Melhores Práticas Neonatais (Evidência com a Experiência) Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br [email protected] Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB/SES;DF Universidade Católica de Brasília VI Curso de Neonatologia, Fortaleza, 28/1/2014 “A AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO É A EVIDÊNCIA DA AUSÊNCIA” (Carl Sagan). No exercício da prática clínica exige cada vez mais: Conhecimento da experiência clínica Capacidade de avaliar criticamente as melhores evidências disponíveis da pesquisa clínica Assim, o exercício da medicina torna-se uma ARTE! Todos confortavelmente acomodados !? Lembrem-se que as evidências mudam em decorrer do tempo, pois se não validarmos nossas condutas podemos causar mais mal do que bem para o recém-nascido (Guinsburg,2010) CORIOAMNIONITE • inflamação da placenta e membranas fetais • ocorre em 33-57% dos pré-termos <30 semanas (50-55%: silenciosa (no estudo de Soraisham: 1/3 com clínica!) • 0,5 a 71% na amniorrexe prematura pré-termo (aumenta em gestação gemelar) • Há produção de citocinas proinflamatórias na interface materna: fator α de necrose, interleucina -1β, interferon, interleucina-6 e interleucina 8 Displasia broncopulmonar Hemorragia intraventricular Leucomalácia periventricular Paralisia cerebral Soraisham ,2013;Been, 2013; Merenstein,1996;Jobe, 2004 CORIOAMNIONITE Há alteração na resposta ao surfactante exógeno Extubação após a 1ª dose de surfactante exógeno para grupos com base na histologia da placenta • -Sem corioamnionite histológica (CH-) • • -Corioamnionite sem envolvimento fetal (CH+ F-) -Corioamnionite com envolvimento fetal (CH +F+) Jasper, 2010 CORIOAMNIONITE Displasia broncopulmonar Nova Displasia x Citocinas pró-inflamatórias A corioamnionite: o risco de DBP (se o RN não for ventilado) A exposição a endotoxina amadurecimento pulmonar Por efeito direto no trato respiratório (corticóide : efeito aditivo) V. Mecânica > 7 dias: amplifica a resposta próinflamatória DBP (OR: 3,2) Libera mediadores inflamatórios – Circulação Sistêmica o inicio da VM é a chance que temos de lesar o pulmão do RNPT, principalmente se inflamação pré-natal Lesão Cerebral Jobe (2000); Jobe (2001), Jobe (2002) Van Marter (2002), Jobe A CORIOAMNIONITE Paralisia Cerebral Sorasisham, 2013:384 RN <29 sem (51% com CH); seguimento aos 30-42 semanas corrigidas 2,45 A CH tem relação apenas com Paralisia Cerebral, sendo maior o risco quanto maior a gravidade da inflamação. HCA: corioamnionite histológica CORIOAMNIONITE Enterocolite Necrosante Been JV et al (fevereiro de 2013): revisão sistemática com metanálise de 33 estudos Corioamnionite fetal x não corioamnionite CORIOAMNIONITE Estratégia Protetora:Uso do corticosteróide pré-natal Been, 2011 Assistência ao Recém-Nascido na Sala de Parto Hemorragia intracraniana devido a sangramento por deficiência tardia da Vitamina K Sala de Parto: 1º horas de ouro Vitamina K A doença hemorrágica tardia ocorre após a primeira semana, tem pico de incidência entre 4 a 8 semanas e é rara após 12 semanas. • Mais de 60% (pode chegara 90%) dos casos se apresentam como hemorragia intracraniana em um bebê previamente hígido. Margotto,2013 Assistência ao Recém-Nascido na Sala de Parto RN a termo transferido a Unidade Neonatal aos 28 dias, com Distúrbio de coagulação;peso ao nascer: 3850g Hidrocéfalo pós-hemorrágico Margotto,PR,2009 Assistência ao Recém-Nascido na Sala de Parto Na avaliação ao nascer: frequência cardíaca e respiração COR Assistência ao Recém-Nascido na Sala de Parto Ar Ambiente X O2 a 100% Jucille Menezes, 2011 Assistência ao Recém-Nascido na Sala de Parto RN pré-termo<32 semanas: Margotto PR, Resende J,2013 SÍNDROME HIPÓXICO-ISQUÊMICA 1as 6h SÍNDROME HIPÓXICO-ISQUÊMICA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Morte ou desabilidade Shankaran S,2010 SÍNDROME HIPÓXICO-ISQUÊMICA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Sobrevivência com função neurológica normal Shankaran S,2010 SÍNDROME