MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO Professor Esp. Luciano Santana Pereira GRADUAÇÃO MARINGÁ-PR 2012 Reitor: Wilson de Matos Silva Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenação de Marketing: Bruno Jorge Coordenação Comercial: Helder Machado Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, Luiz Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Motivação de indivíduos e grupos de trabalho / Luciano San tana Pereira. Maringá - PR, 2012. 234 p. “Graduação em Graduação em Gestão Pública - EaD” 1. Motivação. 2. Grupos de trabalho. 3. Administralção de pes soal. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 658.314 CIP - NBR 12899 - AACR/2 “As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site PHOTOS.COM”. Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - [email protected] - www.ead.cesumar.br MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO Professor Esp. Luciano Santana Pereira APRESENTAÇÃO DO REITOR Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisaextensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Professor Wilson de Matos Silva Reitor MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 5 Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido. Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento. Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa. Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária. Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem! Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR 6 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância APRESENTAÇÃO Livro: MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO Professor Esp. Luciano Santana Pereira Mestrando em Ciências Sociais, Graduado em Administração e Gestão Comercial, MBA em Gestão de Estratégias Empresariais, Pós-Graduado em Gestão de Pessoas e Desenvolvimento de Talentos. Já atuou como Gerente e Coordenador de Lojas no segmento de Varejo por quatorze anos. Como consultor, desenvolveu trabalhos em empresas de pequeno, médio e grande porte envolvendo as áreas de Planejamento Estratégico, Formalização de Processos e Treinamentos de Equipes e Gestores. Atualmente, desenvolve atividades de Consultoria e Treinamento na área de Recursos Humanos e atua como Professor Universitário na modalidade presencial e a distância (EAD) nos cursos de Graduação e Pós-Graduação pelo CESUMAR – Centro Universitário de Maringá. Prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo (a) ao livro MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO. Primeiramente, quero registrar minha alegria em participar junto com você nesta jornada de aprendizado e troca de experiências. Saiba que o conteúdo desse livro foi elaborado com muito carinho e atenção. Espero que goste do material, pois durante todo o processo de análise e estudo dos textos, a maior preocupação foi encontrar e disponibilizar a você um conjunto de informações que pudesse, verdadeiramente, proporcionar conhecimento e aprendizado, abrindo novos horizontes para o seu dia a dia, desenvolvendo uma percepção mais apurada e novas possibilidades na sua maneira de pensar sobre o tema proposto. Ao organizar o texto do presente livro, tive a oportunidade de pesquisar obras renomadas e conhecer o trabalho e ideias de vários autores que já escreveram sobre o assunto. Todo esse trabalho preliminar teve como objetivo disponibilizar a você um livro que abordasse a “Motivação de Indivíduos e Grupos de Trabalho” de maneira simples e de fácil compreensão. Tratar sobre esse assunto é indispensável, pois possibilita ao acadêmico desenvolver uma visão integral e abrangente sobre o ser humano, suas motivações e interações com o ambiente de trabalho. A finalidade deste livro é desenvolver condições didático-pedagógicas, levando você ao MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 7 estudo das abordagens psicológicas sobre o ser humano, suas origens e suas tendências, buscando compreender o comportamento e a motivação humana no ambiente de trabalho. Dada sua importância na atualidade das organizações, o acadêmico e futuro profissional necessita conhecer seu ambiente de trabalho como um todo, considerando a complexidade e as mudanças no universo empresarial. Dessa forma, torna-se imprescindível que este profissional detenha os conhecimentos e as técnicas para proporcionar as condições necessárias e desencadear o sentido de equipe, motivação e principalmente o compromisso individual com a organização, utilizando como base o estabelecimento de uma cultura voltada para a retenção e manutenção dos bons profissionais e ainda um modelo de gestão ágil e dinâmico, possibilitando à organização maior flexibilidade frente às demandas do mercado, que por sua vez se torna cada vez mais dinâmico e competitivo. O mundo dos negócios vive um período bastante crítico e decisivo, muitas empresas, ainda que diante das dificuldades, se fortalecerão e outras infelizmente, apesar das tentativas, simplesmente deixarão de existir. Esse é um ciclo inevitável ao que chamamos de risco do negócio. Porém, nem todas as empresas estão preparadas para essa realidade mutante e veloz. O grande desafio das organizações contemporâneas decorre da necessidade de se manterem competitivas sem onerar demasiadamente a empresa, sendo essa uma preocupação presente em seu dia a dia. De um lado temos um mercado consumidor cada vez mais exigente e seletivo em decorrência das próprias condições oferecidas pelas empresas que atuam nesse mercado, soma-se a isso o número de concorrentes atuais e entrantes, as novidades tecnológicas e as inúmeras possibilidades oferecidas pelo estilo de vida contemporâneo. Do outro lado, encontram-se as empresas buscando de todas as formas sobreviver em meio a todos esses avanços. Decididamente, os acontecimentos de hoje implicarão em mudanças, no cenário econômico futuro, bem como o que estamos presenciando, naturalmente, é o reflexo das decisões tomadas num passado nem tão distante. Dessa forma, a mudança deve ser vista e interpretada como algo natural dentro das organizações. Para o mundo dos negócios, o que tem colocado à prova a sobrevivência das empresas nem sempre é a sua capacidade de perceber a mudança, o mercado ou ainda a sua capacidade de investir em tecnologias, em novos produtos ou serviços. O que realmente coloca em risco a sobrevivência das empresas decorre do seu fator humano, ou seja, o sucesso de um negócio 8 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância está diretamente relacionado à atuação das pessoas. É importante destacar que todas as mudanças e todos os avanços tecnológicos só existem em função das pessoas e são idealizadas para atender a necessidades criadas e sentidas pelas pessoas. Perceba que tudo o que existe nos dias de hoje e tudo que ainda virá a existir é, e será, fruto da atuação humana. Observe como isso é interessante, uma empresa pode investir muito dinheiro em equipamentos e tecnologias e ainda assim não mudar. Você deve estar se perguntando: como isso pode ser possível? A resposta é simples. Uma empresa realmente só muda quando as pessoas mudam, portanto a verdadeira mudança só ocorre a partir do momento em que o ser humano se coloca à disposição para tal ação. No mundo competitivo em que vivemos, nunca se falou tanto em criatividade, inovação, superação como tem se falado. Com certeza, esse apelo é consequência do reconhecimento, por parte das organizações, sobre a importância e o impacto que uma equipe pode proporcionar a um negócio. Quando menciono impacto, devo esclarecer: ele pode ser tanto positivo quanto negativo, a polaridade e o potencial desse impacto provocado pela atuação humana nas organizações estão, por sua vez, relacionados à forma como as pessoas são conduzidas no ambiente de trabalho. O pano de fundo que embasa o texto até aqui é exatamente a espinha dorsal de todo o conteúdo deste livro. Na vida empresarial, pessoal e profissional somos colocados à prova, frente a grandes desafios que nos exigem cada vez mais esforço, raciocínio, interação com outras pessoas. O sucesso ou o fracasso dependerá da maneira que nos posicionamos frente a esses desafios. Assim como as empresas e as pessoas devem perceber as mudanças como uma ação natural. Inúmeras empresas utilizam uma série de critérios para tomar a decisão de contratar uma pessoa, mas diante da realidade que vivemos, alguns requisitos se tornam vitais para a sobrevivência e o sucesso das pessoas no ambiente corporativo. Atualmente, as empresas avaliam os requisitos relacionados às competências técnicas, às competências comportamentais e também às competências relacionais. As competências técnicas representam o estoque de conhecimento acumulado para a realização de uma determinada tarefa, as competências comportamentais referem-se ao conjunto de atitudes MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 9 e posturas adotadas pelo profissional em situações de trabalho e, por fim, as competências relacionais representam a capacidade que o profissional dispõe em se relacionar com outras pessoas, trabalhar em time, a disponibilidade em ajudar e permitir ser ajudado. Muito além desses requisitos citados, as empresas buscam encontrar nos profissionais uma capacidade ainda maior a de se manter motivado, pessoas que tenham sonhos, que tenham vontade de crescer não apenas financeiramente, mas também como pessoas. Profissionais assim são raros e, geralmente, quando questionados sobre os seus sonhos e objetivos para o futuro, eles descrevem coisas grandes e se posicionam frente a esse desafio como verdadeiros guerreiros, sabem o que querem e aonde pretendem chegar. Pessoas com esse perfil se mantêm motivadas, porque elas sabem que, para chegar ao objetivo, não há outro caminho e sabem também que sozinho se chega lá, mas em equipe o sabor da vitória é muito maior. A grande maioria das empresas vive esse dilema, contratar pessoas altamente capacitadas tecnicamente ou admitir pessoas nem tão capacitadas tecnicamente, mas com alto grau de motivação. O que é mais importante para a empresa: uma pessoa criativa ou uma pessoa motivada? Essa é uma importante pergunta a ser feita. Uma pessoa muito criativa, porém com baixa motivação, naturalmente terá poucas chances de concretizar suas idealizações. Uma pessoa muito motivada e com pouca criatividade naturalmente gastará muito mais energia, ainda assim, não chegará a um resultado expressivo. Para essa questão, é difícil dizer o que é certo ou o que é errado, mas de uma coisa tenha certeza: o mundo pertence aos motivados. A motivação e o comportamento humano em coletividade há muito tempo é foco de inúmeros estudos. Tais pesquisas mostram que nem todas as ações humanas são guiadas pela razão e que há outros fatores que podem servir como fonte de motivo. Alguns comportamentos humanos são motivados por fatores biológicos como a necessidade de comida, água e regulação da temperatura. Outro fator de motivação é o comportamento cognitivo, ou seja, as pessoas se comportam de acordo com as ações e interações provenientes das relações pessoais estabelecidas com outros. Os fatores emocionais também fornecem motivação. Ainda há a influência dos pais, professores, irmãos, amigos, televisão e outras fontes no comportamento do indivíduo. Chamamos de comportamento motivado aquele que é dirigido para atingir um objetivo. É difícil falar sobre motivação e não nos reportarmos ao termo movimento, uma pessoa motivada é aquela que se coloca em movimento com a intenção de atingir uma meta. Esse fator motivador 10 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância pode variar conforme a percepção, o anseio e a necessidade de cada pessoa. Portanto, motivação é a força interior que proporciona as ações e comportamentos para a busca de um determinado objetivo. Muitos foram os autores que, ao longo da história, contribuíram por meio de seus estudos para a formalização dos conceitos que hoje conhecemos. De forma breve, vamos entender um pouco mais sobre as teorias da motivação humana. Uma das primeiras concepções sobre a motivação foi intitulada de Teoria Cognitiva. Essa teoria propunha que o homem, basicamente, é um ser racional, possui desejos conscientes e usa sua capacidade para satisfazê-los. Esta era a ideia de filósofos como Platão, Tomás de Aquino, Descartes, Hobbes e Spinoza. Entendiase que a vontade era uma das faculdades mentais, como o pensamento e o sentimento. Se um indivíduo pode controlar a sua vontade, é responsável por suas ações. Em seguida, temos a Teoria hedonista, nessa, todas as ações do indivíduo se resumem em buscar o prazer ou evitar a dor. Ao observarmos nossa sociedade, parece razoável essa teoria, pois há uma busca incessante de prazer e rejeição de toda responsabilidade. A Teoria do Instinto tem origem com o início das teorias científicas, principalmente a teoria da evolução de Darwin: as ações inteligentes são herdadas, as mais simples são reflexos, as mais complexas são instintos que surgiram através da seleção natural da espécie. Podemos observar ainda a Teoria do Impulso, sendo essa uma energia que impele o organismo a uma ação. Os pesquisadores costumam diferenciar impulsos primários, que são aqueles que surgem de necessidades biológicas, e impulsos secundários, que são aprendidos e motivam a pessoa a agir como se fosse uma necessidade básica. Dando sequência nas principais teorias da motivação humana, chegamos à Teoria Hierárquica das Necessidades de Maslow. Essa teoria propõe dois estados motivacionais. Em primeiro momento, aqueles que garantem a sobrevivência ao satisfazer as necessidades físicas e psicológicas básicas: fisiológicas, segurança, amor, sentimento de filiação, autoestima. Em segundo plano, estão aqueles que permitem a autorrealização da pessoa, principalmente nos aspectos intelectuais e criativos. Sua teoria é denominada hierárquica porque as necessidades mais básicas na escala devem ser satisfeitas antes das superiores. Exemplo: não adianta querer aprender alguma coisa quando se está com fome e quanto mais alto estamos na escala menos biológica se torna a nossa necessidade. O ser humano é único quanto à projeção de futuro, embora cada indivíduo se diferencie em sua habilidade de planejar e atingir metas. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 11 A Teoria da Excitação pode ser definida como um nível geral de ativação que se reflete no estado de vários sistemas fisiológicos. Os níveis de excitação podem ser medidos pela atividade elétrica no cérebro, pela ação do coração, pela tensão muscular e pelo estado de muitos outros órgãos. A excitação, normalmente, é menor durante o sono e mais elevada em estados de pânico ou excitação extrema. Também pode se elevar com estímulos muito intensos (luzes brilhantes ou sons altos, por exemplo), por eventos inesperados ou novos ou pela cafeína ou outras drogas estimulantes. O desempenho das pessoas é melhor quando a excitação é moderada. A motivação é um fator fundamental na vida do indivíduo. Sem motivação não há crescimento, não há aprendizagem, não há evolução. Os indivíduos sempre esperam receber a motivação por meio de alguém ou de algum fator externo, e isso nem sempre é possível. Manter-se motivado nos dias de hoje envolve: autoconhecimento, possuir objetivos e metas bem definidas, tanto para a vida profissional quanto para a vida pessoal. Dessa forma, o indivíduo manterá a mente e o corpo em atividade até que a necessidade seja satisfeita. Muitas empresas desenvolvem ações com o propósito de manter suas equipes motivadas, mas é importante ressaltar que nem sempre a motivação do indivíduo ocorrerá em decorrência de um estímulo externo. É importante o gestor ter a consciência de que campanhas realizadas pela empresa poderão ou não trazer a esperada motivação aos indivíduos. É necessário encontrar o equilíbrio entre ações proporcionadas pela empresa juntamente a outros fatores que influenciam na motivação das pessoas no ambiente de trabalho. Podemos citar a importância dos grupos de trabalho e suas interdependências. A maneira como as pessoas se relacionam, a forma como se comunicam, as condições estruturais de trabalho, o clima de amizade e ajuda, o estilo de liderança predominante, a natureza da tarefa a ser desempenhada. Todos esses fatores somados às características individuais podem influenciar na motivação dos indivíduos. Nunca se falou tanto na força das equipes como em nossa atualidade, considerando toda a dificuldade encontrada por parte das empresas em decorrência da nova configuração econômica mundial, sendo assim, se torna uma das responsabilidades mais importantes para o gestor observar o comportamento dos indivíduos em seu ambiente de trabalho e identificar as verdadeiras causas da ausência de motivação e desenvolver condições físicas, estruturais e psicológicas adequadas para o bom andamento das equipes de trabalho, potencializando os 12 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância talentos e a energia criativa das pessoas para o mesmo objetivo, minimizando desgastes com conflitos, problemas decorrentes da falha na comunicação e, principalmente, o retrabalho e questões relacionadas à qualidade de produtos e serviços. O conteúdo do livro está organizado em dois assuntos, sendo que o primeiro nos traz as abordagens correspondente ao comportamento e à motivação humana e o segundo tem sua atenção voltada para os aspectos que envolvem os grupos de trabalho e a liderança nas organizações. Todo esse conjunto de informações, por sua vez, se encontra distribuídos em cinco unidades de estudo. A unidade I do livro, “Comportamento e Relacionamento no Local de Trabalho”, aborda a relação entre pessoas e organizações, bem como a personalidade como decorrência das experiências e vivências e seus efeitos sobre o comportamento humano. Nessa unidade, são apresentadas algumas ideias sobre a importância da percepção sobre a forma de ser, pensar e agir de cada um, desencadeando um processo único em cada indivíduo e promovendo uma diversidade de diferenças individuais. Tratamos ainda sobre o comportamento e o relacionamento no local de trabalho, e ainda são apresentadas algumas sugestões de habilidades para as relações humanas, tais sugestões têm como propósito auxiliar o leitor a desenvolver seus relacionamentos de forma mais assertiva e ainda observar o comportamento das pessoas de forma sistêmica. A unidade II, ‘‘Principais Teorias da Motivação”, nos traz uma definição clara do que vem a ser a motivação. Explica por que um trabalhador motivado pode não ser necessariamente um funcionário de alto desempenho. São tratados assuntos como ciclo motivacional e a frustração dos indivíduos e suas possíveis reações. No desenrolar da unidade, são abordadas as diferentes teorias da motivação humana, sendo: a hierarquia das necessidades de Maslow, a teoria ERC de Alderfer, a teoria das necessidades manifestas de Henry Murray, a teoria das necessidades aprendidas de David McClelland, a teoria X Y de McGregor, a teoria da motivação-higiene de Herzberg. São abordados ainda a importância do reforço positivo, a teoria da expectativa e a teoria da fixação de metas. De forma geral, o conteúdo da unidade deixa claro que a motivação é uma manifestação individual, e gestores e líderes não podem motivar outras pessoas, mas sim apenas influenciar comportamentos por meio de suas estratégias ao estabelecer as relações com seus liderados, ou ainda por intermédio de programas de remuneração variável, planos salariais baseados na habilidade, programas de reconhecimento e a importância do ambiente de trabalho como fator influenciador na motivação dos indivíduos. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 13 A unidade III do livro, “Satisfação e estresse no local de trabalho”, estuda as atitudes e emoções geradas no local de trabalho: as mais importantes são a satisfação no trabalho e o estresse ocupacional. A unidade inicia definindo o que é satisfação no trabalho e, em seguida, faz uma abordagem sobre o estresse no trabalho. Procuro descrever todo o processo evolutivo do estresse e logo as consequências para a empresa e também para os indivíduos, sendo: custos com assistência médica, absenteísmo e rotatividade de pessoal, baixo compromisso com o trabalho e até a violência no local de trabalho. Destaco ainda as fontes de insatisfação e estresse, em que podemos citar o ambiente físico e social, inclinações pessoais, natureza das tarefas, os papéis e conflitos organizacionais. Para aprender a lidar e administrar o estresse, descrevo, passo a passo, como identificar a causa e minimizar os efeitos da insatisfação e do estresse. Encerrando a unidade, trago alguns conceitos e ideias sobre a inteligência emocional, apresentando as cinco competências para seu desenvolvimento e ainda falo sobre a importância de desenvolvermos a resiliência, uma vez que ela nos possibilita lidar melhor com as inúmeras adversidades que ocorrem em nosso dia a dia de forma a não permitir que tais adversidades possam comprometer nossos objetivos. A unidade IV do livro, “Entendendo os grupos de trabalho”, procura entender o que são grupos de trabalhos e como podem ser classificados entre os grupos formais que são aqueles estabelecidos e definidos pela organização, e também os grupos informais, sendo aqueles criados pela iniciativa dos membros. Na sequência, descrevemos os estágios da formação de um grupo, abordando desde seu primeiro momento, o encontro, passando pelas várias fases de surgimento e percepção das diferenças, o abrandamento dessas diferenças a fase do desempenho e por fim a dissolução do grupo. Por meio de nossos estudos, procuramos identificar os fatores que afetam as relações entre grupos, sendo esses bastante diversos e ainda descrevemos a relação entre coesão e produtividade de grupo. Esses fatores que influenciam as relações e também a coesão podem ser diretamente proporcionais ao número de pessoas que compõem o grupo, sendo que quanto maior o número de pessoas, mais chances apresenta de ter desvios nas relações e baixa coesão. Dessa forma, não poderíamos deixar de falar sobre os conflitos em grupos e organizações, trazendo alguns direcionamentos para minimizar os efeitos do conflito nos grupos. E por fim, procurou-se demonstrar os métodos para administrar relações entre grupos. Na unidade V do livro, “Desenvolvendo grupos e formando equipes”, abordamos o processo 14 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância de equipes de trabalho. Iniciamos a unidade conceituando o que vem a ser uma equipe, bem como suas diferenças comparadas aos grupos de trabalho, na sequência estabelecemos uma reflexão sobre a importância das equipes e o que justifica sua existência nas organizações contemporâneas. Com mais detalhes, estabelecemos as diferenças entre equipes e grupos de trabalho e apresentamos os benefícios e custos das equipes no ambiente organizacional. Dando sequência em nosso estudo, apresentam-se os papéis das equipes nas organizações, bem como os tipos de equipes que podem ser desenvolvidos. Finalizando a unidade de estudo, apresento de forma detalhada o processo de implementação das equipes. Caro aluno, é muito importante que você realize a leitura antecipada de todo o material, bem como se dedique a resolver as Atividades de Autoestudo que se encontram no final de cada unidade. Os conteúdos oferecidos nesta disciplina, por meio deste livro, somente se tornarão conhecimento se houver o estabelecimento de reflexões e a busca da conversão dessas inúmeras informações em algo aplicável, ou seja, o conhecimento. Certamente, ao longo de sua jornada de estudos, você passará pelo processo de aprendizagem que se realiza por meio de quatro estágios, na qual podemos indicar, como: 1º curiosidade; 2º dúvida, confusão; 3º conhecimento e por fim 4º sabedoria. Como sugestão, primeiramente, se preocupe em estabelecer uma compreensão básica do assunto, começando a entender alguns dos termos mais usuais, tal como se apenas estivesse reconhecendo o terreno. Em seguida, após saber por alto como são as coisas, será mais fácil sair e caminhar em terra firme, como iremos fazer, pouco a pouco. “Registro meus sinceros agradecimentos por ter a oportunidade de fazer parte do seu processo de aprendizagem e desejo muito sucesso a você”! Forte abraço e Bons estudos! Professor Luciano Santana Pereira MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 15 SUMÁRIO UNIDADE I COMPORTAMENTO E RELACIONAMENTO NO LOCAL DE TRABALHO ENTENDENDO AS PESSOAS NA ORGANIZAÇÃO 24 PERSONALIDADE E O COMPORTAMENTO HUMANO 27 A PERCEPÇÃO E AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS 34 COMPORTAMENTO E RELACIONAMENTO 36 HABILIDADES PARA AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 39 HABILIDADES SOCIAIS NO TRABALHO 43 UNIDADE II TEORIAS DA MOTIVAÇÃO HUMANA A MOTIVAÇÃO HUMANA 56 FRUSTRAÇÃO DO INDIVÍDUO 60 CONHECENDO AS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO 64 TEORIAS DE CONTEÚDO 65 TEORIAS DE PROCESSO 84 UNIDADE III SATISFAÇÃO E ESTRESSE NO LOCAL DE TRABALHO A RELAÇÃO HOMEM E TRABALHO 106 DEFININDO SATISFAÇÃO E ESTRESSE 109 CUSTOS ORGANIZACIONAIS DA INSATISFAÇÃO E DO ESTRESSE 121 FONTES DE INSATISFAÇÃO E ESTRESSE 126 LIDANDO COM A INSATISFAÇÃO E O ESTRESSE 132 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 135 RESILIÊNCIA NO TRABALHO 143 TESTE: SINAIS DE ESTRESSE NO TRABALHO 148 UNIDADE IV ENTENDENDO OS GRUPOS DE TRABALHO ENTENDENDO GRUPOS DE TRABALHO 156 ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO 161 FATORES QUE AFETAM AS RELAÇÕES ENTRE GRUPOS 167 DINÂMICAS INTERGRUPAIS 174 CONFLITOS EM GRUPOS E ORGANIZAÇÕES 177 MÉTODOS PARA ADMINISTRAR RELAÇÕES ENTRE GRUPOS 181 TESTE - COESÃO GRUPAL 185 UNIDADE V DESENVOLVENDO GRUPOS E FORMANDO EQUIPES O QUE EXPLICA A POPULARIDADE DAS EQUIPES194 COMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS E EQUIPES DE TRABALHO 196 BENEFÍCIOS E CUSTOS DAS EQUIPES 200 DISTRIBUINDO PAPÉIS E PROMOVENDO A DIVERSIDADE 207 TIPOS DE EQUIPES 211 IMPLEMENTAÇÃO DAS EQUIPES 214 FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES 219 CONCLUSÃO 228 REFERÊNCIAS 231 UNIDADE I COMPORTAMENTO E RELACIONAMENTO NO LOCAL DE TRABALHO Professor Esp. Luciano Santana Pereira Objetivos de Aprendizagem • Entender a relação entre pessoas e organizações. • Verificar como a personalidade afeta o comportamento. • Identificar as possíveis causas das diferenças individuais. • Explicar a importância do relacionamento no local de trabalho. • Relatar sobre as habilidades para as relações interpessoais. