(DBP) DISPLASIA BRONCOPULMONAR Northway (1967) – descreveu pela primeira vez: › Complicação de RN em recuperação da Síndrome do Desconforto Respiratório (SARA) ou outras complicações pulmonares › Associada a agressão pulmonar decorrente da VM + Exposição prolongada ao O2 › Dano Pulmonar secundário a lesão e reparação, com edema alveolar e intersticial precoce, inflamação e fibrose “VELHA DBP” DISPLASIA BRONCOPULMONAR Novos achados histopatológicos – bloqueio do desenvolvimento pulmonar normal › Redução do número de alvéolos e da área de superfície › › › › › › › alveolar Insuflação não uniforme dos espaços aéreos distais Edema intersticial Reação inflamatória Pouca ou nenhuma fibrose septal Aumento da densidade e disposição anormal da elastina Acúmulo de musculatura lisa ao redor dos vasos e vias aéreas terminais Alteração da arquitetura pulmonar, com diminuição importante e do número de alvéolos e dilatação de estruturas distais de trocas gasosas “NOVA DBP” DISPLASIA BRONCOPULMONAR “Nova” x “Velha” DBP › Não existe duas doenças diferentes, mas a mesma doença incidindo em populações com idades gestacionais cada vez menores e com acesso a novas técnicas de assitência neonatal ao prematuro (técnicas de ventilação, surfactante, corticóide pré-natal e terapia nutricional eficaz) DISPLASIA BRONCOPULMONAR Bancalari e colaboradores (1979) › Presença de fatores de risco (VM) › Sinais clínicos de doença respiratória crônica › Rx com alterações compatíveis › Suplementação de O2 por mais de 28 dias de vida para manter PaO2 > 50mmHg Shennan e colaboradores (1988) › Necessidade de suplementação de O2 > 36 semanas de idade gestacional pós-concepcional Tendência atual – Critérios fisiológicos que se relacionem com a necessidade de O2 às 36 semanas de IG e doença pulmonar a longo prazo DISPLASIA BRONCOPULMONAR Final da década de 60 RN de baixo peso ao nascimento (<2500g) IG > 32 semanas Necessitaram de ventilação agressiva ou uso prolongado de O2 para insuficiência respiratória, secundária DISPLASIA BRONCOPULMONAR Quadro radiológico: edema hiperinsuflação, cistos e traves fibróticas Histopatológico: edema em fases precoces, inflamação do parênquima pulmonar, metaplasia das vias aéreas e fibrose Mecanismo fisiopatológico principal: Lesão secundária a reparação do dano tecidual DISPLASIA BRONCOPULMONAR Década de 90 RNPT extremos (IG < 30 semanas) Peso de nascimento < 1000g Secundária a SARA ou à imaturidade pulmonar Não necessariamente foram submetidos a VM Receberam diferentes níveis de assistência ventilatória DISPLASIA BRONCOPULMONAR Achados radiológicos tênues e frustos Histopatológico: - Hipoalveolização e desorganização da arquitetura pulmonar , com alteração na densidade e disposição das fibras elásticas e colágenas - Pouca inflamação e predominância de infiltrado inflamatório neutrofílico - Ausência ou presença de fibrose mínima Mecanismo fisiopatológico principal: Bloqueio do desenvolvimento pulmonar normal DISPLASIA BRONCOPULMONAR Aumento importante na taxa de sobrevida de RNPT < 750g (57 – 67%) e IG < 25 semanas (35 –85%) › 71% : IG = 25 semanas › 30%: Peso < 1500g › 39 61%: RN entre 800 e 500g Rede Brasileira de Pesquisa Neonatal › 18,4% (3,3 – 30%) DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: › Embrionário: organogênese. Formação das estruturas primordiais do pulmão a partir do endoderme e mesoderme do intestino primitivo DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: › Fetal: início na quinta semana de gestação Fase pseudoglandular (7ª a 16ª semana): formação das vias aéreas de condução, diferenciação centrípeta do epitélio de revestimento das vias aéreas, de epitélio colunar alto até cuboidal. DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: › Fetal Fase canalicular (17ª a 26ª semana): diferenciação do epitélio pulmonar e formação da barreira endotélio-epitelial, viabilizando a troca gasosa (células cuboidais pneumócitos tipo I e síntese e secreção de surfactante pelos pneumócitos tipo II; formação dos bronquíolos terminais e ácinos e proliferação da rede capilar. DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASE CANALICULAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: › Fetal Fase sacular (27ª – 35ª semana): subdivisão das vias aéreas terminais, com formação