HIPÓXICO-ISQUÊMICA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Como fazemos Primeiras 6 horas de vida Margotto,2013 SÍNDROME HIPÓXICO-ISQUÊMICA HIPOTERMIA TERAPÊUTICA Como fazemos Margotto,2013 ASSISTÊNCIA RESPIRATÓRIA INICIAL (RN PRÉ-TERMOS EXTREMOS) Evitar CPAP fútil Privilegiar o SURFACTANTE SELETIVO (Evidências com 3061 RN) Fuchs, 2011 Uma abordagem que utiliza CPAPnasal precoce leva a uma redução na número de crianças que necessita de intubação e uso de surfactante Dunn, 2011 CPAPnasal pode ser iniciado, logo após o nascimento, em neonatos com 25-28 semanas de IG respirando espontaneamente. Surfactante deve ser administrado uma vez que se desenvolvam sinais de SDR CURPAP,2010 ASSISTÊNCIA RESPIRATÓRIA INICIAL (RN PRÉ-TERMOS EXTREMOS) Hemorragia intraventricular e Ventilação Mecânica A ventilação mecânica está associada com hemorragia intraventricular nos recém-nascidos pré-termos? O ajuste da odds ratio para HIV severa nos RN de muito baixo peso que recebeu VM na sala de parto foi de 2,7 (CI:1,1-6,6) - P=0,03) Bolisety (Austrália)(2014):HIV graus I-II (pré-termos extremos:aos 2-3 anos de idade corrigida Deficiência neurossensorial (OR ajustada:1,73;1,22-2,46) ASSISTÊNCIA RESPIRATÓRIA INICIAL (RN PRÉ-TERMOS EXTREMOS) Para os recém-nascidos pré-termos extremos (<1000g ao nascer), quanto à assistência ventilatória imediata, as evidências nos orientam: iniciar imediatamente ao nascer o CPAP nasal em selo D´água; se o RN apresentar necessidade de O2 acima de 35%-45%, deverá ser intubado e receber o surfactante nas primeiras 2 horas de vida. Estes achados permite-nos considerar o uso inicial do CPAP para estes estes RN como um alternativa a rotina de intubação e surfactante Morley, 2008;SUPPORT, 2010; CURPAP,2010; Fuchs, 2011; Rocha G,2012 Margotto, 2011 ASSISTÊNCIA RESPIRATÓRIA INICIAL (RN PRÉ-TERMOS EXTREMOS) Surfactante profilático x estabilização CPAP: (Cochrane, 2012) Displasia broncopulmonar (DBP) RR 1.12; 95% CI 1.02–1.24) • • Mortalidade: (RR 0.89; 95% CI 0.76–1.04): não altera Escape aéreo: (RR 0.86; 95% CI 0.71–1.04): não altera Surfactante seletivo (1-2 horas) x tardio (≥2 horas) • Menor mortalidade (RR: 0.84; 95% CI 0.74–0.95) • • Menos escape aéreo (RR:0.61; 95% CI 0.48–0.78) Menos DBP (RR 0.83; 95% CI 0.75–0.91) Polin, 2014 ASSISTÊNCIA RESPIRATÓRIA INICIAL (RN PRÉ-TERMOS EXTREMOS) • 1-Pré-termos <30 semanas que necessita de ventilação mecânica devido a severa doença da membrana hialina deve receber surfactante após estabilização inicial: FORTE RECOMENDAÇÃO (Strong Recommendation). • 2- CPAP imediato ao nascer com subsequente surfactante seletivo deve ser considerado como uma alternativa a intubação de rotina com surfactante profilático ou precoce: FORTE RECOMENDAÇÃO (Strong Recommendation). Metanálise de Hendrik (2013):3289 RN <30 sem (7 ensaios clínicos) Intubação x CPAP Morte ou DBP: OR= 0,83 (IC a 95%:0,71-0,96) (PEQUENO, MAS SIGNIFICANTE BENEFÍCIO) Interessante: sem diferenças na hemorragia intraventricular (então, evitar a intubação é seguro!) Polin, 2014 SUPORTE INICIAL: CPAP nasal ou VNI Experiência do Columbia University e de outros Centros do mundo: não intubar tem um efeito muito importante na displasia broncopulmonar (DBP) e qualquer tentativa de ventilar de forma não invasiva teoricamente teria vantagem. • • O que os estudos mostram? • Menezes J et al (2012) • de intubação Menor Necessidade Sem diferenças na Displasia broncopulmonar com 36 semanas de Idade gestacional Belik,2012 SUPORTE INICIAL: CPAP nasal ou VNI • Kirpalani et al, 2013: CPAPNASAL X VNI • 34 Centros; 10 países: 1009 RN <1000g e Id. Gest.