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Entendendo as pessoas nas organizações • Personalidade e o comportamento humano • A percepção e as diferenças individuais • Comportamento e relacionamento • Habilidades para as relações interpessoais • Habilidades sociais no trabalho Fonte: SHUTTERSTOCK.COM INTRODUÇÃO Olá! Sempre digo que é uma satisfação participar junto com você desta jornada de aprendizado e de troca de experiências e dessa vez não poderia ser diferente. Vamos iniciar nossos estudos sobre a Motivação e Grupos de Trabalho de uma forma especial. Nesta primeira unidade, tomaremos como objeto de estudo o ser humano e suas relações com as organizações e pessoas. Veremos que as relações interpessoais ocorrem subsidiadas por alguns padrões de comportamento que adotamos e por sua vez é moldado por nossa personalidade que é decorrente de toda nossa aprendizagem, educação e socialização. Parece uma coisa muito complexa, mas não é, convido você a exercitar a visão sistêmica sobre o comportamento humano. Nossa unidade inicia abordando a relação estabelecida entre pessoas e organizações, em que ambos os lados possuem interesses distintos nessa relação, mas apesar das diferenças ainda sim é possível manter o equilíbrio. Vamos ver ainda que as pessoas apresentam inúmeras diferenças em sua forma de ser, pensar, agir, tudo isso decorrente da personalidade que molda a conduta humana. Acredito que você deva conhecer algumas pessoas que são mais explosivas, outras mais tranquilas, algumas apresentam uma forte introspecção, outras são expansivas e assim por diante. Toda essa diferença se encontra no ambiente de trabalho e MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 23 é aí que reside um dos maiores desafios para os gestores e líderes, equilibrar e formar equipes com indivíduos apresentando tantas diferenças. Na sequência de nosso estudo, vamos ver que todas essas diferenças materializadas em forma de comportamentos iniciam-se por meio de nossa percepção e que o grande causador de conflitos nas empresas, em nossa atualidade, é exatamente a falta de alinhamento ou esclarecimentos com relação ao que cada um deve realmente perceber sobre os fatos e eventos na empresa, quando isso não acontece, cada pessoa acaba utilizando seus filtros mentais ou suas visões de mundo para interpretar e nem sempre com a mesma ótica da empresa. Encerrando nossa unidade, trataremos de um assunto muito importante para o dia a dia das pessoas e empresas: o comportamento e o relacionamento no local de trabalho. Ao tratar desse assunto, deixaremos alguns encaminhamentos sobre como potencializar os relacionamentos por meio das habilidades para as relações interpessoais e habilidades sociais no trabalho. Espero que aproveite o conteúdo. Bom estudo! ENTENDENDO AS PESSOAS NA ORGANIZAÇÃO As organizações são constituídas de pessoas e dependem delas para cumprir suas missões. E assim, para as pessoas, as organizações constituem o meio para alcançar seus objetivos pessoais, como estabilidade, crescimento e conquistas (CHIAVENATO, 2004). Ao entrar na organização, todo profissional traz seus conhecimentos, características, preconceitos e experiências de trabalho anteriores. A visão de mundo que vivenciou o acompanha como se fosse um teatro organizacional em que representará seus papéis. (FIORELLI, 2004) O papel, segundo (Hollenbeck, 2006, p.134), “é o conjunto total de expectativas que é defendido, tanto pela pessoa, como pelos demais participantes do ambiente social, incluindo aspectos formais e informais do trabalho”. Assim, o profissional afeta a organização e também recebe 24 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância sua influência, com isto, modifica seus comportamentos, atitudes e visão de mundo devido os papéis que desempenha e suas experiências compartilhadas nas interações. Logo na contratação de um profissional, o processo de acolhimento é fundamental e isto se inicia na seleção de pessoas; a primeira impressão ao chegar à organização, as mensagens das pessoas ao redor, a imagem do departamento pessoal, tempo de espera, a linguagem que as outras pessoas adotam ao se referirem aos supervisores, vão formar e transformar as expectativas diante do novo trabalho (FIORELLI, 2004). Para a busca da compreensão do comportamento humano no trabalho, é necessário considerar o relacionamento básico entre as pessoas e as organizações e compreender as diferenças individuais. No pensamento sociocultural, a organização pode ser considerada como um conjunto de papéis sociais inter-relacionados, a partir de redes de comunicação. Esses papéis realizam troca de informações entre si, que podem facilitar ou dificultar as relações interpessoais desenvolvidas no contexto organizacional. Os papéis sociais são constituídos por um conjunto de comportamentos definidos pela sociedade, pela cultura, bem como pelas organizações. Lembrando que a cultura é formada por crenças e valores expressos pelo indivíduo e transmitida sucessivamente para outros. Os indivíduos nas organizações possuem expectativas sobre como a mesma irá atender às suas necessidades. Daí surge o chamado Contrato Psicológico, que não é escrito como todo contrato deveria ser, e nem todas as suas cláusulas tiveram uma negociação clara, mas ele existe e pode ser caracterizado como “um conjunto de expectativas gerais do indivíduo sobre a sua contribuição com a organização e a retribuição desta” (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006, p.70). Os contratos psicológicos comandam a relação primária entre funcionários e organizações. Sendo que os indivíduos contribuem com esforço, lealdade, habilidades, conhecimentos, tempo e competências, já as organizações contribuem com incentivos organizacionais, tais como: pagamento, segurança no trabalho, benefícios, oportunidades de carreira, posição MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 25 social e oportunidades de promoção. As pessoas e as organizações devem entender que seus interesses não são antagônicos, na verdade convergem para o mesmo fim, quando as pessoas produzem mais a organização ganha, a mesma, ao repassar parte desse ganho a seus colaboradores, supre suas necessidades e as estimulam a produzir mais. É um ciclo em que todos ganham e somente quando esse é rompido todos perdem. Esta forma de gestão é um grande desafio para as organizações, para que o contrato psicológico não seja rompido é necessário que as pessoas estejam adequadas aos cargos que ocupam. A adequação cargo-pessoa é a relação entre as contribuições do colaborador para com a organização e os incentivos que essa oferece. Quando é possível aproveitar da melhor forma as contribuições fornecidas pelo funcionário, e atender ao mesmo tempo às suas necessidades, se torna também possível alcançar uma perfeita adequação cargo-pessoa. AimportânciadasPessoasnasOrganizações As empresas cada vez mais têm investido em Equipamentos, Tecnologia da Informação, Estrutura física e pouco em pessoas. Os tempos mudaram e as pessoas também! Se continuarmos fazendo da mesma forma a gestão de pessoas corremos o risco de comprometer nosso negócio. O trabalho com pessoasdiferentesdegeraçõesdiferenteséograndedesafiodosgestoresatuais,conformedemonstra a característica de cada geração: Geração X:compostasporfilhosbabyboomers(BabyBoomeréumadefiniçãogenéricaparacrianças nascidas durante uma explosão populacional - Baby Boom em inglês, ou, em uma tradução livre, ExplosãodeBebês.Dessaforma,quandodefinimosumageraçãocomoBabyBoomerénecessário definiraqualBabyBoomestamosnosreferindo).OsintegrantesdaGeraçãoXtêmsuadatadenascimento localizada, aproximadamente, entre os anos 1960 e 1980 após a segunda guerra mundial; Geração Y: também chamada de Geração Next ou Millennnials. Apesar de não haver um consenso a respeito do período desta geração, a maioria da literatura se refere à Geração Y como as pessoas nascidasentreosanos1980e2000.São,porisso,muitosdeles,filhosdageraçãoXenetosda Geração Baby Boomers; 26 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Geração Z: formada por indivíduos constantemente conectados através de dispositivos portáteis e preocupadoscomomeioambiente,aGeraçãoZnãotemumadatadefinida.Podeserintegranteou parte da Geração Y, já que a maioria dos autores posiciona o nascimento das pessoas da Geração Z entre 1990 e 2009. Os colaboradores devem agregar valor à empresa, mas para isto é preciso que a empresa procure investir e acreditar nestes colaboradores. A falta de promoção, a distância de diretores e gestores dopessoaloperacional,oincentivoaoaprimoramento,acapacitaçãopessoaleprofissional,sãoas principais causas de descontentamentos internos, pois geralmente chegará a estes gestores somente o que eles gostam de ouvir. Muitas das vezes, ao realizar programas como Café com a Diretoria, Conversa com gestor e outros programas com esse objetivo, pode-se proporcionar grandes oportunidades de conhecer situações que comumente não chegaria aos ouvidos destes gestores. Uma ferramenta poderosa para melhoria na performance dos colaboradores é o treinamento, cursos e até mesmo processo de coaching realizados por empresas especializadas, pois conforme já evidenciado“SantodeCasanãofazMilagre”.Otreinamentooucursotemafinalidadedeaprimoraroconhecimentodoprofissionalalémdemelhorarapartecomportamental.Omesmoestárelacionadocomas atuais habilidades e competências exigidas para o cargo. Sua orientação é proporcionar condições para que as pessoas utilizarem suas principais habilidades e capacidades para serem bem-sucedidas e com isto proporcionarem melhores resultados para a organização. Pessoasbemtreinadasmelhoramdeformasignificativaseudesempenhonaexecuçãodetarefas. Saber como fazer as atividades diárias depois de um período de aprendizado é fácil, mas saber fazer de forma diferente agregando valor e conseguindo lucrar é o que faz a diferença no faturamento e performance da empresa. Quando a empresa se preocupa com satisfação de seus colaboradores, ela está dando um passo muito importante para crescer e se destacar no mercado em que atua. Sempre digo que: Máquinas, TI, Infraestrutura se compram em qualquer lugar, mas as pessoas eu tenho que conquistar. Fonte: NOGUEIRA, Amarildo. A importância das Pessoas nas Organizações. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=tji6mdrbr>. Acesso em 29 mar. 2012. PERSONALIDADE E O COMPORTAMENTO HUMANO Todos nós já ouvimos falar na palavra personalidade como, por exemplo, aquela pessoa que tem uma personalidade forte, ou tem personalidade fraca, ou não tem personalidade. O que MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 27 parece comum nestes exemplos é que a palavra personalidade é usada como uma referência ou atributo do indivíduo. Para Robbins (2000), personalidade é a combinação de traços psicológicos que utilizamos para classificar os indivíduos. Podemos exemplificar por meio dos seguintes traços: quietas, passivas, arrojadas, ambiciosas, persistentes etc. Um dos outros grandes desafios das organizações é lidar com as diferenças individuais, se partirmos do princípio de que uma pessoa recém-contratada acha no início o emprego estimulante pode, depois de alguns anos, julgá-lo tedioso. Assim, de forma semelhante, quando a organização adota uma nova tecnologia, exige novas habilidades dos indivíduos. Esses possuem características únicas e medir suas habilidades e desempenho já é bem difícil; avaliar necessidades, atitudes e personalidade é ainda mais complicado. Estimular, manter e controlar as características individuais nas organizações se tornou um processo complexo e que exige, por parte dos gestores, uma grande habilidade. Entender os traços de personalidade dos indivíduos se torna uma ferramenta importante para o sucesso da gestão. Pode-se ainda entender a personalidade como “um conjunto de características psicológicas relativamente estáveis que distingue uma pessoa da outra” (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006, p.70). Os detentores de poder nas organizações devem esforçar-se para compreender as características básicas da personalidade e como elas podem influenciar no comportamento das pessoas em ambientes organizacionais, como nas percepções e atitudes em relação à organização. A psicologia propõe diversos traços de personalidade e dimensões que diferem as pessoas. No entanto, consideram cinco fundamentais, conhecidos como Os Cinco Grandes Traços de Personalidade ou em inglês Big Five. Passaremos a explicá-los, conforme Griffin e Moorhead (2006): Sociabilidade: capacidade que o indivíduo possui de se relacionar bem com outras pessoas, normalmente são gentis, cooperativos, compreensivos, perdoam com facilidade e têm boa vontade com os demais. Essas características permitem que as pessoas sociáveis desenvolvam 28 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância boas relações de trabalho com colegas, subordinados, chefes, consumidores, fornecedores e outros. A falta da sociabilidade gera pessoas irritáveis, de “pavio curto”, pouco cooperativas e, em geral, têm uma atitude antagônica para com os outros. Consciência/meticulosidade: esse traço diz respeito à quantidade de objetivos em que cada pessoa é capaz de se concentrar. Uma pessoa que se concentra em um único objetivo ou poucos objetivos ao mesmo tempo, tende a ser organizado, sistemático, cuidadoso, responsável e disciplinado no trabalho. Essa pessoa tende a levar o emprego mais a sério e apresenta desempenho mais responsável. Estabilidade emocional: está relacionada com a variação de humor e a segurança. Essas pessoas tendem a ser calmas, flexíveis e seguras. Essas pessoas são as mais indicadas para enfrentar trabalhos estressantes, com grande pressão e tensão no trabalho, podem ser consideradas mais confiáveis do que as pessoas menos estáveis. Extroversão: diz respeito ao bem-estar sentido nos relacionamentos, são pessoas consideradas amistosas, falantes, assertivas e abertas a novos relacionamentos. Acredita-se que tende a apresentar um melhor desempenho no trabalho, são mais facilmente atraídas para empregos que dependam de relações pessoais, como vendas e marketing. Aberta: refere-se à disposição para ouvir novas ideias e até mesmo para mudar de opinião, crença e atitude com base em novas informações. São curiosas, imaginativas e criativas. Essas pessoas são mais receptivas às mudanças, ao passo que aquelas com baixo nível de abertura são mais resistentes a elas. LEMBRE-SE É importante salientar que os gestores devem tomar muito cuidado ao avaliar as pessoas utilizando os traços de personalidade acima mencionados como absolutos, quando tratamos de pessoas, nada MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 29 édefinitivo.Selevarmosemconsideraçãoqueatéasavaliaçõesqueutilizamosmaisrigorososparâmetrospodemserimprecisas,imagineutilizarumúnicomodeloparaclassificaroumesmorotular pessoas. Uma outra abordagem para a compreensão das personalidades nas organizações é o sistema Myers-Briggs. Esse sistema tem como base a obra clássica de Carl Jung, que diferencia as pessoas segundo quatro aspectos gerais: Extroversão e introversão: o introvertido precisa da solidão para recarregar as energias, já o extrovertido obtém energia quando está rodeado de outras pessoas. Racionalidade e Intuição: os racionais se baseiam em fatos e ideias concretas, já os intuitivos baseiam-se em conceitos abstratos. Lógica e emoção: as pessoas emotivas tomam decisões baseadas em sentimentos e emoções, já as lógicas buscam tomar suas decisões em função de coisas que possuem uma razão uma lógica de ser. Análise e percepção: o analítico gosta de chegar ao fim de tarefas e atividades concluídas; já as pessoas que privilegiam a percepção gostam do processo de elaboração e de situações abertas. Além das dimensões que formam a estrutura dos cinco principais traços de personalidade e daquelas que fazem parte do sistema Myers-Briggs, muitos outros fatores influenciam o comportamento nas organizações, os quais demonstraremos a seguir: 30 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Quadro 1 - Traços de personalidades Traços de personalidade Características Lócus de controle É um indicador de crença das pessoas que a situação em que se encontram resulta das suas ações ou de fatores extremos que não conseguem controlar. Ex. Um funcionário que não consegue promoção, pode atribuir o fato a um chefe com motivação políticas ou apenas à falta de sorte, mais do que à sua falta de capacitação ou ao seu fraco desempenho. Senso de eficiência Trata-se da crença de alguém em sua capacidade de desempenhar uma tarefa. São pessoas mais autoconfiantes. Autoritarismo É a crença de que as diferenças de poder e de status são corretas em sistemas hierárquicos sociais, com as organizações. A forma de gestão autoritária baseia-se na autocracia e em mandar, os funcionários, por sua vez, também autoritários aceitam com mais facilidade esse tipo de comportamento. Maquiavelismo As pessoas que possuem o traço de personalidade do maquiavelismo gostam do poder e querem controlar o comportamento das demais. Estes tendem a serem racionais e frios, talvez mintam para atingirem seus objetivos, dão pouco valor à lealdade e a amizade e gostam de controlar o comportamento dos outros. Auto-estima Uma pessoa com grande auto-estima deseja cargos de status, é mais confiante em sua capacidade de alcançar elevados patamares de desempenho e obtém maior satisfação com suas conquistas. Propensão ao risco É o grau de disposição de uma pessoas para tomar decisões. Este por ser um catalisador de inovações, pode levar a organização a novos horizontes ou a ameaças. Fonte: Griffin e Moorhead (2006 pg. 75 e 76). Objetivando ainda explicar por que as pessoas se comportam da maneira como o fazem, vamos buscar duas vertentes. A primeira é denominada de explicação linear e está associada ao paradigma newtonianocartesiano ou clássico. A segunda está baseada no paradigma MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 31 holístico e foi denominada de sistêmica. Angeloni (2003) nos traz que a concepção desse paradigma centra-se no reducionismo e na fragmentação para a interpretação dos fenômenos; o determinismo exacerbado; a previsibilidade; a certeza e a estabilidade causal dos fenômenos do ambiente. As figuras-base desse paradigma foram: Copérnico, Galileu, Bacon, Descartes e Newton. Na concepção linear, ocorre uma tendência para explicar as ações dentro das relações “causaefeito”. “A visão newtoniana de causa-efeito, de previsões de resultados antecipadamente à realização dos fenômenos, em muitos eventos ainda hoje funciona” (ANGELONI, 2003, p. 7). O reducionismo não abre espaço para as divergências de ideias, o diálogo inexiste ou é pobre em argumentos. Ainda hoje aprendemos, por meio da interpretação das partes, a se chegar ao todo. Pensar que homens e instituições são independentes gera muitos erros. A contraposição está na visão da interdependência e interligação entre os elementos que compõe o todo. “Segundo a Carta Magna da Universidade Holística Internacional, o paradigma holístico considera cada elemento de um campo como um evento que reflete e contém todas as dimensões do campo. É uma visão na qual o todo e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados em interações constantes e paradoxais” (CREMA, apud ANGELONI, 2003, p. 9). Comportamento é Definidos pela Sociedade Para Morgan (1996), é possível pensar nas organizações como se fossem organismos. As organizações são concebidas como sistemas vivos, inseridos em um ambiente maior, coexistindo numa interdependência. A teoria dos Sistemas, criada em 1937 por Ludwig Von Bertalanffy, permite uma visão mais abrangente sobre determinado objeto, não o considerando isoladamente. A Teoria dos Sistemas é considerada a ciência da Totalidade, em que só o todo é capaz de uma explicação. A organização é formada por partes distintas, mas que interagem entre si e sofrem influências 32 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância do ambiente no qual está inserida e que, por sua vez, vai influenciar esse ambiente, formando o chamado sistema aberto. Para entender esse funcionamento, é necessário estudar as relações entre as partes e as interações do sistema como um todo, analisando a empresa como um organismo vivo, constituído em subsistemas do sistema principal. “Sob o enfoque da teoria dos Sistemas, a empresa caracteriza-se como um sistema aberto e essencialmente dinâmico, isto é, como um conjunto de elementos interdependentes que interagem entre si para a consecução de um fim comum, em constante inter-relação com seu ambiente” (CATELLI, 1999, p. 38). Chegamos à conclusão de que a visão holística pode ser considerada como a forma de perceber a realidade, e a teoria sistêmica, como o primeiro nível de operacionalização dessa visão. Por isso, um determinado fenômeno pode ser percebido de diferentes maneiras, por diferentes pessoas e momentos distintos, ou seja, a realidade é sempre objetiva, mas a percepção que temos dela será sempre subjetiva. A nossa intenção, com esse panorama geral de raciocínio, é despertar para a análise e síntese das habilidades sociais necessárias para a inter-relação entre os sistemas e subsistemas do macro sistema organizacional, em que emoções, crenças, sentimentos e comportamentos são subsistemas do sistema maior conhecido como ser humano. A visão holística é a forma de perceber a realidade. Tais percepções sobre a realidade moldam o comportamento dos indivíduos que se materializam em forma de relacionamentos. Ainda considerando as percepções dos indivíduos, essas podem ainda influenciar diretamente no estado motivacional de pessoas, grupos e organizações. Perceba a importância desse assunto no contexto da gestão de pessoas. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 33 A PERCEPÇÃO E AS DIFERENÇAS INDIVIDUAIS A proposta de estudarmos a percepção advém do fato de que as pessoas (empregados) organizam e interpretam de uma maneira natural, o que veem. Nesse sentido, acreditamos ser de grande valia conceituarmos e discorrermos sobre o que é percepção e como as pessoas manifestam a mesma. Contribuindo com essa linha de estudo, França (2006, p. 30) diz que: A percepção é um fenômeno que envolve todos os órgãos dos sentidos e que nos leva a conhecer fatos, pessoas ou coisas. Ela é influenciada pela nossa capacidade de prestar atenção, pelos nossos motivos, por fatos que já vivemos e pelo nosso estado emocional. Em outras palavras, trata-se de um registro de um evento externo, feito por uma pessoa, ou ainda o registro do que ocorre no mundo e em uma dada situação. Em se tratando de estudar e analisar o comportamento das pessoas, a mesma autora menciona que um mesmo fenômeno, muitas vezes, pode ser percebido de maneira distinta, por pessoas diferentes. Contudo, a percepção sobre um evento e ou fato pode ser mais precisa em virtude da quantidade e da qualidade das informações que uma pessoa tem sobre o mesmo. Como também poderemos ter uma visão distorcida sobre determinado fenômeno se obtivermos poucas informações e dados referentes ao mesmo, ou seja, a probabilidade de se tomar decisões equivocadas passa a ser maior, e isto no âmbito organizacional pode acarretar muitas perdas para os resultados organizacionais e de um modo geral para as pessoas daquele ambiente. Já Robbins (2004), ao estudar o tema em análise, menciona que as pessoas não enxergam a realidade, mas sim interpretam o que veem e chamam isso de realidade. Apenas para exemplificar, se a avaliação de um funcionário é justa e imparcial ou se os níveis salariais da organização estão entre os mais altos do mercado, são aspectos menos relevantes do que a percepção que o funcionário tem a respeito. Quando um funcionário considera as avaliações injustas e o salário baixo, reage como se essas condições fossem verdadeiras, 34 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância independentemente da realidade. Ou seja, os trabalhadores organizam e interpretam o que veem, e o potencial da distorção perceptiva é fator a esse processo. A interpretação de um alvo, ou seja, a interpretação que se faz deste, é fortemente influenciada pelas características do observador. Assim, nomeamos as características pessoais mais destacáveis que exercem influência sobre a percepção: as atitudes, as motivações, a personalidade, as experiências vividas e expectativas, segundo Robbins (2004). Em contrapartida, as características do que é observado também podem afetar a percepção, a título de exemplo, um indivíduo muito atraente costuma chamar mais a atenção do que um indivíduo pouco atraente. LEMBRE-SE Percepção é o processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais afimdedarsentidoaoseuambiente. Perceba que nossas atitudes e comportamentos são diretamente influenciados por nossa percepção, que por sua vez é influenciada por nossos interesses. São inúmeras as variáveis que podem interferir em nossa percepção, entre elas temos: atitudes mentais, personalidade, motivações, interesses, experiências e expectativas. Normalmente as pessoas definem seus modos de comportamento e também os relacionamentos baseados na forma pela qual percebe o mundo e as pessoas a sua volta. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 35 Fonte: PHOTOS.COM COMPORTAMENTO E RELACIONAMENTO As Relações Humanas têm sido estudadas como a ciência do Comportamento Humano em suas diferentes formas, sendo: intrapessoal referindo-se ao relacionamento estabelecido com você mesmo, e Interpessoal referindo-se aos relacionamentos estabelecidos com os outros. O comportamento humano é o resultado de um processo que outorga aos indivíduos sua unicidade quanto à forma de ser, pensar e agir, que por sua vez decorre da socialização. Socialização é o processo pelo qual, ao longo da vida, a pessoa aprende e interioriza os elementos socioculturais de seu meio, integrando-os na estrutura de sua personalidade sob a influência de experiências e agentes sociais, significados, e adaptando-se assim ao ambiente em que vive (LAKATOS, 1985). Podemos dizer que a base para o processo de Socialização está no Relacionamento, que segundo Gramigna (2007) “é a capacidade de interagir com pessoas, através de comportamentos e atitudes positivas e maduras, criando redes de relacionamentos, capacidade de cultivar afinidades e chegar a acordos satisfatórios”. O fato é que nenhuma pessoa nasce com habilidades naturais para o relacionamento humano e, no entanto, agimos muito seguros de que o sabemos fazer de forma correta. 36 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância LEMBRE-SE “OprocessodeSocializaçãoinfluenciadiretamentenaformaçãodaPersonalidade,Percepção,Atitude e Aprendizagem das pessoas” (ROBBINS, 2000). Tipos de Comportamentos As pessoas tendem a desenvolver comportamentos padrões conforme socializações recebidas e relacionamentos estabelecidos. A ideia de trazer esse assunto é mostrar que nossos comportamentos devem ser flexíveis ao ponto de acompanhar a dinâmica de nossos relacionamentos, dessa forma temos o entendimento do que vem a ser o comportamento assertivo, agressivo e o não assertivo. • Comportamento Assertivo: comportamento que torna a pessoa capaz de agir em seus próprios interesses, a se afirmar sem ansiedade indevida, a expressar sentimentos sinceros sem constrangimento, ou a exercitar seus próprios direitos sem negar os alheios. Como consequência temos o aumento da autoapreciação do emissor, cria um sentimento positivo e de respeito a si mesmo e, geralmente, possibilita ao emissor atingir seus objetivos, ao mesmo tempo em que os objetivos do receptor também podem ser atingidos. O comportamento assertivo permite a expressão total de si mesmo. • Comportamento Agressivo: a pessoa agressiva pode responder muito vigorosamente, causando uma forte impressão negativa e mais tarde arrepender-se disso. Esse comportamento impossibilita que o emissor reconheça e, consequentemente, respeite os direitos do receptor, subjugando-o. Acaba por impor a sua posição (ideia ou opinião) sobre as demais. Pode, por exemplo, desrespeitar o receptor numa discussão, depreciando-o frente aos demais integrantes. Normalmente, o comportamento agressivo resulta em MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 37 “rebaixar” o receptor. Seus direitos foram negados e ele se sente ferido, humilhado e na defensiva. Embora a pessoa agressiva possa atingir seus objetivos, ela pode também despertar ódio e frustração. • Comportamento não assertivo: a pessoa não assertiva tende a pensar na resposta apropriada depois que a oportunidade passou. Ela sente-se incapaz de comunicar-se espontaneamente, de expressar-se em um diálogo. Seu comportamento é, portanto, não assertivo. O comportamento não assertivo pode provocar inibição no emissor, que nega a si próprio na relação, além de ansiedade, tanto durante a relação interpessoal (ao sentir-se incapaz de se expressar de forma adequada), quanto depois do evento (ao pensar sobre o que deveria ter dito, mas não conseguiu). Como consequência o comportamento não assertivo produz, frequentemente, sentimentos que vão de simpatia a um franco desprezo pelo emissor. Também, a pessoa que recebe a ação pode sentir culpa ou raiva ao atingir seus objetivos à custa do emissor. As pessoas não são passivas ou agressivas, mas sim seu comportamento. Há uma significativa diferença entre a pessoa e seu comportamento, por isso é necessária a autoavaliação e automonitoria para identificar pensamentos e sentimentos que irão refletir nos comportamentos. A automonitoria, segundo Del Prette (1999, p. 62), “é a ação pela qual a pessoa observa, descreve, interpreta e regula seus pensamentos, sentimentos e comportamentos em situações sociais, na busca de alcançar uma boa competência social”. Para tal ação, é preciso pelo menos quatro requisitos: controle da impulsividade, observação do outro, introspecção e reflexão. Portanto, ela possibilita: a) Melhora no reconhecimento das emoções próprias e do outro. b) Experiência direta da relação emoção-pensamento-comportamento. c) Maior probabilidade de sucesso no enfrentamento de situações complexas. d) Análise e compreensão mais acuradas dos relacionamentos. 38 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância e) Melhora na autoestima e na autoconfiança. f) Ajuda outras pessoas na solução de problemas interpessoais. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM HABILIDADES PARA AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS Problemas com relacionamentos são comuns na vida das pessoas, pelo menos deveriam ser entendidos assim, afinal como já vimos, as pessoas são diferentes e possuem formas e meios diferentes de responderem aos desafios, sem contar as percepções e gostos que por si só revelam muitas diferenças entre as pessoas. A grande questão não é os problemas com os relacionamentos, mas sim a forma como encaramos e administramos esses problemas. Diante disso, Robbins (2000) propõe que seja desenvolvida a Competência Interpessoal, sendo esta a habilidade de lidar eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras pessoas de forma adequada às necessidades de cada uma e às exigências da situação. O autor ainda nos aponta algumas das causas pelas quais os relacionamentos se deterioram, sendo: • Incapacidade de adaptação a ambientes, pessoas, estilos diferentes. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 39 • Fazer pré-julgamentos e criar resistência antecipada. • Medo e insegurança do que não conhece. • Inflexibilidade e não aceitação das ideias alheias. Perceba que as causas apontadas acima decorrem de falta de flexibilidade no comportamento das pessoas, em que para sermos mais assertivos, devemos estar atentos ao contexto e procurar nos ajustarmos conforme as necessidades sem deixar de expressar nossas opiniões. Bons modos são normas sociais presentes em cada cultura e quando essas normas são desrespeitadas por alguém a tendência é de que essa pessoa seja marginalizada por aqueles que adotaram tais regras. Portanto, para um desempenho satisfatório de convivência social são necessárias habilidades que expressem cortesia, a ação de se apresentar, cumprimentar, despedir-se e agradecer, utilizando-se de formas simples, como: “Por favor, obrigado, desculpe”. As dificuldades podem surgir do desconhecimento da cultura do grupo do qual o indivíduo passa a fazer parte, do isolamento social em seu desenvolvimento ou outros fatores. Para nos auxiliar nesse desafio, Robbins (2000) propõe um conjunto de habilidades que podem ser utilizadas para melhorar os relacionamentos, ou pelo menos, para podermos nos posicionar de forma mais assertiva, entre as habilidades destacam-se: Busque o Contato Humano Fortaleça seus relacionamentos estimulando as pessoas, procure sempre um motivo para um elogio ou reconhecimento verdadeiro e sincero. Cumprimente as pessoas chamando-as pelo nome que preferem ser chamadas, evite usar apelidos que possam denegrir ou inferiorizar as pessoas. Outra característica importante dessa habilidade é a de ir ao encontro das pessoas ao invés de aguardar ser acionado, Robbins (2000) salienta a necessidade de estarmos sempre disponíveis e também termos a conduta de não recear o contato com as pessoas. 