Avaliação da qualidade da assistência perinatal na perspectiva do gestor Daphne Rattner Irva Hertz-Picciotto 1 Introdução Perspectivas para avaliar qualidade • • • • • Clínica (ou médica, ou de enfermagem, ou...) Epidemiológica Administração de serviços de saúde Administração de sistemas de saúde Usuários Possíveis unidades de análise • Episódio de assistência • Instituição • Sistema (local) de saúde 2 Referencial teórico: atores na assistência 3 Donabedian, o decano da avaliação da qualidade, propôs: Avaliação de qualidade referente aos aspectos de: • Estrutura • Processo • Resultado Outros(as) autores(as) adicionaram: • Contexto: – Social, político e cultural – Dos serviços 4 Criação de indicadores hospitalares Para estrutura – Tradicionalmente (OPAS): • • • • • Recursos Físicos Equipamento Recursos Humanos Existência de normas e procedimentos Existência de planejamento e organização administrativa • Suprimento • Educação em Saúde 5 Criação de indicadores hospitalares Para processo: – Como avaliar: • Competência técnica ? • Relação interpessoal (humanização) ? – E como inserir uma perspectiva de saúde coletiva ? – Possível resposta: minha tese de mestrado 6 Criação de indicadores hospitalares Perspectivas que tentei contemplar – Epidemiológica (riscos) – Administração de serviços de saúde – Saúde da Mulher e da Criança (assistência ao parto e ao nascimento) – Integralidade do ciclo gravídico-puerperal 7 Objetivos do Programa de Atenção Materno Infantil (O.M.Reis, CENDEC/IPEA, Min. Planejamento, 1971) – Atenção pré-natal precoce e adequada assistência ao parto e puerpério, em condições de evitar os riscos e o choque emocional – Exame pós-parto – Exame e assistência ao recém-nascido – Estímulo ao aleitamento natural e à mais íntima convivência do lactente com sua mãe – Obs:Incluem-se todas as atividades de promoção e recuperação da saúde materno-infantil 8 Criação de indicadores hospitalares Preocupações: – Pontos cardeais do Lembcke (1967): • Objetividade, Suscetibilidade de verificação, Uniformidade, Especificidade, Pertinência, Aceitabilidade – Variáveis derivadas de normas técnicas • (Governos: Estado de São Paulo e Federal) – Pressuposto: Normas técnicas representam – conhecimento científico atualizado, de domínio público – tecnologias à disposição dos prestadores de assistência 9 O B JE T IV O S IN D IC A D O R E S NORM AS T É C N IC A S A te n ç ã o p ré -n a ta l p re c o c e S o ro lo g ia p a ra S ifilis – R h e V a c in a ç ã o a n ti-te tâ n ic a P A IS M Adequada a s s is tê n c ia a o p a rto T a x a d e c e s á re a s R e s . 1 4 3 d e 1 8 /0 8 /8 9 - ESP E x a m e e a s s is tê n c ia a o re c é m -n a s c id o R e c e p ç ã o p o r N iv e l U n iv e rs itá rio , A p g a r, IG p o r e x . fís ic o A lo ja m e n to C o n ju n to E s tím u lo a o a le ita m e n to n a tu ra l e + ín tim a c o n v iv ê n c ia E x a m e p ó s -p a rto MPAS, MS e SES A lta s c /a le ita m e n to e x c lu s iv o P N IA M E n c a m in h a m e n to p a ra c o n s . p u e rp é rio P A IS M 10 Criação de indicadores hospitalares - Processo Mestrado (com 12 hospitais): – Teste de validade como potenciais instrumentos de avaliação • • • • Proporção com cumprimento > 80 % Soma simples de pontuação Padrão-ouro (Hospital Universitário) Hierarquização Conclusão: 4 grupos – Excelente, Boa, Regular, Insatisfatória 11 Criação de indicadores hospitalares - Resultado (ou desfecho) Doutorado (com 51 hospitais) – Objetivo: validação dos indicadores de processo, através do estudo de sua relação com estrutura, resultado e contexto sócio-econômico – Preocupação: pontos cardeais de Lembcke (principalmente uniformidade: hospitais gerais e de referência) 12 Criação de indicadores hospitalares - Resultado (ou desfecho) Indicador proposto – Mortalidade neonatal precoce evitável (óbitos de < 7 dias / nascidos vivos) – Restrição: • Peso ao nascer > 2.000 g – Exclusão: • Malformações congênitas fatais 13 Criação de indicadores hospitalares - Metodologia Análise Fatorial – 15 indicadores de estrutura - 2 variáveis – Variável 1: RH, programação e administração, educação em saúde e recursos físicos – Variável 2: suprimento e equipamento – 8 indicadores de processo - 1 variável – agrupamentos dos valores sugerem que rotinas são adotadas sistematicamente Correlação Regressão de Poisson 14 Estratégia de construção do modelo - Regressão de Poisson Para variáveis de qualidade – Processo (P) – Estrutura1 + Estrutura2 (S1 + S2) – (S1 + S2) + (S1*S2) – P + (S1 + S2) – P + (S1 + S2) + todas interações possíveis – Eliminados termos (P*S1) e S1 15 Modelo matemático - A Parametro Estimativa E.P. Pr>Z Intercepto -10.32 3.22 0.0014 Processo 1.41 0.38 0.0002 S2 1.47 0.44 0.0010 P*S2 -0.25 0.062 <0.0001 S1*S2 -0.059 0.029 0.0403 P*S1*S2 0.011 0.0044 0.0106 IDH -0.47 0.13 0.0004 Referência -0.36 0.31 0.2381 16 Modelo matemático - B Parametro Estimativa E.P. Pr>Z Intercepto -2.40 0.62 0.0001 Taxa BP 0.077 0.020 <0.0001 IDH -0.48 0.082 <0.0001 Referência -0.38 0.15 0.0122 17 Efeitos de mudanças Q1-Q3 e P10-P90 nas estimativas ajustadas Effects of process changes Effects of structure changes 3.5 7 3 6 2.5 5 2 4 1.5 3 2 1 1 0.5 0 P10 Q1 Q3 P90 0 P10 Structure Q1 Q3 P90 Process 18 Possível explicação causal: 19 Resumo Estrutura: – menor preocupação com RH, programação e administração educação em saúde e recursos físicos – maior preocupação com suprimento e equipamento Processo: – agrupamentos dos valores sugerem que rotinas são adotadas sistematicamente Importância das interações na predição da MNNP evitável Influência do contexto socio-ambiental 20 Conclusões: Mortalidade neonatal precoce evitável (da forma como proposto = restrito a > 2.000 g. e excluindo malformações congênitas fatais) parece ser um indicador de resultado sensível às condições de risco da população e ao contexto sócio-econômico. O estudo sugere validade dos indicadores de processo propostos anteriormente, quando associados à estrutura, ao contexto e outras variáveis consideradas, 21 Conclusões: Em termos de políticas: – Os resultados acenam para a necessidade de se organizar políticas multi- ou intersetoriais, com vistas ao incremento do desenvolvimento humano – Especificamente na área de Saúde Perinatal, sugerem que o investimento em estrutura se faça concomitante ao investimento em processo de assistência (QUALIDADE E HUMANIZAÇÃO) 22 O RADIS ADVERTE: “Nascer é prejudicial à saúde, porque não há no mundo nenhum ambiente mais controlado e confortável do que o útero materno. Mas como viver é um risco inevitável e necessário, é bom saber que tem gente empenhada em garantir maior qualidade ao nascimento e à vida”. 23 Muito obrigada! 24