FACULDADE CAPIXABA DA SERRA- SERRAVIX CURSO PEDAGOGIA IRONETE DA SILVA ALVES MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: NOVOS OLHARES SERRA 2013 IRONETE DA SILVA ALVES MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: NOVOS OLHARES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao programa de Graduação em Pedagogia da Faculdade Capixaba da Serra como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Orientador Professor: Paulo Roberto Nunes Scarpatti SERRA 2013 Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca da Faculdade Capixaba da Serra - Serravix. Serra, ES.) A474m ALVES, Ironete da Silva. Motivação no contexto escolar: novos olhares. / Ironete da Silva Alves– Serra: Faculdade Capixaba da Serra, 2013. 54fls. Orientador: Paulo Roberto Nunes Scarpatti Trabalho de conclusão de curso (Curso de Pedagogia) – Faculdade Capixaba da Serra – Serravix 2013. 1. Motivação. 2. Interação. 3. Aprendizagem - Aluno. I. Nunes, Paulo Roberto. II. Faculdade Capixaba da Serra - Serravix. lll. Curso de Pedagogia. IV. Título. CDD: 370 IRONETE DA SILVA ALVES MONOGRAFIA: MOTIVAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR: NOVOS OLHARES Monografia apresentada ao programa de Graduação em Pedagogia a Faculdade Capixaba da Serra, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia. Aprovada em 25 de Julho de 2013 COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Paulo Roberto Nunes Scarpatti Faculdade Capixaba da Serra-Serravix Orientador Prof. Oscar Omar Carrasco Delgado Faculdade Capixaba da Serra- Serravix Membro 1 Prof.ª Geruza Ney Alvarenga Faculdade Capixaba da Serra- Serravix Membro 2 Agradeço a Deus em primeiro lugar. Este por está comigo nos momentos em que mais preciso, é por Ele que cheguei até aqui. Ao professor Paulo Roberto Nunes Scarpatti meu orientador pela paciência e atenção. Aos professores Oscar Omar Carrasco Delgado e Geruza Ney Alvarenga por estarem comigo desde o início. Aos demais professores, amigos e colegas que fizeram parte desse processo o meu agradecimento. Sou motivado quando sinto desejo, ou carência, ou anseio, ou falta. Ainda não foi descoberto qualquer estado objetivamente observável que se correlacione decentemente com essas informações subjetivas, isto é, ainda não foi encontrada uma boa definição comportamental de motivação. (Maslow, 1961) LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- MOTIVAÇÃO É:....................................................................................46 GRÁFICO 2- COMO O PROFESSOR PODE MOTIVAR O SEU ALUNO.................47 GRÁFICO 3- MOTIVOS QUE O ALUNO TEM PARA IR À ESCOLA........................48 GRÁFICO 4- O QUE A ESCOLA FAZ PARA MOTIVAR OS SEUS ALUNOS..........49 RESUMO Este trabalho tem como tema a Motivação no Contexto Escolar: Novos Olhares, onde será abordada a relevância da motivação para a aprendizagem do aluno através de ferramentas motivacional, ou técnicas de motivação, como forma de despertar no aluno o interesse para o aprendizado. Partindo do pressuposto de que o aluno aprende e adquire o conhecimento significativo através de interação com o outro, relaciona-se a teoria Sócia Interacionista de Vygotsky à motivação extrínseca, para explicitar essa ideia. Ressalta-se o brincar, a brincadeira, e as novas tecnologias da informação e comunicação como técnicas de motivação para se trabalhar em sala de aula, de maneira a despertar o interesse do aluno para a aprendizagem. Reconhece-se que ambos são relevantes para o desenvolvimento da criança. Ao interessar-se por saber como andava a questão da Motivação nas Escolas atualmente, utilizou-se de pesquisa de campo direcionada aos professores, e esta foi realizada através de observação e entrevistas para a coleta de dados, e os resultados foram apresentados em forma de relatório descritivo e gráficos. Os professores entrevistados disseram que Motivar o aluno é despertar nele o interesse para a realização das atividades escolares. Assim, propõe-se que a Escola insira a motivação na sua prática, tirando dela as melhores vantagens pedagógicas. Palavras-chave: Motivação. Interação. Aprendizagem. Aluno. ABSTRACT This work is subject to Motivation in School Context: New Perspectives, which will be addressed the relevance of the motivation for student learning through motivational tools, and motivation techniques as a way to awaken in the student's interest for learning. Assuming that the student learns and acquires knowledge through interaction with significant others, related to the Socio-Interactionist theory of Vygotsky to extrinsic motivation, to explain this idea. We emphasize the play, play, and new technologies of information and communication as motivation techniques to work in the classroom, in order to arouse the interest of the student for learning. It is recognized that both are relevant to the child's development. To take an interest in how the issue of Motivation walked in Schools currently, we used field research directed at teachers, and this was done through observation and interviews to collect data, and the results were presented as specification and graphics. Teachers interviewed said that Motivate the student is to awaken his interest for the realization of school activities. Thus, it is proposed that the school enter the motivation in their practice, taking from it the best pedagogical advantages. Keywords: Motivation. Interaction. Learning. Student. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................10 CAPÍTULO I 2 CONCEITO E TEORIA DE MOTIVAÇÃO.......................................15 2.1 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA OU INTERNA.................................................17 2.2 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA OU EXTERNA...............................................19 2.3 MOTIVAÇÃO E A TEORIA SOCIO-INTERACIONISTA DE VYGOTSKY...21 CAPÍTULO II 3 A PARTICULARIDADE DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR...............................................................................................................26 3.1 MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM DO ALUNO.............................28 3.2 MOTIVAÇÃO DO PROFESSOR PARA ENSINAR...................................32 3.3 A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO FATOR MOTIVACIONAL.........34 CAPÍTULO III 4 TÉCNICAS DE MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM .......38 4.1 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO TÉCNICAS DE MOTIVAÇÃO DO ALUNO.............................................................42 CAPITULO IV 5 PESQUISA DE CAMPO.....................................................................46 5.1 AVERIGUAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DE PESQUISA DE CAMPO...46 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................50 7 REFERÊNCIAS....................................................................................53 7.1 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................53 7.2 WEBGRAFIA.............................................................................................54 10 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho aborda o tema a Motivação no contexto Escolar: Novos Olhares. Uma nova proposta para o processo ensino- aprendizagem, especificamente na sala de aula, pretendendo assim ressaltar a relevância da motivação para a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo do aluno em fase de iniciação do conhecimento. Pois, acredita- se que a motivação nessa fase é que vai servir de impulso para a continuidade desse processo, e ainda que a aprendizagem seja contínua, ela precisa de motivos para acontecer efetivamente. Almeja- se conhecer o significado e importância do termo motivação para a aprendizagem, a partir da visão de alguns pesquisadores renomados como, Abraham Harold Maslow, Lev Vygotsky, Henri Wallon, Evely Boruchovitch, José Aloyseo Bzuneck, Oliveira e outros. As pesquisas em torno desse tema buscam torná-lo um fator para o aprendizado na sala de aula, como uma ferramenta importante que contribuirá para diminuir o fracasso e a evasão escolar. A falta de motivação na sala de aula leva a inúmeros fatores negativos, tanto para o aluno, quanto para o professor. A escolha do tema motivação deu-se ao questionar sobre a possibilidade de ensinar ao aluno que não apresenta nenhum distúrbio, mas que tem dificuldades em aprender. Considerando-se que para aprender é preciso querer, então como despertar o interesse nesse aluno que mesmo tendo todas as condições para aprender, não aprende. Compreende- se que há a falta de interesse dos alunos com relação às disciplinas e aos conteúdos transmitidos pelo professor em sala de aula. Aborda-se a motivação no âmbito educacional, pois professores e alunos precisam de motivação para alcançar o objetivo principal desse processo que é o ensino e a aprendizagem. Sendo assim, observa- se a necessidade de uma visibilidade maior desse tema para a realização e o sucesso de todos, na instituição escolar. A motivação será apresentada como mais uma ferramenta que contribuirá com o processo de aprendizagem na sala de aula, porque ela será aliada do aluno. 11 Busca-se entender por meio dessa pesquisa o conceito do tema motivação, e ao mesmo tempo apresentar a falta de motivação como sendo um dos maiores fatores que contribuem de forma direta, e ou, indireta para a evasão escolar. Pesquisa- se os tipos de ferramentas que podem ser utilizadas pelo professor em sala de aula, como forma de motivar o aluno. Além do mais, investiga-se como se desenvolve o processo de aprendizagem afim de, se averiguar qual a melhor maneira de motivar o aluno que se encontra com falta de interesse, em relação às disciplinas de base curricular. Fala-se muito de motivação fora do âmbito escolar, em especial nas empresas, enquanto que nas Escolas, só esporadicamente. Por isso, há a necessidade de pesquisas que abordem o assunto: Motivação como recurso que poderá contribuir para o conhecimento dos futuros educadores enquanto ser responsável pelo ensino. Igualmente e principalmente para o sucesso da aprendizagem do principal sujeito do conhecimento que é o aluno. Esta pesquisa tem como objetivo principal contribuir para a aprendizagem, e do mesmo modo, ampliar o conhecimento sobre o termo motivação. A meta é trazê-la para o contexto Escolar de modo que possa favorecer a aprendizagem dos alunos, e de maneira geral, para o futuro da educação como um todo. Pois a visão a respeito desse tema é que embora ele seja relevante é pouco mencionado no meio educacional, mas precisamente na sala de aula. A motivação é uma ferramenta indispensável nesse processo, ela é a forma de resgatar o aluno para a sala de aula. Propõe- se inserir a motivação no contexto escolar como recurso facilitador da aprendizagem em sala de aula. Visto que um dos maiores desafios da educação nos dias atuais é assegurar a atenção dos alunos para os conteúdos de Base Curricular ou preestabelecidos; da mesma forma, levar os profissionais da educação, a entender a importância da motivação para a aprendizagem e resgate dos alunos que estão fora do âmbito escolar; e pela mesma razão indica- se a motivação como ferramenta de apoio ao professor no processo ensino- aprendizagem. Para se