40 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Demonstre Entusiasmo Demonstre disposição firmeza e convicção para agir, fale com energia, mantenha o seu bom humor, selecione o que você vê, lê e ouve na mídia. É muito importante mantermos essa energia, pois ao longo do dia a dia, inúmeras são as pessoas com quem mantemos contato e sempre deixamos uma impressão. Robbins (2000) menciona sobre a importância de adotar uma postura firme, cuidando do modo de andar e até de um simples aperto de mão. Faça uso das Palavras Certas As palavras exercem forte poder sobre nós. Quando ouvimos um elogio, há um bem-estar que nos invade e acaba por influenciar nossas ações. Da mesma maneira, quando ouvimos uma ofensa, reagimos de acordo com ela e passamos a nos comportar também de acordo. Agradeça sempre com um sonoro “muito obrigado” e peça “por favor” sempre que precisar de ajuda, fale para as pessoas o quanto você se sente feliz por sua companhia e diga: “você é muito importante para mim”; ou “parabéns pelo seu desempenho”. Surpreenda as Pessoas Procure acompanhar o desenvolvimento das pessoas e cumprimente-as pelos sucessos alcançados. Reserve tempo para reconhecer uma solução encontrada ou um trabalho bem feito. As pessoas necessitam de reforço positivo para saber se estão caminhando na direção correta. Esse simples ato pode gerar uma série de benefícios para as pessoas e também para a empresa, essa retroalimentação da informação em forma de reforço, ou até mesmo uma correção, serve como um norteador para as pessoas, mantendo-as alinhadas e energizadas ao propósito ou redirecionando o comportamento. Evite Críticas O fato é que ninguém gosta de ser criticado, diante de algo que o incomoda, seja autêntico, falando inicialmente das coisas boas que a pessoa sempre fez, desafie a pessoa a corrigir o MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 41 erro e a melhorar, fale sempre com as pessoas, não sobre as pessoas. É necessário muito cuidado ao emitir uma crítica, na verdade, o efeito de uma crítica normalmente é muito negativo para as pessoas envolvidas, sem considerar ainda a imagem pessoal daquele que critica. A recomendação de Robbins (2000) é evitar a crítica, mas se realmente houver a necessidade de fazê-la, o autor recomenda muita prudência e respeito para com a outra pessoa e que seja feita em particular em um local reservado. Desenvolva a Paciência e Persistência A irritação e a correria do dia a dia muitas vezes nos fazem cometer alguns equívocos, devemos estar atentos a essas questões evitando que abale nossa imagem. Diante de um erro ou algo que precise ser corrigido, primeiramente acalme-se, reflita sobre a situação e deixe passar a raiva. O mais importante não é quem está certo ou errado, e sim o que é certo e o que é errado. Detenha-se nos fatos e não nas opiniões sobre o que aconteceu. Valorize as Pessoas Uma das mais importantes solicitações humanas é a necessidade de sermos notados, apreciados, queridos e reconhecidos. Lembre-se: normalmente na vida você acerta 99% e ninguém fala nada, aí você erra 1 vez e todos já estão prontos a condená-lo. Fortaleça as pessoas, reconhecendo o quanto são importantes para você e para o negócio da empresa. Muitas empresas exigem de seus colaboradores atenção e cortesia com os clientes, mas infelizmente os próprios gestores não adotam essa postura para com seus colaboradores. Cumpra o que Prometer Quando assumir compromisso ou responsabilidade cumpra-o, mesmo parecendo ser um assunto ou compromisso sem muita importância para você. Para alguém é importante, por isso realize tudo aquilo que se propor. Quando não conseguir, dê um retorno à pessoa que espera. 42 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Esteja Atento ao Modo de Fazer É a capacidade de olhar para si da mesma forma que olha para as demais pessoas, estando disposto a estabelecer aprendizado. Mantenha-se sempre atento ao que se passa e a mente aberta a novas possibilidades de se fazer as coisas. Existe sempre uma forma mais prática e melhor de se obter resultados. Esteja Atento à Comunicação Sabe-se hoje que apenas 7% do que é comunicado entre as pessoas é transmitido por meio das palavras, 38% é por meio do tom de voz e 55% é resultado dos seus gestos e postura. Comunicação Assertiva é comunicar-se de maneira franca e aberta, feita adequadamente, sem provocar constrangimento às outras pessoas. É uma atitude equilibrada que se opõe à passividade e à agressividade nas relações interpessoais. O Poder das Palavras: a linguagem é a forma com que as pessoas interagem, aprendem e transmitem com o meio a sua volta, indicando que as palavras trazem em si inúmeras possibilidades de transformação para o ser humano. As palavras que chegam às pessoas afetam diretamente suas atitudes e comportamentos. HABILIDADES SOCIAIS NO TRABALHO As habilidades sociais profissionais são cada vez mais solicitadas, pois atendem às diferentes demandas interpessoais do ambiente de trabalho objetivando o cumprimento de metas, o respeito aos direitos de cada um e preservando o bem-estar do grupo (CARVALHO; SERAFIM, 1998, p.79). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 43 Coordenar Grupo Coordenar um grupo é exercer a capacidade de promover e articular os desempenhos dos participantes para atingir os objetivos pré-determinados. Na prática significa: promover o envolvimento e a participação de todos, utilizar a habilidade de conversação, parafrasear, resumir, conceder feedback positivo, estabelecer normas grupais, supervisionar o seguimento dessas normas, expressar disposição e bom humor, controlar os ânimos em momentos críticos, mediar conflitos de opiniões, relembrar objetivos, incentivar e mostrar os avanços do grupo. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Comunicar e Falar em Público É impossível apresentar um trabalho sobre habilidades sociais sem citar a questão da comunicação. Segundo Carvalho e Serafim (1998, p.79), “a questão da comunicação é muito importante para a integração completa de qualquer grupo de trabalho”. A comunicação como um processo mediador do contato entre as pessoas pode ser: verbal e não verbal, sendo que a primeira é mais consciente, racional, dependente do domínio da língua, enquanto que a segunda complementa, ilustra e regula por meio de posturas, gestos, expressões faciais e movimentos do corpo que adquirem diferentes significados de acordo com o contexto no qual 44 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância esteja inserido. A habilidade de falar em público requer o controle da ansiedade, domínio do conteúdo a ser transmitido, preparação dos recursos da apresentação, previsão estratégica para lidar com prováveis reações dos ouvintes, fazer e responder perguntas, elogiar, resumir, lidar com críticas, preocupação com o tom de voz, a velocidade da fala, terminologia utilizada, controle do uso de chavões e repetições, contato visual, os gestos, a postura e expressão facial. Expressão e Sentimento Positivo A expressividade emocional faz parte do cotidiano do ser humano e é indispensável nas relações interpessoais. Elas estão relacionadas com valores e atitudes das pessoas e são as que exigem coerência entre sentimento, pensamento e ação. Deve-se dispensar uma atenção maior à expressão de afeto positivo, principalmente em fazer amizades, expressar solidariedade e cultivar o amor. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Fazer Amizade As pessoas sem amigos tendem a abrigar por mais tempo as frustrações, inclusive as relacionadas ao trabalho. De acordo com Del Prette (2004, p.99), “a amizade se caracteriza pela reciprocidade razoavelmente equilibrada de expressão de sentimentos positivos e negativos e de atitude voltada para o bem-estar e a felicidade do outro”. Como, geralmente, a relação entre amigos é de cooperação, a liderança tem reconhecido a importância desse MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 45 assunto em relação à identificação com o grupo, a colaboração, a motivação e diminuição do absenteísmo ou abandono. Expressar Solidariedade e Empatia A solidariedade é identificar-se com o outro e compreender a interdependência do ser humano. É a expressão de um sentimento de compaixão pelo seu sofrimento. Segundo Del Prette (2004, p.86), “pode-se definir empatia como a capacidade de compreender e sentir o que alguém pensa e sente em uma situação de demanda afetiva, comunicando-lhe adequadamente tal compreensão e sentimento”. Fazer e Responder Perguntas Formular perguntas exige habilidade, flexibilidade e discernimento, de forma que os questionamentos possam ser emitidos e respondidos, sempre considerando suas diferentes formas de expressão, linguagem, conteúdo e função à qual se propõe. Quanto à forma, destacam-se a entonação, volume de voz, expressão facial e gesticulações. As perguntas podem ser abertas, gerando maior quantidade de informação, ou fechadas, com respostas objetivas, sendo que, independente de qual for, pode ser difusa (a qualquer pessoa) ou dirigida (a uma pessoa em particular). Para responder perguntas, o receptor precisa identificar a disponibilidade da resposta e decidir se responde ao que foi perguntado ou implicitamente colocado, ignora ou expressa a própria dificuldade de responder, havendo alternativas diferentes, como: o silêncio, a recusa em responder, a resposta não pertinente, o humor como forma de fugir à pergunta, a devolução entre outras. Relacionamento interpessoal e sucesso “Ser capaz de prestar atenção a si mesmo é pré-requisito para ter a capacidade de prestar atenção aos outros; sentir-se bem consigo mesmo é a condição necessária para relacionar-se com os outros.” 46 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância (Erich From, Ética e Psicanálise). Um bom relacionamento interpessoal é hoje fundamental para se obter sucesso no campo profissional. De acordo com a revista Você S.A., 87% das organizações demitem profissionais por causa das atitudes pessoais, do temperamento, da maneira como se relacionam e da incapacidade de liderar equipes. Diante dessas informações o que podemos fazer para termos melhor desempenho nesta área? O que será afinal esse tal de relacionamento interpessoal? Relacionar-se é entrar em contato, ouvir, dialogar. Neste processo de relacionar-se podemos agir de maneira positiva ou negativa. Agir positivamente significa ser otimista, disponível, colaborar para o bom desenvolvimento do trabalho e relacionar-se bem com as pessoas. Age negativamente aquele que nunca está disponível, que está sempre reclamando e dizendo que as coisas não vão dar certo, são pessimistas, egoístas e individualistas. É importante que saibamos que relacionar-se bem não significa ser cínico, fingir que se gosta de alguém. No ambiente de trabalho convivemos com muitas pessoas e é difícil que tenhamos simpatia por todas. Para nos relacionarmos bem é importante em primeiro lugar o respeito. Posso não concordar com uma pessoa por muitos motivos, posso na verdade ter muitos ressentimentos e até mesmo evitar o contato com um ou com outro. Entretanto, preciso respeitá-lo. E na medida do possível tentar resolver os conflitos com essas pessoas. Respeitar a opinião do outro, respeitar a vez de ouvir e a de falar, respeitar as diferenças de raça e de gênero. Entender que ser mulher, homem, branco, negro, não tira nem dá maiores direitos a ninguém. Com a formação também é assim: ter curso superior ou não, ter especialização, ter mestrado, isso tudo não importa, pois ninguém é melhor ou pior do que o outro por ter formação. É certo que uma pessoa que tem curso superior, pós-graduação e que está sempre se atualizando, tem maiores chances no mercado de trabalho, mas ela não será mais ou menos pessoa, ser humano do que outra. No que diz respeito às questões de gênero, sabemos, por exemplo, que com as mulheres os homens tendem a ser mais educados, evitam determinado linguajar e têm um comportamento mais polido. Meninas são educadas diferentemente dos meninos. Menina usa saia, menino usa short, menino joga bola, menina brinca de boneca, para os meninos azul, para as meninas rosa. Entretanto, em se tratando de competência profissional e desempenho no trabalho, homem e mulher estão juntos destacando-se mais aquele que investe em sua carreira independente de seu sexo. A capacidade de ser empático é um dos grandes diferenciais que um profissional pode e deve ter para se relacionar bem no trabalho. E o que é ser empático? É saber se colocar no lugar do outro, saber respeitar seus limites, suas dificuldades. Trata-se de ver as coisas sob o ponto de vista do outro. Outro aspecto importante no relacionamento interpessoal é conhecer os seus sentimentos e externá-los. Se eu não disser para o outro o que eu sinto ele nunca poderá saber. E como saberemos como nos sentimos? Conhecendo-nos mais. Paulo Gaudêncio diz que só podemos falar com o outro respei- MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 47 tando o que ele sente se soubermos sentir, se não sabemos o que sentimos, nunca saberemos o que o outro sente. A busca pelo autoconhecimento é nesse sentido, fundamental. E os caminhos para isso podem ser a busca por feedback sincero daqueles que estão ao nosso redor, ouvir o que eles têm a dizersobrenós,procurarumprofissionaldaáreadapsicologiaeafinsparaquesepossaentendere conhecersuasmotivações,potencialidadesedificuldades,etc. Muitosprofissionaistêmhábitosqueprejudicamaconstruçãodeboasrelações.Umdeleséodefalar maldosoutros.MarinsnolivroSuperdicasparasetornarumprofissionalvencedordizquealgumas pessoas transformaram o falar mal em seu verdadeiro emprego. Falam mal dos chefes, dos subordinados, dos clientes, dos fornecedores. Tão preocupadas estão em falar dos outros que acabam não cuidandodeseusprópriosproblemas,desuasdificuldades.Alémdisso,pessoasquefalammuitodos outros,perdemacredibilidade.Vocêconfiariaemalguémquesófalamaldosoutros?“Umpessoa segura de si quando não pode falar bem de alguém não fala nada”! Outra questão complicada é a inveja... Quando nos concentramos naquilo que o outro tem, no sucesso que o outro atingiu, gastamos tempo que poderia ser utilizado para atingir nossos objetivos e alcançar melhores resultados. Por isso, use toda a sua energia para conquistar aquilo que você deseja! Uma pessoa de sucesso é tida normalmente como alguém que escuta mais do que fala, que respeita as opiniões alheias e tanto sabe dizer “eu não sei” como diz com freqüência “eu não compreendi”; é simples e objetiva: fala e age com simplicidade e tem muito foco em tudo o que faz. Finalmente,terumbomrelacionamentointerpessoalsignificaagircomrespeito,secolocarnolugar do outro, evitar fofocas, não dar atenção às pessoas “do não”, assumir uma postura otimista, aprender com o outro, ao invés de invejá-lo, ensinar ao invés de censurar, não tratar as pessoas como coisas, ter um comportamento ético, baseado no bom senso, buscar o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Fonte: BASTOS, Cynara. Relacionamento interpessoal e sucesso. Disponível em:<http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=5mvf259pa>. Acesso em: 29 mar. 2012. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final desta primeira unidade, na qual demos nosso primeiro passo para ampliar o entendimento sobre a Motivação de Indivíduos e Grupos de Trabalho. O grande propósito desta unidade de estudo foi evidenciar que as pessoas são diferentes, possuem gostos, talentos diferentes, que por sua vez interferem diretamente na motivação e forma de ser e de se comportar e, consequentemente, na atuação em grupos e equipes de trabalho. Vimos ao longo da unidade que são muitos os fatores que afetam e influenciam nessa questão, mas uma vez que os gestores estejam mais preparados e conscientes da existência dessas questões, consequentemente terão maiores chances de lidar mais assertivamente com cada situação que vier a surgir. 48 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Iniciamos nossa unidade promovendo uma reflexão interessante sobre a relação entre as pessoas e as organizações, em que, de um lado, as organizações necessitam de pessoas para a sua operacionalização e, de outro, as pessoas dependem das empresas para obterem delas os recursos necessários para manterem-se na sociedade. Perceba que essa relação aparentemente pode nos parecer conflituosa, mas quando os interesses de ambos os lados são claros e passíveis de serem alinhados, cria-se uma capacidade de realização e uma energia muito forte. Na sequência de nossos estudos, tratamos sobre a personalidade e o comportamento humano, nessa etapa, ficou evidente que o comportamento das pessoas torna-se um reflexo de sua personalidade. A personalidade por sua vez pode ser entendida como o acúmulo de experiências, vivências e socializações que molda o jeito de ser da pessoa, ou seja, molda o comportamento das pessoas. Cabe frisar que todos nós possuímos alguns traços de personalidade que se sobrepõe a outros, desenvolvendo um perfil ou padrão de personalidade. O grande desafio é buscar identificar quais traços marcam nossa personalidade e desenvolver o controle ou a autonomia sobre nosso comportamento, tornando-nos assim uma pessoa mais adaptável aos inúmeros tipos de situações que nos ocorrem permanentemente. A falta de controle sobre o próprio comportamento promove pessoas inflexíveis e radicais, que, em decorrência dessa ineficiência, acabam adotando comportamentos não assertivos, transmitindo uma imagem de estressado, irritado, insensível, agressivo, benevolente demais (bonzinho), não sabe dizer não etc. Vimos ainda que a base que promove todas essas diferenças individuais reside na percepção humana, ou seja, a forma como as pessoas são educadas, socializadas, acaba influenciando na maneira como as pessoas percebem o mundo, as outras pessoas e as coisas. Dessa forma, a base de nossa personalidade e consequentemente de nosso comportamento está na maneira como nossos olhos foram treinados para ver o mundo. Para encerrar a unidade, tratamos sobre um assunto muito interessante a todos nós, sendo esse os relacionamentos. Perceba que passamos a vida toda estabelecendo relacionamentos e apesar de não nascermos preparados para isso, muitas pessoas acreditam que não precisam dar atenção para esse assunto. Desenvolver relacionamentos saudáveis auxilia na formação de equipes de alto desempenho, mas, para isso, gestores e líderes necessitam investir tempo e energia para a preparação e treinamento das pessoas no que se refere aos comportamentos e às habilidades para as relações interpessoais. Perceba que algumas pessoas conseguem se relacionar com diferentes tipos de pessoas e grupos, já outras não conseguem nem dialogar MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 49 com o colega do lado. Convido você a observar essas pessoas e analisarem quais habilidades relacionais elas apresentam e quais habilidades não apresentam. Esse simples exercício pode ser um demonstrativo de quais habilidades necessitam ser desenvolvidas. O fato é que a capacidade de se relacionar no ambiente de trabalho se tornou uma das mais exigidas habilidades nas empresas e isso justifica todo o empenho e energia a ser investido sobre o assunto. Vou encerrando nossa primeira unidade de estudo, espero que você tenha absorvido as informações sobre os diversos assuntos aqui tratados, mas de forma geral, todos canalizaram para nos promover o entendimento maior sobre o comportamento das pessoas no ambiente de trabalho. Forte abraço e até a próxima unidade! ATIVIDADE DE AUTOESTUDO ESTUDO DE CASO: A Personalidade de um Líder vem do Berço? Jack Welch Jr. conseguiu remodelar com sucesso a General Electric desde que assumiu sua presidência em 1981. Adquiriu e vendeu dezenas de companhias, demitiu dezenas de milhares de funcionários e refinou a estratégia da empresa. Ele é amplamente considerado como um dos profissionais mais durões do mundo, mas não se pode negar seu sucesso na GE. Welch entrou para a GE logo depois da graduação e rapidamente avançou em sua carreira. Sua indicação para o comando da empresa, quando tinha apenas 45 anos, tornaram-no o mais jovem presidente na história da GE. Desde que assumiu o posto máximo, adquiriu companhias no valor de 19 bilhões de dólares, tais como a RCA, e liquidou operações no valor de 10 bilhões. Reformulou as linhas de produtos, reduziu 40% do pessoal e transformou uma das mais diversificadas empresas do mundo em uma máquina de crescimento. Em 1998, a GE ultrapassou a casa dos 100 bilhões de dólares de receita (em 1981, a receita anual da GE não chegava a 25 bilhões). Os dividendos para os acionistas ultrapassaram os da maioria das 500 maiores empresas arroladas pela revista Fortune. O que faz de Jack Welch o tipo de executivo que ele é? Eis algumas pistas. Ele era filho único cuja principal fonte de inspiração era uma mãe dominadora. “Ela sempre achava que eu era capaz de fazer qualquer coisa. Foi minha mãe quem me treinou, me ensinou os fatos da vida. Ela queria que eu fosse independente. Controle seu próprio destino — sua idéia era sempre essa. Ela via a realidade. Nenhuma palavra afetada. Sempre que eu saía da linha, ela me aplicava um safanão. Mas sempre positivo. Sempre construtivo. Sempre edificante”. A filosofia empresarial de Jack Welch também foi fortemente influenciada pelos valores de sua mãe: enfrentar a realidade, mesmo quando isso é incômodo e comunicar-se com franqueza, mesmo quando fazê-lo possa ferir. Sua mãe acreditava que esses valores eram os meios necessários para alcançar o que para ela era o fim mais importante: controlar seu próprio destino. Como ela regularmente dizia a seu filho, “se você não controlar seu destino, outra pessoa o controlará para você”. 50 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Questõessobreocaso: 1. Utilizando o ITBM, descreva a personalidade de Jack Welch. 2. VocêachaqueasqualidadesquefizeramdeWelchumsucessonaGEeramdiscerníveis quandoeleeraadolescente?Justifiquesuaresposta. 3. Você acha que Welch poderia ser um bom gerente em uma pequena empresa empreendedora? Em uma companhia que operasse exclusivamente na Índia? Explique sua resposta. Fonte: ROBBINS, Stephen P. Administração: Mudanças e Perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 26. HARRIS, Jim. BRANNICK, Joan. Como Encontrar e Manter bons Funcionários. São Paulo. Makron Books, 2001. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 51 UNIDADE II TEORIAS DA MOTIVAÇÃO HUMANA Professor Esp. Luciano Santana Pereira Objetivos de Aprendizagem • Conceituar o que é motivação. • Entender o ciclo de motivação. • Explicar o processo de frustração. • Apresentar as teorias da motivação humana. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A motivação humana • Frustração humana • Conhecendo as teorias de motivação • Teorias de conteúdo • Teorias de processo Fonte: SHUTTERSTOCK.COM INTRODUÇÃO Olá, agora que você teve a oportunidade de conhecer as bases do comportamento humano em nossa primeira unidade, para esta etapa de nosso estudo, inicialmente pretendo apresentar a você os conceitos e ideias sobre a motivação humana sob o olhar de diferentes autores. De antemão lhe antecipo que a motivação é algo muito individual e aquele fator que lhe possa parecer motivador, para outra pessoa, pode não ter o mesmo efeito. Isso explica um pouco por que a vida nas empresas se torna cada vez mais complexa em função dessas inúmeras variáveis existentes entre as motivações individuais. Outra questão bastante interessante que nos é apresentada logo no início de nossa unidade é a ideia da motivação intrínseca e a motivação extrínseca, considerando que a motivação intrínseca seriam as vontades e desejos mais profundos que nos fazem agir, já a motivação extrínseca representa os estímulos externos que recebemos a todo o momento e que podem nos influenciar a agir. Trago ainda os entendimentos sobre a frustração do indivíduo que ocorre sempre que sua meta ou objetivo sofre alguma objeção. Dentro desse entendimento, o indivíduo pode reconstruir o caminho ou frustrar-se desencadeando comportamentos negativos. Na sequência de nosso material, apresento as teorias da motivação humana que são organizadas em teorias de conteúdo e teorias de processo. As teorias de conteúdo contemplam os estudos realizados basicamente sobre as necessidades humanas e seu empenho em satisfazê-las. As teorias de processo compreendem os estudos que buscaram analisar os MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 55 fatores externos que podem de alguma forma influenciar para o comportamento motivado. Entre as teorias de conteúdo temos a teoria de Maslow, que é hoje a teoria de motivação mais conhecida e amplamente divulgada e trabalhada em diversas áreas de conhecimento. Temos também Teorias ERC de Alderfer, Teoria dos dois fatores, de Herzberg, Teoria da realização (necessidades adquiridas) de McClelland. Entre as teorias de processo, destaco as ideias de Douglas McGregor que nos propôs a teoria X e Y. Ainda dentro dessa corrente da teoria de motivação, temos Teoria da expectativa, Behaviorismo, Teoria da equidade e Teoria da Meta. Posso dizer que esta segunda unidade nos guarda muitos aprendizados sobre a motivação humana em diferentes perspectivas. Espero que aprecie o conteúdo e lhe desejo uma boa leitura e ótimo aprendizado! A MOTIVAÇÃO HUMANA Ao longo das últimas décadas, a motivação humana se tornou alvo de muitos estudos que nos trouxeram maior esclarecimento e entendimento sobre o assunto. Silva (2008) nos diz que o estudo da motivação refere-se basicamente às razões pelas quais as pessoas se comportam de certo modo. Em termos gerais, a motivação pode ser descrita como o direcionamento e persistência da ação e isso está relacionado com a escolha que as pessoas fazem de determinado curso de ação, em detrimento de outros e porque continuam com a ação escolhida, muitas vezes por longo período, enfrentando dificuldades. Em nosso campo de estudo, vamos convencionar que pessoa motivada corriqueiramente significa alguém que demonstra alto grau de disposição para realizar uma tarefa ou atividade de qualquer natureza ou ainda podemos entender a pessoa motivada como aquela que se coloca em movimento e empreende esforços para alcançar um determinado objetivo. Uma das metas mais corriqueiras de todos os gestores é motivar os trabalhadores a desempenharem suas atividades em seu mais alto nível. Existem muitas teorias sobre motivação para o trabalho, várias compartilham elementos comuns. 