<30sem Desfecho primário Morte antes de 36 semanas de idade gestacional pós-concepção (IGpc) ou sobrevivênvia com displasia broncopulmonar com IGpc de 36 semanas: SEM DIFERENÇAS! Odds ratio ajustada para o peso ao nascer e Centro:1,09 (IC a 95%:0,83-1,43) Odds ratio ajustada para o sexo, uso ou não de esteróide prénatal, uso ou não de cafeína: 1,05 (IC a 95%: 0,80-1,39) SUPORTE INICIAL: CPAP nasal ou VNI Desfechos secundários: sem diferenças Desfechos secundários Falha do suporte respiratório: sem diferenças 58,3% (VNI) versus 50,1% (CPAPnasal) SUPORTE INICIAL: Portanto: CPAP nasal ou VNI • Na nossa Unidade de Neonatologia do HRAS/HMIB usamos a VNI (“CPAP ciclado”) apenas após a extubação por 72 horas, principalmente naqueles RN intubados por vários dias (não no INSURE: IntubaçãoSurfactante-Extubação). • Acreditamos que faltou, no estudo de Kirpalani, uma análise complementar: VNI pós-intubação versus CPAP nasal e VNI iniciada precocemente versus CPAP (talvez estes dados sejam apresentados em futura publicação) Estratégia pós-extubação Buzzella et al (Grupo do Bancalari, 2013): CPAP com alta pressões (pré-termos entre 500-1000 g e Id.Gest 23-30 semanas, extubados pela primeira vez durante as primeiras 6 semanas, exigindo fração inspirada de oxigênio ≥ 0.25) CPAP nasal com maior pressão (7-9cmH20) Falha de extubação: 0,39 [ 0,16-0,96 ] - p-0,004 Re-intubação 0,33 [ 0,016-,85 ] - p=0.023 Revisão da Cochrane, de 2001, com base em 3 estudos clínicos randomizados, não multicêntricos O sincronizada reduza a incidência da falha de extubação (RR 0.21; IC:0.10, 0.45): Número necessário para tratar: 3 RN com a VNI para evitar 1 falha de extubação. Não houve relato de perfuração gástrica uso da VNI Alvo seguro de Saturação de O2 • NA EXPRESSIVA MAIORIA DAS VEZES, OS ALVOS DE SATURAÇÃO DESVIAM PARA A HIPEROXEMIA! • Causas de Hipoxemia: podemos citar várias • Causas de HIPEROXEMIA: SOMOS NÓS MESMOS! Sola, 2010 Alvo seguro de Saturação de O2 Níveis de oxigenação no período neonatal: existe limite seguro? (Atualização em Neonatologia: O PULMÃO FETAL, Hospital Universitário, Universidade de Brasília, 21/5/2013) Autor(es): Paulo R. Margotto : • Consultem os efeitos do uso descontrolado do oxigênio sobre o cérebro, pulmão, intestino, olho, na genética, no crescimento, no maior risco de infecção e maior risco de leucemia na infância Oxigênio(oxi=ácidos e geno=formadora; molécula relativamente inerte) Existe um antes e um depois de 5 de maio de 2013! 88-96% x 85-93%: OR:0,41 (IC a 95%:0,24-0,72):severa ROP (Bizarro, 2014) (2004-2006 e 2008-2011) Alvo seguro de Saturação de O2 MENSAGENS! À luz das evidência (maio de 2013) Alvo de SatO2 seguro: entre 90-95% (nunca acima de 95%) A HIPEROXEMIA ESTÁ NAS MÃO DO PROFISSIONAL! É TÃO (OU MAIS) LESIVA QUANTO À HIPOXEMIA (RN com cardiopatia? >75% (80-85%) O problema continua nas nossas mãos! 90-95% Sola, 2010; Bancalari/Claure,2013; Ramos, 2005 Displasia broncopulmonar Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? Os prematuros de risco para displasia broncopulmonar são aqueles que nascem durante o estágio canalicular tardio ou na fase sacular precoce do desenvolvimento pulmonar (Megan O’Reilly, Bernard Thébaud, 2012) 24-28 semanas Trembath A.2012 Megan O’Reilly,2012 Vilão: Ventilação mecânica O uso do surfactante levou a situação de muitos RNPT extremos recebendo VM obrigatória após terapia de reposição com surfactante. (Fusch,2012) Ao usar: gentil! Displasia broncopulmonar Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? • “RN com 23-24-26 semanas, acredito que nunca vamos conseguir fazer com que estes pulmões respirando gás tenham um desenvolvimento totalmente normal, usando as estratégias atuais” . Então -bloqueador do CTGF (fator profibrótico) -células tronco intratraqueal Bancalari, 2012 Displasia broncopulmonar Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? Histologia em (A) de um pulmão controle, em (B) ventilado com volume corrente normal e em (C), ventilado com alto volume corrente. Observe em (C) a superdistensão alveolar e o espessamento do septo CTGF Observem as células positivas para o CTGF (cor marrom-setas) no pulmão normal em (A), ventilado com volume corrente normal (B) e ventilado com alto volume corrente (C)(Wu S et al, 2008) • Displasia broncopulmonar Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? • Administração intratraqueal de células mesenquimais derivadas da