de agrupamento de sáculos (formarão os alvéolos). Alongamento e alargamento das porções distais dos bronquíolos terminais DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASE SACULAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: › Fetal Formação alveolar: células intersticiais produzem fibras elásticas ao longo das paredes saculares. Aumento do componente muscular das artérias do leito vascular pulmonar. DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: • Pós-natal: do nascimento até próximo ao final do segundo ano de vida processo alveolar de crescimento, desenvolvimento e remodelação. DISPLASIA BRONCOPULMONAR FASES: • A espessura do septo intralveolar torna-se progressivamente mais delgada até o termo, mas é maior quando comparada ao parênquima pulmonar do adulto • A alveolização ocorre pricipalmente após o nascimento DISPLASIA BRONCOPULMONAR Multifatorial • Hiperóxia • Inflamação e infecção • Ventilação Mecânica • Persistência do canal arterial • Nutrição DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR RESPOSTA INFLAMATÓRIA • Fase Inicial: alterações bioquímicas • Fase de predominância do componente inflamatório espessamneto do intersticio pulmonar • Fase destrutiva: perda das células endoteliais capilares • Fase de reparo: reparação tecidual do endotélio, com diminuição da sua superfície • Presença de infecção materna pré-natal está associada a maior frequencia de doença pulmonar no periodo pós-natal. DISPLASIA BRONCOPULMONAR VENTILAÇÃO MECÂNICA DISPLASIA BRONCOPULMONAR PERSISTÊNCIA DO CANAL ARTERIAL • Incidência inversamente proprocional à idade gestacional • Ocorrência de PCA está associada a maior risco de evolução para DBP. NUTRIÇÃO • O RNPT apresenta maiores necessidades calóricas e gasto energético estado catabólico exacerba o efeito tóxico do O2 e da ventilação pulmonar DISPLASIA BRONCOPULMONAR Achados anatomopatológicos: • Diminuição do número de alvéolos • • • • • e aumento do tamanho alveolar Espessamento septo intralveolar Lesão de vias aéreas maiores rara e menor predominância de hipertrofia da musculatura lisa Fibrose ausente ou em grau mais leve e mais uniforme no parênquima pulmonar Inflamação em menor grau e predominância neutrofilica Desorganização estrutural do interstício DISPLASIA BRONCOPULMONAR Achados anatomopatológicos: • Diminuição do número de alvéolos • • • • • e aumento do tamanho alveolar Espessamento septo intralveolar Lesão de vias aéreas maiores rara e menor predominância de hipertrofia da musculatura lisa Fibrose ausente ou em grau mais leve e mais uniforme no parênquima pulmonar Inflamação em menor grau e predominância neutrofilica Desorganização estrutural do interstício DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR Inespecífico Análise evolutiva de RN de risco • Prematuro • IG < 30 semanas • Peso < 1000g DISPLASIA BRONCOPULMONAR Graus variados respiratória: de insuficiência • Taquipnéia • Retração intercostal • Episódios de cianose • Hipoxemia e hipercpnia moderadas • Ganho ponderal insuficiente • Sinais de edema pulmonar crônico • Atelectasias • Infecção pulmonar DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR Opacidade pulmonar difusa Congestão perihilar Atelectasias segmentares e lobares Hiperexpansão pulmonar Graus variados de enfisema Raras traves de fibrose DISPLASIA BRONCOPULMONAR DISPLASIA BRONCOPULMONAR Atuar nos fatores envolvidos na patogênese da DBP é de fundamental importância: - Prevenção da prematuridade Corticóides à mãe na gestaçào de alto risco Evitar ao máximo as altas pressões inspiratórias e concentrações elevadas de oxigênio - DISPLASIA BRONCOPULMONAR Suplementação de oxigênio: Ação: Reduz a vasoconstrição pulmonar hipóxica e a resistência vascular pulmonar; melhora a função do ventrículo direito. A suspensão inapropriada do oxigênio pode ocasionar desaceleração do ganho ponderal. Fase aguda: previnir toxicidade. Fase crônica: prevenir o desenvolvimento de hipertensão pulmonar e cor pulmonale. 