56 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Na sequência quero apresentar a você alguns conceitos sobre motivação. Perceba que, apesar de estarmos falando de diferentes autores que escreveram em diferentes épocas, a base do entendimento permanece o mesmo, ou seja, a motivação é uma força interior que faz o indivíduo se colocar em ação para alcançar uma meta ou atender a alguma necessidade percebida. Segue alguns conceitos que compartilho a partir de agora: A pressão interna surgida de uma necessidade, também interna, que excitando (via eletroquímica) as estruturas nervosas, origina um estado energizador que impulsiona o organismo à atividade iniciando, guiando e mantendo a conduta até que alguma meta (objetivo, incentivo) seja conseguida ou a resposta seja bloqueada (SOTO, 2002, p. 118). Com base no conceito mencionado acima, podemos verificar que a motivação é um estado energizador que tem sua origem no interior de cada pessoa e que a faz assumir uma conduta que possa levá-la ao atendimento de uma expectativa ou necessidade percebida. Se você não conseguiu entender plenamente esse conceito, abaixo seguem outros conceitos que em outras palavras expressam o significado de motivação. “Processo de estimular um indivíduo para que tome ações que irão preencher uma necessidade ou realizar uma meta desejada” (MONTANA; CHARNOV, 1998, p. 203). “Motivação é alguma força direcionada dentro dos indivíduos, pela qual eles tentam alcançar uma meta, a fim de preencher uma necessidade ou expectativa” (SILVA, 2008, p. 221). A motivação para o trabalho é um conjunto de energias que se originam tanto no interior quanto no exterior do indivíduo, para iniciar o comportamento relacionado ao trabalho e para determinar sua forma, direção, intensidade e duração (MUCHINSKY, 2004, p. 366). É importante frisarmos que independentemente do conceito utilizado pelos autores, todos concordam que a motivação é interna, ou seja, depende do indivíduo querer buscar ou não a satisfação do estímulo. Silva (2008 p. 204) nos aponta algumas características específicas que podem servir de base para a definição de motivação, segue: MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 57 A motivação é definida como um fenômeno individual: cada pessoa é única, e todas as teorias maiores assim o consideram. A motivação é descrita, geralmente, como intencional: considera-se que esteja sob o controle do trabalhador, e comportamentos que são influenciados pela motivação são vistos como escolhas de ação. A motivação é multifacetada: os fatores de maior importância são: (1) mantém as pessoas ativas (estímulos) e (2) a força de um indivíduo para adotar o comportamento desejado (escolha do comportamento). O propósito das teorias de motivação é predizer o comportamento: a motivação não é comportamento em si, e não é desempenho. Motivação se refere à ação e às forças internas e externas que influenciam a escolha de ação de um indivíduo. Diante dos apontamentos feito por Silva (2008), podemos avançar em nosso entendimento propondo a reflexão sobre as duas perspectivas da motivação: a motivação intrínseca e a motivação extrínseca. A Motivação Intrínseca está relacionada a recompensas psicológicas, como a oportunidade de usar a habilidade de alguém, um sentido de desafio e realização, o recebimento de um reconhecimento positivo ou apreciação, ou ainda, ser tratado com respeito. As recompensas psicológicas são, geralmente, determinadas pelas ações e pelos comportamentos individuais dos gestores. A Motivação Extrínseca está relacionada a recompensas tangíveis ou materiais, como salários, benefícios adicionais, promoções, contratos de trabalho, ambiente e condições de trabalho. As recompensas materiais são, geralmente, determinadas pela alta administração e podem estar, em grande escala, fora do controle individual dos gestores. É comum as pessoas confundirem a motivação com estímulos, perceba que a motivação 58 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância extrínseca nos oferece estímulos para que nos coloquemos em movimento, mas não exerce uma força motivadora. A verdadeira motivação decorre das necessidades intrínsecas percebidas por cada um e o valor que essa necessidade pode representar em dado momento. Diante disso, podemos afirmar que a motivação é algo muito particular, e que um fator que exerce forte percepção de valor em um indivíduo pode não ter o mesmo efeito sobre outros, pelo simples fato de que a motivação depende das necessidades e da percepção de cada um. A seguir, quero apresentar um quadro que representa o Ciclo da Motivação. Ele está organizado em seis etapas, sendo: necessidade individual não satisfeita; procura de alternativas; escolha da alternativa para alcançar a satisfação da necessidade; tomada de ação para o alcance da satisfação da necessidade; reavaliação da situação; o indivíduo continua não motivado a satisfazer a necessidade desse modo. Segue o quadro: Quadro 2 - Ciclo da Motivação 1 Necessidade individual não satisfeita 6 O indivíduo continua não motivando a satisfazer a necessidade deste modo Reavaliação da situação Procura das alternativas 2 Escolha da alternativa para alcançar o satisfator da necessidade 5 Tomada de ação para o alcance do satisfator da necessidade 3 4 Fonte: Silva (2008 p. 206). Observando o quadro acima, podemos levantar um questionamento, sendo este: o que acontece quando os empreendimentos de esforços do indivíduo não conseguem levá-lo ao atingimento do objetivo ou satisfação da necessidade percebida? É importante esclarecer que MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 59 essa força interna que faz os indivíduos caminharem na direção de um objetivo ou necessidade, uma vez bloqueada ou interrompida, torna-se a frustração. Esse será o tema do nosso próximo tópico, vamos entender como a frustração é desencadeada e quais as possíveis formas de manifestação da frustração nos indivíduos. LEMBRE-SE “Motivação é alguma força direcionada dentro dos indivíduos, pela qual eles tentam alcançar uma meta,afimdepreencherumanecessidadeouexpectativa.Motivaçãoéograuparaoqualumindivíduo quer e escolhe adotar determinado comportamento” (SILVA, 2008, p. 221). FRUSTRAÇÃO DO INDIVÍDUO Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Decorrente do surgimento da necessidade insatisfeita, inicia-se um ciclo motivacional, ou seja, uma sequência de eventos que irá terminar quando o indivíduo analisar as consequências da tentativa de satisfazer aquelas necessidades insatisfeitas. Se as forças atuantes em uma pessoa são bloqueadas antes do alcance de uma meta desejada, duas alternativas são possíveis: ocorre um comportamento construtivo ou uma frustração. De acordo com Silva (2008), o comportamento construtivo é uma reação positiva, pois 60 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância assim ele pode buscar a solução do problema por meio da remoção da barreira que o impede de alcançar a meta, por exemplo: um mecânico que não consegue achar uma peça em seu fornecedor encontra a peça em outro lugar; ou a reestruturação (compensação), que seria a substituição de uma meta por outra alternativa, mesmo que de mais baixa ordem, por exemplo, o indivíduo busca uma promoção para aumentar sua renda, não consegue, por isso arranja mais um emprego. Já a frustração é uma resposta negativa ao fato de não conseguir alcançar a meta desejada, levando o indivíduo a uma atitude defensiva de comportamento. Essa atitude defensiva, de acordo com o autor, pode ser resumida em quatro pontos principais: agressão, regressão, fixação e retraição, Vamos ver o que seriam eles: -Agressão: compreende em ataques físicos ou verbais, associados a sentimentos de ira e hostilidade. A agressão pode ser expressa através de um palavrão, um chute na parede, ou uma ferramenta que o funcionário “deixa cair por acidente”, no pé do seu chefe imediato. -Regressão: o indivíduo passa a ter comportamento infantil, imaturo ou mesmo um comportamento mais primitivo: por exemplo, grita demais, está sempre de mau humor, joga objetos, chuta máquinas. -Fixação: existe por parte do indivíduo uma insistência em comportamentos que não o levarão a solução do problema: como por exemplo, não consegue aceitar mudanças, não aceita que deveria se atualizar, voltar a estudar, querer uma promoção mesmo sabendo que não possui a qualificação para tanto. -Retraimento: a pessoa entrega-se a um estado de desânimo ou passividade (eu desisto, não adianta lutar, é destino, é assim que tem quer ser). No trabalho, o retraimento ou resignação manifesta-se por meio da apatia, da depressão e do desinteresse pela organização e seus objetivos, a pessoa acredita que seu estado tem uma razão de ser: como exemplo, o retraimento é expresso por meio de atrasos na chegada ao trabalho, saída mais cedo, doenças ou absenteísmo, recusa em aceitar responsabilidades, evita tomar decisões, ou até mesmo o abandono completo do emprego. Silva (2004, p. 227) ainda observa que existem alguns fatores que têm uma forte influência MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 61 no sentimento de frustração, tais como: “ o nível e a intensidade da necessidade; o grau de decisão à meta desejada; a força da motivação; a natureza percebida da barreira ou agente bloqueador; as características de personalidade do indivíduo”. A figura a seguir nos traz uma representação de como o processo da frustração acontece. Perceba que a frustração também pode variar de pessoa para pessoa, sendo que algumas são mais resistentes e não se abalam com facilidade, outras pessoas acabam se abatendo nas primeiras situações. Alguns autores escrevem que quanto maior o vínculo ou a necessidade Necessidades ou expectativas Barreiras ou bloqueios Reestruturação (metas alternativas) Frustração Agressão Regressão Solução de problemas Fixação Comportamento I n d i v í d u o Metas frente ao estímulo maior a resistência do indivíduo em permanecer motivado. Retraimento Comportamento Destrutivo Figura 1 - Os Elementos da Frustração Fonte Silva, 2008 p. 209. 62 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Agora que já entendemos um pouco mais sobre o que vem a ser motivação, você é capaz de identificar o que lhe motiva? Essa é uma pergunta um tanto quanto difícil de ser respondida, uma vez que a vida humana não se estabelece sobre uma única dimensão, pelo contrário, todos nós lidamos com uma diversidade muito grande de fatores que podem influenciar positiva ou negativamente em nosso estado de motivação. Por esse motivo, podemos dizer que é tão difícil motivar uma pessoa, na verdade já vimos até aqui que ninguém motiva ninguém, o máximo que podemos conseguir é influenciar outra pessoa a encontrar sua própria motivação. Figura 2 - Frank e Ernest Fonte: Robbins, 2000 p. 251. Os conceitos e entendimentos com os quais tivemos contato até aqui fazem parte de uma série de estudos que foram realizados ao longo das últimas décadas e que envolveram muitos estudiosos e pesquisadores. Porém, essa forma de entender a motivação nem sempre foi tão clara, inicialmente os estudos se apresentavam isoladamente e somente depois é que foi possível convergir e explorar integralmente as teorias desenvolvidas. Na sequência, quero apresentar as teorias sobre a motivação humana, teorias essas desenvolvidas por meio de pesquisas de campo, observações, entrevistas e inúmeros outros métodos que possibilitaram tais descobertas. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 63 LEMBRE-SE “A motivação é algo individual, dessa forma, ninguém consegue motivar outra pessoa, o máximo que podemosconseguiréinfluenciaroutrapessoaaencontrarsuaprópriamotivação”(PEREIRA,2012 Adaptado de ROBBINS, 2000). CONHECENDO AS TEORIAS DA MOTIVAÇÃO As teorias sobre motivação podem ser classificadas em dois grupos. Sendo um grupo de teorias o que procura explicar como funciona o mecanismo da motivação chamadas (teorias de processo), e um outro grupo de teorias que procura explicar quais são os motivos específicos que fazem as pessoas agirem (teorias de conteúdo). Conforme proposta de Maximiano (2000, p. 298), ficaria demonstrado como no quadro abaixo: Quadro 3 - Teorias da Motivação Teorias Sobre A Motivação Teoria de Conteúdo Procuram explicar quais fatores motivam as pessoas Teoria de Processo Procuram explicar como funciona a motivação 1. Teorias das necessidades 2. Teoria ERC de Alderfer 3. Teoria dos dois fatores, de Herzberg 4. Teoria da realização (necesidades adquiridas) de McClelland 1. Teoria da expectativa 2. Behaviorismo 2. Teoria da equipe 4. Teoria da meta Fonte: Maximiano, 2000, p. 298 64 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Para entendermos melhor como essa estrutura funciona, recorro à fala de Silva (2008) que nos diz que qualquer teoria de motivação se preocupa em determinar as razões pelas quais as pessoas adotam determinados comportamentos e o processo que causa tais comportamentos. Aquelas teorias cujo foco está em “o que” motiva o comportamento são chamadas teorias de conteúdo, e aquelas cujo foco está em “como” o comportamento é motivado são chamadas teorias de processo. As teorias de conteúdo focalizam geralmente as necessidades humanas de algum tipo, a força das necessidades e o modo específico como uma pessoa deseja satisfazê-las são usualmente aprendidos pelas teorias de processo. Além desses tipos, existem as teorias de reforço, que tentam ajudar administradores a entender como o comportamento dos indivíduos é influenciado pelas consequências do ambiente. TEORIAS DE CONTEÚDO Como mencionamos, as teorias de conteúdo procuram explicar quais motivos agem sobre as pessoas para mover seu comportamento. Então, para você melhor compreender como isso funciona, iremos começar pelos filósofos gregos. Eles propuseram a existência de três principais motivos: a motivação do ganho material (Homem econômico-racional), a motivação é o grupo; o reconhecimento e a aceitação pelos colegas (Homem social); e a motivação interior da realização pessoal, satisfação íntima ( Homem autorrealizador). Essas hipóteses sobre a motivação humana estão relacionadas a uma hipótese da natureza humana. Essas três hipóteses servem de base até hoje para as mais sofisticadas teorias motivacionais, e a elas acrescenta-se uma quarta visão sobre a natureza do homem, o Homem complexo, ou seja, a motivação não tem causa única, são diversos os motivos ou causas que geram um comportamento. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 65 Quadro 4 - Teoria de Motivação e Homem Complexo HOMO COMPLEXO - Necessidades múltiplas e complexas. -Desejo de autodesenvolvimento e realização -Trabalho fornece sentindo à sua existência -Autonomia de pensamento Fonte: MOTTA, Fernando C.P e Vasconcelos, Isabela F. G. de. Teoria Geral de Administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004, p. 73. Cada uma dessas hipóteses busca explicar que tipo de recompensas (ou felicidade) as pessoas procuram. Sabe-se que os mecanismos que tornam as recompensas mais ou menos atraentes são complexos, porque depende de muitos fatores. Sendo que entre os fatores mais importantes estão as necessidades humanas, que serviram como base para várias teorias motivacionais. Inicialmente, vamos trabalhar as teorias de conteúdo que têm como objeto de estudo as necessidades humanas. Dentro dessa linha de estudo, sobre a motivação temos: Teorias das necessidades; Teoria ERC de Alderfer; Teoria dos dois fatores, de Herzberg e Teoria da realização (necessidades adquiridas de McClelland). Teoria das Necessidades A história sobre o conceito de motivação teve início em 1900, sendo que, no início de 1940, Abraham Maslow, que foi psicólogo clínico e pioneiro no desenvolvimento das teorias das necessidades, desenvolveu sua teoria sobre a hierarquia das necessidades, sendo que a partir da mesma é possível inferir o que motiva cada pessoa. Para Maslow, o princípio básico 66 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância da motivação é: “uma necessidade satisfeita não é um motivador de comportamento”. Para facilitar, Maslow estabeleceu os elementos essenciais, os quais são: 1. Os motivos dos adultos são complexos: nenhum motivo simples determina comportamento, mas sim um conjunto de vários motivos que operam ao mesmo tempo. 2. Necessidades a partir de uma hierarquia: os mais baixos níveis de necessidade devem pelo menos ser satisfeitos parcialmente, antes que surjam níveis maiores de necessidades. Em outras palavras, uma necessidade de nível mais alto não pode se tornar uma força motivadora ativa até que uma necessidade de ordem mais baixa esteja satisfeita. 3. Necessidade satisfeita não é motivadora: uma necessidade que está insatisfeita ativa o comportamento de busca. Se uma necessidade de nível mais baixo é satisfeito, uma de nível mais alto aparece. 4. Níveis mais altos de necessidades podem ser satisfeitos de maneiras muito mais variadas do que as de nível mais baixo. 5. As pessoas procuram o crescimento: os indivíduos desejam se mover no sentido de subir na hierarquia de necessidades. Nenhuma pessoa está satisfeita no nível das necessidades fisiológicas. Geralmente, as pessoas procuram satisfação de necessidades de ordem maior (SILVA, 2008 p. 210) Simplificando, a ideia é que a motivação surge quando as pessoas têm necessidades insatisfeitas. A vontade de satisfazê-la é que gera o esforço. Assim, quando uma necessidade MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 67 prioritária é satisfeita ou parcialmente satisfeita, perde a força motivacional, mas logo em seguida, ou simultaneamente, surge outra necessidade. Segundo Hollenbeck (2000), Maslow propunha cinco tipos distintos de necessidades: as fisiológicas, as de segurança, de amor ou sociais, de estima e de autorrealização. Para Maslow, essas necessidades têm raízes genéticas e estão presentes em todos os seres humanos. Baseada nessas ideias, foi criada a Pirâmide de Maslow, na qual buscou-se definir hierarquicamente as necessidades. De acordo com Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317), a Hierarquia das necessidades de Maslow ficaria assim: A pirâmide de Maslow Figura 15.2 A Hierarquia das necessidades Segundo Mas Low Autorealização Status Associação Segurança Básicas Figura 3 - Pirâmide de Maslow Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) Observando o modelo proposto por Maslow, percebemos que, de acordo com sua teoria, o ser humano começa a receber estímulos motivacionais a partir de necessidades mais básicas, e à medida que consegue atendê-las, inicia-se um novo processo de identificação de necessidade, dessa vez em níveis mais elevados. Perceba como isso é interessante, e 68 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância como isso verdadeiramente ocorre com cada um de nós. Nunca estamos satisfeitos, sempre estamos correndo atrás de algo e muitas vezes nem sabemos qual é esse algo de que tanto corremos atrás. A hierarquia das necessidades segundo Maslow AUTO-REALIZÇÃO Provar a si próprio a necessidade de trabalho desafiante e criativo. STATUS Desejo de sobressair socialmente; oportunidade e progresso; reconhecimento de mérito. ASSOCIAÇÃO Filiação a aceitação por grupos; amizade com colegas; relações interpessoais harmoniosa SEGURANÇA Ordem e segurança públicas, previdência social etc; planos de aposentadoria; pianos de assistência médica, seguros; poupança, investimentos. BÁSICAS Abrigo, roupa, comida, água, conforto físico etc; melhor remuneração imediata; melhores condições de trabalho. Figura 4 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 69 LEMBRE-SE Se você estivesse com muita fome, se precisasse urgentemente de água ou estivesse com um sono arrebatador, você estaria sentindo necessidade de ser reconhecido pelo grupo, ou como gostaria de estar fazendo um trabalho que você gostasse? Na sequência vamos estudar cada nível das necessidades propostas por Maslow. Iniciando, vamos tratar o primeiro nível, necessidades básicas ou fisiológicas, na sequência as necessidades de segurança, depois as necessidades sociais, em seguida as necessidades de estima, e por fim as necessidades de autorrealização. Figura5-Necessidadesfisiológicas Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) 70 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Aqui os gestores devem atuar preocupando-se com as questões de benefícios que possam suprir seus trabalhadores das condições mínimas de sobrevivência, como exemplo, pode-se citar: refeitórios, convênios médico, odontológico, com mercados, farmácias etc. Necessidades de segurança Satisfeitas as necessidades fisiológicas, tendem a assumir a maior prioridade as de segurança: preservação; afastamento do perigo físico e do risco de privação das necessidade básicas Segurança Fisiológicas Sociais Status e estima auto-realização Figura 6 – Necessidades de segurança Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) O gestor deve preocupar-se com as condições físicas do ambiente de trabalho. O papel da medicina e segurança no trabalho deve ser fundamental, bem como as condições da estrutura de trabalho, os riscos de acidentes, os equipamentos em condições adequadas de manutenção e conservação entre outros. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 71 Necessidades sociais Satisfeitas as necessidades de segurança, a tendência é no sentido de passarem a ser prioritárias as necessidades sociais: participação, identificação com os seus iguais, formação de família, grupos de amigos, equipes, associações, etc. Sociais Segurança Status e estima Fisiológicas auto-realização Figura 7 - Necessidades sociais Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) A contribuição dos gestores para a satisfação dessa necessidade pode ser por meio da promoção de equipes de trabalho e permitindo que as pessoas discutam os problemas de trabalho entre si. Outra possibilidade é o estabelecimento de um canal de comunicação aberto e transparente com as pessoas, em que todos possa se sentir mais confiante naquilo que esteja fazendo, tendo plena convicção do que está fazendo e principalmente por que está realizando determinado trabalho. 72 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Necessidades de status e estima Satisfeitas as necessidades sociais, a tendência é no sentido de se tornarem prioritárias as necessidades de status e estima: necessidades do ego, amor-próprio, reconhecido do valor por si mesma e pelo respeito Status e estima Sociais Segurança auto-realização Fisiológicas A satisfação destas necessidades traz um sentido de poder, prestígio, autoconfiança: o indivíduo influencia o seu ambiente. A insatisfação pode gerar comportamento imaturo e perturbador: acessos de raiva, discussões inúteis etc. Figura 8 - Necessidades de status e estima Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) O elogio sobre a qualidade de trabalho pode ajudar o funcionário no processo de satisfação desta necessidade, pois esta necessidade reflete o desejo das pessoas de serem vistas por si mesmas e pelos outros como alguém de valor. Acesse o link a seguir e leia “O princípio da motivação” de Rogério Martins. Ele aborda o tema de uma formaarefletirsobreaessênciadamotivaçãohumana. <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=8027dwekk>. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 73 Necessidades de auto-realização Satisfeitas as necessidades de status e de estima, a tendência é no sentido de se tornarem prioritárias as de auto-realização: antigamente o máximo do potencial individual, torna-se aquilo de que se é capaz e dar uma contribuição efetiva para a sociedade e o pais. Status e estima auto-realização Sociais Segurança Fisiológicas Figura 9 - Necessidades de autorrealização Fonte: Lacombe e Heilborn (2003, pp. 313 - 317) Quando encontramos necessidades nesse patamar, podemos dizer que essa pessoa está se tornando tudo o que é capaz de ser. Os gestores podem dirigir seus trabalhadores rumo à autorrealização ao lhes darem atribuições desafiadoras e a chance de progresso e de novos aprendizados. A Teoria de Motivação proposta por Maslow é até hoje uma das mais conhecidas, estudadas e aceitas por diferentes áreas de conhecimento, tais como: Administração, Sociologia, Antropologia, Psicologia, Marketing, Moda, Fisioterapia etc. 74 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Apesar de toda essa ampla aceitação, a teoria de Maslow deve ser considerada uma orientação geral para os estudos porque trata de conceitos relativos e não de uma explicitação absoluta de todo o comportamento humano. Existem muitas ressalvas no contexto da teoria que, nesse caso, de acordo com Silva (2008, p. 212), nos aponta os seguintes: Dificuldades teóricas: a teoria da hierarquia das necessidades apresenta dificuldade de comprovação teórica em decorrência da interpretação e operacionalização de seus conceitos. Metodologia de pesquisa: a pesquisa de Maslow é baseada em uma amostra relativamente pequena de participantes. Originada em clínicas e unidades de análise de indivíduos, o que provocou o reconhecimento das limitações do modelo pelo próprio Maslow. Esquema supérfluo de classificação: o esquema de classificação é um tanto artificial e arbitrário. As necessidades não podem ser classificadas em compartimentos. O modelo é baseado em desejos daquilo que o homem deveria ser do que aquilo que atualmente é. Cadeia de causas na hierarquia: não existe evidência determinada de que, uma vez satisfeita uma necessidade, sua tensão diminua. É também duvidoso que a satisfação de uma necessidade automaticamente ative a seguinte na escala. Necessidades como determinantes de comportamentos: assumir que as necessidades sejam os determinantes cruciais de comportamentos é aberto e duvidoso. Os comportamentos são influenciados por inúmeros fatores, não necessariamente as necessidades isoladamente. Existe ampla evidência de que as pessoas procuram objetivos e os engajam nos comportamentos que, de certa forma, estão conectados à satisfação de necessidades, porém, os fatores de motivação podem surgir de diferentes fontes e apresentar significação e intensidades cariáveis conforme a pessoa. Diferenças individuais: as pessoas diferem na intensidade de suas várias necessidades. Alguns indivíduos são fortemente influenciados por necessidades de afeição, a despeito de terem uma esplendorosa vida social e uma vida familiar agradável; outros indivíduos têm MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 75 grande e contínua necessidade de segurança, a despeito de estarem empregados e de terem grande quantidade de benefícios agregados. Perceba então que a teoria das necessidades, apesar de ser amplamente utilizada para o entendimento do comportamento humano, também se submete aos questionamentos críticos. Não cabe a nós julgar a veracidade dessas críticas ou nos posicionarmos como defensores de Maslow, o que considero importante é reconhecer que essa teoria nos trouxe uma nova forma de entender o comportamento humano e que apesar das críticas, muitos aprendizados podem ser absorvidos dessa proposta. Encerro a apresentação dessa teoria com a seguinte frase: “O nível mais alto de necessidades dificilmente pode ser satisfeito porque há sempre novos desafios e oportunidades de crescimento, reconhecimento e realização das pessoas na vida.” (SILVA, 2008 p. 212). Teoria ECR de Alderfer Uma variação da teoria da hierarquia das necessidades de Maslow foi definida por Clayton Alderfer – denominada Teoria ERG (existence needs, relatedness needs e growth needs) ou ERC – apresentando não cinco, mas somente três níveis de necessidades de motivação dos funcionários. Para Silva (2004), ficariam assim classificadas: a) Necessidades de Existência (E): o desejo de bem-estar fisiológico e material. b) Necessidades de Relacionamento (R): os desejos de satisfazer os relacionamentos interpessoais. c) Necessidades de Crescimento (C): os desejos de contínuo crescimento e desenvolvimento psicológico. 76 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância A teoria também difere da de Maslow em outros aspectos. Alderfer não garante que as necessidades de nível mais baixo precisam ser satisfeitas para que as de nível mais alto sejam ativadas e que as necessidades satisfeitas perdem seu valor motivacional. Segundo a teoria ERC, qualquer um ou todos os três tipos de necessidades podem influenciar o comportamento individual num determinado tempo. ROBBINS, Stephen P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo, Saraiva 2000 (Cap. 13 pp. 339 a 356). Nesse capítulo, você irá encontrar as teorias de motivação apresentadas de uma forma especial, o autor procura descrever situações do dia a dia para evidenciar a aplicabilidade das teorias. Teoria dos dois Fatores, de Herzberg Frederick Herzberg, psicólogo industrial americano que trabalhou no Western Reserve Institute, desenvolveu várias pesquisas nos anos 60 junto aos engenheiros e contadores das usinas de aço de Pittsburg, chegando a trabalhar com uma população de 1.685 indivíduos. Buscando aumentar seu campo de pesquisa, depois de algum tempo começou a estudar as atividades dos operários, empregados de escritório, técnicos e executivos em países como Hungria, a antiga União soviética, o Japão e em algumas outras empresas americanas. Sua teoria é uma extensão da teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, onde ele analisou, de acordo com Silva (2004, p. 232), “incidentes críticos”, buscando identificar por meio de entrevistas o que provocava satisfação ou insatisfação no trabalho. Questionava seus entrevistados sobre o que eles gostavam ou não gostavam no seu trabalho atual ou em outros do passado. Essas pesquisas o levaram a classificar a motivação humana em duas categorias: Fatores higiênicos e Fatores motivacionais. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 77 Fatores de Higiene: representam as necessidades de evitar dor no ambiente. Eles não são parte intrínseca de um trabalho, mas estão relacionados às condições sob as quais o trabalho é realizado. Fatores de Motivação: estão associados a sentimentos positivos dos empregados sobre o trabalho. Eles se relacionam ao conteúdo do cargo e provocam satisfação nas pessoas com seu trabalho. Motivadores são necessários para manter a satisfação e o alto desempenho no cargo. Quadro 5 - Fatores de higiene e motivação Fatores de higiene São ambientais, externos ao ambiente de trabalho. Previnem insatisfação. Produzem nível zero de motivação se mantidos. Nunca são completamente satisfeitos. Dinheiro é o mais importante deles. Fatores de motivação Deixam o indivíduo satisfeito. Afetam a satisfação no trabalho. Incitam os indivíduos a um desempenho superior. Fonte: Silva (2008 p. 214). De acordo com Motta e Vasconcelos (2004), Herzberg, para explicar como esses fatores atuavam, utilizou-se de metáforas religiosas. Segundo ele, todo indivíduo tem em seu trabalho duas atividades diferentes, no caso representadas pelos personagens bíblicos Adão e Moisés. Herzberg define Adão como um homem natural que busca a satisfação de suas necessidades elementares, tais como as necessidades de segurança, afeição, prestígio e reconhecimento social, sem as quais não conseguiria sobreviver. Assim, os fatores de higiene representam as necessidades de evitar dor no ambiente, não fazem parte do trabalho, mas estão relacionadas às condições sob as quais o trabalho é realizado; estão associados com sentimentos negativos 78 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância e são fatores relacionados com as condições do ambiente (de manutenção); não promovem motivação, se mantido; previnem a insatisfação, mas nunca são satisfeitos por completo. Quero convidar você a partir de agora a responder alguns questionamentos sobre essa importante teoria da motivação humana, vamos lá: Você conseguiria identificar o que podem ser estes fatores extrínsecos encontrados no ambiente de trabalho? Vamos verificar se você acertou. De acordo com Maximiano (2005, p. 274): "Estilo de supervisão do chefe; relações pessoais com os colegas; salário; políticas de administração de pessoal e condições físicas e segurança do trabalho". Já Mota e Vasconcelos (2004, pág. 80) relatam que Herzberg utiliza-se da figura religiosa de Moisés para explicar os fatores motivacionais. Para Moisés, existia a “busca de aperfeiçoamento do espírito, da criação, da realização e do desenvolvimento do potencial humano. Essa dimensão vai além das necessidades básicas e pode ser satisfeita a partir dos fatores motivacionais ou intrínsecos”. Os fatores motivacionais estão associado com sentimentos positivos dos empregados sobre o trabalho; geram a satisfação no indivíduo promovendo motivação para um desempenho superior no mesmo. Você consegue dizer quais seriam? Realização; reconhecimento; responsabilidades; promoção, progresso; crescimento; conteúdo do trabalho em si (natureza das tarefas e sua sintonia com os interesses e qualificações da pessoa); sentido de realização de algo importante; exercício da responsabilidade; orgulho e sentimento de prestígio decorrentes da profissão; e reconhecimento pelo trabalho bem feito. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 79 No seu entendimento, qual a contribuição para o gerenciamento quando Herzberg criou essa diferenciação, fatores higiênicos e motivacionais? Se você olhar na evolução do trabalho, sempre houve, por parte dos gerentes das empresas, uma grande atenção nos fatores que Herzberg definiu como higiênicos, ou seja, a preocupação era com o ambiente de trabalho e não com o trabalho em si. Muito bem! Agora que já descobrimos algumas respostas, quero a seguir apresentar um quadro que nos mostra como cada componente dessa teoria pode atuar sobre a motivação humana. Só lembrando, os fatores de higiene são considerados fatores extrínsecos de motivação, já os fatores de motivação são considerados fatores intrínsecos. Quadro 6 - Componentes dos fatores de higiene e motivação Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos Conteúdo do Cargo (Como a pessoa se sente em relação a seu cargo): Contexto do Cargo (Como a pessoa se sente em relação à sua empresa): 1. Trabalho em si. 1. Realização. 1. Reconhecimento. 1. Progresso profissional. 1. Responsabilidade. 1. Condição de trabalho. 2. Administração da empresa. 3. Salário. 4. Relações com o supervisor. 5. Benefícios e serviços sociais. Fonte: Adaptado de Silva (2008 p. 214). A teoria de dois fatores, segundo Schermerhorn (1999), salienta que existem dois aspectos importantes em todas as funções: o que é executado pelas pessoas em suas funções (conteúdo da função) e o ambiente de trabalho onde elas atuam (contexto da função), para 80 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância tanto, os gerentes devem corrigir sempre a higiene pobre para não permitir que se instale a insatisfação nas pessoas no local de trabalho e propicie condições de satisfação dentro do conteúdo da função para maximizar as oportunidade na função. O autor ainda salienta que os gerentes não devem criar muita expectativa quanto aos aumentos de produtividade decorrentes de investimentos nas condições físicas de trabalho, mas devem canalizar seus esforços no desenvolvimento das pessoas que fazem parte de sua equipe de trabalho. De acordo com Silva (2004), para conseguir a motivação, é necessário rever ou elaborar os cargos existentes na organização. A distinção entre os fatores permitiu aos gerentes maximizar a produtividade das pessoas por meio da criação de cargos mais desafiadores e recompensadores, com maior responsabilidade, dando oportunidade de crescimento. Uma descoberta muito interessante identificada por Herzberg em sua pesquisa foi a de que a insatisfação não é oposta à satisfação, para ele a satisfação e a insatisfação são independentes. Ele identificou que os fatores que causam insatisfação diferem daqueles que resultam em satisfação. LEMBRE-SE A teoria dos dois fatores ou da higiene-motivação de Herzberg diz que as necessidades básicas que correspondem às necessidades de sobrevivência e segurança de Maslow funcionam como fatores de insatisfação, ou fatores de higiene no local de trabalho, enquanto as necessidade do nível superior, da MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 81 estima e da autorrealização são fatores de motivação. A insatisfação é causada por fatores diferentes daqueles que resultam em satisfação. A satisfação é afetada por fatores motivadores e a insatisfação, por fatores de higiene (MONTANA; CHARNOV, 1998, p.208). A teoria de Herzberg também recebeu fortes críticas, sendo questionada sobre a metodologia de pesquisa, uma vez que o método utilizado por Herzberg é considerado limitado, visto que ele utilizou apenas os incidentes críticos, enquanto outros pesquisadores não conseguiam chegar ao mesmo resultado que ele. Outra crítica aos trabalhos de Herzberg realaciona-se às suposições consideradas de que dois conjuntos de fatores operam primariamente sobre os indivíduos. Os críticos questionam a mútua excludência das dimensões, em alguns casos, os fatores de manutenção foram encontrados como sendo motivadores, em outro estudo verificouse que os fatores de higiene eram tão úteis na motivação como seus fatores motivadores. Teoria da Realização de Mcclelland O questionamento inicial de Mcclelland foi investigar por que algumas pessoas têm um desejo intenso de realizar algo enquanto outras não estão interessadas em fazer nada? McClelland estudou por mais de 20 anos este assunto e propôs a teoria da realização, também denominada teoria das necessidades adquiridas. Ele constatou que certas necessidades nos indivíduos são aprendidas e socialmente adquiridas no momento em que ele passa a interagir com o ambiente. McClelland classificou essas necessidades em três categorias: as necessidades de realização, de afiliação e a de poder. Na busca de um melhor entendimento Silva (2004) vem explicar cada uma dessas categorias: Necessidades de Realização: essa necessidade se expressa quando o indivíduo busca desafios que o levarão à realização pessoal; existe o desejo de alcançar algo difícil; de dominar atribuições complexas; correm riscos calculados; não são motivadas pelo dinheiro, mas empregam-no bem buscando manter o nível das suas realizações. 82 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Necessidades de Afiliação: pessoas que se encontram com essas necessidades caracterizam-se por terem o desejo de ter relacionamentos próximos; fortes amizades; evitam conflitos; essas pessoas veem a organização como uma oportunidade de estabelecer relacionamentos novos e satisfatórios. Gostam de exercer tarefas que promovam o contato com outras pessoas. Necessidade de Poder: aqui a necessidade de dominar, de influenciar ou controlar pessoas se faz muito presente. Essas pessoas procuram posições de liderança, gostam de estabelecer metas, de tomar decisões e dirigir atividades. McClelland constatou que certas necessidades nos indivíduos são aprendidas e socialmente adquiridas no momento em que eles passam a interagir com o ambiente. É necessário que os gestores identifiquem quais as características de seus comandados, pois assim fica mais fácil definir quais devem ser os estímulos a serem aplicados. Acesse o link abaixo e leia o artigo “Os Dez Mandamentos da Motivação”. Por meio dessa leitura você encontrará dicas importantes para manter a motivação em alta. Boa leitura! Link: <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=8yt640fog >. Para fecharmos essa etapa de nosso estudo, ou seja, as teorias de conteúdo, proponho a seguir um quadro que tem por finalidade estabelecer comparação e análise entre as quatro teorias de conteúdo que estudamos até aqui. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 83 Quadro 7 - Comparação entre as teorias de conteúdo Teoria da hierarquia das necessidades (Maslow) Auto-realização Estima Sociais Segurança Fisiológicas Teoria ERC (Alderfer) Teoria dos dois fatores (Herzberg) Teoria das necessidades adquiridas (McClelland) Crescimento Crescimento Relacionamento Existência Existência Motivador Motivador Manutenção Manutenção Manutenção Realização e poder Realização e poder Associação (afiliação) Não classificadas Não classificadas Necessidades não Fatores de As necessidades devem ser alcançadas satisfeitas podem estar manutenção (higiene) não motivarão os em ordem hierárquica em qualquer nível ao mesmo tempo empregados As necessidades de motivação são desenvolvidas por meio da experiência Fonte: Silva (2008 p. 220). O quadro proposto por Silva (2008) nos traz a identificação de cada teoria, em uma coluna horizontal central, o quadro nos traz as características de cada teoria apresentada e, mais abaixo, ele nos mostra as premissas básicas em que cada teoria se embasou. Perceba que, apesar de haver diferenças, todas trabalharam basicamente em um mesmo direcionamento, sendo este as necessidades humanas. Muito bem, agora que já conhecemos as teorias de conteúdo quero convidar você a conhecer as teorias de processo, sendo: Teoria da expectativa, Behaviorismo, Teoria da equidade, Teoria da Meta e a Teoria X Y. TEORIAS DE PROCESSO Essa forma de pensar a motivação busca demonstrar que o comportamento de uma pessoa seria qualquer ação ou manifestação observável das competências e diferenças individuais. Teríamos como exemplo: andar, falar, pensar, escrever, decidir ou não fazer nada. Já como 84 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância motivação, ela pode ser gerada por fatores internos ao próprio indivíduo ou por fatores externos (ambiente), mas que todo comportamento sempre tem uma causa, ou seja, um motivo. Assim, o objetivo seria o resultado que levou a pessoa a ter um comportamento e que ela busca alcançar. Muitas vezes na busca do objetivo podem surgir obstáculos, como por exemplo: frustração (não ter as competências necessárias para ocupar determinada vaga; esquecer a resposta de algumas questões na prova; ser desclassificado em uma competição etc); conflito ( ter que escolher entre a família e o trabalho; entre se casar ou ficar solteiro etc); e ansiedade ( resultado de ameaça ao bem-estar ou tranquilidade pessoal). Teoria da Expectativa de Vroom Em 1964, Victor Vroom apresentou a Teoria da Expectativa, ou Expectância como também é chamada, e descreve como o objetivo pode ter maior ou menor importância para as pessoas. A teoria vê as pessoas como tendo suas próprias necessidades e expectativas do que desejam a partir do trabalho (obviamente, recompensas), assume que as pessoas são tomadoras de decisões, que escolhem dentre várias alternativas, selecionando aquela que aparece como a mais desejável no momento. Com isso, pode-se dizer que a motivação depende da situação enfrentada pelas pessoas e como ela satisfaz seus desejos. Como observa Silva (2004), a teoria da expectância foi elaborada e apoiada em três conceitos: valência, expectativa e instrumentalidade. 1. Valência: qual é o valor ou importância da recompensa para a pessoa? Assim, valência seria a força do desejo de uma pessoa para a busca de um resultado particular; seria o valor subjetivo ligado a um incentivo ou recompensa. 2. Expectativa: o desempenho previsto permite alcançar a recompensa? Assim, expectativa é o conjunto de esforços para a busca de resultados ( ou seja, o entendimento de que o esforço conduz ao desempenho). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 85 3. Instrumentalidade: o esforço vai produzir o desempenho necessário para que a recompensa seja alcançada? O entendimento das pessoas de que o resultado a ser alcançado é recompensador o suficiente para o desempenho despedido. A teoria da Expectativa é um modelo pelo qual a força de uma tendência, para atuar em determinado sentido, depende da força da expectativa de que o ato será acompanhado por determinado resultado para o indivíduo. O quadro a seguir nos mostra o processo motivacional baseado na teoria de Vroom, em que pode-se observar a relação existente entre esforçodesempenho, desempenho-recompensa, recompensa-metas pessoais. Dependendo do contexto e do conteúdo de cada um desses elementos, a pessoa poderá estar mais ou menos motivada para a realização, tudo dependerá da expectativa criada em relação aos seus anseios. Quadro 8 - Teoria da Expectativa Teoria da Expectativa Esforço individual 1 Desempenho individual 2 Recompensas organizacionais 3 Metas pessoais 1 Relação esforço-desempenho. 2 Relação desempenho-recompensas. 3 Relação recompensas-metas pessoais. Fonte: Silva (2008 p. 223). Teoria Behaviorista O estudo do comportamento que se baseia em experimentações com animais de laboratório é chamado de behaviorismo. Esta é uma área controversa do enfoque comportamental, visto que atua com o adestramento de animais. No entanto, Maximiano (2005) salienta conceitos extraídos dessa teoria que o gestor moderno deve conhecer. 86 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Condicionamento operante: esse conceito pressupõe que o organismo, ao precisar atender a alguma necessidade, irá repetir uma atitude praticada que satisfez a mesma necessidade. O mecanismo de repetição é chamado condicionamento operante, já o comportamento que se repete chama-se comportamento operante. Como o comportamento produz o efeito desejado, a pessoa fica condicionada a repeti-lo nas situações de necessidade. Reforço positivo: nessa teoria também ficou evidenciada a questão do reforço positivo, ou seja, são por meio dos estímulos ou recompensas, ou resultado que produzem satisfação, que fazem o comportamento repetir-se. É observado também que comportamentos que evitam resultados indesejáveis, que produzem insatisfação, também tendem a ser repetidos. Punição: a punição ou castigo é o resultado que ocorre após algum comportamento indesejado. Este método busca diminuir a frequência de comportamentos indesejáveis fazendo com que uma consequência desagradável fique associada à sua ocorrência. Exemplo: um gerente que desconta o dia de trabalho porque o mesmo chegou atrasado. Programação de estímulos: a programação de estímulo refere-se à frequência do reforço, o mesmo pode ser contínuo (este é oferecido sempre que o comportamento desejado ocorre) ou intermitente (o reforço é oferecido algumas vezes, outras não). Dessa forma, o reforço intermitente cria um efeito de expectativa. Extinção: um comportamento condicionado a uma recompensa enfraquece e tende a desaparecer quando a recompensa não é fornecida. Modificação de comportamento: a modificação do comportamento pode ser explicada pela teoria do Behaviorismo, visto que dependendo da ferramenta utilizada, como métodos de pagamento por peça, premiação por frequência, programas de incentivos e mesmo promoção por mérito podem levar as pessoas a se sentirem mais motivadas e com isso mudarem seu comportamento. Ferramentas negativas como a punição também podem gerar nas pessoas uma mudança em seu comportamento. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 87 Através do estudo dos animais, podem-se identificar reações que muitos gestores podem produzir ou mesmo identificar em seus profissionais. Mas suas conclusões também foram motivos de muitas críticas. Neste quadro você encontra as informações que detalham cada etapa do processo de modificação de comportamentos. Quadro 9 - Modificação de comportamento Reforço positivo Reforço Negativo Extinção Punição O reforço positivo é a estratégia de modificação de comportamento mais eficaz. A maioria das pessoas responde melhor à premiação pela resposta correta do que à punição pela resposta errada. -Enfatizar os aspectos positivos da performance no trabalho; - Deixar claro que comportamento conduz a um prêmio; - Usar prêmios adequados e condicioná-los à boa performance; - Variar o tamanho do prêmio de acordo com o tamanho da realização e premiar prontamente; - Mudar os prêmios periodicamente. O reforço negativo ou motivação de impedimento é premiar alguém tomando-o capaz de evitar uma punição. Como por exemplo: quando você se depara com um funcionário que vem faltando bastante, o mesmo deveria ser punido, mas a empresa resolve desconsiderar suas faltas por alguma razão. Este mecanismo seria o enfraquecimento ou diminuição da frequência de comportamento indesejável através da remoção dos prêmios por esse comportamento. Podemos citar como exemplo; Você tem um funcionário que vive fazendo intriga entre os colegas, o prêmio do mesmo seria a briga entre os colegas e ele sendo um bom camarada. A extinção aconteceria quando os colegas passassem a não mais dar valor ao que o mesmo diz e o ignorarem. Apresentação de uma consequência desagradável por causa de um comportamento específico. Para uma punição ser eficaz ela não deve simplesmente só dizer o que a pessoa fez de errado mas também qual o comportamento que é esperando; deve ser feita de forma clara e impessoal, deve corrigir focalizando um ato específico, deve ser relativamente intenso e rápido. A punição pode ser um fator motivacional não só para quem é punido mas também para quem observa a punição. Fonte: Silva (2008 p. 227). 88 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Apenas para reforçar, o gestor pode utilizar das técnicas apresentadas com o propósito de estimular, incentivar ou ainda provocar no colaborador um comportamento diferente, seja pelo reforço positivo, ou pelo reforço negativo ou punição. O certo é que o gestor vai influenciar a pessoa, mas a decisão de mudança só cabe ao indivíduo. Teoria da Equidade de Atacy Adams Uma das preocupações dos gestores refere-se à justiça e equilíbrio em relação à distribuição de pagamento e outras recompensas. Foram as ideias de Stacy Adams, da General Eletric, que se destacaram, pois de acordo com ela a percepção da injustiça é uma das forças mais poderosas no mundo dos negócios. A teoria da equidade, segundo Maximiano (2005, p. 264), estabelece que as “pessoas sempre fazem comparações entre seus esforços e recompensas com os esforços e recompensas dos outros, especialmente quando há algum tipo de proximidade”. Ainda de acordo com o autor, as comparações baseiam-se em referências que são outras pessoas ou a própria pessoa numa situação diferente. Para ele, há quatro tipos de referências: a) Efetua uma comparação da própria pessoa numa condição diferente na mesma organização, que pode ser percebida como igual, melhor ou pior que a condição atual. b) A própria pessoa numa condição diferente em outra organização, que pode ser percebida como igual, melhor ou pior que a condição atual. c) Outra pessoa ou grupo de pessoas na mesma organização. d) Outra pessoa ou grupo de pessoas em organizações diferentes. Vamos ver agora a explicação de forma esquemática. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 89 Quadro 10 - Comparação do equilíbrio da equidade Recompensas do indivíduo Contribuições do indivíduo Recompensas dos outros Comparação de equilíbrio da equidade Contribuições dos outro Fonte: Silva, (2008 p. 224). No quadro apresentado acima, percebemos como ocorre o processo da teoria da equidade, em que o indivíduo analisa suas contribuições e as possíveis recompensas e as compara com as contribuições e recompensas oferecidas pelos demais indivíduos do grupo. Dependendo dessa análise, a pessoa pode desencadear um aumento de sua energia, ou seja, se motivar ainda mais, porém o contrário também pode ocorrer, se o resultado dessa comparação for negativo a tendência é a pessoa se nivelar por baixo, muitas vezes diminuindo seu ritmo de trabalho ou ainda desmotivando-se. A Teoria da Equidade, em resumo, concentra-se na percepção que o indivíduo tem de quão justamente ele tem sido tratado em comparação com o tratamento recebido pelos outros. Seguindo essa linha de raciocínio, você deve ter percebido que a equidade está atrelada à visão ou ao sentimento que o funcionário tem com relação ao seu tratamento na empresa. Assim, a equidade ocorre quando o resultado (recompensa) recebido é suficiente, dado seu esforço em comparação a dos outros. Já a iniquidade ocorre quando o indivíduo percebe que a recompensa recebida não é suficiente, dado seu esforço em comparação a dos outros. Quando ocorre essa iniquidade (falta de equidade), as pessoas podem apresentar comportamento tais como: 90 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância • Redução da sua produção: por exemplo, uma pessoa começa a trabalhar mais devagar do que normalmente o faz. • Alteração nos resultados produzidos: por exemplo, uma pessoa deixa de se preocupar com a qualidade do que está fazendo. • Distorção da autopercepção: por exemplo, a pessoa pensa que está trabalhando mais do que devia ou que fez a escolha errada de carreira. • Distorção da percepção de outros: por exemplo, a pessoa acredita que o cargo do colega é mais simples e fácil do que o seu. • Escolhadeoutrareferência:por exemplo, a pessoa sente-se inferior a um colega que se tornou diretor e procura pensar ou olhar para um colega que esteja em situação inferior. • Abandono da profissão presente: por exemplo, a pessoa muda de emprego ou de profissão. Um gestor ou líder de equipe deve levar em consideração o entendimento que os funcionários fazem com relação a equidade e, quando deparar com situações em que a iniquidade encontra-se presente, tentar minimizar as consequências negativas. Toda vez que alguém acredita que as recompensas recebidas pela contribuição de seu trabalho são menores do que as recompensas recebidas pelos esforços dos outros, o indivíduo se motiva a atuar no sentido de remover o desconforto e restabelecer um senso de equilíbrio percebido. LEMBRE-SE Como as pessoas percebem a injustiça é uma força motivadora e poderosa no local de trabalho, é o queafirmaateoriadaEquidade.Issodependedacomparaçãodaequidadepercebidadepagamento MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 91 e de recompensas entre funcionários e da comparação da remuneração no que se refere a fatores como ensino, experiência e tempo de serviço. Fonte: Silva (2008 p. 227). Teoria da Meta de Dwin Meta, de acordo com Dubrin (2001, p. 190), “ é o que a pessoa está tentando atingir, ou uma intenção consciente de agir”. Essa teoria baseia-se no princípio de que comportamento é 92 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância regulado por valores e metas, sendo valores um padrão ou convicção pessoal fortemente arraigado, e crença seria o que o indivíduo acredita verdadeiramente, como por exemplo, que todos têm direito a um trabalho digno e que todos devem ser honestos. Nossas crenças e nossos valores criam em nós o desejo de nos comportarmos coerentemente com eles. Dwin A. Locke e Gary P. Latham (apud DUDRIN, 2001) elaboram estudos sobre a teoria de fixação de metas e performance na tarefa e destacam as metas abaixo como as mais constantemente descobertas: 1. Metas específicas conduzem a uma performance mais elevada que metas genéricas. Pedir a pessoa que melhore o que puder é genérico, seria específico solicitar que a pessoa aumente suas visitas a empresas de pequeno porte em 5%. 2. A performance geralmente aumenta em proporção direta à dificuldade da meta. Quando entendida que é um desafio, mas que pode ser cumprida. 3. Para as metas aumentarem a performance, o empregado precisa aceitá-las. Quando o indivíduo está comprometido com as metas, ele as buscará cumprir da melhor forma possível. 4. As metas são mais eficazes quando usadas para avaliar a performance. Quando os trabalhadores sabem que sua performance será avaliada em termos de quanto atingiram de suas metas, o impacto das metas aumenta. 5. As metas deveriam estar associadas a feedback e recompensas. Feedback é a informação sobre quão bem uma pessoa está indo em direção à consecução de suas metas. 6. A fixação das metas do grupo é tão importante quanto a fixação das metas individuais. Manter os empregados trabalhando como equipes, com uma meta específica da equipe, mais do que como indivíduos dotados apenas de metas individuais aumenta a produtividade. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 93 Essa teoria supõe, de acordo com Robbins (2005), que os subordinados são razoavelmente independentes, que gerentes e subordinados buscam metas desafiadoras e que o desempenho é considerado importante para ambos. Por isso, quando da aplicação dessa teoria, deve-se levar em consideração a cultura do país e da empresa e analisar o quanto as pessoas são orientadas para a realização de objetivos e metas. Teoria X Y, McGregor Douglas McGregor ficou conhecido por sua obra The human side of enterprise (1960), na qual estabeleceu as teorias X e Y, que serviram de incentivo para diversas outras ideias e trabalhos no campo teórico e na visão aplicativa. As teorias de McGregor consistiam em um exame das suposições sobre motivação que os gerentes têm. Uma das formas de observação é por meio da concepção tradicional baseada na direção e no controle que a administração deve exercer sobre o empregado. No outro lado, estava a visão do empregado como um ser cooperativo e responsável. A esses extremos da visão do comportamento humano no trabalho denominouse, respectivamente, teoria X e a teoria Y. Teoria X Nesta teoria, chamada por McGregor de “Hipótese da mediocridade das massas”, parte-se do pressuposto de que os trabalhadores possuem uma aversão nata à responsabilidade e às tarefas do trabalho, necessitando sempre de ordens superiores para render alguma coisa no trabalho. Estas ordens vêm sempre acompanhadas de punição, elogios, dinheiro, coação etc.; artifícios utilizados pelos gestores para tentar gerar um empenho maior do colaborador (On- 94 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância line, 2012. <http://www.sobreadministracao.com>). Os princípios básicos da Teoria X são: • Um indivíduo comum, em situações comuns, evitará sempre que possível o trabalho. • Alguns indivíduos só trabalham sob forte pressão. Eles precisam ser forçados, controlados e às vezes ameaçados com punições severas para que se esforcem em cumprir os objetivos estabelecidos pela organização. • Os indivíduos não têm desejo da responsabilidade, a maioria prefere ser mandado por outros. • A maioria das pessoas precisam ser fortemente controladas e obrigadas a buscarem os objetivos da organização. • O ser humano ordinário é preguiçoso e prefere ser dirigido, evita as responsabilidades, tem ambições e, acima de tudo, deseja sua própria segurança (On-line, 2012. <http:// www.sobreadministracao.com>). Teoria Y Nesta teoria, propõe-se que os trabalhadores são responsáveis e gostam do trabalho. Aqui os trabalhadores são encarados como pessoas altamente competentes, responsáveis e criativas, que gostam de trabalhar e o fazem como diversão. Sendo necessário que as empresas proporcionem meios para que essas pessoas possam dar o seu melhor, com mais desafios, participações e influências na tomada de decisão. McGregor acreditava que as necessidades de ordem superior dominavam as pessoas nesta Teoria (On-line, 2012. <http:// www.sobreadministracao.com>). Os princípios básicos da Teoria Y são: MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 95 • O esforço físico e mental empregado no trabalho é tão natural quanto o empregado em momentos de lazer. • O atendimento dos objetivos da organização está ligado às recompensas associadas e não ao controle rígido e às punições. • O indivíduo comum não só aceita a responsabilidade do trabalho como também as procura. • Os indivíduos são criativos e inventivos, buscam sempre a solução para os problemas da empresa. • Os trabalhadores têm a capacidade de se autogerirem nas tarefas que visam atingir objetivos pessoais e estratégicos da organização. Sem a necessidade de ameaças ou punições. • O trabalhador normalmente não faz aquilo que não acredita. Por isso exige cada vez mais benefícios para compensar o incômodo de desempenhar uma função desagradável. Desta forma, podemos perceber que na Teoria X o indivíduo é motivado pelo menor esforço, demandando um acompanhamento por parte do líder. Já na Teoria Y, as pessoas são motivadas pelo máximo esforço, demandando uma participação maior nas decisões e negociações inerentes ao seu trabalho. Perceba que na teoria Y a liderança deve assumir um papel autoritário, pois de outra forma os trabalhadores tendem a não realizar os trabalhos. Já na teoria Y, a proposta é de um estilo de liderança mais participativo e democrático baseado em valores humanos. Algumas ideias são recomendadas por Silva (2008) para ampliação dessa teoria, sendo: descentralização e delegação, ampliação do cargo e maior significado do trabalho, participação e administração consultiva, autoavaliação de desempenho. LEMBRE-SE Teoria X: Suposição de que os funcionários detestam o trabalho e responsabilidades, são preguiçosos e devem ser coagidos ao desempenho. Teoria Y: Suposição de que os funcionários gostam do trabalho e de responsabilidades, são criativos e podem exercer autogestão (SILVA, 2008 p. 232). 