatra?
• Quais dificuldades o psiquiatra poderia
encontrar neste caso se o paciente não
Caso 02
• C, 23 anos, sexo feminino
• Encaminhada por psicóloga:
• “O atendimento psicoterapêutico foi iniciado em
2010. Os maiores focos deste processo foram:
assertividade, autocontrole, valorização pessoal,
redução de esquiva e maior envolvimento em
situações prazerosas. Foram realizadas sessões
semanais de psicoterapia sem o
acompanhamento medicamentoso durante a
maior parte da intervenção.
• C. foi acompanhada por uma médica, a qual
Caso 02
• Diante disso, a dosagem foi reduzida para 5
mg e aumentada gradualmente.
Aproximadamente em Abril de 2012, C.
Interrompeu o tratamento medicamentoso
abruptamente e não teve mais
acompanhamento neste sentido até o
presente momento. Diante de alguns
episódios que vêm dificultando o
envolvimento com uma condição mais
propícia a redução de padrões que geram
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