alcançar os objetivos acima, este trabalho foi divido em quatro capítulos. No primeiro aborda-se o conceito e teoria do termo Motivação, segundo alguns dos 12 principais pesquisadores das áreas de Educação e Psicologia. Descobre-se que a palavra Motivação vem do latim “movere”, porém, seu conceito vem sendo reelaborado e ganhando novos olhares. A motivação é um termo que se divide em dois fatores, um que é interno e o outro que é externo, esses fatores foram explicitados em forma de subtópicos. Ainda no capítulo I, aborda-se a teoria Sócio Interacionista de Vygotsky e a motivação extrínseca relacionando-as por entender que há uma semelhança entre elas. Já o segundo capítulo, a abordagem é com relação à particularidade da motivação no ambiente escolar. Faz-se algumas observações bibliográficas da motivação no Contexto Escolar, da forma como ela é percebida nas escolas atualmente. Assim como, se leva em conta a postura do professor ao considerar que ele deve ter sensibilidade para reconhecer quando o aluno está desmotivado. Ressalta-se a questão de que para aprender é preciso querer, e esse querer pode ser provocado por fatores externos ao aluno. Do mesmo modo, enfatiza-se a motivação para a aprendizagem do aluno buscando entender o porquê de o aluno não aprender. Propõe-se que o professor use de recursos que lhe é cabível para a solução desse problema. É abordada também, a motivação do professor para ensinar, onde delega ao professor o poder de tornar a aprendizagem significativa para o aluno, uma vez que é ele quem tem em mãos os recursos para a concretização desse processo. Ao falar no professor ressalta-se a importância das pedagogias de projetos no processo de aprendizagem, pois ao planejar, o professor deverá pensar no aluno. Dessa forma criará condições sempre favoráveis ao processo ensino-aprendizagem e isso é motivar. Visto que a pedagogia de projetos é uma situação que foi criada porque se pensou no aluno. No terceiro capítulo, propõe- se as ferramentas que devem ser utilizadas como sendo as técnicas de motivação na sala de aula para despertar no aluno interesse pelo conhecimento. O brincar e a brincadeira conforme teoria de Henri Wallon é de 13 fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo da criança, por ser esta uma atividade prazerosa. Com efeito, a brincadeira é uma forma de motivar o aluno, igualmente, as novas tecnologias da informação e comunicação que também são indicadas para tal. No quarto e último capítulo deste trabalho, a abordagem sobre o tema Motivação no Contexto Escolar: Novos Olhares se dá por meio de pesquisa de campo, com a intenção de coletar dados para averiguar a questão da motivação nas Escolas, da atualidade. Nesta etapa da pesquisa, conceitua-se Metodologia da Pesquisa de acordo com a pesquisadora mestre, Maria Margarida de Andrade que será a referência para este trabalho em termos de metodologia. Segundo a autora, “Metodologia é o conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento” (Andrade, 1999, p. 111). Sendo assim, foi escolhida a pesquisa bibliográfica e a de campo para explorar o tema proposto, sendo que, a pesquisa de campo será realizada a partir de observação e descrição dos dados. Essas pesquisas são de ordem intelectual e tem como finalidade ampliar o entendimento e ter o conhecimento amplo sobre o tema motivação, pois apontará os grandes nomes da Psicologia da Educação como recurso facilitador da aprendizagem, de modo que pretende despertar a curiosidade e desejo de saber sobre um dos fatores que considera- se como sendo o mais relevante no processo de aprendizagem do aluno. A pesquisa de campo é qualitativa com caráter exploratório por meio de entrevista e observação direta extensiva, com descrição de dados, e virá a ser o segundo passo deste trabalho, ela servirá para a averiguação de dados. Segundo Andrade (1999), “A observação direta extensiva baseia na aplicação de formulário e questionários; medidas de opinião de atitudes; testes de pesquisas de mercado; história de vida etc.”. A técnica escolhida para essa pesquisa foi à observação direta extensiva, através de questionário semiestruturado para o levantamento de dados. Sendo bibliográfica ou de campo, não importa, pois para Andrade (1999), a pesquisa é: “O conjunto de procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem como objetivo 14 encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização e métodos científicos”. Por tudo isso, o método utilizado para a realização dessa pesquisa será o empírico porque segundo a autora, esse procedimento é baseando na observação sensorial, logo abrange parte das ciências da natureza e das culturas sociais. Interpreta- se o resultado da pesquisa de campo em forma de gráficos visto que, o resumo desses dados facilita o entendimento das proporções. O uso desse tipo de pesquisa é muito comum nas várias atividades da vida humana, sendo útil para a organização de tudo que lhes diz respeito. Além disso, a pesquisa de campo é uma forma de se evidenciar os fatos, ou seja, cada vez que alguém vai a campo coletar dados e os registra, este estará contribuindo com informações novas e atualizadas. Para este trabalho a pesquisa no local contribuiu para averiguar a questão da motivação no contexto das escolas, no ano de 2013. 15 2 CONCEITO E TEORIA DE MOTIVAÇÃO Este capítulo inicia-se por uma breve exposição de pesquisas bibliográficas, sobre o conceito do termo motivação. Para tanto, foram reunidos vários conceitos do tema motivação, de acordo com autores como, Vygotsky (2001 e 1995), Maslow (1968), Assunção e Coelho (2002), Boruchovitch e Bzuneck (2001), Murray (1978) e Pena (2001). Tornam- se necessário essas diferentes visões sobre esse termo para que haja um entendimento do que será o objeto dessa pesquisa. A motivação é um termo que se divide em dois fatores, um que extrínseco e o outro que intrínseco ao “ser”. Fator é aquilo que contribui para um resultado, logo, o fator intrínseco contribui para a satisfação de uma necessidade psicológica ou fisiológica. Enquanto que, o outro fator da motivação que extrínseco ao indivíduo, contribui para a realização de um desejo por exemplo. O termo motivação está ligado à Psicologia e é objeto de estudo dessa área do conhecimento, pois sua atuação está ligada as ações relacionadas ao cognitivo, que é algo exclusivamente humano. Embora a palavra motivação tenha virado modismo há apenas duas décadas, sua origem teve início há muitos séculos atrás. Ela vem do latim “Movere” que significa mover. Segundo o Dicionário Aurélio (2009), um dos mais reconhecidos e conceituados dicionários da língua portuguesa, a palavra mover significa: “Dar ou comunicar movimento a alguma coisa ou algo”. A Psicologia e a Filosofia enquanto ciências humanas definem o termo motivação como condição do organismo que influencia a direção do comportamento, portanto, a motivação é um termo que se divide em dois fatores e que incentivam a pessoa a realizar determinadas ações e a persistir nelas até alcançar seus objetivos. A motivação é, então, aquilo que é susceptível de mover o indivíduo, de levá-lo a agir para atingir algo e de lhe produzir um comportamento orientado, sendo assim, motivação é um impulso que leva a ação. O conceito de Motivação encontra-se associado à vontade e ao interesse. Vontade para fazer um esforço e alcançar determinadas metas. 16 Maslow (1978), que estudou por vários anos sobre a motivação, afirma que a motivação se origina de dois fatores: um que é interno e envolve ações psicológicas, e o outro que é externo e envolve ações de interação com outro, enquanto que as autoras Assunção e Coelho (2008), ao explicar o fator motivação, assim se expressaram: “Motivação é tudo aquilo que está por trás de nossos comportamentos; corresponde às razões de cada um de nossos atos”. Também Vygotsky (1995, p. 51), que foi um dos maiores pesquisadores da área do conhecimento, entende a motivação como sendo uma função psicológica, assim como: a percepção, a emoção, a sensação, a recordação e a necessidade, ou seja, a motivação está no ser humano e é parte dele. Murray (1978) também chegou a um conceito de motivação muito parecido com esse de Vygotsky, pois para Murray, “motivação é um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa”. Penna (2001) assim como o Vygotsky (1995) entende que a motivação é objeto de estudo da Psicologia. Porém, para Penna (2001), “existem diferentes teorias da motivação derivadas de quatro movimentos principais: behaviorista, cognitivista, humanista e psicanalítico”. Para ele, as teorias de motivação têm influência por mais de um desses movimentos, ou seja, Penna acredita que o termo motivação vai além de ser só um fator psicológico. Entretanto, o assunto que envolve tais teorias, não será aprofundado nesse trabalho, por não ser este, o interesse principal dessa pesquisa. A motivação está relacionada diretamente ao aprendizado. Porém, para que esse aprendizado aconteça é necessário que o aluno receba estímulos. Esses podem ser de fatores externos (extrínseco) que estão ligados à interação, e internos ou direto, (intrínseco) ligados ao cognitivo. Os fatores externos que estimulam o indivíduo para a aprendizagem, não estão isolados dos fatores internos. Porque, para que o aprendiz fique estimulado ele precisa aceitar esse estímulo. Não basta o indivíduo receber os estímulos do ambiente que o cerca, ele precisa responde- lo. Quando não há respostas aos estímulos, devido a não aceitação do sujeito, o aprendizado não acontece. 17 Vê- se, que a aprendizagem depende de motivos internos e externos, isto quer dizer que, sem estes ela não acontece. Por isso, faz- se uma abordagem desses motivos, apontando a importância dos mesmos no processo de aprendizagem. Os subtópicos, a seguir, delinearão cada um desses fatores. Sendo assim, começa- se por entender o que é a motivação intrínseca, ou interna. 