96 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância LEITURA COMPLEMENTAR MOTIVAÇÃO: ALGO A SER CONQUISTADO DIA APÓS DIA Muitos pensam que motivação vem de fatores externos como: ganhar bem, ter uma boa família, estar cercado de amigos entre outros. Mas estar motivado na verdade não consiste em nenhum destes aspectos. A motivação é algo que vem de dentro do seu humano e irradia em seu ser, é algo que somente você pode buscar, e depende tão somente de você. Para estar motivado você primeiramente precisa estar de bem com você mesmo, depois você precisa descobrir possíveis fatores que possam estar desencadeando a motivação dentro de você, (lembrando que coisas que acontece ao nosso redor pode contribuir para nos motivarmos ou não, mas o principal é a pessoa, ninguém e nada motiva). Pelo simples fato de a motivação ser algo intrínseco, uma pessoa pode não ter ninguém ao seu lado, ter um cargo aparentemente ruim e ainda ganhar pouco, mas o simples fato de saber que se ele se dedicar e estudar ele terá uma melhor remuneração e conseguirá oportunidades melhores trazendo para perto pessoa agradáveis conseqüentemente ele estará motivado. Automaticamente condições melhores de vida não é sinônimo de motivação. Podemos usar como exemplo um aumento, nossa é uma alegria imensa, a pessoa tem um ânimo a mais e é motivada, mas, no mês seguinte, seu aumento já está todo comprometido e novamente você se depara com a mesma situação de desânimo, isso ocorre porque muitos confundem a motivação com a empolgação, a pessoa motivada luta a cada dia para essa motivação crescer, conquistando novos sentimentos e novas realidades, e a pessoa empolgada é de momento, agora ela tudo pode e daqui a alguns minutos ela nada pode. Não seja uma pessoa perdida em seus sentimentos, agora você já sabe que só depende de você mesmo para se motivar, não deixe que situações ruins te oprimam, mas deixe a sua autoestima, sua esperança e sua fé em que as coisas vão mudar te motivar totalmente. A motivação é o que faz um colaborador se mover dentro de uma organização e se manter na empresa, sem ela, diga-se, que nada de inovador acontece. Todo ser humano necessita de incentivo para continuar progredindo na vida, Lideres e Gestores, no tempo em que nos encontramos, são os responsáveis para que isso aconteça na vida de seus subordinados, lembrando-se sempre que motivação não é um status de vida, mas sim algo intrínseco, um sentimento bom de felicidade de e satisfação. É de inteira responsabilidade das empresas detectarem onde está a desmotivação de seus funcionários, com as ferramentas que o RH disponibiliza para medir a satisfação de todos. E certo que nem todas as empresas estão preocupadas com o que seus funcionários pensam, ou como eles estão, mas é certo e de fato todas as empresas em comum têm a noção de que sem o MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 97 Capital Intelectual dentro das organizações nada funciona, sem eles o ar some e a empresa deixa de respirar (existir). Se os seus colaboradores pararem de trabalhar, sua empresa para de respirar. Motivar não é só uma moda de grandes empresas ou invenção do RH, mas é ter noção de que um funcionário satisfeito é garantia de resultado positivo. Fonte: ROMERO, Cláudia. Motivação: algo a ser conquistado dia após dia. Disponível em: <http:// www.rhportal.com.br>. Acesso em: 16 mar.2012. Quadro 11 - Teste o que motiva você Autoconhecimento: O que Motiva você? INSTRUÇÕES: Para cada uma das 15 declarações seguintes, circule o número que mais se aproxima daqui que você sente. Considere suas respostas no contexto de seu cargo atual ou experiência anterior de trabalho. Concordo Discordo totalmente totalmente 1 2 3 4 5 1. Eu me esforço muito para melhorar meu desempenho no trabalho. 2. Gosto de competir e vencer. 1 2 3 4 5 3. Muitas vezes me vejo conversando com colegas sobre questões alheias ao trabalho. 1 2 3 4 5 4. Gosto de desafio. 1 2 3 4 5 5. Gosto de estar no comando. 1 2 3 4 5 6. Desejo que os outros gostem de mim. 1 2 3 4 5 7. Desejo saber como estou progredindo na realização de minhas tarefas. 1 2 3 4 5 8. Questionando as pessoas que fazem coisas com as quais não concordo. 1 2 3 4 5 9. Tendo a criar intimidade com colegas de trabalho. 1 2 3 4 5 10. Gosto de fixar e alcançar metas realistas. 1 2 3 4 5 11. Gosto de influenciar outras pessoas a serem como eu, a fazerem do meu modo. 1 2 3 4 5 12. Gosto de pertencer a grupos e organizações 1 2 3 4 5 13. Gosto de satisfação de concluir uma tarefa difícil. 1 2 3 4 5 14. Geralmente trabalho para obter mais controle sobre o que ocorre à minha volta. 1 2 3 4 5 15. Presto muita atenção aos sentimentos das outras pessoas no trabalho. 1 2 3 4 5 Consulte o apêndice B para obter orientações e interpretações da pontuação. Fontes: Baseado em Steers, R e Braunstein, D ‘‘A Behaviorally Based Measure of Manifest Nedds in Work Settings’’ Jounal of Vocational Behavior, outrubro de 1976, p. 254; e Lussier, R. N. Human Relations in Organizations. A Skill Building Approach (Homewood, III: Richard D. Irwin, 1990), p. 120. Fonte: Robbins (2000) 98 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Para determinar suas necessidades dominantes - e o que o motiva -, marque o número (de 1 a 5) que vocêcirculouparacadaafirmaçãoaoladodonúmerocorrespondenteaessaafirmação.Totalizea soma de cada coluna. O resultado será um número entre 5 e 25 pontos. A coluna com a pontuação mais alta lhe dirá qual a sua necessidade dominante. Realização 1 Poder 2 Afiliação 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 CONSIDERAÇÕES FINAIS Encerramos nossa segunda unidade e acredito que você já esteja bem mais familiarizado com o assunto. A motivação humana passou a se tornar alvo de constantes estudos a partir da segunda metade do Século XX e, apesar de já termos muitas teorias desenvolvidas, até hoje ainda é uma temática que merece constante pesquisa, uma vez que a sociedade e organizações apresentam evoluções e sinais de mudanças, podemos inferir que as motivações humanas também podem sofrer alterações frente a essas ocorrências, necessitando novos estudos, observações e quem sabe a descoberta de novos elementos que possam afetar profundamente a forma como entendemos a motivação até os dias de hoje. Nesta unidade de estudo, inicialmente procurou-se apresentar o que se entende por motivação e suas diversas definições. Não quero me ater a uma ou outra conceituação específica, mas reforçar alguns elementos que se tornam comuns em todas elas, sendo: a motivação é uma força interior que coloca um indivíduo em movimento ou ação e o direciona para o atendimento ou busca de um objetivo e/ou necessidade. Portanto, sempre que falamos em motivação estamos nos referindo a uma questão individual que exerce forte impacto na forma e direcionamento do comportamento humano, geralmente vinculado à busca ou realização de algo. Podemos entender a motivação em duas perspectivas, a motivação intrínseca e a motivação extrínseca. A motivação intrínseca é fruto de impulsos e necessidades individuais, daí surge a expressão de que ninguém motiva ninguém. A motivação extrínseca envolve os MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 99 fatores externos que podem afetar ou influenciar a motivação dos indivíduos. Ao longo desta unidade, estudamos o ciclo da motivação e ainda buscamos compreender o processo da frustração do indivíduo que pode ocorrer sempre que algum impulso motivador sofrer bloqueio ou interferência, na verdade, quando nos deparamos com algo que nos impede de alcançar o objetivo, existem duas possíveis reações, sendo que uma pode ser a reconstrução das estratégias e objetivos, e a segunda a frustração que desencadeia comportamentos negativos. Na sequência abordamos as teorias da motivação humana organizando em dois grupos: as teorias de conteúdo, que tiveram como objeto de estudo as necessidades humanas, e em segundo plano a teoria de processo, que tiveram como objeto de estudo o contexto e os fatores influenciadores da motivação. Entre as teorias de conteúdo, destacamos a Hierarquia das Necessidades de Maslow, que nos propõe uma sequência de necessidades que se iniciam com as mais básicas como fome, sede e demais necessidades fisiológicas e avança até seu nível mais elevado, sendo a autorrealização do indivíduo. No campo das teorias de processo, destacamos a teoria X e Y de Douglas McGregor, que nos propõe um entendimento bem específico a respeito do comportamento do ser humano no trabalho. Em sua teoria X, ele nos diz que o funcionário apresenta comportamentos de irresponsabilidade, não gosta de trabalhar e deve ser coagido para que produza. Em sua teoria Y, ele nos mostra um outro entendimento, sendo que nessa nova concepção, o funcionário é sim responsável, apresenta vontade para o trabalho, comprometimento e pode receber mais autonomia mediante uma gestão mais participativa. Quero aproveitar esse momento de resgate às reflexões estabelecidas e dizer que não há uma ou outra teoria melhor ou mais validada, cada uma se apresentou independentemente, apesar de algumas ter influenciado um pouco mais o desenvolvimento de outras, mas cada uma tem a sua pertinência em nosso campo de estudo e o que podemos observar nos dias atuais é a utilização simultânea de mais de uma teoria, tudo isso na tentativa de entender melhor as raízes da motivação humana em nossa contemporaneidade. Encerrando quero reforçar a importância de o gestor e de os profissionais conhecerem tais teorias para subsidiar suas decisões e estratégias no que se refere ao trato com as pessoas, sempre levando em consideração as particularidades de cada um e investindo esforços para adequar ao máximo sua forma de gerir pessoas ao modo de conduta do grupo, que por sinal passa ser nosso tema de estudo nas próximas unidades. Forte abraço, bom estudo!! 100 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância ATIVIDADE DE AUTOESTUDO MotivandoumaEquipedeProfissionais Dawn Pizaro teve de rir. Ela estava sentada à sua escrivaninha, olhando para uma lista de opções de compra de ações da companhia pertencentes à sua equipe da Microsoft. Ninguém em sua equipe de nove pessoas tinha mais de 33 anos de idade. No entanto, todos eram milionários, pelo menos nopapel.Ovalordesuasopçõesdecompra,nessediaespecífico,variavade1,7a18,4milhõesde dólares. Sua equipe não era incomum. Mais de 2 mil dos 18 mil funcionários da Microsoft são milionários todos criados pela incrível elevação no valor das ações da companhia. Por isso, o problema de Pizaro não é único na Microsoft ou, nesse sentido, em várias companhias de crescimento rápido no setor da alta tecnologia (high-tech). O problema dela? Como motivar multimilionários para que venham trabalhar todos os dias? Suponha que você seja Dawn. O que você faria para aumentar a motivação de seus funcionários? AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira de. Psicologia aplicada à administração. Uma abordagem interdisciplinar. São Paulo; Saraiva, 2006. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 101 UNIDADE III SATISFAÇÃO E ESTRESSE NO LOCAL DE TRABALHO Professor Esp. Luciano Santana Pereira Objetivos de Aprendizagem • Entender a relação homem e trabalho. • Definir satisfação e estresse. • Identificar os custos organizacionais da insatisfação e do estresse. • Relacionar as fontes de insatisfação e estresse. • Apresentar alternativas para lidar com a insatisfação e o estresse. • Entender o que vem a ser Inteligência emocional. • Entender o que é resiliência no trabalho. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A relação homem e trabalho • Definindo satisfação e estresse • Custos organizacionais da insatisfação e do estresse • Fontes de insatisfação e estresse • Lidando com a insatisfação e o estresse • Inteligência emocional e resiliência no local de trabalho Fonte: SHUTTERSTOCK.COM INTRODUÇÃO Saudações! Vamos iniciar mais uma etapa em nossa jornada. Nas unidades anteriores, estudamos os princípios do comportamento humano, bem como suas possíveis manifestações nos indivíduos e também os conceitos e as diferentes formas de entender a motivação humana. Nesta unidade III, vamos estudar sobre um assunto que infelizmente, cada vez mais, está presente no dia a dia de muitas pessoas e empresas, assim sinalizaremos alguns caminhos a serem trilhados para evitar ou minimizar os efeitos do estresse no local de trabalho. Independente de sua área de atuação, o estudo desse tema constitui parte importante para compreender a história da gestão com pessoas. Compor a nossa história como profissional, enquanto ser humano significa comprometer-se com processos técnicos ligados diretamente a nossa atuação profissional, sem deixar de lado a valorização das pessoas que contribuem concomitantemente para a nossa transformação, como também a realidade na qual estamos inseridos. Dessa forma, a Qualidade de Vida, a Satisfação e o Estresse no local de trabalho passam a ser temas relevantes na gestão de pessoas nos dias atuais. Nesta unidade, vamos estudar o que vem a ser o estresse no local de trabalho e ainda identificar as diferenças com a satisfação no local de trabalho. Um ponto interessante que iremos tratar são os custos decorrentes da insatisfação e do estresse no trabalho, ainda nesta unidade vamos apresentar as possíveis causas da insatisfação e do estresse. Como encaminhamentos, serão tratadas algumas ideias sobre como eliminar ou aprender a lidar com o estresse. Fechando nossa unidade de estudo, vamos abordar alguns conceitos sobre inteligência emocional e também resiliência. Espero que aprecie o conteúdo, torço para que consiga absorver o máximo de aprendizagem e lhe desejo um ótimo estudo. Boa leitura! MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 105 A RELAÇÃO HOMEM E TRABALHO Atualmente é comum encontramos pessoas que se queixam do trabalho, da empresa, do chefe, dos colegas, enfim se queixam praticamente de tudo que envolve o ato de trabalhar. Para muitas pessoas, trabalhar se tornou uma tortura ou um castigo. Tal percepção com relação a essa atividade nobre que é o trabalho tem suas explicações. A palavra trabalho vem do latim trialium, cujo significado é três paus. Três paus, há muito tempo atrás, era um instrumento de tortura. Talvez esteja aí o motivo pelo qual ainda existam pessoas que encaram o trabalho como sinônimo de tortura. São pessoas que utilizam lentes do passado para enxergar o trabalho, estabelecendo com ele uma convivência torturante em todos os sentidos (BRUM, 2003 p. 34). De algum modo, essa conotação foi sendo suavizada com o passar dos séculos, entretanto, documentos mostram que, no Século XII, o verbo francês travailler ainda significava “fazer grande esforço”, sendo o de elaborar e transformar uma matéria-prima em um produto acabado. Contudo, de acordo com Oliveira (2010), é importante lembrar que a ideia de esforço associada ao trabalho na verdade jamais foi abandonada. Isso pode ser percebido ainda hoje, no valor que se dá ao trabalho feito com dificuldade, dor, exaustão, por exemplo, quando ao final do dia, uma pessoa confere-se um autoelogio, dizendo que trabalhou muito. Da mesma forma, é comum a pessoa se desqualificar, rotulando como inadequada, imprópria ou mesmo imoral toda atividade que venha a exercer com prazer, orgulho ou outro sentimento positivo ou que produza resultados altamente compensadores com pouco esforço. As pessoas tendem a orgulhar-se mais de seus feitos e conquistas que tenham sido mais sofridos e a apresentá-los como resultante digno de crédito, enquanto ocultam, depreciam ou mesmo envergonham-se daquilo que tenham obtido de modo apenas simples, fácil ou sem esforço. Mas essa forma de perceber o trabalho e os resultados decorrentes dele é diretamente proporcional à forma como as empresas trataram seus funcionários ao longo dos tempos. 106 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Atualmente, vivemos na sociedade da informação e do conhecimento, isso nos abre a oportunidade de trabalhar em atividades que são menos pesadas fisicamente, não distante o esforço mental, intelectual e emocional. Até os idos de 1918 a 1950, a realidade era bastante diferente, nessa época o que realmente era valorizado nas empresas era o esforço físico, os trabalhos eram pesados e aquele que não se esforçava para obter seu retorno financeiro era visto como preguiçoso ou até mesmo como “vagabundo”. Pensem comigo! O que você acha disso tudo? Faz sentido essas informações? O trabalho realmente ainda é visto como uma tortura? Saiba que a satisfação e o estresse no local de trabalho dependem de duas situações: primeiramente, depende da própria pessoa e sua percepção com relação ao trabalho, com relação ao que ela faz, se esse sentimento não for positivo, naturalmente, as chances de essa pessoa se tornar infeliz e desencadear o estresse é grande. De outro lado, temos a empresa e tudo que ela pode oferecer para minimizar essas situações ou, infelizmente, como em alguns casos, podem potencializar ainda mais os problemas por meio de uma postura exploratória, oferecendo ambientes carregados e autoritários, condições de trabalho abaixo dos requisitos mínimos, relacionamentos conflituosos, cobranças excessivas, agressões verbais etc. Com o passar do tempo, as empresas vêm assumindo papel de responsabilidade em prover qualidade de vida às pessoas que fazem parte do quadro de colaboradores. Por incrível que pareça, algumas empresas não param por aí e comprometem-se efetivamente com a busca incessante pela transformação do trabalho em momento de prazer. Pessoas que não costumam buscar prazer em suas atividades profissionais costumam viver a síndrome do trabalho vazio, que é comum entre aqueles que passam o dia olhando o relógio aguardando ansiosamente o término do expediente. Dizer que um colaborador é importante no contexto empresarial pode ser interessante e até motivador por alguns dias, porém é preciso fazer com que o colaborador compre esta ideia, reflita sobre a sua participação nos processos, ou seja, é necessário convencê-lo efetivamente de que ele é importante, mas não para obter um sorriso momentâneo ou uma falsa expectativa, MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 107 e sim para que o colaborador se veja como parte integrante de uma estrutura que agrega valor à empresa, ao clima organizacional e aos clientes externos. A motivação e a satisfação de funcionários para o trabalho não depende somente de um esforço particular dos colaboradores da base operacional. É muito importante que a motivação e a busca pela satisfação tornem-se uma reação em cadeia. A alta gestão deve estar comprometida e motivada com os objetivos da empresa. É responsabilidade da gerência disseminar, por meio de um processo de comunicação linear e objetivo, o sentimento de satisfação, prazer e motivação no trabalho, traçando planos de ação e atuando como espelho para os colaboradores. Dessa forma, é possível que os funcionários vejam em seus gestores diretos ou não pessoas que acreditam no que fazem e falam a fim de consolidar o comprometimento com a organização. Além de todo o processo que envolve a motivação dos funcionários na obtenção de melhores resultados com base no comprometimento levado pela satisfação com o trabalho, é importante reconhecer publicamente um trabalho bem feito, verificar se o funcionário dispõe dos melhores meios para desempenhar suas atividades, enfatizar a preocupação da empresa com os colaboradores e até mesmo recompensá-los por meio de premiações e ações que elevem o moral perante a equipe de trabalho. Com isso, as empresas, de certa forma, tornam o agente premiado um parâmetro de motivação para que outros possam também atingir altos patamares em seus resultados. No processo de satisfação dos colaboradores, é primordial que não exista espaço para falhas no tratamento dos funcionários, ou seja, é fundamental que não haja desatenção com o relacionamento entre pares, que deve ser cordial, sem atritos, ameaças e coações. Qualquer atitude contrária à convivência cordial pode descaracterizar a essência de um programa de motivação e satisfação, comprometendo inclusive a sua credibilidade. Na sequência de nosso material, abordaremos as principais emoções que afetam as pessoas no local de trabalho. Inicialmente, definiremos satisfação e estresse. Em seguida, para enfatizar a importância da satisfação no trabalho, examinaremos as consequências da insatisfação e do estresse, tanto em termos humanos como em termos de perda financeira. Depois, analisaremos as principais fontes de insatisfação e estresse, encerrando com uma 108 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância discussão sobre os métodos para gerenciar a insatisfação e o estresse no local de trabalho (HOLLENBECK, 2006). DEFININDO SATISFAÇÃO E ESTRESSE Estabelecer uma definição sobre o que vem a ser a satisfação é um tanto quanto ousado, uma vez que esse sentimento pode se alterar de pessoa para pessoa principalmente com relação às suas causas, ou seja, aquilo que pode gerar um sentimento de satisfação para uma pessoa não necessariamente vai satisfazer outra. Diante disso, podemos dizer que o nível de satisfação de uma pessoa é diretamente influenciado por três fatores, sendo: Valores, Percepção e Importância dos valores (HOLLENBECK, 2006). Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Satisfação Satisfação no trabalho é um sentimento agradável que resulta da percepção de que nosso trabalho realiza ou permite a realização de valores importantes relativos ao próprio trabalho. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 109 Como já mencionado existem três componentes chaves em nossa definição de satisfação no trabalho: valores, importância dos valores e percepção (HOLLENBECK, 2006). Em primeiro lugar, satisfação no trabalho é uma função de valores. Os valores podem ser definidos em termos daquilo que uma pessoa deseja obter consciente ou inconscientemente. É importante que haja a distinção entre valores e necessidades, em que as necessidades são mais bem concebidas como “exigências objetivas” do corpo, que são essenciais à manutenção da vida, como as necessidades de oxigênio e água. Por outro lado, valores são “exigências subjetivas” existentes na mente da pessoa (HOLLENBECK, 2006). O segundo componente da satisfação no trabalho é a importância. As pessoas não diferem apenas nos valores que defendem, mas na importância que atribuem a esses valores, e essas diferenças são cruciais na determinação de seu grau de satisfação no trabalho. Uma pessoa pode valorizar mais a segurança no trabalho do que todo o resto. Outra pode preferir um trabalho que permita viajar bastante. Outra ainda pode estar mais interessada num trabalho que seja divertido ou que ajude os outros. Embora a primeira pessoa possa estar satisfeita com o emprego em longo prazo, as outras duas podem encontrar pouca satisfação numa relação de emprego permanente (HOLLENBECK, 2006). O último componente importante de nossa definição de satisfação no trabalho é a percepção. A satisfação está baseada em nossa percepção da situação atual em relação aos nossos valores. Lembre-se de que as percepções podem não refletir com precisão total a realidade objetiva. Quando não a refletem, para que possamos entender as reações pessoais, precisamos atentar para a percepção que o indivíduo tem da situação — e não para a própria situação concreta (HOLLENBECK, 2006). A maioria das tentativas de medir a satisfação do trabalhador recorre a relatos pessoais. Certas mensurações, como o índice descritivo de cargo (IDC), enfatizam aspectos do trabalho, como o pagamento, o trabalho em si, a supervisão e os colegas. Outras, como a escala de faces, enfatizam a satisfação geral. O IDC e a escala de faces são medidas úteis para o gerente 110 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância que deseja avaliar a satisfação dos empregados. São fáceis de usar por todos os avaliadores porque o IDC exige aptidões mínimas de leitura e a escala de faces não requer nenhuma. A confiabilidade e a validade dos testes foram confirmadas por muitas pesquisas. Devido à abundância de dados sobre o uso dessas medidas, é fácil comparar os resultados de uma empresa com os de outra (HOLLENBECK, 2006). A seguir, segue modelo representativo do índice descritivo de cargo (IDC) e da escala de faces, perceba como realmente são instrumentos fáceis de serem utilizados e interpretados. Quadro 12 - Índice e satisfação no trabalho Satisfação no trabalho pelo Índice Descritivo no trabalho PAGAMENTO TRABALHO EM SI SUPERVISÃO COLEGAS DE TRABALHO Suficiente para as despesas pessoais Fascinante Difícil de contentar Lentos Satisfatório Chato Pede minha opinião Falam demais Menor do que mereço Rotineiro Irritante Desagradáveis Subdimensionado Desafiador Pavio curto Leais Atende supérfluos Interminável Teimosa Inteligentes Satisfação no trabalho pela Escala de Faces Considere todos os aspectos de seu trabalho. Circule a face que melhor descreve seus sentimentos sobre seu trabalho em geral. Esta escala de faces femininas foi criada por Dunham, R. B. e Herman, J. B. e publicada no Journal of Applied Psychology 60 (1975), pp. 629-631. Reproduzida com permisão do editor. Fonte: Hollenbeck (2006 p. 122). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 111 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Estresse Estresse é um estado emocional desagradável que ocorre quando as pessoas estão inseguras de sua capacidade para enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante. Tal como no caso da satisfação, é mais fácil entender a natureza do estresse se dividirmos sua definição em três componentes principais: desafio percebido, valor importante, incerteza da resolução (HOLLENBECK, 2006). Desafio percebido: enfatiza que o estresse surge da interação entre as pessoas e sua percepção do ambiente (não necessariamente da realidade). Rumores infundados sobre o fechamento de uma fábrica, por exemplo, provocarão estresse entre os funcionários, mesmo que não exista nenhuma ameaça real. Valor Importante: é crucial pela mesma razão que é fundamental à nossa definição de satisfação. O desafio só causará estresse quando ameaçar algum valor importante. Dessa forma, os rumores de fechamento de uma fábrica podem não gerar estresse em um trabalhador que está prestes a se aposentar. Incerteza da Resolução: enfatiza que a pessoa interpreta a situação em termos da percepção 112 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância da probabilidade de lidar satisfatoriamente com o desafio. Obviamente, se as pessoas percebem que podem lidar facilmente com ele, não há estresse. Você poderia ficar surpreso em descobrir, porém, que o estresse também é baixo se a pessoa é sobrepujada pelo desafio e não vê nenhuma possibilidade de que ele seja resolvido. O máximo do estresse ocorre, na verdade, quando a dificuldade percebida no desafio está aproximadamente no mesmo nível da capacidade que a pessoa sabe que possui para atender ao que é demandado. A razão disso é que à medida que o nível de dificuldade e o nível de capacidade se aproximam mais e mais, o resultado se torna cada vez mais incerto. É essa incerteza em relação a enfrentar o desafio que gera o estresse, e não o medo de um resultado negativo. LEMBRE-SE Estresse é o conjunto de reações adaptativas do organismo a qualquer perturbações de ordem física ou psíquica capazes de retirá-lo de seu estado de equilíbrio (OLIVEIRA, 2010). A reação fisiológica do corpo a esse tipo de ameaça é um processo que provavelmente já teve antes um grande valor para a sobrevivência. Quando percebe uma ameaça, o corpo produz substâncias químicas que elevam a pressão sanguínea e que desviam o sangue da pele e do aparelho digestivo para os músculos. Gorduras do sangue são então liberadas para fornecer um ímpeto de energia e aumentar a coagulação do sangue em caso de dano. Quando a ameaça diante do indivíduo é prolongada, têm início outras mudanças que preparam o corpo para uma longa batalha. O corpo começa a conservar recursos mediante a retenção de água e sais. Ácido gástrico extra é produzido para aumentar a eficiência da digestão na ausência de sangue (que foi desviado para longe dos órgãos internos). Séculos atrás, essas mudanças eram provavelmente de adaptação, no sentido de que preparavam a pessoa, seja para o combate físico, seja para fugir de alguma ameaça. Infelizmente, essas mesmas mudanças MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 113 fisiológicas acontecem hoje em resposta a ameaças, não obstante o aumento da capacidade física, por elas provocado, ser ou não de adaptação. Trabalhadores que ocupam cargos cujas demandas eles detêm pouco controle, por exemplo, são três vezes mais propensos a sofrer de pressão alta do que os demais. Porém, o aumento da capacidade física obtida à custa da pressão alta não os ajudará a lidar com as demandas que enfrentam (HOLLENBECK, 2006 p. 123). LEMBRE-SE Reação Somática: interação entre corpo e mente, provocando uma reação hormonal, desencadeando modificaçõesfísicas(doenças). Reação Emocional: pode produzir a apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento e hipersensibilidade emotiva, até a raiva, a ira, a irritabilidade e a ansiedade. Saiba que o estresse, apesar de tantas evidências, somente veio a ser reconhecido como uma patologia na década de 1970, quando Hans Selye, um famoso médico e pesquisador, desenvolveu a teoria da Síndrome da adaptação geral para explicar a relação entre o estresse e esses sintomas físico-fisiológicos. De acordo com Selye, a reação do corpo ao estresse crônico ocorre em três fases: Alarme, Resistência e Esgotamento (HOLLENBECK, 2006 p. 123). Fase do Alarme: na fase do alarme, a pessoa identifica a ameaça. Quer seja física (uma ameaça de dano corporal) ou psicológica (a ameaça de perder o emprego), seguem-se as mudanças fisiológicas anteriormente descritas. Principais reações percebidas na fase do alarme: • Aumento da frequência cardíaca. 