medula óssea (MSC) restaura a diminuição da densidade capilar pulmonar induzida por hiperoxia. A microscopia eletrônica de varredura mostra a promoção da angiogênese e restaura a densidade da rede capilar nos pulmões expostos a hiperoxemia, com a administração de células troncos via intratraqueal em ratos (van Haaften T et al, 2009) Ah!, MAS ISTO NÃO VAI ACONTECER NUNCA NUNCA DIGA NÃO!!!!! Displasia broncopulmonar:Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? Margotto, PR, 1983 (há 30 anos!), escrevemos: Em 28/2/1983 (BIP No 29) Em Pesquisa • (1980)-nebulização de lipídios tratados com técnicas especiais resultou no SURFACTANTE: usado em coelhos, possibilitou reduzir a FIO2 de 81% para 38%; alterações radiológicas melhoraram entre 1h30 a 6h • A PARTIR DE 1990-LIBERADO Displasia broncopulmonar:Uso de corticosteróide. 2014! Quando? Qual? Dose? • 9 RN entre 24-26 semanas:3 usaram baixa dose:1 x 107 células/kg (2 mL/kg) e 6 usaram alta dose: 2 x 107 células/kg(4 mL/kg); a média de idade ao receber a terapêutica: 10,4±2,6dias • Não houve nenhum efeito colateral sério imediato • • • 3 RN: DBP moderada;nenhum: forma grave Nos RN que não receberam: 72% com DBP moderada/severa Nenhum desenvolveu retinopatia da prematuridade Displasia broncopulmonar:Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? 84 dias depois! • Será que vamos conseguir prevenir ou mesmo curar a Displasia broncopulmonar nos RN entre 24-26 semanas? DBP moderada (6 pacientes); DBP grave (3 pacientes) Chang YS,2014 Displasia broncopulmonar:Uso de corticosteróide. Quando? Qual? Dose? • Segundo Doyle et al, as crianças com alto risco (>65%) de desenvolver DBP podem ter o risco de desenvolver DBP e paralisia cerebral diminuídos com o uso de corticóide. • Ferramentas de cálculo estimado de risco disponíveis em: • https://neonatal.rti.org. Ir em TOOLS-BPD Outcome Estimator – Vai abri uma calculadora • Recém-nascidos com mais de 10 dias em ventilação mecânica com FiO2 acima de 30% pressão média das vias aéreas (MAP) >9cmH2O: dexametasona nas seguintes doses (Doyle e cl):Dose total:0,89mg/kg • • • • -0,15mg/kg/dia-3 -0,10mg/kg/dia-3 -0,05mg/kg/dia-2 -0,02mg/kg/dia-2 dias dias dias dias Margotto,2013 • Hydrocortisone and Extubation - Randomized Controlled Trial of the Effect Of Hydrocortisone on Survival Without Bronchopulmonary Dysplasia and on Neurodevelopmental Outcomes at 22 - 26 Months of Age in Intubated Infants < 30 Weeks Gestation Age Hérnia diafragmática Hipertensão pulmonar Uso de Prostaglandina E-1: quando usar? • na presença de severa hipertensão pulmonar a insuficiência cardíaca direita frequentemente torna-se eminente no momento do fechamento do canal arterial (a reabertura do canal arterial pode diminuir a sobrecarga ventricular direita) • deve ser considerado o seu uso SOMENTE em casos de hipertensão pulmonar severa refratária, principalmente em situações que não se dispõe da combinação NOi e ventilação de alta frequência e após a avaliação da ecocardiografia evidenciando disfunção ventricular direita • CUIDADO: A PROSTAGLANDINA E-1 PODE LEVAR À HIPOTENSÃO ARTERIAL (REVERTE PRONTAMENTE COM A SUA SUSPENSÃO) Buss M,2006 PCA-Visão do Neonatologista Na tomada de decisão do fechamento da PCA (conduta expectante/medicamentosa/ligação cirúrgica) 1) Identificar subgrupos de RN de risco: -RN <28 semanas (3o dia de vida;dm≥1,5mm)(Sellmer,2013) (Morte ou severa morbidade: OR:5,0 (IC a 95%:1,4 a 19)(HIV:4X;DBP:3,7X) -RN<1000g 2) Combinar achados ecocardiográficos + clínicos na definição da PCA hemodinamicamente significativa 3) Ligação cirúrgica: evitar o seu uso precoce no período neonatal Não há no momento evidências de fechar canais arteriais sem repercussões hemodinâmicas, principalmente nos RN> 1000g e ≥28 semanas e muito menos, ligação cirúrgica precoce INFECÇÃO BACTERIANA Antibioticoterapia racional Quando usar?Quando suspender? Riscos Uso inadequado ou discutível de antibióticos • • • • • • • RN pré - termo de muito baixo peso Rotura prematura de