2.1 MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA OU INTERNA A motivação intrínseca é um fator interno, é próprio de cada um, é íntimo de cada ser humano e está no pensamento lugar onde ninguém tem acesso, a menos que o indivíduo se expresse através de palavras, gestos ou atitudes. Pesquisas apontam quatro origens da motivação intrínseca que são o desafio, a curiosidade, o controle e a fantasia; sentimentos inerentes à pessoa. A motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de determinadas atividades por sua própria causa, por ser interessante, atraente, ou de alguma forma geradora de satisfação. Os estudos sobre a motivação intrínseca são embasados em conhecimentos teóricos e empíricos desenvolvidos nas últimas décadas. Pois, foi nos últimos anos que o termo motivação virou objeto de estudo de vários pesquisadores e estudiosos, que com o resultado de suas pesquisas chegaram à conclusão, de que a motivação intrínseca é entendida por fatores motivacionais internos. Segundo, os autores Boruchovitch e Bzuneck (2001), “o primeiro fator da motivação intrínseca é a competência, que é capacidade do organismo interagir satisfatoriamente com o seu ambiente”. Para que ocorra a competência, a motivação faz-se indispensável, pois é ela que orientaria o organismo as tentativas de domínio, habilidades e competências. A motivação para a competência é apresentada como um motivo de base biológica, mas em muitas situações, os sentimentos de competências necessitam da interação social, como por exemplo: Elogios e encorajamento para determinados padrões de 18 desempenho. A competência é uma atividade exclusiva do ser humano. Somente ele é competente em alguma coisa ou algo. Além da competência, como fator da motivação intrínseca, há também a Teoria da Autodeterminação, que ainda de acordo com os pesquisadores, Boruchovitch e Bzuneck (2001): “Nessa teoria, os seres humanos são movidos por algumas necessidades psicológicas básicas, que são definidas como nutrientes necessários para um relacionamento efetivo e saudável, do ser humano com seu ambiente” (P.41). As necessidades básicas as quais os autores se referem é a necessidade de autonomia. Eles acreditam que as pessoas são naturalmente propensas a realizar uma atividade por acreditarem que o fazem por vontade própria, e porque assim o desejam, e não por serem obrigadas por força de demandas externas. O que os leva a fazer sempre o melhor para si, é a necessidade de se sentir parte de um contexto. De acordo com, Boruchovitch e Bzuneck (2001), “quando um fator externo obriga o indivíduo a se distrair de alguma tarefa, sua motivação intrínseca é prejudicada”, porque ela é interna ao “ser” e precisa de estímulos externos para se concretizar. Quando acontece ao contrário ela é prejudicada. Na motivação intrínseca a pessoa faz algo por se sentir recompensada diretamente pela realização da tarefa, mas precisa antes ter a percepção de competência. Esta é importante porque está relacionada à crença de auto- eficácia que é apontada como um dos determinantes da motivação intrínseca. Sendo assim, na motivação intrínseca o desejo para conseguir algo parte de dentro para fora, e é uma necessidade psicológica ou fisiológica. A pessoa se move para fazer algo porque sente vontade. O mesmo não acontece no fator da motivação que é extrínseco conforme será explicitado a seguir. 19 2.2 MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA OU EXTERNA Aqui a abordagem alcança o outro fator do termo motivação. Como já se sabe a motivação é um termo que se divide em dois fatores, um que é interno, e o outro que externo. Esse fator motivacional é provocado por situações através de interação do indivíduo com o meio em que habita, ou seja, por situações externas a ele. Decerto, a motivação extrínseca é o que determina a cultura dos grupos. Porém, a sua definição apresenta-se menos elaborada, do que geralmente vem sendo investigada como ponto de contraste nas avaliações de motivação intrínseca. Boruchovitch e Bzuneck (2001), afirmam que: A motivação extrínseca tem sido definida como a motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou a atividade, como a obtenção de recompensas materiais ou sociais de reconhecimento, objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas, ou para demonstrar competências ou habilidades (p. 46). Embora a motivação extrínseca se apresente menos elaborada do que a motivação intrínseca é ela quem mais predomina no contexto escolar por ser de fato, a que está voltada para trabalhar algo externo à tarefa ou atividade como obtenção de recompensas materiais ou sociais, conforme afirmam acima os autores Boruchovitch e Bzuneck (2001). Na motivação extrínseca, o individuo busca compreender o mundo que o cerca. Seus hábitos e costumes surgem com o resultado dessa compreensão, no entanto, nem sempre essa relação extrínseca do homem com a cultura foi positiva e correta. Os defensores da teoria behaviorista1 liderados por Descartes e Skinner acreditavam que para levar alguém que era subordinado a fazer algo, bastava prometer a ele alguma coisa em troca, como por exemplo, dar prêmios por bom desempenho; também fazia se o contrário, ou seja, punia-se por não se comportar adequadamente. Foi a partir dessa resposta, a esse tipo de tratamento, que originou a motivação extrínseca. Se o benefício recebido era vindo de algo externo ao indivíduo, logo era extrínseco a ele. 1 Teoria que restringe a psicologia ao estudo do comportamento. 20 Atualmente, essa visão de premiação material por bom desempenho, está sendo repensada. Há uma valorização maior do ser humano enquanto ser pensante e as recompensas ainda existem, porém estão voltadas para os estímulos através de discursos motivacionais. Palestrantes estão investindo nesse tipo de tratamento a sociedade capitalista, consumista que é modelo do século XXI. Esses discursos motivacionais se dão porque o homem passa a perceber que o outro é semelhante a ele, que somente com a fala ele é capaz de influenciar o outro e que não precisa adestrar ou escravizar o seu próximo para obter algo dele, tudo isso graças à evolução psicológica do homem. O homem vem evoluindo num processo acelerado devido à interação que ele tem com meio em que vive. A interação do homem com o meio seja o objeto, ou o seu semelhante, é de fundamental importância para o seu crescimento intelectual. É através da interação, que se desenvolve o cognitivo. De acordo com Oliveira (2002): “A interação face a face entre indivíduos particulares desempenha um papel fundamental na construção do ser humano: é através da relação interpessoal concreta com outros homens que o indivíduo vai chegar a interiorizar as formas culturalmente estabelecidas de funcionamento psicológico” (p. 38). O papel fundamental na construção do ser humano, descrito por Oliveira, na citação acima, refere se à aprendizagem. É evidente que seria impossível a aprendizagem sem a interação direta ou indireta do outro. O processo de interação foi objeto de pesquisa de Lev Vygotsky, onde este ficou conhecido mundialmente por sua teoria do conhecimento chamada de Sócio- Interacionista que veremos adiante. A motivação extrínseca faz com que as pessoas tendem a querer buscar sempre mais aquilo que lhes dá satisfação e que lhes cause bem estar, ou seja, pessoas motivadas sempre reagem de modo positivo quando recebem novas incumbências, ou recebem algo que tanto deseja, como por exemplo, uma promoção no trabalho, um carro novo, etc. O processo de interação descoberto por Lev Vygotsky e a motivação extrínseca têm certa ligação, se levado pela visão do como se aprende, sabendo se que a aprendizagem é um processo de construção através da interação do objeto com o “ser”. Segundo Oliveira (2002): 21 “’Os sistemas de representação da realidade e a linguagem e o sistemas simbólicos básicos de todos os grupos humanos são, portanto, e socialmente dados’. É o grupo cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe fornece formas de perceber e organizar o real, as quais vão construir os instrumentos psicológicos que fazem a mediação entre o individuo e o mundo” (p. 36). Os motivos que levam o homem a entender e compreender o outro se dá através das formas de comunicação. Estas podem ser com uso da fala ou de gestos em que cada grupo adquire ao longo de suas experiências. Cada ser humano desenvolve o seu aprendizado de acordo com o contexto que está inserido. Os motivos que o levam a desejar algo também dependem desse contexto. Sendo assim, a motivação extrínseca só acontece porque há a mediação dos sistemas de representação da realidade. Primeiro há o contato visual, então o cérebro captura a imagem e depois a utiliza quando for necessário. Se não houver a mediação dos instrumentos a motivação extrínseca perde sua origem, ou seja, só se fica motivado a querer comprar um carro porque o viu. A motivação extrínseca é despertada somente se houver a interação com o meio. E da mesma forma a interação, esta só acontece se tiver motivos extrínsecos. No tópico a seguir esse assunto será explicitado, de maneira que haja melhor compreensão da ligação entre essas duas teorias, dada a importância e profundidade do pensamento de Vygotsky. 2.3 MOTIVAÇÃO E O SOCIOINTERACIONISMO DE VYGOTSKY Neste tópico, compara- se a teoria Sócio-Interacionista de Vygotsky (2002) à Motivação Extrínseca, pois entende- se que há uma ligação entre as duas quando se trata do processo para a aprendizagem. Para começar, faz- se uma breve descrição da biografia de Vygotsky para que o leitor conheça esse grande pesquisador que contribui muito para o processo de ensino aprendizagem. Tal teoria, Sócio- Interacionista é bastante requisitada na educação atual, principalmente nas escolas. 22 Nos últimos tempos, a teoria Sócio-Interacionista virou objeto de pesquisas de vários estudiosos e, até agora, não houve quem discordasse de que a relação do homem com o outro favorece a aprendizagem e o conhecimento. Sócio-Interacionista é a palavra que Vygotsky (2002) usou para descrever a situação em que, o homem aprende com o outro ao se relacionar, e essa relação favorece o conhecimento. Apesar de ter vivido tão pouco tempo, Vygotsky ficou mundialmente conhecido por sua teoria do conhecimento. Essa teoria reina absoluta dentro de sua categoria, pois não há como discordar de tal veracidade. Em uma de suas pesquisas, Vygotsky (1995) compara o homem aos primatas macacos para provar sua tese quanto à forma com que eles e o homem se interagem com meio. Parece estranho, mas ao entendê-la percebe-se que é realmente isso que acontece na interação para a aprendizagem e que a diferença que há entre o homem e os animais é apenas o raciocínio. Vygotsky era Psicólogo, alemão e casado. Pai de duas meninas, ele morreu aos 37 anos vítima da tuberculose. Essa doença o perseguiu por quinze anos e alguns estudiosos de sua biografia dizem que, devido a tal doença, suas pesquisas mudaram a originalidade, ou seja, perde sua essência por ser feita por alguns de seus colegas e apenas mediada por ele. Vygotsky valeu-se do exemplo dos macacos, mas acredita- se que poderia ter sido qualquer outro animal, porque tudo o que se sabe é que cada animal assim como o homem, tem seus próprios hábitos ou costumes e se um filhote de qualquer espécie se perde de sua mãe e vai viver com outra espécie, ele não perde suas características originais, porém, tende a perder seus costumes e hábitos, porque sua aprendizagem se deu por influencia de outra espécie. O caso do “Menino Lobo”, que se perdeu de sua família em uma floresta e foi criado em meio aos lobos, foi citada por Vygotsky em uma de suas obras para explicar a relação de aprendizagem por meio da interação com o outro. Essa história ficou famosa no mundo inteiro depois de ter virado filme. 