Semiótica aplicada
ao projeto de design
A ocorrência de um produto é resultante e
expressão de um cenário político, econômico, social
e cultural, dentro das dimensões histórica e
geográfica. O produto está sujeito a interferências
várias, determinadas pelas contingências do
sistema em que participa.
Em sua interação com o indivíduo entram em ação
os filtros que atuam nesse processo: filtros
fisiológicos (acuidade de percepção), filtros
culturais (ambiente, experiência individual) e
emocionais (atenção, motivação). A percepção do
produto dependerá do julgamento a que for
submetido. Daí, face a sua estrutura mental, o
indivíduo reage ou responde a esse produto. Esse
processo de interação é Objeto de estudo de
diferentes áreas do conhecimento: a ergonomia, a
antropologia, etc. Delas, uma é a semiótica.
Para que algo seja gerado, produzido, empresário e
designer se articulam e constituem o lugar que
denominamos Gerador. Para projetar/produzir, o
Gerador vai lançar mão de um conhecimento que
pode acessar, seja do âmbito tecnológico seja do
cultural. A partir desse acervo é que o produto
toma forma e carrega os elementos que viabilizarão
a sua comunicação.
Esses elementos serão algo que se destina não só ao
usuário, mas a todo um leque de indivíduos que não
necessariamente utilizarão o produto, mas o
reconhecerão e atuarão para que o produto estruture
um processo de identificação. Daí que não empregamos
o termo destinatário para essa instância, e sim a de
Interpretador, uma denominação mais inclusiva.
O Interpretador de um produto não é só o indivíduo
único. Ele é multiplicável em vários sujeitos, usuários,
consumidores ou não, meros espectadores de uma
ocorrência. A mensagem percorre, por diferentes
canais, caminhos até chegar ao seu público-alvo, mas
não se restringe a esse.
O projeto de design pode envolver desde o cliente que
contratou o serviço até o usuário ou consumidor final,
passando por fornecedores e pessoas que estarão
envolvidas na comercialização e na difusão do produto
gerado. Portanto, o designer deve conhecer as
intenções, metas, exigências e limitações do seu cliente
e se preocupar com as características geográficas,
temporais e socioeconômicas não só do usuário visado,
mas até mesmo da comunidade em geral, e daqueles
que dificilmente se aproximarão de fato ao produto.
O Gerador e o Interpretador são os interlocutores do
processo de comunicação. São elementos ativos no
envio e recebimento da mensagem, num processo de
alternância de posições com sua reação, o Interpretador
passa a produzir mensagens, que por sua vez são
processadas (ou não) pelo Gerador.
A mensagem tem como objetivos, em primeiro lugar,
fazer e crer e, em segundo, levar o Interpretador a fazer
algo, tomar uma decisão. Ele é crítico o suficiente para
selecionar suas ações em virtude da compreensão da
mensagem. O repertório é um recorte do acervo que
cada indivíduo constrói no decorrer da sua vida. São
todos os valores, conhecimentos históricos, afetivos,
culturais, religiosos, profissionais e experiências vividas.
O código é o conjunto de signos que compõem a
mensagem, perceptíveis ao receptor. O substrato, o
meio pelo qual a mensagem é enviada se chama canal.
O Gerador é responsável pela escolha das estratégias –
código, mensagem e canal para se comunicar, mas o
repertório do Interpretador será o fator determinante
para que os objetivos do processo sejam atingidos.
Portanto, é necessário que o Gerador elabore a sua
mensagem de modo que os elementos ao passarem por
um processo perceptivo do Interpretador tenham
repercussão consistente com aquela visada pelo
Gerador. Quanto mais o Gerador tem conhecimentos do
repertório do Interpretador (e os aplica) maior será a
possibilidade de êxito de seu propósito comunicacional.
Fatores intervenientes no
processo de comunicação
Propósito comunicacional:
Em todo processo de comunicação há um propósito de
transformação de uma situação ou estado. Do
desconhecimento para o conhecimento, da junção à
disjunção e vice-versa. Não há comunicação inocente.
Para se dar essa mudança de estado, há dois tipos de
processo: o da persuasão e o da manipulação.
Organizações econômicas regionais
Persuasão:
A persuasão é a estratégia utilizada pelo Gerador para
fazer o Interpretador crer em algo. Nessa conduta, o
objetivo do Gerador é dar credibilidade À mensagem
veiculada. O Interpretador da mensagem precisa estar
ou se tornar predisposto à mensagem e isso só
acontecerá se ele acreditar no que for apresentado.
Estabelece-se assim entre as partes um contrato
fiduciário, que é um acordo tácito de confiança. A
efetivação da persuasão é indispensável para que o se
dê um processo de transformação.
Manipulação:
No segundo momento, a mensagem comunica pela
manipulação do destinatário (somente se este for
persuadido). A manipulação é a estratégia utilizada pelo
Gerador para que o Interpretador assuma atitudes,
comportamentos, conforme a mensagem especificou.
Trata-se de um fazer-fazer. Nessa conduta o objetivo do
Gerador é levar o Interpretador a algum tipo de ação.
Há, portanto, um componente persuasivo prévio na
mensagem e o estabelecimento também de um novo
contrato fiduciário: o prometido vai se efetivar se as
pré-condições forem atendidas.
As táticas para uma estratégia de manipulação são:
•Intimidação:em que a punição é vislumbrada
•Provocação: na qual um desafio está subjacente
•Tentação: quando se acena com uma premiação
•Sedução: tática em que há uma tentativa e evocação
de envolvimento afetivo.
Repertório:
Memória,
referências,
experiência
de
vida,
conhecimento compõem o repertório. É a partir deste
repositório que a relação comunicativa se estabelece.
Só tem significado o que pode se relacionar com algo já
conhecido. Para que se efetive um processo de
comunicação, é necessário que a mensagem tenha
referências ao repertório que o Interpretador partilha
com o Gerador.
Codificação/Decodificação:
Na relação comunicativa, é indispensável sque os
sujeitos que dela participam tenham o domínio
suficiente para o processamento do código escolhido.
Este processo se dá tanto na instância do Gerador
quanto na do Interpretador.
O grau de competência para codificação e para
decodificação será determinante para a eficácia do
processo de comunicação.
OBRIGADO!
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