membranas Aspiração de mecônio Corioamnionite Febre materna Infecção do trato urinário materno RN com procedimentos invasivos (cateter vascular;ventilação:trocar circúito cada 7 dias ou mais) Prematuro “sem causa conhecida” Margotto,2013 INFECÇÃO BACTERIANA Antibioticoterapia racional Quando iniciar antibiótico: RN assintomático com IG < 34 semanas com fatores clássicos - Bolsa rota > 24 h - ITU não tratada ou tratada < 72 h - Febre materna - Leucocitose materna - LA fétido ou purulento - Colonização materna pelo Streptococcus grupo ß - Gemelaridade (RN < 1000g): 5 X risco de SGB - Hemograma, PCR, hemocultura - PCR diário (3 dias) INICIAR O ANTIBIÓTICO Margotto, 2013 INFECÇÃO BACTERIANA Antibioticoterapia racional • RN assintomático com IG >34 semanas com ou sem fatores de risco clássicos: • Não iniciamos o antibiótico • Hemograma com 12 - 24 - 48 h • PCR seriado (3 dias) • O hemograma não deve ser usado como o único parâmetro de decisão A decisão mais difícil:deve ser a RETIRADA Margotto, 2013 INFECÇÃO BACTERIANA Antibioticoterapia racional Antibioticoterapia empírica prolongada (≥5dias;culturas negativas) Patel, 2011:50% sem bacteremia provada recebem tratamento para a sepse (situação diagnóstica problemática!) • Cottom et al(2009):enterocolite necrosante e morte 4039 RN<1000g Regressão logística multivariada -Tempo prolongado de antibióticos altera o desenvolvimento fisiológico e imunológico intestinal enterocolite necrosante -Redução da flora bacteriana colonização por fungo candidíase neonatal Antibioticoterapia empírica prolongada (≥5dias;culturas negativas) • Alexandre et al (2011):estudo caso-controle (com e sem enterocolite necrosante-ECN) Após 1-2 dias de exposição ao antibiótico, o risco de desenvolver ECN aumentou 1,19 vezes e continuou a aumentar com a exposição adicional ao antibiótico ( 1,43 para 3-4 dias; 1,71 para 5-6 dias; 2,05 para 7-8 dias; 2,45 para 9 a 10 dias e 2,94 acima de 10 dias) Nos RN SEM SEPSE, A exposição ao antibiótico foi um risco significativamente independente para ECN Antibioticoterapia empírica prolongada (≥5dias;culturas negativas) Kupala VS, 2011:365 RN ≤32sem;≤1500g (Regressão logística (controle de IG, peso, rotura prematura de membrana, vent mec, uso de leite materno) para cada dia de antibioticoterapia empírica inicial, a odds ratio (OR) para sepse tardia, enterocolite necrosante ou morte e para sepse tardia, aumentou significativamente. LOS:sepse tardia Uso Racional de Antibióticos O diagnóstico e tratamento de neonatos com suspeita de sepse de início precoce baseia-se em princípios científicos modificados pela "arte e experiência" do profissional A terapia antimicrobiana deve ser descontinuada em 48 horas em situações clínica em que a probabilidade da sepse é baixa. Artigo Integral! Management of Neonates With Suspected or Proven Early-Onset Bacterial Sepsis. Polin RA; the COMMITTEE ON FETUS AND NEWBORN. Pediatrics. 2012 May;129(5):1006-1015. Epub 2012 Apr 30. Infecção fúngica Terapia profilática (para taxas >5-10%) x empírica precoce Terapia empírica precoce (Terapia fungicida em RN com fatores de risco para sepse fúngica (colher culturas) Os três seguintes critérios: -RN <1500g ou RN com mal estado geral -Clínica da infecção e/ou neutropenia (<1500 neutrófilos), trombocitopenia e/ou hiperglicemia de difícil controle -Uso de antibióticos de amplo espectro ou pelo menos 7 dias (cefalosporina de terceira geração, carbapenêmicos e/ou vancomicina) Procianoy,2006 Margotto,2013 Infecção fúngica Com um ou mais dos seguintes fatores associados: -Nutrição parenteral com lipídeos -Uso de corticosteróides -Uso de bloqueador H2 -Ventilação mecânica -Candidíase mucocutânea INICIAR ANFOTERICNA B na dose de 1 mg/kg/dia, após a coleta de hemocultura e líquor (usamos por 14 dias) Deve ser feito rastreamento: FUNDO DE OLHO, ecocardiografia e ecoabodminal e cerebral (em 60% pode haver comprometimento renal, cardíaco e oftalmológico) Baharwani,2008 Procianoy, 2005 , Makhoull, 2001, Infecção fúngica (Terapia profilática x empírica precoce • Greenberg J (2012):terapia empírica precoce: menos morte e menor deficiente neurodesencolvimento (18-22 meses): OR:0,27;IC a 95%:0,08-0,89-P=0,03 • Metanálise (Cochrane)(2014): tratamento profilático : não alterou mortalidade Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção • Todos os neonatologistas sabem como alimentar os RN pré-termos. • Resultado: 99% dos RN pré-termos de muito baixo peso estão abaixo do percentil 10 na Idade gestacional pós-concepção de 36 semanas Cooke,R;2006 Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção É possível reduzir a restrição do crescimento pós natal nos recém-nascidos de muito baixo peso? • Para PREVENIR O ESTADO CATABÓLICO • UMA ABORDAGEM NUTRICIONAL “AGRESSIVA” (“agressive” nutritional approach) • -iniciar aminoácidos no primeiro dia de vida: vai aumentar a secreção de insulina e evitar a hiperglicemia) • -lipídio: 0,5-1g/kg/dia) no primeiro dia de vida e aumentar rapidamente até 3g/kg/dia • -glicose:4-5mg/kg/min (evitar a hpoglicemia:<50mg% e hiperglicemia (<150mg%) De Curtis, 2012; Burattini,2013 Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção NUTRIÇÃO ENTERAL(NE) E PROTEÓLISE • A Nutrição Enteral (NE) é muito mais efetiva que a Nutrição Parenteral (NP) na diminuição do efeito da proteólise e aumenta a incorporação proteica. • proteólise foi 40% menor durante a NE plena e o balanço protéico total significante maior Prematuros extremos não alcançam NE plena por um período de semanas sendo proveitoso combinar NP e NE, podendo assim diminuir proteólise e aumentar incorporação proteica FATO! Deene SC,2007 Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção • Menos sepse:Queda da sepse a cada ano com a NE precoce (r2=0,89) FATO! Fidel-Rimom, 2004 (Israel):início dieta Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção • NE precoce: menos colestase (RR:0,58 (0,37-0,91), NE plena mais precoce (HRc1,45 (1,19-1,78- p<0,001) (não aumenta ECN0 - Leaf A et al, 2012 • Maior crescimento da cabeça (Rochow, 2012) • Menos displasia broncopulmonar • (doença inflamatória que leva a proteólise) Wemhöner, 2011 • Menos Retinopatia (Hellström A,2010) FATO! Margotto, 2012 Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção Causas das suspensões de dieta • • • • INÚMERAS! -distensão abdominal: todo RN prematuro em algum momento apresenta alguma distensão abdominal -aspirado verde: (função pilórica deficiente) e todas eles, em um momento ou outro vão ter um aspirado gástrico verde. Isto não é contraindicação para a suspensão da dieta oral -resíduo gástrico (RG): subestimação de até 25% do RG de acordo com técnica de aspiração do RG! Definição de RG:mais da metade do que se administra? NÃO DEVE SER DESCARTADO! -uso de cateter: não é motivo para suspender a nutrição Ray W, 2012; Neu ,2011; Mihatsh, 2003 Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção Causas das suspensões de dieta • • • • Canal arterial com repercussão hemodinâmica (suspender) (Não suspender devido o uso de indometacina!) RN infectado: suspender se presença de íleo RN com diástole reversa ou zero (fluxo sang. artérias umbilical pré-natal): suspender por 48-72 horas se ASFIXIA! (RN <29 semanas: avanço lento; ECN:Kempley,2014 RN em transfusão sanguínea: -Neu (2010): não suspender (controverso) -El-Dib (2011): suspender enterocolite necrosante (5.3 a 1.3% p<0.047) Ray W, 2012 Nutrição Enteral Precoce: fato ou ficção Início da via digestiva: LEITE HUMANO CRU (proteção da sepse, enterocolite necrosante e hipertensão pulmonar: Importância do BH4-tetrahidrobiopterina!) O MAIS PRECOCE POSSÍVEL -8ml/kg a 12-24ml/kg com aumento lento na primeira semana -<1000g: 1-2 ml cada 4-6 horas ->=1000g: 2-3 ml cada 4-6 horas A partir do 7º dia, aumentar: 10ml/kg/dia (<800g) a 20ml/kg/dia (>=800g) Cossey,2013;Belik,2012 Margotto, 2012 Analgesia no RN ventilado • • A VM é uma intervenção potencialmente dolorosa e desconfortante (analgesia é rotina em adultos e criança maiores) No