23 Outros casos que também nos ajudam a entender a teoria Sócio- Interacionista de Vygotsky são os casos de crianças que, quando ainda bebês, são tiradas de seu país de origem e levadas para serem adotadas por famílias de outros países. Tais crianças, obviamente, não irão falar a língua de seus pais biológicos, mas sim a língua dos pais adotivos. Logo, a motivação para a aprendizagem da linguagem foi extrínseca e por interação. Essas duas histórias comprovam a teoria de Vygotsky. Nesses dois casos, compreende- se que ocorreu a motivação extrínseca, ou seja, a motivação externa. O motivo que levou o menino perdido na floresta a imitar os lobos é externo, interacionista. Evidentemente, há a ligação entre a aprendizagem pela interação do ser com outro, ou objeto, que Vygotsky chama de sóciointeracionista e a motivação extrínseca. A motivação extrínseca define-se por motivo externo, ou seja, só se aprende porque há a interação com outro. Nesse caso, a motivação extrínseca pode ser o objeto, ou pode ser o “ser”, assim como na relação de interação de Vygotsky, onde o homem aprende porque interage com o outro. Sem essa relação de interação o conhecimento não seria tão abrangente e significativo; logo, não efetivava a aprendizagem. Segundo, Ratner2 (1995, p. 30): “A inteligência também é gerada socialmente de inúmeras maneiras. O fato mais óbvio é o de que a interação social amplia a fonte de informação da experiência pessoal do indivíduo para a experiência de todos do grupo”. Entende- se que para aprender é preciso querer. Mas, esse querer só acontece com os estímulos. No entanto, é possível ensinar aprender, basta estimular o indivíduo de alguma maneira. Para que um indivíduo receba estímulos ele precisa interagir com o outro, é dessa interação que nasce a aprendizagem. Os estímulos para que essa aprendizagem aconteça podem vir de dois fatores que Vygotsky chama os de externos, ligados à mediação, e interno ou direto, que tem ligação com fatores psicológicos. Oliveira (2002) sobre a mediação: 2 RATNER, Carl, é autor do livro: A Psicologia Sócio-Histórica de Vygotsky: Aplicações contemporâneas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 24 Um conceito central para a compreensão das concepções Vygotskianas sobre o funcionamento psicológico, e o conceito de mediação. Mediação em termos genéricos é o processo de internalização de um elemento intermediário numa relação: a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser mediada, por esse elemento (p. 26). Vygotsky distinguiu dois tipos de elementos mediadores: os instrumentos e os signos (Oliveira, 2002, p. 27). Os instrumentos são elementos externos ao indivíduo. Os signos são ferramentas que auxiliam nos processos psicológicos. A motivação para aprender a ler e a escrever, pode vir tanto de fatores externos, quanto de fatores internos. Os fatores externos podem ser através dos instrumentos, e os fatores internos através dos signos. Ambos são elementos que auxiliam no desenvolvimento do homem. “A importância do uso dos instrumentos na atividade humana para Vygotsky busca compreender as características do homem, através da origem e do desenvolvimento da espécie humana” (Oliveira, 2002). É interessante aprofundar-se nas teorias de Vygotsky sobre o desenvolvimento da aprendizagem, através de relações com meio, pois o tema motivação está voltado para a aprendizagem estimulada com ferramentas do meio, ou seja, vinda de fatores externos. Para Vygotsky a cognição tem origem na motivação. Mas ela não brota espontaneamente como se existissem algumas crianças com vontade, e naturalmente motivadas, e outras sem. Esse impulso para agir em direção a algo é também culturalmente modulado. O sujeito aprende a direcioná-lo para aquilo que quer como, por exemplo, estudar. Se o homem se desenvolve através de sua relação com o meio, como afirma Vygotsky, então, o motivo para a aprendizagem do aluno estaria no elemento mediador, que é o professor, visto que a aprendizagem é provocada por uma situação externa. O professor utiliza-se de instrumentos para estimular o aluno, despertando nele o interesse para a aprendizagem dos conteúdos curriculares. Quanto aos outros conhecimentos que a pessoa adquire, depende do contexto ao qual está inserida. 25 Autores como Wallon e Vygotsky asseguram, através de suas pesquisas, que o homem aprende ou adquire seus conhecimentos ao se relacionar com o outro, ao deparar-se com o que o outro está a realizar surge um motivo para fazer o mesmo, ou seja, imitar para saber se também somos capazes. A aprendizagem é provocada por uma situação externa. Tanto na motivação, como na teoria de Vygotsky, o outro é a “peça chave” para a aprendizagem e conhecimento, sem a aprendizagem não há conhecimento, e sem um motivo e motivação não há aprendizagem. 26 3 A PARTICULARIDADE DA MOTIVAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR Neste capítulo aborda- se, conforme o próprio título sugere “A particularidade da motivação no ambiente escolar”, uma vez que a motivação é fundamental para a aprendizagem. Sem motivação não há aprendizagem. O que se percebe é que, não se ouve falar de motivação nas escolas com a mesma intensidade e frequência que se fala em empresas, porém ela está ali oculta. A motivação escolar acontece involuntariamente nas salas de aula, e esporadicamente nas aulas de Educação Física e Artes, por se utilizar de recursos que agradam os alunos. Nas escolas pouco se tem discutido sobre o motivar para aprender. Em contrapartida, nas empresas os gestores estão sempre preocupados em aumentar os lucros, e para alcançar essa meta investem nos funcionários. Esse investimento dá-se através da motivação dos mesmos com prêmios ou promoção, ou seja, estão sempre arranjando uma forma de satisfazer o empregado para que ele produza mais. O tema motivação está em alta nos dias atuais e virou objeto de pesquisa de vários estudiosos. No entanto, as pesquisas em torno desse tema têm sido voltadas para o mercado de trabalho e não para a área de educação, para o aprendizado da satisfação do ser enquanto pessoa. No entanto, assim como as empresas precisam motivar seus funcionários, de alguma forma, para melhorarem sua capacidade de produção, as escolas também precisam motivar seus professores e alunos para que melhorem o seu desenvolvimento intelectual, de modo que favoreça o conhecimento de ambos. De acordo com o Candeloro (2007): “Ao considerar a motivação dos colaboradores na organização, é prudente contar com inúmeras variáveis que despertem o interesse de fazer algo para atingir um objetivo. Embora algumas motivações se assemelhem do ponto de vista da sobrevivência, como o dinheiro que compra a alimentação e garante a segurança pessoal e familiar, ou ainda, do acesso às compras e à consequente satisfação de consumo desejado, existem tantas outras fontes de motivação quanto for o número de pessoas no mundo” (p.9). 27 Conforme afirma Condeloro, existem inúmeras variáveis de motivação e estas podem ser naturais, ou seja, porque é necessária a sobrevivência. Essas fontes são os motivos, que surgem de acordo com a necessidade particular de cada indivíduo. Porém, nem sempre o indivíduo é capaz de se auto-motivar, daí a necessidade de estímulos. Isso é comum em sala de aula, em que há alunos que não se interessam pelo conhecimento. . Quando o aluno está desmotivado a sua aprendizagem fica prejudicada. O professor deve ter sensibilidade e estar atento para reconhecer o aluno nessas condições. Só assim ele terá norte para buscar uma fonte de motivação que provoque o querer aprender nesse aluno. Vale ressaltar que para aprender é preciso querer. O problema, no entanto, é como despertar, ou provocar esse querer. O querer é em si é uma necessidade individual e de igual modo à aprendizagem. Portanto, essas necessidades precisam ser influenciadas, provocadas. Tal influência pode originar-se de fatores internos ou externos. Explicações para esses fatores não faltam, a começar por Wallon (2010) ao falar sobre “o choro do recém- nascido que vem ao mundo; choro de desespero, ante a vida que se abre para ele ou choro de angustia no momento que se separa do organismo materno”. Ele chama essa passagem de motivação psicológica, ou seja, vinda de fatores internos. A educação, como já se sabe, nasceu junto com o homem; então, é impossível falar do “porque educar”, sem falar de motivação. A falta de motivação é considerada um problema, pois leva a dificuldades de aprendizagem. Além da falta de motivação que leva às dificuldades de aprendizagem, há também as dispersões externas à sala de aula, tais como, a televisão, o vídeo game, o celular e a internet, que as crianças do mundo moderno têm acesso, e que nem se comparam aos Conteúdos de Base Curricular, transmitido pelo professor. Em nível de motivação, o resultado que se vê é o aluno desmotivado (ênfase a esse assunto no capítulo III desse trabalho). Consciente das grandes transformações gerais que incidem sobre as práticas pedagógicas atuais surge à necessidade de explorar e trazer o tema motivação para 28 dentro do contexto da educação escolar como forma de resgatar o aluno perdido no mundo das drogas, da tecnologia, etc. Aborda-se a tecnologia porque, atualmente, a sala de aula tornou-se um lugar de pouco interesse para os alunos, pois eles aprendem muito mais na internet do que com o professor, é o surgimento autodidaxia. A falta de motivação leva a inúmeros prejuízos para a aprendizagem do aluno, e um dos maiores prejuízos é a evasão escolar. Segundo Mumford (2001): “A maioria das pessoas não aprendem coisas a não ser que haja um motivo para isso, em especial no contexto do trabalho, pessoas diferenciadas procuram diferentes benefícios incluindo: Um desejo de aumentar sua competência no trabalho atual; Um desejo de desenvolver sua competência em novas áreas de aptidão ou conhecimento; Um desejo de melhorar suas perspectivas de carreira; Um desejo de melhorar a satisfação pessoal que essas pessoas obtêm de seu trabalho; Um desejo menos imediato pelas recompensas referentes a qualquer dos pontos acima- financeiros, psicológicas ou sociais” (p. 8). Para chegar às técnicas e ferramentas que favorecem a aprendizagem do aluno, é preciso que o responsável por essa criança estudante saiba conhecer seus desejos e anseios. Acredita-se que em sala de aula o professor pode e deve repensar sua prática de maneira que atenda as necessidades desse aluno. A fim de se motivar aquele que não tem motivação, faz se necessário tal conhecimento. Sendo assim, o tópico a seguir fará uma breve abordagem de como funciona a motivação para a aprendizagem do aluno. 