114 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância • Aumento da pressão arterial. • Aumento da concentração de açúcar sangue. • Aumento da frequência respiratória. • Dilatação dos brônquios. • Aumento da concentração de glóbulos brancos. Fase da Resistência: na fase da resistência, a pessoa se torna “elástica” às pressões criadas pela ameaça inicial. Todos os sintomas advindos na fase de alarme desaparecem, embora a causa do estresse ainda esteja em ação. A resistência parece ser alcançada por meio do aumento dos níveis de hormônio secretado pela glândula pituitária e pelo córtex adrenal. Principais reações percebidas na fase da resistência: • Ulcerações no aparelho digestivo. • Irritabilidade. • Insônia. • Mudanças no humor. • Diminuição do desejo sexual. • Distúrbios da concentração e de raciocínio. Fase do Esgotamento: se a exposição à causa do estresse continua, a pessoa alcança a fase do esgotamento. A atividade da glândula pituitária e do córtex adrenal é reduzida, e a pessoa já não pode se adaptar ao estresse contínuo. Reaparecem muitos dos sintomas fisiológicos da fase do alarme. Se o estresse continua inabalado, os indivíduos podem sofrer estafa, um estado de exaustão que pode conduzir a dano físico grave, inclusive morte por infarto ou doença cardíaca. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 115 Principais reações percebidas na fase do esgotamento: • Retorno parcial e breve à reação de alarme. • Falha dos mecanismos de adaptação. • Esgotamento por sobrecarga fisiológica. • Diminuição das defesas orgânicas. • Queda da resistência imunológica. • Surgimento de doenças. • Morte do organismo. Na sequência, apresento o quadro Síndrome de Adaptação Geral, que nos traz as fases de desenvolvimento do estresse. Incidência de sintomas físicos induzidos por stress Quadro 13 - Síndrome de Adaptação Geral Alta Baixa Alarme Resistência Esgotamento Respostas pessoa com o decorrer do tempo Fonte: Hollenbeck (2006 p. 123). 116 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância O estresse nem sempre está associado a eventos negativos, muitas vezes as pessoas sentemse estressadas por situações ou desafios positivos, como exemplo, um casal de noivos às vésperas do casamento ou quando um profissional participa de um processo de seleção, são eventos positivos, mas que obrigam a pessoa a se adaptar a essa situação, desencadeando um período de euforia, irritação, entre outros. A esse tipo de estresse denominamos o “eustress”, quando a síndrome de adaptação acontece por motivos positivos. Perceba então que essa síndrome de adaptação ocorre sempre que enfrentamos situações que não estamos acostumados, em que as reações podem ser entendidas como uma tendência natural do organismo em busca do equilíbrio. LEMBRE-SE “O estresse, geralmente, surge como uma conseqüência direta dos persistentes esforços adaptativos da pessoa a sua situação existencial. Ansiedade, estresse e esgotamento são termos de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que é chamado de “vida moderna”, que condiciona que se seja mais competitivo e melhor, para sobreviver num mercado cada vez mais desregulamentado e exigente”. (A Epidemia de Estresse nas Empresas do Século XXI. Fonte: Sergio Ricardo. Disponível em: http://www.rhportal.com.br. Acesso em 22/03/2012.) A Epidemia de Estresse nas Empresas do Século XXI. Aspessoasgeralmentenãosesentemsomenteansiosaseestafadaspeloestressenotrabalho,ficam também desnorteadas pela ampla variedade de pensamentos, emoções e alterações físicas que acontecemcomelas.Casonãosaibamidentificaressessintomas,podemreagiremocionalmentepiorandoseuestadodesaúde.Paradesenvolverestratégiasdeabordagemeidentificaçãodoproblema, é necessário que se entenda como o estresse atua no corpo e na mente. O organismo das pessoas MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 117 experimenta uma ampla variedade de alterações quando se sujeita ao estresse nas empresas. Essas alterações orgânicas ocorrem como uma defesa das pessoas diante dos problemas. É muito comum se ouvir das pessoas frases do tipo “estou estressado”, mas quando isto acontece geralmente elas querem dizer que estão cansadas, que dormiram mal, que faltou dinheiro para pagar as contas, que estão com uma série de problemas, etc. A expressiva mudança em todos os segmentos da sociedade passou a exigir do ser humano uma grande capacidade de adaptação física, mental e comportamental e, na maioria das vezes, a grande exigência imposta às pessoas pelas mudanças na vida moderna e, consequentemente, a necessidade imprescindível de se ajustar a tais mudanças acabaram expondo todos, empregados, patrões, pais, filhos, amigos, a uma frequente situação de conflito, ansiedade, angústia e instabilidade emocional. O estresse geralmente surge como uma consequência direta dos persistentes esforços adaptativos da pessoa a sua situação existencial. Ansiedade, estresse e esgotamento são termos de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que é chamado de “vida moderna”, que condiciona que se seja mais competitivo e melhor para sobreviver num mercado cada vez mais desregulamentado e exigente. Quando isto ocorre, gerando desequilíbrio e alterações no metabolismo, configura-se um quadro de estresse. O estresse já é considerado como uma epidemia do século XXI. Os seus efeitos são tão negativos para as pessoas como para as empresas. As organizações, os grupos ou equipes estão propensos a ficarem estressados, embora exista um estigma de que o estresse pode significar fraqueza. Nossa cultura ocidental, por ser uma cultura voltada para o mercado, ainda estimula este estigma, já que as pessoas parecem sentir medo ou vergonha de falar sobre o assunto. As diretrizes das empresas, por sua vez, não deixam margem para manifestações de reconhecimento do estresse. Segundo especialistas, o estresse é indutor de fortes disfunções e elevados custos nas organizações em geral e nos indivíduos em particular. Dessa forma, em 1993, o estresse foi categorizado como uma epidemia global. Estudos recentes concluem que 75% dos trabalhadores experimentam condições físicas ou mentais relacionadas com o estresse. E esses números exorbitam no Japão, onde se estima que cerca de trinta mil trabalhadores morram por ano por excesso de trabalho. A tarefa de procurar sinais de estresse numa empresa começa pela observação atenta de seus funcionários. Se o comportamento deles é marcado pela pressa, agressividade ou queda de produtividade, a empresa está estressada. Considerando que o primeiro fator de estresse no mundo profissional está ligado às relações interpessoais, o estressado sofre redução da capacidade de comunicação com os profissionais com os quais se relaciona. Essa alteração pode assumir diversas formas. Uma delas é o isolamento. Outra característica comum e bem conhecida é a agressividade. Ela ocorre quando o indivíduo está submetido a grandes constrangimentos. Uma das qualidades do bom administrador é, exatamente, ser capaz 118 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância de absorver o estresse, mas, para que isso aconteça, ele precisa ter o próprio estresse sob controle. É sabido que “um empregado médio perde, durante a vida, um ano e meio de trabalho devido a doenças provocadas pelo estresse”, ainda, por mais que as empresas invistam em equipamentos de alta tecnologia, dificilmente poderão melhorar sua eficiência e rentabilidade. Ao contrário, somente com a investigação do material humano que dispõe é que poderá reduzir sua exposição ao estresse, elevando em contrapartida os ganhos desejados. Em um ambiente em que há poluição atmosférica ou sonora, temperatura desagradável, umidade, “design” inadequado etc., há uma probabilidade maior de desgaste físico e emocional entre os empregados. Outros fatores relacionados ao tempo também entram na lista dos elementos estressantes, são eles: mudanças de fuso horário, prolongamento das jornadas de trabalho, trabalho por turnos, tarefas com prazos curtos etc. Com relação às características organizacionais e sociais, as diretorias gestoras de conteúdos administrativos ressaltam alguns fatores que devem ser evitados em nível organizacional: • Os ritmos acelerados. • A sobrecarga de trabalho. • A monotonia. • A ausência de participação. • A falta de equiparação nas recompensas salariais. • A impossibilidade de progresso na carreira. • As funções com elevado nível de complexidade. • A incerteza quanto ao futuro da organização. • A ambiguidade nas orientações da chefia. • A ausência de autonomia. • A má qualidade das relações interpessoais. Outro ponto importante é que “não há organizações isentas - escolas, empresas, órgãos públicos, gabinetes de governo, instituições beneficentes, institutos -todas são afetadas pelo estresse e muito deve ser feito para torná-las melhores”. Apesar das situações de estresse terem se tornado inevitáveis neste mundo conhecido por globalizado, e suas soluções não serem necessariamente triviais, existem várias saídas eficazes, como as MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 119 descritas no item que podem ser empregadas independentemente ou em conjunto para o controle e erradicação do estresse físico e mental nas empresas, como o exemplo a seguir sugere: um dos principais causadores do estresse é o perfeccionismo. Estimular desafios buscando a excelência dos empregados, mas reconhecendo as imperfeições humanas, é uma fórmula de felicidade, pela motivação que causa e pela alegria proporcionada pelo reconhecimento de um trabalho bem feito. O Autoconhecimento é um princípio fundamental para progredir na vida, pois somente através do conhecimento de nós mesmos é que podemos saber quais as nossas limitações e o nosso potencial. É possível desenvolver o autoconhecimento através de testes, dinâmicas e terapias em grupo. A conscientização corporal é uma das estratégias para se desenvolver o autoconhecimento. Os programas de exercícios nas empresas estão sendo implementados por diversas corporações. Esses são orientados por professores de educação física ou por fisioterapeuta. Nesse tipo de programa costuma haver a predominância de exercícios de alongamento e exercícios aeróbicos leves. Administração do tempo é um fator de grande importância, é aconselhável fazer um cronograma e segui-lo rigorosamente, onde se encontram todas as atividades a serem controladas, de maneira que não haja desperdício involuntário do tempo. Planejar melhor as atividades para evitar o acúmulo de trabalho faz com que se tenha mais tempo para o lazer, tão necessário e desejado por todos. Ambiente de trabalho personalizado influencia no estresse, pois o estresse não é uma doença individual e não afeta apenas a vida privada das pessoas; logo, sua prevenção e tratamento devem estar em uma escala de importância suficientemente abrangente, a fim de solucionar um problema que caracteriza nossa era. No trabalho, que é onde vivemos grande parte de nossa vida, tudo o que nos satisfaz ou que nos aflige se torna muito evidente. Sendo assim, é imprescindível estender toda a boa-vontade e a simplicidade complexa do leque de soluções ora proposto, ao ambiente profissional, já que a harmonia no trabalho precisa ser sempre cultivada. Para isso, um pouco de criatividade pode ser o suficiente. Pelo preço de alguns quadros de aviso e tachinhas é possível financiar o congraçamento entre pessoas que trabalham juntas. Basta incentivá-las a usar os quadros de aviso para anunciar coisas à venda, serviços realizados nas horas vagas ou trocas de plantão. Nascimentos, casamentos e conquistas pessoais, também entram na lista de coisas anunciáveis. Mas esta é apenas uma entre tantas alternativas que poderiam ser mencionadas aqui, todas com um mesmo fim – incentivar o companheirismo entre colegas de trabalho, aumentar o bem estar durante a permanência no local de trabalho e, com isso, reduzir as tensões prevenindo o estresse. Um primeiro passo para o gerenciamento do estresse é realizar as avaliações médicas periódicas e principalmente as avaliações em Biometria Funcional, assim, sabendo quais são os níveis das reservas do organismo e os níveis de estresse, podemos antecipar e prever ações que podem salvar vidas e minimizar os efeitos das doenças psicossomáticas, melhorar o desempenho e aumentar os lucros 120 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância nas empresas. Fonte: RICARDO, Sergio. A Epidemia de Estresse nas Empresas do Século XXI. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em 22 mar. 2012. CUSTOS ORGANIZACIONAIS DA INSATISFAÇÃO E DO ESTRESSE Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Desde o início da unidade, estamos tratando o estresse bem como suas consequências para a fisiologia e a saúde dos indivíduos. Vamos, a partir de agora, tratar dos custos organizacionais decorrentes do estresse. Para nos dar suporte nesse entendimento, Hollenbeck (2006) nos aponta os seguintes custos. Custos com Assistência Médica: o estresse ocupacional exerce impacto direto sobre a saúde e o bem-estar do profissional. O fato que pode ser observado é que as empresas têm arcado com grande parte dos custos de assistência médica dispensada aos trabalhadores. Além de pagarem assistência médica geral, os empregadores estão cada vez mais sujeitos à responsabilidade por incidentes específicos de enfermidades associadas ao estresse. A legislação, sobre segurança e saúde profissional, responsabiliza as organizações empregadoras “por todas as doenças originadas do emprego ou durante o seu transcurso”. Absenteísmo e Rotatividade: um ambiente carregado e estressante pode desencadear o absenteísmo e a rotatividade. O absenteísmo pode ser entendido como as faltas e atrasos MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 121 no trabalho e a rotatividade é a entrada e saída de empregados em um determinado período de tempo, em outras palavras, a empresa apresenta dificuldades em atrair e manter pessoas. Hollenbec (2006, p. 125) nos acrescenta que: Insatisfação e estresse fazem mais do que gerar custos diretos para as organizações em termos de programas de assistência médica. São a fonte também de custos indiretos, notadamente na forma de absenteísmo e rotatividade. A insatisfação é uma das principais razões para o absenteísmo, um problema organizacional muito caro. Baixo Compromisso Organizacional: a insatisfação também é uma causa maior de declínio do compromisso organizacional, o grau com que as pessoas se identificam com a organização que as emprega. Compromisso implica vontade de investir uma grande dose de esforço em favor da organização e intenção de ficar muito tempo na empresa. Amostras dos indicadores utilizados com mais frequência na medição do compromisso organizacional são apresentados no Quadro: Mensuração do Comportamento Organizacional de Hollenbec. Quadro14 - Mensuração do comportamento organizacional Meus valores e os desta organização são muito parecidos Concorda ou Discorda Tenho orgulho de dizer aos outros que trabalho para esta organização Concorda ou Discorda Eu bem poderia estar trabalhando para uma organização diferente desde que o tipo de trabalho fosse parecido Concorda ou Discorda Esta organização realmente inspira em mim o máximo em termos de desempenho no cargo Concorda ou Discorda Seria preciso muito pouca mudança em minha situação atual para me levar a deixar esta organização Concorda ou Discorda Estou extremamente satisfeito por ter escolhido trabalhar nesta organização e não em outra em que estava pesando na época em que entrei Concorda ou Discorda Nota: Respostas sublinhadas indicam um empregado compromissado. Fonte: Hollenbec (2006 p. 125). 122 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Perceba que o quadro apresentado acima nos aponta algumas dicas sobre as características ou ainda percepções de um profissional que esteja comprometido com o trabalho. Atualmente, o mercado de trabalho vive um momento bastante crítico com relação a esse assunto, o sentimento de compromisso com a empresa, o “vestir a camisa” já não aparece com tanta evidência no vocabulário dos trabalhadores. Atualmente, as pessoas buscam o retorno financeiro, mas também condições de trabalho que lhes permitam crescer, trabalhar descentemente, ambiente com respeito e consideração aos trabalhadores. Talvez esse comportamento hoje observado nos trabalhadores seja reflexo daquilo que as empresas fizeram com as pessoas no passado. O fato é que as empresas estão nas mãos dos trabalhadores e isso tende a se agravar ainda mais pela falta de mão de obra capacitada e a disponibilidade de pessoas em determinados seguimentos da economia. ViolêncianoLocaldeTrabalho: essa talvez seja a expressão máxima da insatisfação no local de trabalho. Entendemos a violência física, ou seja, a agressão física entre pessoas que trabalham juntas ou ainda entre chefe e trabalhador, mas também devemos entender a violência no local de trabalho como aquela que ocorre de maneira simbólica por meio das falas, olhares, agressões verbais, ofensas, ameaças e inúmeras outras formas de manifestação desse tipo de violência. De acordo com Hollenbec (2006 p. 126), “a maior parte da violência que envolve os membros de uma organização é acionada por níveis extremos de insatisfação e estresse do agressor”, o que nos permite dizer que um ambiente que não oferece condições físicas e psicológicas mínimas de trabalho, tende a apresentar trabalhadores mais hostis, agressivos. AssédioMoralnoTrabalho E o que é assédio moral no trabalho? É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 123 comuns em relações hierárquicas autoritárias e sem simetrias, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistirem do emprego. Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, frequentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o pacto da tolerância e do silêncio no coletivo, enquanto a vítima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, perdendo sua autoestima. O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do novo trabalhador: autônomo, flexível, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar apto significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso. A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a MORTE, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. Estratégias do agressor Escolher a vítima e isolar do grupo. Impedir de se expressar e não explicar o porquê. Fragilizar, ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em frente aos pares. Culpabilizar/responsabilizar publicamente, podendo os comentários de sua incapacidade invadir, inclusive, o espaço familiar. Desestabilizar emocional e profissionalmente. A vítima gradativamente vai perdendo simultaneamente sua autoconfiança e o interesse pelo trabalho. Destruir a vítima (desencadeamento ou agravamento de doenças pré-existentes). A destruição da vítima engloba vigilância acentuada e constante. A vítima se isola da família e amigos, passando muitas vezes a usar drogas, principalmente o álcool. Livrar-se da vítima que são forçados/as a pedir demissão ou são demitidos/as, frequentemente, por insubordinação. Impor ao coletivo sua autoridade para aumentar a produtividade. As manifestações do assédio segundo o sexo: Com as mulheres: os controles são diversificados e visam intimidar, submeter, proibir a fala, interditar 124 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância afisiologia,controlandotempoefrequênciadepermanêncianosbanheiros.Relacionaatestadosmédicos e faltas à suspensão de cestas básicas ou promoções. Comoshomens:atingemavirilidade,preferencialmente. Se você é testemunha de cena(s) de humilhação no trabalho supere seu medo, seja solidário com seu colega. Você poderá ser “a próxima vítima” e nesta hora o apoio dos seus colegas também será precioso. Não esqueça que o medo reforça o poder do agressor! O assédio moral no trabalho não é um fato isolado, como vimos, ele se baseia na repetição ao longo do tempo de práticas constrangedoras, explicitando o estrago de determinar as condições de trabalho num contexto de desemprego, dessindicalização e aumento da pobreza urbana. A batalha para recuperar a dignidade, a identidade, o respeito no trabalho e a autoestima deve passar pela organização de forma coletiva através dos representantes dos trabalhadores do seu sindicato e das CIPAS e procura dos Centros de Referência em Saúde dos Trabalhadores (CRST e CEREST), Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de Igualdade e Oportunidades e de Combate à Discriminação, emmatériadeEmpregoeProfissão,queexistemnasDelegaciasRegionaisdoTrabalho. O BASTA À HUMILHAÇÃO depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja “vigilância constante” objetivando condições de trabalho dignas, baseadas no respeito “ao outro como legítimo outro”, no incentivo a criatividade, na cooperação. Ocombatedeformaeficazaoassédiomoralnotrabalhoexigeaformaçãodeumcoletivomultidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionaisdesaúde,sociólogos,antropólogosegruposdereflexãosobreoassédiomoral.Estes são passos iniciais para conquistarmos um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de cidadania. Fonte: GUIA TRABALHISTA.AssédioMoralnoTrabalho. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em 23 mar. 2012. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 125 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM FONTES DE INSATISFAÇÃO E ESTRESSE A satisfação ou insatisfação no trabalho podem ser decorrentes de inúmeros fatores que abrangem desde as predisposições do indivíduo até as características inerentes às organizações. Sempre que tentamos identificar as causas do estresse, devemos nos atentar às inúmeras relações e influências que um fator exerce sobre outro, é o que chamamos de interfaces, dificilmente a insatisfação ou o estresse estarão ligados a apenas um fator, é normal que haja um conjunto de fatores que atuam simultaneamente e contribuem ainda mais no agravamento da situação, claro que também pode haver um fator que se desponte ou exerça mais influência. O que quero esclarecer é que nós enquanto gestores não podemos nos precipitar em deduzir as causas da insatisfação ou estresse, são necessárias uma investigação e a abertura para perceber os inúmeros fatores que podem estar contribuindo para a situação identificada. Ambiente Físico e Social: características físicas do local de trabalho podem estimular reações emocionais negativas nos trabalhadores, a exemplo: extremos de temperaturas podem afetar as atitudes de trabalho, bem como o desempenho e a tomada de decisão, tarefas diferentes exigem diferentes níveis ótimos de iluminação, estando a escuridão significativamente correlacionada com a insatisfação no trabalho, além de características físicas do ambiente de trabalho, como limpeza, instalações ao ar livre e riscos à saúde desempenham um papel muito importante na determinação do modo como as pessoas realizam suas tarefas. 126 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Com relação ao ambiente social, Hollenbeck (2006) diz que supervisores e colegas de trabalho servem como duas fontes primárias de satisfação ou frustração para o trabalhador. O funcionário pode estar satisfeito com seu superior ou com os colegas porque eles o ajudam a atingir alguns resultados valorizados. Uma atitude desse tipo é chamada de atração funcional. Uma pessoa também pode ser atraída pelas outras devido a semelhanças de valores, atitudes ou filosofia. Esse tipo de atração é chamado de atração de entidade. Muitos pesquisadores sugeriram que o apoio social de supervisores e colegas de trabalho pode aliviar o estresse dos trabalhadores. A presença de pessoas encorajadoras revela-se como redutora da incidência de sintomas de estresse relacionados a condições de grande tensão. Dois aspectos importantes e inter-relacionados do contexto do comportamento em que os aspectos físicos e sociais do trabalho convergem são a densidade social e a privacidade. Densidade social é uma medida de aglomeração, calculada pela divisão do número de pessoas em uma determinada área pelo número de metros quadrados dessa área. Por outro lado, privacidade é a liberdade para trabalhar sem ser vigiado ou desnecessariamente interrompido. Inclinações Pessoais: algumas pessoas apresentam predisposição para o desencadeamento do estresse, devido ao fato de o estresse e a insatisfação residirem, em última instância, no íntimo de uma pessoa. O termo afetividade negativa descreve uma dimensão de temperamento de angústia subjetiva que inclui humores desagradáveis como raiva, desprezo, repulsa, culpa, medo e nervosismo. Pessoas que geralmente possuem alta afetividade negativa tendem a concentrar-se nas qualidades negativas de si mesmas e dos demais. Também é provável que tais pessoas experimentem níveis significativamente mais altos de angústia do que indivíduos que apresentem essa dimensão reduzida. As inclinações pessoais para o desencadeamento do estresse também pode ser decorrente do perfil de personalidade do indivíduo, em que pessoas mais agitadas, competitivas, voltadas para ação, tendem a apresentar maiores níveis de estresse ao contrário daquelas pessoas que apresentam perfil mais tranquilo, com doses de equilíbrio entre o planejamento e a ação. O estresse também pode originar-se de eventos ímpares que ocorrem fora do trabalho. Alguns MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 127 eventos afetam os níveis de estresse que os trabalhadores trazem para o trabalho. A tabela a seguir nos traz uma lista dos principais motivos extraprofissionais que podem desencadear o estresse nos trabalhadores, perceba que são inúmeros os motivos pelos quais uma pessoa pode se estressar. Quadro 15 - Impactos no stress de eventos relacionados ou não com trabalho Quadro 3.4 Impacto no Stress de Eventos Relacionados ou não com o Trabalho EVENTO VALOR NA ESCALA EVENTO VALOR NA ESCALA Morte do cônjuge 100 Mudança nas responsabilidades Divórcio 73 de trabalho 29 Separação conjugal 65 Saída do filho ou filha de casa 29 Pena de prisão 63 Problemas na família 29 Morte de um parente próximo 63 Realização pessoal excepcional 28 Dano pessoal ou doença 53 Cônjuge começa ou para de trabalhar Casamento 50 de trabalhar 26 Demissão 47 Começo ou fim de cursos 26 Reconciliação conjugal 45 Mudanças nas condições de vida 25 Aposentadoria 45 Revisão de hábitos pessoais 24 Mudança importante na saúde de um membro da família 44 Problemas com o chefe Mudança de horário e condições 23 Gravidez 40 de trabalho 20 Dificuldades sexuais 39 Mudança de escola 20 Chegada de um novo membro à família 39 Mudança de recreação Mudança de atividades religiosas 19 19 Reajustamento dos negócios 39 Mudança de atividades sociais 18 Mudança de situação financeira 38 Mudança de hábitos de dormir 16 Morte de um amigo íntimo Mudança no número de membros 37 128 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Mudança de trabalho 36 da família 15 Mudança no número de discussões com cônjuge 35 Mudança de hábitos alimentares Férias 15 13 Assumir uma hipoteca 31 Natal 12 Amortização de hipoteca ou empréstimo 30 Pequenas violações da lei 11 Fonte: Reproduzido, com permissão do editor, de Ruch, L. O. e Holmes, T. H. ‘‘Scalling of Life Changes: Comparisonof Direct and Indirect Methods’’ . Journal of Psychosomatic Resarcb 14 (junho de 1971), p. 213. Fonte: Hollenbec (2006 p. 132). Tarefas Organizacionais: essa possível causa de estresse refere-se à forma como a empresa se organiza e distribui suas atividades entre os membros da equipe, que por sua vez podem perceber tais tarefas de forma a se engajar ou não com o trabalho. O fato é que muitas pessoas, mesmo não gostando ou se identificando com a tarefa, acabam permanecendo na atividade por medo de se expressar ou simplesmente por não ter consciência desse fato, o que pode ocasionar inúmeros problemas para os indivíduos e empresa. Em geral, os fatores-chave que determinam a satisfação e o estresse de acordo com Hollenbec (2006) são: complexidade da tarefa, esforço físico e insignificância da tarefa. • Complexidade da tarefa: refere-se aos níveis de exigência demandas aos trabalhadores, de forma geral, percebe-se uma relação positiva entre complexidade da tarefa e os níveis de satisfação. O tédio gerado pela falta de complexidade da tarefa pode trazer sentimento de incapacidade e não contribuição aos resultados e desempenho da equipe. Perceba que é importante dosar essa questão, evitando a sobrecarga, mas também evitando o tédio nas atividades. • Esforço físico: a quantidade de esforço físico exigido por um trabalhador na realização da tarefa pode determinar sua satisfação ou insatisfação no trabalho. O fato é que atualmente MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 129 o esforço físico é uma característica indesejável pelos trabalhadores e, dependendo do nível de esforço somado às condições de trabalho, as pessoas tendem a desenvolver um sentimento negativo com relação ao trabalho. • Insignificância da tarefa: todas as tarefas desenvolvidas na empresa são importantes, claro que cada uma em sua dimensão de representatividade, mas as pessoas tendem a se inferiorizar e pensar que os trabalhos que desenvolvem não apresentam significância para a empresa. Cabe à empresa implementar uma política de comunicação e reconhecimento dos trabalhadores e suas contribuições ao negócio, evitando que as pessoas desenvolvam esse sentimento de insignificância nos trabalhos realizados. Papéis Organizacionais: a pessoa e o ambiente social convergem na forma de um papel organizacional. O papel da pessoa na organização pode ser definido como o conjunto total de expectativas que é defendido tanto pela pessoa como pelos demais participantes do ambiente social. Essas expectativas de comportamento incluem todos os aspectos formais do trabalho, além das expectativas informais de colegas, superiores, clientes e consumidores. Exercem um grande impacto no modo como a pessoa reage ao trabalho. Três dos aspectos mais pesquisados dos papéis são a ambiguidade do papel, conflito de papéis e âmbito do papel. • Ambiguidade do papel: as incertezas, ou falta de clareza, que circundam as expectativas sobre o papel da pessoa na organização é chamada de ambiguidade do papel. É uma indicação de que a pessoa não tem informações suficientes sobre o que é esperado. A ambiguidade do papel também pode originar-se de uma falta de informação sobre as recompensas pelo bom desempenho e os castigos pelas falhas. • Conflito de papéis: conflito de papéis é o reconhecimento de demandas incompatíveis ou contraditórias com que se defronta a pessoa a cargo de um papel. Ele pode acontecer de muitas formas diferentes, sendo, conflito de papéis interemissores, conflito de papéis intraemissores e conflito interpapéis. 