entanto, para os RN ventilados o uso de analgésicos é controverso: dificuldade de avaliar dor crônica (não é válido usar marcadores de dor aguda, como a Escala PIPP) • Na dúvida: tratar todos? A evidência não respalda! • -uso de morfina: -aumento da duração da ventilação (1 DIA A MAIS) -hipotensão arterial (23-26 sem) -maior percentual de uso de inotrópicos (Fent 76% x Morf 84%) -diminuição da motilidade gastrintestinal (Fent 23% x Morf 46%) -retenção urinária -atraso para alcançar nutrição enteral total -infecções relacionadas ao cateter, patologia intestinal, complicações da nutrição parenteral, atraso do crescimento -diferenças na análise visual do teste de inteligência visual (pior no grupo da morfina) De Graaf, 2011,Hall, 2007;Hall, 2005;Bhandari,2005;Kennedy, 1999; Saarrenmaa,1996 Margotto,2013 ;Margotto,Moura,2013 Analgesia no RN ventilado Metanálise de Bellú R (2006) • Opioids for neonates receiving mechanical ventilation Conclusão dos revisores Não há evidência suficiente para recomendar o uso rotineiro de opióides em recém-nascidos em ventilação mecânica. -Os opióides devem ser utilizados de forma seletiva, quando indicado pela avaliação clínica e avaliação dos indicadores de dor. -Sem diferenças na mortalidade, displasia broncopulmonar, permanência hospitalar, enterocolite necrosante Margotto,Moura,2013 Analgesia no RN ventilado Para onde devemos ir agora? • Seria ético um ensaio controlado randomizado avaliando os resultados de RN em VM tratados com narcótico, benzodiazepínicos ou placebo? • É claramente antiético suspender uma terapia de benefícios comprovados. Assim , é ético este trial • Seria a única forma definitiva de resolver se devemos ou quando devemos usar analgésicos/sedativos nos RN ventilados Kennedy, 1999 Analgesia no RN ventilado • Eficácia e segurança da infusão contínua de fentanil para o controle da dor em recém-nascidos pré-termos em ventilação mecânica Efficacy and safety of continuous infusion of fentanyl for pain control in preterm newborns on mechanical ventilation Ancora G, Lago P, Garreti E et al (Itália) J Pediatr 2013;163:645-51 • RN<=32sem6dias foram randomizados para fentanil (infusão contínua de fentanil mais bolus se necessário) ou placebo (infusão contínua de placebo mais bolus de fentanil se necessário); Analgesia no RN ventilado • Em conclusão, a falta de redução dos escores de dor prolongada e maiores efeitos colaterais associados com infusão contínua de fentanil não suportam o uso rotineiro deste tratamento nos recémnascidos pré-termos ventilados; • Bolus de fentanil antes de procedimentos invasivos ou em função dos escores de dor tem a mesma eficácia e são mais seguros do que a infusão contínua e pode ser recomendada em tais casos Analgesia no RN ventilado • DEVEMOS USAR, ENTÃO ANALGÉSICO DE ROTINA EM TODO RN VENTILADO ? Qual é a evidência? Reservar as intervenções farmacológicas, tanto para a analgesia e sedação para recém-nascidos selecionados -onde a presença da dor pode ser razoavelmente ser predita, -quando a dor e o estresse estão interferindo com o efetivo manuseio do ventilador ou outro suporte vital -quando as medidas ambientais mostraramse falhas. -somente após a estabilização hemodinâmica Hall, 2007;Kennedy KA, 1999;Grunau, 2004; Bancalari, 2010; Guinsburg, 2010 Analgesia no RN ventilado A mais óbvia e efetiva estratégia para diminuir a dor do RN na UTI Neonatal -restringir a freqüência de procedimentos dolorosos, especialmente àqueles que são mais comumente relatados, como as punções de calcanhares e a aspiração do tubo endotraqueal; coleta de sangue de cateter (gasometria pode ser venosa) -evitar a hipoxemia, a agitação e a “briga com o respirador”; posição prona (diminui a atividade motora e estabiliza a oxigenação); novos métodos de ventilação (ventilação mecânica automatizada) Margotto,Moura,2013 SEDAÇÃO • • • • Midazolam “Veneno na UTI Neonatal” Ao usar Midazolan: pedir consentimento informado aos pais Deveríamos erradicar esta droga das Unidades Neonatais