1) Comentários: Manter a SO2 entre 88 e 92% (fase aguda) e entre 90-94% (fase crônica) DISPLASIA BRONCOPULMONAR 2) Estratégias ventilatórias: Ação: Fase aguda: Ti curtos (0,24 a 0,4s); FR maiores (40 a 60/min); PI: baixa (14 a 20 cmH20); PEEP moderada (4 a 6 cmH20) Fase crônica: ajustar parâmetros para manter os gases sanguíneos adequados. DISPLASIA BRONCOPULMONAR 2) Estratégias ventilatórias: Comentários: Surfactante exógeno – precoce! Tempo mínimo de VM Extubação precoce para CPAP e VNI Manter gases sanguíneos: pH: 7,25 a 7,35 cmHg PaO2: 40 a 60 mmHg (fase aguda) PaO2: 50 a 70 mmHg (fase crônica) PaCO2: 45 a 55 mmHg (fase aguda) PaCO2: 50 a 65 mmHg (fase crônica) Ventilação de alta frequência, se falha na VM convecional DISPLASIA BRONCOPULMONAR 3) Diuréticos – uso questionável Ação: Reduzem o edema e complacência pulmonar melhoram a DISPLASIA BRONCOPULMONAR 4) Metilxantinas: Ação: Estimulam o centro respiratório, reduzem a fadiga do diafragma, têm ação broncodilatora fraca e diurética. Comentários: Aumentam o sucesso da extubação Droga: Aminofilina DISPLASIA BRONCOPULMONAR 5) Coritcosteróides Ação: Reduzem a inflamação dos pulmões: Comentários: Corticosteróide sistêmico - efeitos colaterais: - Curto prazo: hipertensão arterial, hemorragia digestiva, hiperglicemia, hipertrofia miocárdica e infecções - Longo prazo: efeito negativo no crescimento, sequelas neurológicas Corticóide inalatório - usado na DBP moderda/grave DISPLASIA BRONCOPULMONAR 6) Nutrição Promove o pulmonar crescimento somático Meta: 15 a 20g/dia de ganho ponderal e DISPLASIA BRONCOPULMONAR 7) Imunização: Profilaxia das infecções graves das vias aéreas inferiores pelo VSR, vacinas contra virus influenza sazonal e antipneumocócica conjugada. DISPLASIA BRONCOPULMONAR A DBP é uma doença pulmonar associada à prematuridade e à lesão pulmonar precoce. A nutrição adequada é fundamental para otimizar o crescimento e o reparo pulmonar. A profilaxia das infecções virais tem reduzido significativamente as taxas de rehospitalização das crianças com DBP. Rebello, CM, Mascaretti RS. A “nova” displasia broncopulmonar. PRORN ciclo 1, modulo 2. Vieira, RA, Diniz, EMA. Displasia broncopulmonar, in Neonatologia – Instituto da criança. Hospital Clínicas da Universidade de São Paulo. Consultem também: Displasia broncopulmonar-2011 Autor(es): Paulo R. Margotto ......Diuréticos: A análise de 14 estudos com furosemide, 8 usando via sistêmica e 6 via inalatória, não evidenciou eficácia com o furosemide de uso sistêmico em RN com DBP abaixo de 3 semanas de idade. Em outras crianças, há uma melhora transitória na mecânica pulmonar e após uma semana, melhora também na oxigenação. São necessários mais estudo que demonstrem efeitos a longo prazo, como sobrevivência, duração da oxigenação, duração da dependência do ventilador, duração da internação. Quanto ao furosemide inalatório, não há espaço para o seu uso na prática clínica atual (os dados são muito limitados). O uso da associação hidroclorotiazida + espironolactona não mostrou melhora na função pulmonar, além de não reduzir o requerimento de suplementação de potássio. A inefetividade da espironolactona, um antagonista da aldosterona, em preservar o potássio, pode estar relacionado ao desenvolvimento renal destes pequenos prematuros. A função renal no prematuro antes de 34 semanas é limitada durante semanas pós-natal. A hiponatremia da prematuridade pode ser devida à resposta parcial do nefron distal a aldosterona (a função da aldosterona é aumentar a reabsorção de sódio e excretar potássio). A espironolactona age somente na presença de aldosterona. Se o nefron distal não reponde a aldosterona, especula-se que este também não reponde ao antagonista da aldosterona, resultando assim, numa perda de potássio. Os diuréticos devem ser reservados para casos de edema pulmonar (o furosemide diminui o edema pulmonar, diminuindo a resistência vascular pulmonar: furosemide:1m/kg/dia). As complicações da terapêutica diurética são: hipocalemia, hiponatremia, alcalose metabólica, hipercalciúria, nefrocalcinose, reabertura do canal arterial. O uso prolongado de hidrocolotiazida associado com espironolactona aumenta o risco de nefrocalcinose. Uso de corticosteróides na displasia broncopulmonar Autor(es): Paulo R. Margotto Displasia Broncopulmonar-Podemos Evitar (1ªJornada do IPESQ, Campina Grande, 31/3 a 1/4/2011) Autor(es): Paulo R. Margotto Displasia broncopulmonar e ventilação mecânica(XX Congresso Brasileiro de Perinatologia, 2426/11/2010, Rio de Janeiro) Autor(es): Jaques Belik (Canadá). Realizado por Paulo R. Margotto