3.1 MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM DO ALUNO Aqui, começa-se por entender o porquê do aluno que não apresenta nenhum distúrbio psicológico, não aprender. Segundo a Jussara Hoffmann (2000), “O professor tende a culpar o aluno pela não aprendizagem”. Porém, são vários os fatores que levam a não aprendizagem e para detectá-la com precisão é preciso 29 uma complexa avaliação diagnóstica. Compreende- se que não existe uma única resposta pronta que justifique o “por que” de o aluno não aprender. Se o aluno não aprende, além de vários outros fatores, não se pode descartar a falta de motivação, esta envolve fatores psicológicos, que precisam ser identificados e trabalhados pelo professor, “A motivação do aluno, portanto, está relacionada com trabalho mental situado no contexto específico das salas de aula” (Boruchovitch e Bzuneck, 2002). Ainda eles: “Em sala de aula os efeitos imediatos da motivação do aluno consistem em ele envolver-se ativamente nas tarefas pertinentes ao processo de aprendizagem, o que implica em ele ter escolhido esse curso de ação, entre outros possíveis ao seu alcance” (p. 11). É o professor o responsável por trazer atividades que possa envolver o aluno, e quando isso acontece o conhecimento torna-se significativo para ele, então o aprendizado acontece. De acordo com Bzuneck (2002): “Quando se considera o contexto escolar específico da sala de aula, as atividades dos alunos, para cuja execução e persistência devem estar motivados, têm características peculiares que as diferenciam de outras atividades humanas igualmente de motivação, como esporte, o lazer, o brinquedo, ou trabalho profissional” (p. 10). Não há dúvida de que a motivação está ligada a intencionalidade, pois o homem busca de dentro de si uma força maior chamada motivo para realizar seus planos, e para alcançar seus objetivos, ou seja, em tudo há uma intenção. No entanto, o aluno em sala de aula, que motivos ele teria para ficar ali sentado por cinco horas, se não fosse à intervenção mediadora do professor de modo motivador. Os educadores visam que seus alunos cheguem a resultados, que no ambiente de sala de aula são frequentemente quantificados, como ocorre com as notas. De alguma forma a motivação do aluno tem relação com esse tipo de resultado. Adelman e Taylor (1983) apud Bzuneck (2001), porém, lembram o que todo educador já sabe por experiência própria que: Se o aluno é motivado a aprender alguma coisa, poderá chegar a resultados surpreendentes, mais do que poderia prever com base em outras características pessoais. Já o aluno desmotivado apresentará subrendimento em suas aprendizagens, ou seja, terá um desempenho 30 medíocre, abaixo de sua capacidade, fato particularmente lamentável quando se trata de alunos talentosos (p.14). Esta afirmação acima mostra- nos o quanto a motivação é relevante para a aprendizagem, pois mesmo o aluno sendo talentoso se não estiver motivado, dificilmente ele aprenderá. No entanto, a motivação do aluno tem que ser cautelosa, tem que ser na medida certa e com intencionalidade. E também deve- se evitar fazer uso de premiações ou meritocracia como forma de motivação. A motivação deve ser feita de modo a provocar no outro o desejo de aprender, levando em conta e respeitando, evidentemente, o tempo de cada aluno. Pois, “O desempenho das crianças depende não só de suas capacidades intelectuais, mas também de suas motivações e interpretações das situações de aprendizagem” (Mussen, Conger, Kagan e Huston, 1995, p. 317). O fato, é que para aprender é preciso querer, e esse querer quando vindo de fatores internos estão relacionado às necessidades. Consequentemente, a motivação é algo que está presente no homem o tempo todo, suas ações são frutos de motivações, isto quer dizer que, ele só faz algo porque tem algum motivo. Evidentemente, que isso é quando se trata do ser humano, uma vez que os animais agem por instinto e não pensam. Logo, a motivação é algo exclusivo do ser humano, por esta ter origem no pensamento. Sendo assim, motivação corresponde ao conjunto de fatores psicológicos, conscientes e não conscientes de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais agem entre si e determinam a conduta do indivíduo. De acordo, com Assunção e Coelho (2002), desde o início do desenvolvimento da criança, o fator motivação demonstra sua importância, pois para elas: “À medida que a criança cresce seu autoconceito e o conhecimento que ela tem de si mesma vão se estabelecendo. A maneira pela qual ela se vê, o jeito pelo qual ela se sente, irão influir e apesar desse processo é muito fácil influenciar a criança, para que ela realize uma atividade, que vá contribuir para a sua autoestima, porque quanto mais a criança espera de si mesma, e quanto mais acha que outros esperam dela, maiores serão seus motivos para atingir um objetivo” (p. 15). 31 É relevante falar de autoconceito ou, conceito de si mesmo, e autoestima. Porque acredita- se que esses dois elementos estão associados à motivação e á aprendizagem. O autoconceito positivo é sim uma motivação para a vida, para o querer. “Pois nem que fizesse um grande esforço para apenas transmitir novos conhecimentos às crianças, uma professora não conseguiria, caso essa criança não estivesse motivada a querer aprender” (Assunção e Coelho, 2002, p. 15). Ainda elas: “O desenvolvimento do autoconceito, positivo das crianças, deve ser uma preocupação central do professor. Pois só se tiver uma autoimagem positiva, a criança terá necessária motivação para aprender e poderá ir adquirindo um comportamento independente. Essa é a melhor forma de preparar o aluno para sair se bem nas situações novas com que se defronta”. As autoras afirmam que o professor pode contribuir para o desenvolvimento do autoconceito na criança, e essa intervenção do educador é tão relevante neste processo que de acordo com Wallon (2010, p.187), “A criança enquanto pessoa só pode agradar a si mesma se tiver a sensação de agradar o outro só se admira caso acredite ser admirada”. Então, o elogio pode ser uma maneira viável de comunicar aos alunos que o professor apoia e enaltece seu desempenho ou envolvimento com a aprendizagem. Ou seja, o elogio é uma forma de incentivo para motivar os alunos, mas só o elogio não é suficiente. É preciso ações de intervenções para que essa motivação aconteça. A motivação do aprender é direcionada por um fator interno, que dinamiza como uma condição prévia para a aprendizagem. Considera o estado interno ,as habilidades para aprendizagem e motivação, e também são levados em conta os fatores externos, isto é, os demais componentes do ensino. Na realidade, a motivação específica sobre a forma prática é relativa a cada indivíduo e direciona os objetivos do conteúdo individual e grupal. Garantir a motivação positiva no que se refere à educação é estabelecer o que leva o individuo a buscar conhecimento. A motivação abrange uma concepção ampla, compreendendo a relação com a família e a sociedade e os reflexos no 32 comportamento humano. Assim sendo, esses e outros fatores refletem na vida do aluno, pois o homem é movido de emoções. Ao trabalhar a motivação no contexto escolar, devem ser levados em conta todos os envolvidos nessa rede, em se tratando do ambiente da Escola, o envolvimento de todos faz se necessário, principalmente o envolvimento daquele que está em contato direto com o aluno, que é nesse caso, o professor. O professor deve sim estar motivado, para ensinar e estar preparado para saber motivar. O saber motivar fará toda diferença, pois não se pode confundir premiar com motivar. Motivar vai além, a motivação é mover, é provocar o interesse e a vontade de fazer no outro. A seguir, a importância do professor motivador para a aprendizagem do aluno, e o poder que esse instrumento tem quando bem empregado. 3.2 MOTIVAÇÃO DO PROFESSOR PARA ENSINAR Sabendo- se que, um dos maiores desafios da educação hoje é prender a atenção dos alunos para os conteúdos pré-estabelecidos, a motivação do professor ao passar esse conteúdo, será levado em conta nessa pesquisa. O professor não faz ideia do poder motivador que possui em sua fala, suas técnicas de ensino, seu entusiasmo diante dos alunos, sua postura de segurança ao transmitir os conteúdos, e até mesmo sua demonstração de alegria por estar ali exercendo sua função, tende a motivar o aluno para aprender. Embora sejam poucos os estudiosos que pesquisam sobre a motivação no contexto escolar, não é difícil encontrar autores como, Assunção e Coelho (2002), da área de psicologia que questionem a postura do professor diante do processo ensino aprendizagem, as autoras Assunção e Coelho (2002), sobre o professor, dizem que: “Seu método de ensinar, suas atitudes, o jeito de se relacionar com cada aluno, e até mesmo a frequência com ela fala com cada um, o interesse e o carinho que demonstra até sem querer, estariam influenciando todo o desenvolvimento afetivo da criança. Em consequência, ela estaria influindo sobre a formação do autoconceito positivo das crianças” (p. 15). 33 O professor é um dos principais elos entre o aluno e o conhecimento. É tarefa do professor dá condições para que o aluno construa sentido sobre o que está vendo em sala de aula, assim como, também do professor apresentar todos os, procedimentos cabíveis e pontos de ancoragem, para que os conteúdos sejam entendidos e fiquem na memória do aluno, pois só assim é que ocorre a aprendizagem. De acordo com Candeloro (2007): “A boa sensação desse convívio qualitativo motivador atende a necessidades pessoais e profissionais”. Ninguém se esquece do outro que o impulsionou, cobrando- lhe com vigor, aos resultados e ao aperfeiçoamento (p. 10). Os professores preferem colocar a culpa no aluno pela não aprendizagem, do que assumir que pode ser sua culpa, e que uma simples mudança de método ou mesmo a sua didática pode fazer com que esse aluno aprenda. O professor que é dinâmico, pode sim mudar a maneira de o aluno encarar o processo ensino-aprendizagem, e ficar motivado a aprender, a querer mais e sentir-se feliz por aprender. Ressalta- se que, a motivação é um instrumento para a aprendizagem porque de fato, ela é necessária para aprender, da mesma forma que com fome ou com sede fatores internos, não se aprende, sem a motivação também não, ou da mesma forma que sem conhecer as letras jamais formaremos palavras ‒fatores externos. A motivação precisa ser assumida dia- a- dia, Candeloro (2007), afirma que: “Assim como o talento, a motivação é outro fator a ser cuidado e posto em prática diariamente. Afinal, somos tão fáceis de ser motivados como desmotivados” (p. 19). É relevante ressaltar que o professor precisa reconhecer seu papel enquanto referência para a criança. Não há como negar que a criança se espelha na imagem do professor. Segundo Wallon (2010), “[...] a criança só imita as pessoas por quem sente profundamente atraída ou as ações que a cativaram. Na raiz de suas imitações há amor, admiração e também rivalidade” (p.144). O professor cativante, então, é capaz de evitar que os seus alunos fiquem desmotivados. O professor que realmente quer trabalhar busca todo recurso existente, e não são poucos, para assegurar a atenção de seus alunos, de modo a tornar a sala de aula 34 um ambiente motivador e facilitador do conhecimento. Há recursos, ferramentas motivacionais vinda de fatores internos fala, atitudes, gestos e externos jogos, brincadeiras, ambiente acolhedor, que auxiliam na aprendizagem da criança de forma motivadora. Ressalta- se que, sem motivação não há aprendizagem. Atualmente, o professor tem ao seu alcance uma diversidade de recursos a seu favor, basta transformá-los em técnicas de motivação. Estes recursos são os materiais pedagógicos como, jogos, brinquedos adaptados para o ensino, as tecnologias da informação, e muitos outros. Porém a técnica de aprendizagem mais relevante começa bem antes do professor chegar à sala de aula. É a técnica do planejamento. O professor que planeja, é um professor que cria com antecedência possibilidades de tornar suas aulas mais interessantes para o aluno, de modo a favorecer a aprendizagem de ambos. A arte do planejamento no contexto escolar surgiu para organizar os conteúdos, porém seu resultado é positivo em todos os sentidos. Esse resultado positivo deu origem à pedagogia de projetos que atualmente é umas das formas de motivar o aluno para aprender. Visto que, ao ensinar também se aprende, logo, esse processo estaria favorecendo o aluno e o professor. A pedagogia de projetos tem um olhar direcionado para o bem estar do aluno. Portanto, ela é um fator motivacional, conforme importa salientar no subtópicos a seguir. 3.3 A PEDAGOGIA DE PROJETOS COMO FATOR MOTIVACIONAL Para iniciar este tópico, busca- se explicar o que é a Pedagogia de Projetos e o “porque” de ela ter se transformado em um fator de motivação. A Pedagogia de Projetos é uma nova forma de ensinar. Ela surgiu no início do século XX, idealizada pelo americano John Dewey, com a necessidade de tornar o conhecimento significativo, atrativo e interessante para o aluno, seu principal objetivo é organizar a construção do conhecimento. 