Osmolaridade: 2000 mOsm/L (igual a do bicarbonato) Morte neuronal nos animais com supressão da atividade neuronal e dirige os neurônios em desenvolvimento para cometer suicídio (Olney, 2004) NÃO DEVE SER USADA EM PRÉTERMOS Sola, 2010 Analgesia Ketamina • Efeitos analgésicos são mediados pelo antagonismo aos receptores Nmetil-D-aspartato (NMDA) • O bloqueio dos receptores NMDA por poucas horas durante o período fetal tardio ou neonatal precoce pode iniciar uma ampla neurodegeneração apoptótica nos cérebros de ratos em desenvolvimento Anand,2007;Ikonomidou C,1999;Perlman,2005 Analgesia Estudos em animais Ketamina • a ketamina induz morte celular nos cérebros em desenvolvimento • a ketamina altera a neurogênese do desenvolvimento neural precoce, além da proliferação e diferenciação neuronal Então surge a pergunta: • a ketamina pode induzir os mesmos efeitos tóxicos no cérebro humano em desenvolvimento? Quais são os reais mecanismos envolvidos? Margotto,2013 Analgesia Ketamina • A partir de células tronco embriônicas humanas foram obtidos células tronco neurais para o estudo da toxicidade • Houve aumento da proliferação de células tronco neurais humanas, • causou apoptose neuronal através de uma via mitocondrial, • induziu a produção de ROS, sendo acompanhada de anormalidades ultraestruturais, tais como a fissão mitocondrial Maior vulnerabilidade do cérebro em desenvolvimento aos anestésicos: terceiro trimestre e continua 2 a 3 anos após o nascimento Fissão mitocondrial! Margotto,2013 Analgesia Ketamina • A neurotoxicidade é um sério efeito potencial da ketamina em populações vulneráveis, particularmente os pré-termos e as gestantes, agora, pela primeira vez evidenciado em células neuronais humanas! O uso rotineiro de ketamina para a analgesia nesta população de risco, principalmente para imediata analgesia devido a intubação eletiva de pré-termos na Sala de Parto, não está recomendado até que novos estudos demonstrando segurança da ketamina sejam conduzidos Margotto,2013 AMBIENTE DA UTI NEONATAL • Os pré-termos emergem de um ambiente uterino seguro para um ambiente -barulhento,estressante e doloroso • Falta-lhes a maturidade autonômica e funcional • Esta exposição pode alterar o desenvolvimento cerebral com repercussões comportamentais para toda a vida • O nascimento pré-termo rompe a progressão do desenvolvimento das estruturas cerebrais e afeta o desenvolvimento dos sistemas sensoriais Não basta somente aumentar a taxa de sobrevida, mas também o sucesso do neurodesenvolvimento EVITAR: Margotto,2011 Doesburg, 2013 AMBIENTE DA UTI NEONATAL Temos apenas um único cérebro durante toda a vida. Todas as experiências são importantes UTI NEONATAL: SALA DE INTENSO DESENVOLVIMENTO CEREBRAL O crescimento cerebral depende de experiência. A experiência do bebe cujo cérebro está se desenvolvimento na UTI será afetado pela qualidade do atendimento e do cuidado, do manuseio que fazemos. Lawhon,2010 “Somos o que somos, mas somos principalmente o que fazemos para mudarmos o que somos” AMBIENTE DA UTI NEONATAL: Podemos mudar! -O Cuidado Intensivo é uma experiência dolorosa com repercussões no amanhã para o RN prematuro -Devemos estar atentos ao intenso desenvolvimento cerebral que está ocorrendo nestes prematuros Devemos ser facilitadores nesta difícil travessia: -ser menos invasivos -propiciar ambiente sem ruído, sem luz excessiva -menos agressivos nas drogas A DIFERENÇA ESTÁ NO AMANHÃ: SÃO INDIVÍDUOS COM POTENCIAL DE 70-80 ANOS DE VIDA! Estarei de olho!!! Margotto,2011 Após esta tsunami de informações... Ilha de Sumatra (Indonésia) - Tsunami - 26 de Dezembro/2004; É Impressionante!!!Foto tirada na Ilha de Sumatra e encontrada na câmara fotográfica 1 mês e meio depois (a onda mede 32 m!). Devemos pensar na nossa pequenez frente as forças da Natureza! Melhores Práticas Neonatais (Evidência com a Experiência) MUITO OBRIGADO! Passamos agora ao sorteio dos Livros Assistência ao Recém-Nascido de Risco e Neurossonografia Neonatal, 2013 de Paulo R. Margotto