35 Por tudo isso, a pedagogia de projetos é entendida como um fator motivacional, além do mais, ela requer envolvimento de ambos na sala de aula. O professor que planeja sua aula tende a ser um professor motivador. O planejamento é de fundamental importância para a aprendizagem, visto que este é direcionado ao aluno. Ao planejar o professor também estará adquirindo segurança para transmitir o conteúdo, o que gera a percepção de progresso. A percepção de progresso produz o senso da eficácia em relação ao que está sendo transmitido e aprendido, criando expectativas positivas de desempenho e realimentando a motivação para aquela tarefa ou atividade. De acordo com os autores, Boruchovitch e Bzuneck (2001): “Toda situação de aprendizagem deve ser planejada levando-se em consideração àqueles elementos já reconhecimento como promotores da motivação intrínseca ou de fatores internos (psicológicos). Apresentar desafios, promover curiosidade, diversificar planejamentos de atividades, propor fantasia, compartilhar decisões favoráveis à motivação dos alunos e facilmente implementadas” (p. 55). Os professores podem e devem explorar a poderosa força motivacional dos seus alunos. Devido à motivação do aluno no contexto escolar está associada a um tipo de realização. Ao inserir os projetos no ambiente escolar abre- se as “portas” para uma prática educativa voltada para as questões que dizem respeito à aprendizagem do aluno. Além do mais, torna- se as aulas motivadoras, e os professores mais reflexivos e flexíveis, no entanto mais preocupados com a qualidade daquilo que está sendo transmitido ao aluno. Quando há a inserção da pedagogia de projetos nas práticas pedagógicas, alguns dos problemas emergentes das dificuldades de aprendizagem deixam de existir. Segundo Nogueira (2001): “Dentre os vários problemas emergentes das dificuldades de aprendizagem reativas, sem dúvidas a motivação é o fator que maior merece destaque e estudo, pois como mencionada por Piaget, esta é intrínseca, portanto exige um sujeito ativo ao meio e a ação” (p. 36). Com efeito, a finalidade da pedagogia de projeto é inserir o aluno ao meio, torna- lo prioridade no processo de aprendizagem, logo, este aprende a produzir, a pesquisar 36 a levantar dúvidas, compreensões e reconstruções de conhecimento. Todo esse conjunto de problemáticas tende a tornar o aluno motivado. Evidentemente, a motivação é algo que move o sujeito interessado, ao objeto de desejo. Sendo assim, todas essas implicações tornam a aprendizagem um desejo. É interessante provocar o aluno para a aprendizagem, ele precisa sentir vontade de aprender. É através do planejamento que o professor poderá criar situações que busquem causar essa provocação. Volta- se a premer a mesma tecla, sobre a questão de que é sim do professor, o poder de motivar o aluno ou, da mesma forma de desmotivá-lo. Segundo Nogueira (2001), “Quantas práticas são realizadas dentro da sala de aula, de tal forma a impossibilitar o contato do aluno, por exemplo, com o objeto de conhecimento”, dessa forma o professor deverá repensar a sua didática na prática de sala de aula, fazendo uso da pedagogia de projetos a seu favor e a favor principalmente do aluno, que é o principal sujeito desse processo. Quando o professor prioriza a aprendizagem do aluno, ele ao planejar irá buscar situações que favoreça essa experiência, o educador irá então, buscar tudo que estiver ao seu alcance, para tornar esse conhecimento significativo, isso incluirá quebra de paradigmas, e até mesmo práticas vivenciadas ao invés de teoria, o que é muito bom, pois de acordo com Nogueira (2001): “Os trabalhos realizados com experiênciação, pesquisa de campo, construção de protótipos e/ou maquetes com sucata, representações, dramatizações, etc. provaram ser eficientes tanto em termos de resultado de aprendizado como em motivação dos alunos, o que não nos surpreendeu, pois isto não é nenhuma novidade” (p. 37). Apesar de não surpreender como afirma acima Nogueira, é custoso acreditar que ainda existe resistência por parte de alguns professores quanto a essa prática, a maioria deles insiste em cultivar a teoria, como sendo a única forma de transmitir os conteúdos de base curricular. É preciso pensar a pedagogia de projetos, como uma quebra de paradigmas, e como uma nova forma de transformação para os meios de transmitir os conteúdos. Pois ao fazer o uso dessa metodologia de trabalho educacional, que o professor 37 poderá transformar qualquer assunto, em um assunto motivador, utilizando evidentemente, suas técnicas motivadoras. Para encerrar esse capítulo, vale frisar a importância do que é a pedagogia de projetos como fator de motivacional, segundo as palavras de Nogueira (2002): “Acreditamos que em alguns casos esta reação de não aprender deve-se ao fato de a forma empregada do sujeito ativo e detentor do conhecimento (professor), coibir uma maior interação do aluno no processo de aprendizagem. O aluno sente-se tão desprovido de formas de comunicar suas ideias, hipóteses, crenças e dúvidas que encontra como única saída de demonstrar o seu descontentamento, a reação do não aprender, pois talvez desta forma contestativa, poderá chamar atenção e quem sabe poder participar mais ativamente do processo de construção do seu conhecimento” (p. 35). Isto quer dizer que, se não houver um planejamento ou projeto que insere o aluno para participar das atividades do cotidiano das aulas o “estrago” pode ser grande, no que diz respeito ao aprendizado do educando. 38 4 TÉCNICAS DE MOTIVAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM Neste capítulo pretende-se abordar algumas práticas pedagógicas, utilizadas pelo professor, que podem ser consideradas como sendo técnicas de motivação, ou técnicas motivadoras para a aprendizagem. Técnicas de motivação é todo recurso que o professor tem ao seu alcance e que poderá utilizá-lo a favor da aprendizagem do aluno. Por exemplo, as brincadeiras, os jogos, a comunicação, as tecnologias da informação e comunicação, os brinquedos, as atividades em grupo que a criança tanto gosta e se envolve. Entende-se por técnica motivacional para ensinar crianças à brincadeira, por ser algo que faz parte da cultura dela. Toda criança brinca, e aprende enquanto o faz, seja qual for a sua classe social, ou sua nacionalidade. Wallon (2010) classifica as brincadeiras em quatro estágios: “As brincadeiras funcionais, as brincadeiras de ficção (de faz de conta), as brincadeiras de aquisição e de fabricação”. Segundo Wallon (2010) as brincadeiras chamadas as de funcionais são os movimentos simples como, encolher e esticar as pernas e os braços, fazer sons para imitar o outro, desde que tudo isso seja com intensão de brincar. As brincadeiras de ficção ou faz de conta é quando a criança desenvolve o poder da imaginação ela faz a boneca ser um bebê, o cabo da vassoura se transformar em um cavalo e assim sucessivamente. Nas brincadeiras de aquisição Wallon (2010) diz que, “à criança é toda olhos e toda ouvidos, ela olha, escuta, esforça-se para perceber e compreender coisas seres, cenas, relatos, canções parecem captar toda a sua atenção”. Conforme Wallon (2010) as brincadeiras de fabricação é a fase de criação, invenção, onde a criança monta e desmonta objetos e transforma-os. É importante conhecer os benefícios da brincadeira para a construção do conhecimento. Esses quatro estágios da brincadeira, têm sua importância no desenvolvimento da criança, pois cada um desses estágios faz parte das etapas da vida desse pequeno indivíduo. A criança tem o poder de transformar qualquer objeto em brinquedo, isso vai depender do estágio em que ela se encontra. Seguindo a ordem das etapas acima, 39 citadas por Wallon (2010), pode-se dizer que as crianças da Educação Infantil e das séries iniciais do ensino fundamental I, encontram-se no estágio da brincadeira de ficção ou de faz de conta. Sendo assim, o professor poderá utilizar a brincadeira como motivação para ensinar, pois com certeza será eficaz para a aprendizagem do aluno. Os brinquedos em si é um objeto motivador. O brinquedo por sua cor, tamanho, e representação, é desejado por todas as crianças, e vez ou outra até por adultos. Considera- se técnicas de motivação, para a aprendizagem em sala de aula, tudo aquilo que tem o poder de despertar no aluno o interesse pelo conhecimento. Sabese que a fala e entusiasmo do professor é um fator primordial para motivar o aluno, porém esta não deve ser a única técnica, pois há outras fontes de técnicas motivadoras, que se utiliza de instrumentos externos. Os instrumentos externos ao aluno, que servirão como motivação deve ser algo que lhes cause satisfação, como é o caso da brincadeira e do brinquedo. A brincadeira como já se sabe, pode se dar através do esporte e do lúdico, que é a brincadeira intencional, ou mediada. Para motivar o aluno com brincadeira é muito simples, basta lhe mostrar o brinquedo, o professor deve ter sabedoria e estar preparado para usar esse tipo de objeto a favor do ensino, e como ferramenta para aprendizagem. A criança é curiosa e desejosa para o ato de aprender, isso já nasce com ela. O segredo é saber aguçar e despertar na criança para a coisa certa que é a aprendizagem. De acordo com Henri Wallon (2010), “A atividade própria da criança, é o brincar”, e apesar de ser uma atividade própria da criança, e ser prazerosa o brincar exige esforço psicomotor, o que é positivo para o seu desenvolvimento. O ato de costumar o brinquedo e a brincadeira como ferramenta para a aprendizagem é a melhor técnica de motivação, porque esse objeto, o brinquedo, já é por obséquio interessante para a criança, ele é uma maneira que o professor tem para transmitir o conhecimento, sem queimar as etapas do desenvolvimento da criança, querer queimar etapas é um grande erro. 40 É fácil motivar a criança quando se tem em mente o que ela gosta. O entendimento sobre a importância do brincar no desenvolvimento da criança para o aprendizado. Segundo Wallon (2010) é: “Efetivamente, cada uma das etapas que o desenvolvimento da criança percorre, está marcada pela explosão de atividades que parecem por certo tempo, tomar quase totalmente conta dela e cujos efeitos possíveis ela não se cansa de perseguir” (p. 57). A brincadeira é um ato imaginário, e fantasioso por isso excita o gosto na criança. Só de ouvir falar a palavra brincar ou brincadeira, a criança já se desperta, então trazer a brincadeira para a sala de aula, é não privar a criança do mundo infantil. Essa será uma forma de deixá-la envolvida nas situações de aprendizagem sem deixar de pertencer a si mesma. Além da brincadeira, como técnica de motivação do aluno, há também as atividades esportivas. O esporte é uma técnica de motivação, por ser uma atividade que agrada e envolve as crianças. Acredita- se que nas escolas em que são incluídas atividades envolvendo o esporte, há um índice insignificativo de evasão, ou até mesmo a ausência desta. Devido ao gosto que as crianças têm por esse tipo de atividade. Porém, a motivação da criança deve ser criativa e não pode ser repetitiva, pois a criança assim que aprende e descobre enjoam do objeto, principalmente as crianças menores de cinco anos, que é onde mais se usa o brincar para ensinar. Oliveira (2002), sobre importância do brinquedo diz que, “No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar objeto e significado”. Para as crianças acima de cinco anos, que geralmente estão cursando o primeiro ano do ensino fundamental I, o tipo de técnica motivacional que se deve utilizar são os jogos e as brincadeiras de “faz de conta”, pois nessa brincadeira a criança é levada a agir num mundo imaginário, e esse tipo de brincadeira é fundamental para o seu desenvolvimento intelectual. Crianças adoram que contam histórias para ela, o professor que faz isso estará motivando seus alunos. A motivação é tão necessária no contexto escolar, tanto quanto o ar que respiramos, sem ar morre-se e sem a motivação não se aprende. 41 Além do brincar e da fala incentivadora do professor como técnica de motivação, tem ainda a contextualização dos conteúdos, que é o ato de relacioná-los com as vivencias do aluno, isso o tornará motivado a aprender. A aprendizagem e o conhecimento se dão por meio de experiências vivenciadas. É por isso, que Wallon (2010), se refere à importância dos brinquedos para a aprendizagem da criança, segundo ele “o brinquedo nada mais é que a representação do real”, o brinquedo é um objeto motivacional para a aprendizagem do real, por isso aprende- se ao brincar. Ninguém faz algo por fazer do nada, isso é fato, tudo tem um motivo aparente sejam motivos internos de ordem psicológica, como é o caso das necessidades, ou seja, por motivos externos aquele que é provocado por situações externas ao homem. O que não se pode fazer é utilizar somente de premiação para motivar o aluno, para que não crie nele um círculo vicioso onde ele só se moverá a fazer algo, caso receba alguma coisa em troca. Motivar é muito mais que isso, motivar é incentivar, é provocar, é despertar o querer. Às técnicas de motivação são inúmeras, e vai depender da criatividade de cada professor para colocá-la a favor do aprendizado da criança. Porém, é preciso que todo o sistema de educação, principalmente as Políticas da Educação, reconheça a importância da motivação para a aprendizagem e a coloque como prioridade para o ensino/aprendizagem, inserindo-a nas leis de Diretrizes e Bases da Educação e Parâmetros Curriculares Nacionais (1996). Constitui- se em um direito do aluno a aprendizagem, porém, não se deve confundir esse direito á apenas ao ato de frequentar uma instituição de ensino, o direito à educação deve estar ligado ao direito ao conhecimento, nesse caso, o professor não deve se contentar apenas em passar o conteúdo, mas em saber e se preocupar se o aluno está ou não aprendendo. O professor enquanto o único responsável por criar condições em sala de aula para que o aluno aprenda, deverá motivá-los utilizando de todas as técnicas de motivação que estiver ao seu alcance, e preferivelmente aquelas técnicas que condiga com o contexto e realidade do aluno. 42 Segundo Vieira (2002, p. 85): “Os professores costumam relatar dificuldades em dois casos específicos, relacionados à motivação: como despertar a curiosidade dos alunos para temas e tarefas e como deixar claro que esses são importantes”. Acredita- se que inserção da brincadeira e das tecnologias da informação e comunicação no contexto escolar auxilia na resolução desta problemática. É por isso que, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s) devem ser adaptadas para servir a fins educacionais. Esta é atualmente, a mais moderna e poderosa ferramenta que o professor tem a seu favor para ensinar e motivar o seu aluno, visto que esta desperta o interesse do mesmo. Considera- se as TIC’s como grande ferramenta para a motivação do aluno, porque além de ser a realidade da criança de hoje a TIC também é convidativa e prende a atenção da pessoa para si. Por tudo isto, o tópico a seguir abordará exclusivamente esse assunto. 4.1 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO TÉCNICAS DE MOTIVAÇÃO DO ALUNO Ao reconhecer que as crianças do século XXI, são fascinadas pelas tecnologias a ponto de se envolverem facilmente com as tantas informações que esses veículos oferecem não se pode deixar de pensar em usá-la a favor do ensino-aprendizagem na sala de aula. Desde a década de 90, que as políticas da educação vêm tentando inserir as TIC’s na educação pública escolar, como forma de melhorar a qualidade do ensinoaprendizagem. Propõe- se que as novas tecnologias da informação e comunicação sejam inseridas nas escolas, como ferramenta para ensinar a aprender. Uma vez que esta faz parte da realidade do aluno. É importante frisar que, as escolas devem se adaptar às questões que dizem respeito à sociedade, e não o contrário. 43 No entanto, é importante introduzir as tecnologias da informação e comunicação como forma de dialogar com os processos de mudança cultural, principalmente entre os jovens e as crianças para configuração de suas identidades. Infelizmente encontra- se profissionais da Educação que ainda não aderiram a Tecnologia da Informação e Comunicação como sendo aliada do conhecimento. O motivo para a rejeição é por não compreenderem esse universo que é tão complexo e encantador ao mesmo, ou então, por terem se acostumado tanto com o modelo tradicional de ensinar, que têm medo de mudar. Enquanto que os alunos ficam deslumbrados diante do lançamento de um novo celular, por exemplo, o professor está assustado com o que o aluno já conhece a respeito do mesmo. Segundo Beloni e Gomes (2008): “As crianças nascidas na era tecnológica percebem com naturalidade estas “máquinas maravilhosas”, considerando-as parceiras de suas vivências lúdicas e de suas aprendizagens. Apropriam-se delas a partir das mesmas estratégias que utilizam para apreender outros elementos de seus universos de socialização, sejam objetos, pessoas ou animais de estimação: agindo, apropriando-se, estabelecendo diálogos e relações” (p. 721). Sabendo-se que, esse envolvimento da “criança da era da tecnologia”, é algo natural e que faz parte de sua realidade, é inacreditável imaginar que tem professores que ainda não sabem utilizar o computador, e isso é muito grave, pois as autoras Beloni e Gomes (2008), afirmam que, “Estas tecnologias fazem parte do meio ambiente sociocultural no qual elas evoluem, e de cujos elementos elas se apropriam enquanto atores de seu desenvolvimento intelectual e sócio-afetivo”. Parece que tudo evolui menos os métodos utilizados na sala de aula. Mudanças vêm ocorrendo, é óbvio, mas está longe de ser uma evolução, e apesar de ter a tecnologia a favor do ensino aprendizagem, pouco se tem feito para motivar o aluno. Além disso, só a tecnologia não basta para prender a atenção do aluno em sala e aula, pois a motivação do aluno está relacionada a um o trabalho mental situada em todo o contexto da sala de aula. Mas é preciso reconhecer que as TIC’s são atualmente a realidade das crianças do século XXI. Atualmente, é difícil encontrar uma criança que nunca tenha acessado a internet, em se tratando de zona urbana. Acredita- se que, se existem aquelas que ainda não 44 tiveram acesso ao computador, estas moram na zona rural ou são das regiões mais pobres deste país. Falar das TIC’s enquanto ferramenta motivacional é entender tudo isso que foi dito acima acrescentado de: A criança utiliza o computador com o mesmo gosto que usa o brinquedo, não precisa de alguém que o obrigue para tal, basta apontar-lhes o computador ou o brinquedo que o efeito será semelhante. No entanto, o brinquedo precisa ser mediado para que a criança imatura não o quebre, engula ou coisa assim, e o computador precisa ser mediado para que a criança não navegue em sites proibidos porque pode lhes causar danos psicológicos irreversíveis. Seja na sala de aula com a intervenção do professor ou em casa com seus responsáveis, a criança precisa estar acompanhada de um adulto ao navegar na internet, o mundo virtual é motivador e fascinante, porém perigoso. Utilizar o computador ligado à internet como, técnica de motivação é acreditar que situações inovadoras podem e devem ser utilizadas a favor da aprendizagem do aluno. Não é tarefa fácil de ser colocada em prática, pois, exige capacitação de professores para lidar com essa complexidade. Consequentemente, preparação do ambiente, e custo para a manutenção das máquinas, além de um profissional formado na área da informática. É relevante lembrar que as crianças da atualidade se sentem desmotivadas a frequentarem a escola, pois em casa elas têm acesso ao computador, ao vídeo game, ao celular, ao tablet e aos brinquedos informatizados e motorizados que são convidativos e interessantes para elas, enquanto que a sala de aula continua com os mesmos métodos e recursos de cinqüenta anos atrás, tornando-a desinteressante. Trazer a informática para a sala de aula seria também uma forma de trazer o aluno. Se a realidade do aluno é a era da tecnologia, então deve se utilizar dessa realidade a favor dele para que ele se envolva com o que está aprendendo. O computador ligado à internet é atualmente o meio mais eficiente de interação e tem sido o objeto de desejo de crianças e adultos. O computador é também um grande aliado do conhecimento. 45 O computador conectado à internet é tão relevante para a aprendizagem, e tem grande influencia sobre o conhecimento que algumas pesquisas que a UNESCO3 realizou em 2005 para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem-2005) mostraram que dos alunos que obtiveram as melhores notas, 64,8% têm internet em casa. E entre as notas mais baixas, 82,2% não dispõem de acesso à rede no ambiente familiar. O fato de essa pesquisa ter sido realizada em 2005, não muda nada o conceito que temos hoje com relação à informática na educação. Beloni e Gomes (2008), dizem que: “A análise de estudos e pesquisas (inclusive as nossas) nos leva a acreditar que a interação entre pares e com adultos, em situações favoráveis e inovadoras de aprendizagem e com uso pedagógico apropriado das TIC, pode levar as crianças em geral e, em especial, aquelas menos favorecidas, a desenvolver comportamentos colaborativos e autônomos de aprendizagem, altamente eficazes e benéficos para seu desenvolvimento intelectual” (p. 721). Trazer a TIC para a sala de aula é uma situação inovadora para favorecer a aprendizagem do aluno, e isso é motivação. Murray (1978), já dizia: “O efeito da motivação sobre a aprendizagem e desempenho tem sido uma questão de importância central para os psicólogos, durante vários anos”. A motivação é primordial para a aprendizagem, sem ela não há aprendizagem. Porém os estudos direcionados a esse tema sempre caem no censo comum, é como se ainda faltasse uma investigação de caráter científico para desvendá-la. Segundo Maslow (1961): “ainda não foi encontrada uma boa definição comportamental de motivação”. A definição da motivação que conhecemos é com relação a sua origem e não ao sentido epistemológico da palavra. 3 UNESCO. Tecnologia, Informação e Inclusão: TIC’s nas Escolas. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001585/158529por.pdf. Acesso em: 18 de junho de 2013. 46 5 PESQUISA DE CAMPO 5.1 AVERIGUAÇÃO DE DADOS ATRAVÉS DE PESQUISA DE CAMPO Esta pesquisa tem caráter descritivo/qualitativo, e foi alcançada com o objetivo de averiguar dados sobre a motivação no contexto das Escolas do século XXI. Para tal experimentação foi necessário o levantamento de algumas perguntas. Essas foram direcionadas a uma amostra de 20 professores que atuam na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, das redes Estadual, Municipal e Privada, do município de Serra no Estado Espírito Santo. Para a coleta desses dados utilizou-se de sete questões, sendo cinco fechadas e duas abertas. E ainda quis- se, saber como estão os alunos nesse processo, uma vez que, é ele o protagonista desta pesquisa. A elaboração das questões para a entrevista se deu com base na pesquisa bibliográfica, deste trabalho. Essas foram para ter conhecimento, do que os professores entendiam por motivação. Dos 20 professores entrevistados, 13 ou 65% responderam que motivação é despertar, estimular no aluno o interesse e a curiosidade pelas atividades escolares. Conforme demonstração no Gráfico abaixo: Motivação é: Despertar o interesse no aluno, estimular a curiosidade Respostas diferentes 35% 65% GRÁFICO 1: Motivação é: Fonte: da pesquisa (2013) 47 Como se sabe a motivação é um termo que vem do latim “movere” que significa mover, e esse mover nesse caso seriam despertar e estimular o aluno para que ele se mova em direção ao saber. Seguindo a ordem das indagações, pergunta-se aos professores como eles poderão motivar os seus alunos. Com efeito, 90% responderam que, com incentivos, elogios, com o afeto e até mesmo com atividades desafiadoras. Segundo os professores, estas são uma forma de motivar o aluno. Os outros 10% dos professores entrevistados disseram que é difícil motivar o aluno, devido à falta de recursos e apoio ao professor. Segue abaixo demonstração no gráfico: Como os professores podem motivar seus alunos: Incentivos, elogios, afeto, etc. Difícil motivar 10% 90% GRÁFICO 2: Motivação do aluno Fonte: da pesquisa (2013) Provavelmente, os 10% dos professores que tiveram respostas negativas com relação à motivação do aluno, estavam com o pensamento voltado para si e para o sistema Educacional, por isso não viram o aluno. Ressalta-se que para aprender é preciso querer. Sendo assim, pergunta-se aos professores, se os seus alunos têm algum motivo para vir a Escola que não seja a obrigatoriedade imposta pelos seus responsáveis, não obstante, apenas 15% disseram que não. Segundo estes os seus alunos vêm à Escola porque são obrigados e, a Escola não é um lugar motivador, apesar de ter aulas como, Artes e Educação Física, que foram consideradas por eles como sendo uma prática que motiva. 48 Os outros 85% disseram que sim, que os seus alunos vão à Escola porque esta oferece- lhes o que muitas das vezes eles não têm em casa, por exemplo, a socialização. Atualmente sabe-se que o modelo tradicional de família está mudando, e com isso a maioria das crianças não têm com quem conversar em casa, logo, elas veem a Escola como o único lugar de interação. O gráfico abaixo demonstra essa afirmação em porcentagem. Motivos que os alunos têm para ir à Escola Nenhum motivo Têm motivos 15% 85% GRÁFICO 3: Motivação para ir à Escola Fonte: da pesquisa (2013) Além disso, os professores disseram também que os seus alunos vêm a Escola por que eles gostam das aulas de Artes e Educação Física. E, da mesma forma dos professores, porque dão á eles, a atenção que não recebem em casa. A criança é um ser em desenvolvimento que está sempre buscando algo para o seu aprendizado, coisa que a Escola lhes proporciona, assim declarou uma professora. Com o intuito de coletar dados sobre o papel da Escola, com relação à motivação. Pergunta-se aos professores: O que a Escola faz para motivar o aluno, dado que, 40% disseram que a Escola faz tudo para motivar o aluno, oferece os recursos necessários para que o aluno queira e goste de vir estudar, não obstante, outros 40% disseram que, o que a Escola faz para motivar o aluno não são suficientes, os demais somados um total de 15%, não quiseram opinar. O resultado fica conforme representação no gráfico a seguir: 49 O que a Escola faz para motivar os seus alunos Faz tudo Poucas Coisas Não opinaram 20% 40% 40% GRÁFICO 4: Escola faz para motivar o aluno Fonte: da pesquisa (2013) Embora metade dos professores tenha dito que, a Escola faz de tudo para motivar o aluno, e a outra metade tenha entrado em contradição. Todos concordaram que as aulas de Educação Física e Artes oferecidas pela Escola são maneiras de motivar o aluno. É importante frisar que, a motivação é tudo aquilo que faz despertar o interesse no aluno, isto quer dizer que, as formas de motivá-lo faz parte da realidade das Escolas, visto que, os professores estão sempre buscando uma maneira de despertar o interesse do aluno para a aprendizagem. Embora a motivação faça parte do cotidiano da Escola, esta, não ganha destaque nos PCN’S4 ou na LDB5 que são os documentos mais importantes da Educação. Tendo em vista os resultados acima, conclui-se que a Motivação predomina no contexto Escolar, mesmo que com outra significação. 4 5 Parâmetros Curriculares Nacionais. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 50 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Enfim, importa salientar que, a motivação é um termo e se divide em dois fatores, um que é intrínseco, interno e outro que é extrínseco, externo ao “ser”. A palavra motivação tem sua origem no latim “movere” que significa mover, isto é, impulso para fazer algo. Percebe-se que, a motivação está sendo vista nas empresas como forma de aumentar os lucros, tanto que, os empresários têm investido no homem. Nas Escolas, mas especificamente com o aluno, esse investimento intencional pouco acontece. Sabe-se que a lei obriga a frequência do aluno na Escola, mas não garante um ensino de qualidade e motivador para uma aprendizagem significativa. Por isso, sugere- se as novas tecnologias da informação e comunicação e o ensinar com brinquedos como ferramenta para se ensinar em sala de aula. Visto que, esta é hoje a realidade das crianças do século XXI, além de ser um modelo inovador que o professor deve aderir e utilizar em benefício do ensino-aprendizagem. Propõe-se que a escola se transforme em um ambiente motivador, lugar em que os alunos vão porque gostam, e não porque são obrigados. Vê-se que a responsabilidade de transformar a escola e as aulas interessantes para o aluno, é do professor. Porém, este nem sempre está comprometido com a educação, muitas vezes ele trabalha por causa do salário, e porque precisa manter um padrão de vida, exigido por essa sociedade capitalista/consumista. Factualmente quando o professor não está comprometido, quem sai perdendo é o aluno, o principal sujeito nesse processo. Não se pode generalizar porque há professores comprometidíssimos com o seu trabalho, e faz tudo que estiver ao seu alcance para que o seu aluno aprenda. Há professores em que o aluno passa a gostar de frequentar a Escola somente por sua causa. Em conversa direcionada a 20 alunos com idade entre 9 e 13 anos, da 4ª série e 4º ano do Ensino Fundamental I, de uma mesma Escola Estadual no Município de Serra/ES, eles disseram que gostam de frequentar a Escola por causa da 51 professora, e das aulas de Educação Física e Artes, ou seja, o motivo de irem à Escola é esse. Vale ressaltar a importância das novas tecnologias da informação e da comunicação como ferramenta de motivação em sala de aula, visto que esta pode levar a criança a desenvolver comportamentos colaborativos e autônomos de aprendizagem, que são benéficos para o desenvolvimento intelectual e sócio- afetivo. No entanto, as novas tecnologias da informação e da comunicação têm sido vista no meio educacional como uma espécie de autodidaxia que vem desafiando a escola, e todo campo de educação. Portanto, espera- se que a escola tire proveito dessa autodidaxia utilizando-a a seu favor, visto que é papel desta tornar o indivíduo crítico, autônomo e cumpridor de seu dever enquanto cidadão. Como forma de tornar o conhecimento mais prazeroso para o aluno propõe-se que a Escola adote as técnicas de motivação. Técnicas de motivação são todos os recursos, que o professor tem ao seu alcance e que poderá utilizá-lo a favor da aprendizagem do aluno. Por exemplo, as brincadeiras, os jogos, o diálogo, as tecnologias da informação e comunicação, os brinquedos, as atividades em grupo, que a criança tanto gosta e se envolve. O professor precisa ter consciência de seu papel. O descaso dele para com os alunos pode causar um dano irreparável para toda a sociedade. É preciso identificar esses fatos, para que providências sejam tomadas. Entende-se que toda essa problemática e descaso, com a Educação de modo geral, a começar pelo Estado é por falta de motivação no sistema. Apesar de algumas mudanças que vem ocorrendo nos últimos anos, os professores ainda reclamam de seu salário e da má qualidade e/ou falta de material didático, o que o deixa desmotivado. Quando se refere aos alunos a situação ainda é mais grave. O Estado não vê motivos para investir no aluno, porque o resultado é ao longo prazo. A escola por sua vez, sem receber o apoio financeiro e o reconhecimento necessário fica também desmotivada. A motivação no âmbito Educacional e no contexto Escolar precisa ganhar outro sentido, buscar outra direção, pensar no aluno e na 52 aprendizagem do mesmo como prioridade. Propõe- se Motivar o aluno para aprender, através do que é prazeroso para ele. Para isso, é preciso reconhecer que a motivação é relevante para a aprendizagem. A pesquisa de campo deste trabalho realizada com 20 professores, da rede Estadual e Privada do Município de Serra/ES, comprovou que: os professores podem motivar os seus alunos com elogios, afeto, incentivos e com atividades desafiadoras. Essa foi à resposta de 90% dos entrevistados, quando perguntados de que forma eles poderiam motivar o seus alunos. Ao motivar o aluno com as Técnicas de Motivação que foram apresentadas nesse trabalho, ou através de incentivos, afeto e atividades desafiadoras conforme sugerem os professores entrevistados, a escola estará contribuindo para que esse aluno permaneça nela. Em outras palavras, uma escola sem motivação é uma escola morta. Portanto, deve- se fazer uso de todas as técnicas de motivação existentes e disponíveis, para que o aluno aprenda querendo aprender, e não por ser obrigado. A motivação no contexto escolar implica em uma série de questões atuais de um mundo complexo, desigual e plural. Sabe-se que as questões que dizem respeito ao fracasso escolar no geral são bem mais profundas do que a introdução das novas tecnologias da informação e comunicação e do ensinar com brincadeiras de maneira intensiva, como forma de motivar o aluno, pois envolve questões de relevância social e cultural. Certamente, as questões de relevância cultural e social merecem uma atenção especial, uma investigação mais detalhada por ser um assunto complexo em sua diversidade e polêmico. Uma vez que, envolve questões relacionadas ao preconceito e as desigualdades sociais, culturais e raciais. Conclui- se que a motivação é necessária para a aprendizagem, portanto deve ser pensada e desejada no contexto escolar. Afinal a escola é uma organização de pessoas, que tem como objetivo tornar o indivíduo parte da sociedade. 53 7 7.1 REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 1999. BELONI, Maria Luiza. 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