130 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância • Âmbito do papel: âmbito do papel diz respeito ao número absoluto de expectativas existentes para a pessoa que desempenha um papel. No papel superdimensionado, demasiadas expectativas ou demandas são colocadas ao ocupante do papel, e no papel subdimensionado temos o problema contrário. O quadro a seguir nos revela algumas características que envolvem cada problema relacionado aos papéis. Quadro 16 - Características dos problemas de papéis Conflito de papéis 1. Ter de trabalhar sob diretrizes contraditórias 2. Ter de trabalhar com dois ou mais grupos de pessoas que esperam coisas diferentes de você 3. Ter demandas contraditórias de pessoas no trabalho 4. Não saber exatamente quais são as suas responsabilidades 5. Ter de fazer coisas que você acha que devem ser feitas de modo diferente 6. Ter dúvidas quando à autoridade de que você dispõe Ambiguidade dos papéis 7. Não saber como você se desempenha para fazer bem o seu trabalho 8. Ter dúvidas quando a dividir corretamente seu tempo entre o trabalho que você precisa fazer 9. Trabalhar onde você nem sempre pode ter certeza do que é esperado de você 10. Trabalhar onde é difícil de obter todas as informações, recursos ou materiais necessários 11. Sentir que você não tem todas as aptidões necessárias para fazer bem o seu trabalho Papel subdimensionado 12. Trabalhar em tarefas que poderiam ser feitas por alguém menos qualificado 13. Realizar trabalho repetitivo ou enfadonho 14. Trabalhar em coisas que não são absolutamente necessárias ou úteis Papel superdimensionado 15. Trabalhar sob constante pressão de tempo 16. Trabalhar duro para atender prazos finais _______________ Fonte: Reproduzido, com a permissão do editor, de Newton, T. J e Keenan, A ‘‘Rola Stress Reexaminend: An Investigation of Role Stress Predictors’’, Organizational Bebavior and Human Decision Processes 40 (1987), p. 356. Fonte: Hollenbec (2006 p. 136) MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 131 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM LIDANDO COM A INSATISFAÇÃO E O ESTRESSE Considerando que a insatisfação e o estresse no local de trabalho podem trazer sérios problemas para a empresa e também para as pessoas, sem contar os custos decorrentes, é extremamente importante que os gestores busquem caminhos e alternativas para lidarem melhor com o problema, uma vez que cada vez mais essa será a realidade das organizações contemporâneas. Já que os custos associados à insatisfação e ao stress do trabalhador podem ser altos, identificar esses problemas deve ser uma parte importante da descrição de cargo de todo gerente. Uma vez identificado um problema, as intervenções devem ser dirigidas para a fonte do stress. Se, por algum motivo, é impossível eliminar a causa do stress, o gerente deve então pelo menos ajudar o funcionário a controlar e lidar com ele (HOLLENBEC, 2006 p. 135). Diante do exposto, pode-se afirmar que é imprescindível que se busque as verdadeiras causas do estresse no local de trabalho, para a partir disso promover as intervenções levando em consideração a causa do problema, as pessoas envolvidas, a cultura da empresa e os objetivos estabelecidos frente à situação identificada. 132 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Identificando Sintomas de Insatisfação e Estresse: na proposta de identificar as causas do estresse, o primeiro passo é identificar os sintomas da insatisfação. Gestores e líderes podem fazer isso por meio da comunicação com a equipe, análise dos desempenhos, entrevistas individuais e em grupo, conversas informais com as pessoas, pesquisa de clima organizacional que tem por finalidade identificar o nível de satisfação dos trabalhadores com a empresa. Através das conversas e observações, o gestor pode iniciar uma sondagem mais específica e particular a respeito de cada indivíduo. Com a pesquisa de clima organizacional, os dados geralmente são tabulados de modo a apresentar resultados gerais sobre a empresa ou alguma especificidade em termos de áreas ou departamentos. A pesquisa irá mostrar quais são os possíveis problemas, o que exigirá dos gestores, em alguns casos, estratégias complementares para aprofundamento do assunto e a identificação das causas. Mudando a Causa de Insatisfação e Estresse: uma vez identificados os possíveis sintomas da insatisfação e do estresse, os gestores dispõem de uma alternativa que é a mudança das causas. Nesse caso, deve-se investir em medidas que possam provocar alterações na forma como as pessoas estão trabalhando e consequentemente como estão se sentindo com relação ao trabalho. Entre as possíveis medidas a serem adotadas temos: enriquecimento de cargos, análise de papéis e descrição de cargos, treinamentos e desenvolvimento de habilidades, ciclos da qualidade e processos de melhoria contínua, programas de acompanhamento e orientação. Administrando os Sintomas de Insatisfação e Estresse: em algumas situações, nem os papéis e tarefas, nem as capacidades individuais podem ser suficientemente alteradas para reduzir a insatisfação e o estresse. Nesses casos, as intervenções devem visar aos sintomas de estresse. Embora não seja tão desejável quanto a eliminação dos próprios fatores causadores de estresse, a eliminação dos sintomas é melhor do que nada. Algumas intervenções que entram nessa categoria concentram-se exclusivamente nas reações fisiológicas ao estresse (HOLLENBEC, 2006 p. 135). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 133 De acordo com o autor, as intervenções mais comuns são: Condicionamentofísico, nesse caso a empresa investe em atividades físicas, estimulando os colaboradores a praticarem atividade física e a cuidarem da saúde. Programas de combate ao tabagismo, alcoolismo, drogas, orientações sobre alimentação e nutrição, combate à obesidade, realização de torneios esportivos são alguns exemplos dessa prática. Técnicas de relaxamento, empresas em todo o mundo têm investido em programas de relaxamento onde os colaboradores conseguem desligar-se dos problemas e retomarem a energia para a vida. Algumas formas de terapia de relaxamento, como a meditação, incluem concentração mental, além da redução da tensão. Em uma forma popular de meditação, a meditação transcendental (MT), a pessoa se senta confortavelmente, relaxa todos os grupos musculares e se concentra em um único pensamento, repetindo um som especial (um mantra) durante 20 minutos. Processos de comunicaçãoefeedback, os problemas com a comunicação é um fato nas empresas, frente a isso, muitas estão investindo processos de discussão em grupo, onde todos são convidados a participarem, com objetivo de tratar os assuntos do dia a dia dos grupos e equipes, dessa forma cria-se certo alinhamento na comunicação e todos podem emitir e receber feedbacks. Rodízio de cargos, nesse caso a empresa promove a alteração temporária das pessoas nos cargos, a fim de incentivar novos aprendizados, gerar significância para os envolvidos e energizar os trabalhadores que estarão em novo desafio (HOLLENBEC, 2006). Acesse o link abaixo e leia o artigo Workaholic:Quandoavidapessoalédeixadadelado. Escrito por: Giovana Del Prette e Victor Mangabeira Cardoso dos Santos. Link: <http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=w7fapa632>. 134 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Fonte: SHUTTERSTOCK.COM INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Todos nós sabemos o quanto somos influenciados pelas emoções e como isso impacta diretamente em nossa forma de ser, pensar, agir e sentir. O reflexo disso fica evidenciado por meio dos resultados que conseguimos alcançar e mais explícito ainda nos tipos e qualidades dos relacionamentos que conseguimos estabelecer. Nas últimas décadas a Inteligência Emocional tem se tornado o grande diferencial competitivo das pessoas frente ao mercado de trabalho que, por sua vez, pode abrir ou fechar portas e oportunidades. Para nosso entendimento sobre o assunto, vou recorrer a um autor chamado Daniel Goleman, em especial, a sua obra de 1996 chamada “Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente”. Quero iniciar definindo separadamente cada um dos termos inteligência e posteriormente a emoção. Inteligência: conceituar a inteligência é uma tarefa peculiar porque a inteligência é a função psicológica responsável pela capacidade que temos de compreender o significado das coisas, de conceituar. Diante disso, podemos dizer que inteligência é a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreendê-las e aprender, é a capacidade de fazer distinções. Sabemos que o ser humano desenvolve não apenas uma inteligência, mas sim várias sendo: MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 135 • Inteligência Verbal ou Linguística. • Inteligência Lógico-Matemática. • Inteligência Sinestésica Corporal. • Inteligência Espacial. • Inteligência Musical. • Inteligência Interpessoal. • Inteligência Intrapessoal. Emoção: refere-se a um sentimento e seus pensamentos distintos, estados psicológicos e fisiológicos e a uma gama de tendências para agir. A emoção está relacionada a sentimentos. A palavra sentimento vem de sentir, sensível, sensação, sensibilidade. É através dos cinco sentidos que nos comunicamos com o mundo, recebemos e emitimos informações que influenciam nosso estado de ser, nosso modo de pensar e agir, isso é importante para definição de nossa inteligência emocional. As emoções são importantíssimas na vida humana, pois através delas podemos desenvolver macanismos para: sobrevivência; tomadas de decisão; ajuste de limites; comunicação; união. Ainda com relação à importância e os efeitos das emoções podemos destacar que é por meio das emoções que o ser humano se distingue dos demais animais, pois provocam: modificações fisiológicas; sensações agradáveis ou desagradáveis; expressão facial e corporal; comportamentos adaptativos; avaliação cognitiva, o que possibilita ao ser humano distinguir sobre as coisas e eventos e assim desenvolver inteligência e conhecimento. O quadro a seguir nos mostra as principais emoções e seus desencadeamentos: 136 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Quadro 17 - Principais emoções humanas 1 MEDO Preocupação, inquietação, apreensão, nervosismo, ansiedade. 2 RAIVA Ressentimento, revolta, indignação, animosidade, irritabilidade, hostilidade. 3 TRISTEZA Mágoa, desânimo, autopiedade, solidão, melancolia, depressão. 4 PRAZER 5 SURPRESA Choque, espanto, assombro, admiração. 6 VERGONHA Embaraço, culpa, humilhação, remorso, arrependimento. 7 AVERSÃO 8 AMOR Alegria, humor, felicidade, contentamento, satisfação, euforia. Desprezo, desdém, repugnância. Afinidade, amizade, dedicação, paixão, adoração. Fonte: Goleman (1996). O grande desafio é buscar entender como nascem as emoções e como elas se processam na nossa mente, dessa forma, saberemos lidar com elas de forma que não nos minimize ou nos provoque insegurança. Muitas vezes sofremos ou nos arrependemos por ações que fizemos em um momento carregado por emoções, para esse tipo de situação, denominamos “sequestro emocional”. Inteligência Emocional: é a capacidade que implica compreender as nossas próprias emoções e as das outras pessoas, assim como saber qual o melhor modo de expressar as nossas emoções numa perspectiva de desenvolvimento do nosso poder pessoal e ético. A Inteligência Emocional é responsável por nossos sucessos e fracassos. Assim, o desempenho pessoal é determinado pelo equilíbrio entre nossas emoções e razões. As pessoas com inteligência emocional apresentam comportamento otimista, têm autoestima, são capazes de entender as outras pessoas de modo empático e eficaz (GOLEMAN, 1996). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 137 O autor propõe cinco competências básicas para caracterizar a Inteligência Emocional e são essas áreas com as quais devemos estabelecer reflexões e buscar o desenvolvimento. As competências emocionais estão organizadas em duas dimensões: a dimensão pessoal, que contempla autoconhecimento, gerenciamento das emoções e automotivação; e a dimensão social, que envolve as competências: Empatia, sociabilidade. • Autoconhecimento: capacidade de reconhecer e compreender estados de espírito, emoções e o efeito desses aspectos sobre as outras pessoas. Principais características: autoconfiança; capacidade de se autoavaliar com realismo; capacidade de rir de si próprio; capacidade de admitir seus fracassos. • Gerenciamento das emoções: capacidade de controlar ou Redirecionar impulsos e estados de espíritos perturbadores. Propensão a pensar antes de agir. Principais características: Confiança em si; integridade pessoal na ação; sentimento positivo em situações ambíguas; abertura às mudanças. • Automotivação: paixão pelo trabalho por motivos que não o dinheiro e o status. Propensão a perseguir objetivos com energia e persistência. Principais características: forte impulso para ir em busca dos objetivos; otimismo, mesmo diante de fracassos; comprometimento pessoal com trabalho. • Empatia: capacidade de compreender a constituição emocional dos outros. Habilidade para tratar as pessoas de acordo com suas reações emocionais. Principais características: habilidade para formar e reter talentos na empresa; sensibilidade para entender a presença de diferenças culturais em situações de relacionamento; excelente capacidade de atendimento às pessoas. • Sociabilidade: capacidade para administrar relacionamentos, encontrar pontos em comum e cultivar afinidades. Principais características: eficácia pessoal ao liderar pessoas; capacidade de influência e persuasão; experiência em constituir equipes e liderá-las. 138 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Condições para Inteligência Emocional O desenvolvimento das competências em inteligência emocional exige forte empenho por parte daquele que almeja desenvolvê-lá. É necessário, contudo, entender que a inteligência emocional tem como grande propósito gerar autonomia para que o indivíduo não se torne refém de suas emoções, pois a Inteligência Emocional é saber viver com as emoções e não viver em função delas. Para que isso aconteça, existe uma série de situações a serem consideradas, entre elas temos: • Saber que cada pessoa é distinta e tem o seu próprio modo de ser, de interpretar os fatos e de armazenar as suas experiências de vida. • Aquilo que é bom para mim pode não ser bom para o outro e, mesmo assim, podemos perfeitamente manter um relacionamento produtivo e adequado. • Saber validar o ponto de vista do outro, mesmo que seja totalmente diferente do meu; validar, não significa concordar e mudar a opinião, mas simplesmente compreender o que a outra pessoa pensa. • Compreender que nosso poder está no momento presente, aquilo que fazermos agora vai influenciar acontecimentos futuros, levando-nos para onde queremos chegar ou afastando-nos dos nossos objetivos. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 139 • Aproveitar as experiências passadas como aprendizado, quer essas tenham sido boas ou não. Com isso, podemos reformular as estratégias de ação, evitando novas experiências ruins. • Treinar a nossa percepção e a nossa capacidade sensorial, para detectarmos qual o estado interno da pessoa com quem nos relacionamos. • Assumir a responsabilidade sobre aquilo que não gostamos ou que não resultou bem. Por exemplo: o ser humano diante de problemas e dificuldades tende a adotar postura de vítima, nos acionando para entrarmos no jogo psicológico. A Inteligência Emocional no Âmbito Organizacional O que é inteligência emocional Em 1990, dois psicólogos, Peter Salovey, de Yale, e John Mayer, atualmente na Universidade de New Hampshire, propuseram uma teoria abrangente da IE. Um outro modelo pioneiro de IE foi proposto, nos anos 80, por Reuven Bar-On, psicólogo israelense. Somando-se a isso, nos últimos anos, vários outrosteóricospropuseramvariaçõessobreamesmaideia.SaloveyeMayerdefiniramaIEemtermos de ser capaz de monitorar e regular os sentimentos próprios e os de outras pessoas, e de utilizar os sentimentos para guiar o pensamento e a ação. (GOLEMAN, 1998, p. 338). Suas emoções podem lhe fornecer informações valiosas – sobre você mesmo, sobre outras pessoas e sobre as diversas situações. Uma explosão de raiva dirigida a um colega de trabalho pode alertá-lo para o fato de você estar se sentindo sobrecarregado pelo excesso de trabalho; uma sensação de ansiedade a respeito de uma apresentação pode informá-lo de que precisa estar mais bem-preparado com fatos e números; a frustração com um cliente pode lhe sugerir a necessidade de encontrar outros meios de se comunicar com ele. Utilizando as informações que suas emoções lhe fornecem você pode alterar seu comportamento e seu raciocínio de modo a reverter situações: no caso da explosão de raiva, por exemplo, você poderia procurar meios de reduzir sua carga de trabalho ou facilitar seu processo de trabalho. 140 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Como você vê, as emoções desempenham um papel importante no local de trabalho. Da raiva à euforia, da frustração ao contentamento, todos os dias no escritório você se defronta com emoções – suas e alheias. O truque é usar suas emoções de maneira inteligente – o que vem a ser, simplesmente, aquilo que definimos por IE: fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem em seu benefício, usando-as para ajudar-se a orientar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a obter melhores resultados. A boa notícia é que a IE pode ser nutrida, desenvolvida e ampliada – não se trata de uma característica impossível de adquirir (WEISINGER, 1997). Segundo Goleman (1998), IE refere-se à capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos. Muitas pessoas que têm a inteligência dos livros mas carecem de IE acabam trabalhando para pessoas que possuem um Quociente de Inteligência – QI - inferior ao delas, mas que se destacam nas habilidades da IE. Goleman (2002) apresenta resultados de pesquisas que indicam que a IE é responsável por cerca de 80% das competências que distinguem os líderes espetaculares dos medianos. “Emoções em equilíbrio abrem portas”, garante o psicólogo norte-americano Goleman. A IE é simplesmente o uso inteligente das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio de maneira a aperfeiçoar seus resultados. Vamos supor que você tenha que fazer uma apresentação importante, e sua autoconsciência lhe mostre que você está se sentindo extremamente ansioso; sua IE iria então ditar-lhe uma série de ações: você poderia reprimir todo pensamento destrutivo, usar o relaxamento para diminuir o nervosismo e cessar qualquer comportamento contraproducente – tal como ficar andando de um lado para o outro. Agindo assim, você reduziria sua ansiedade o bastante para fazer sua apresentação com confiança. É quase infinito o número de casos em que a IE pode ser aplicada no local de trabalho: para resolver um problema complicado com um colega, fechar um contrato com um cliente intratável, criticar o chefe, dedicar-se com entusiasmo a uma tarefa até completá-la, e muitos outros desafios relacionados ao seu sucesso. A IE é usada tanto intrapessoalmente – para ajudar a si mesmo – quanto interpessoalmente – para ajudar outras pessoas. Segundo Weisinger (1997), nos últimos anos, muitas pesquisas, foram feitas no campo da IE, abrangendo, entre outras áreas, a identificação de métodos para medir a IE, determinar a importância do desenvolvimento das técnicas da IE para a eficiência pessoal e aplicar e integrar a IE em ambientes variados – inclusive nas empresas. A importância da inteligência emocional no trabalho Melburn McBroom era um chefe autoritário, cujo mau gênio intimidava os que trabalhavam MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 141 com ele. Essa faceta de sua personalidade não seria tão significativa caso ele trabalhasse num escritório ou fábrica. Mas acontece que McBroom era piloto de uma companhia aérea. Em 1978, o avião de McBroom aproximava-se de Portland, Oregon, quando ele percebeu que havia um problema no trem de aterrissagem. Executou um procedimento padrão, circulando o campo de pouso em grande altitude, enquanto tentava resolver o problema do mecanismo. Enquanto se fixava no trem de aterrissagem, os medidores de combustível andavam rapidamente para o nível zero. Como os copilotos tinham muito medo das reações dele, mesmo antevendo a tragédia, ficaram calados. O avião caiu, matando dez pessoas. A história desse acidente hoje é contada, à guisa de advertência, em treinamento de segurança dado a pilotos de companhias aéreas. Oitenta por cento dos acidentes aéreos são devidos a erros que poderiam ter sido evitados se a tripulação trabalhasse de forma mais harmônica. O trabalho em equipe, a existência de canais abertos de comunicação, a cooperatividade, o saber escutar e dizer o que se pensa - rudimentos de inteligência social - são agora enfatizados aos pilotos em treinamento, juntamente com as habilidades técnicas que deles são exigidas (GOLEMAN, 1995). Essa citação de Goleman retrata o comportamento emocional da maioria dos líderes. Dentro desse contexto, surge a IE, como suporte de aquisição de novos conhecimentos. A IE refere-se à capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos. Muitas pessoas que têm a inteligência dos livros mas carecem de IE acabam trabalhando para pessoas que possuem um QI inferior ao delas, mas que se destacam nas habilidades da IE (GOLEMAN, 1999). Uma das maneiras de compreender a importância da IE na liderança é analisando suas competências emocionais e sociais básicas. Para Goleman (2002), estas competências estão enumeradas da seguinte maneira: 1) Autoconsciência emocional - líderes emocionalmente autoconscientes podem ser francos e autênticos, capazes de falar abertamente sobre suas emoções ou com convicção das metas a que visam; 2) Autocontrole - os líderes dotados de autocontrole permanecem calmos e continuam com a cabeça no lugar mesmo sob grande pressão ou durante uma crise; 3) Adaptabilidade - podem ser flexíveis na adaptação aos novos desafios, ágeis na adequação à mudança contínua e maleáveis em suas ideias de novas informações ou realidades; 4) Otimismo - vê os demais sob um prisma positivo, esperando deles o melhor; 5) Empatia - esses líderes escutam com atenção e são capazes de colocar-se no lugar do outro; 6) Gerenciamento de conflitos - os líderes que melhor gerenciam conflitos são os que sabem fazer com que todas as partes se manifestem e compreendem as diferentes perspectivas, para então encontrar um ideal comum que conte com o endosso geral. 7) Trabalho em equipe e colaboração - os líderes que trabalham bem em grupo produzem uma atmosfera de solidariedade amistosa e constituem, eles mesmos, modelos de respeito, prestimosidade e cooperação. 142 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Ainda segundo Goleman (2002), o líder possui o poder máximo de controlar as emoções de todos. Se estas foram impelidas para o lado do entusiasmo, o desempenho pode disparar; se as pessoas forem incitadas ao rancor e à ansiedade, perderão o rumo. Fonte: RÊGO, Claudia Carla de Azevedo Brunelli. A Inteligência Emocional no Âmbito Organizacional. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br> Acesso em: 23 mar. 2012. RESILIÊNCIA NO TRABALHO A resiliência é um tema bastante recente e ainda pouco abordado, mas nem por isso pouco importante, a resiliência é, nos dias de hoje, uma alternativa interessante para aprendermos a lidar melhor com as inúmeras adversidades que vivenciamos. Os conhecimentos sobre o estresse, somados às competências da inteligência emocional juntamente com os entendimentos sobre as práticas da resiliência, podem auxiliar a desenvolver um diferencial em nossa conduta profissional mais saudável, levando a decisões mais assertivas. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM A resiliência é um conceito da física que se refere à propriedade de alguns materiais que acumulam energia quando exigidos ou submetidos ao estresse sem ocorrer ruptura. Do ponto de vista humano, é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas sem entrar em surto psicológico (OLIVEIRA, 2010). Podemos ainda conceituar a resiliência como a: Capacidade de um indivíduo de se recobrar rapidamente de uma situação adversa (por exemplo uma doença, uma mudança de vida para pior, um infortúnio). Ser resiliente é, MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 143 em resumo, estar em condições de resistir a uma adversidade, não se deixar abater por ela, mas, ao contrário retomar o domínio da situação o mais rapidamente possível (OLIVEIRA, 2010 p. 338). Podemos afirmar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. No trabalho temos de resistir às cobranças, às metas a serem cumpridas; aos prazos; administrar conflitos; trabalhar em equipe e desenvolver competências. Na perspectiva pessoal, devemos diariamente conciliar o trabalho de casa; pagar as contas rigorosamente; ter tempo para a família e ainda ter senso crítico para agir adequadamente em todos os grupos sociais que interagimos. Tudo isso nos cria situações que exigem uma capacidade mais elevada para lidarmos com tantas adversidades. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Desenvolvendo Resiliência De acordo com Oliveira (2010), a base para o desenvolvimento da resiliência são os relacionamentos. De acordo com o autor, a presença na vida da pessoa de outras pessoas, capazes de lhe oferecer amor, conforto e apoio, é decisiva. As relações baseadas em afeto desinteressado e confiança são essenciais para todos, portanto, aqueles que podem contar com esse tipo de suporte psicológico, dentro ou fora da família, podem superar as adversidades mais rápido. É preciso ter consciência do grande valor do relacionamento com as pessoas que estão dispostas a nos estender a mão quando estivermos em situações de sofrimento. Quem pode contar com isso tende a recobrar-se mais fácil e rapidamente dos seus traumas, em comparação com quem se vê nessas situações entregues apenas a si próprio. 144 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Outro requisito importante para o desenvolvimento da resiliência é a capacidade de formular planos realísticos e de empreender efetivamente as ações previstas nesses planos. Complementando esse conjunto de requisitos surge a importância de uma elevada autoestima, pessoas resilientes, tipicamente, mostram ter uma visão claramente positiva de si e uma confiança em suas qualidades e capacidades Outras recomendações são feitas para o desenvolvimento da resiliência, de acordo com Oliveira (2010, p. 341): • Cultive os relacionamentos pessoais: é importante manter bom relacionamento com familiares e amigos, bem como aceitar ajuda e apoio dessas pessoas que querem ouvi-lo e que se interessam sinceramente por você. • Evite ver as crises como problemas insolúveis: é preciso ter uma atitude positiva perante às situações de crise: não podemos mudar a realidade de que eventos estressantes aconteçam, porém, certamente podemos mudar a forma como os interpretamos. Um bom exercício é não se fixar no que está acontecendo hoje, mas olhar a frente e enxergar a situação já solucionada. • Aceite que as mudanças são parte da vida: a maioria das pessoas conseguiriam maior resiliência se considerasse seriamente que a vida impõe condições diferentes à medida que o tempo passa, que muitas coisas que se faziam antes já não podem ser feitas, ou que certos objetivos que se pretendeu atingir talvez já não possam ser conquistados no presente devido a situações adversas. • Avance na direção de seus objetivos: é fundamental ter objetivos, em qualquer época, em qualquer idade. Sem objetivos, o ser humano corre o risco de perder uma parte importante de seu encanto pela vida, porém os objetivos precisam ser realistas e alcançáveis. Ao ter objetivos claros, as pessoas tendem a persistir mais, ou seja, tendem a resistir às adversidades. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 145 • Coloque-se em ação: quando se sentir em uma situação adversa, faça alguma coisa. Em geral, as pessoas que se encontram em tais situações acabam adotando o comportamento contrário, alheiam-se, escapam ou procuram proteger-se de mais problemas e tensões, desejando que o tempo passe e as coisas se resolvam, desenvolvem a síndrome da vítima. • Entenda a adversidade como uma forma melhor de se conhecer: pessoas que frequentemente aprendem algo sobre si mesmas demonstram ter um componente de personalidade que é importante para a manutenção da autoestima e a construção da resiliência. • Cuide de si mesmo: preste atenção às suas próprias necessidades e sentimentos, envolva-se nas atividades de que gosta e que o deixa relaxado, exercite-se. Cuidar de si significa em última instancia manter a mente e o corpo preparados para reagir a situações difíceis. • Aprenda mais sobre seu próprio passado: estabelecer reflexões sobre os eventos passados podem ajudar a colocar os fatos que mais impactaram em uma estrutura narrativa que faça sentido e reduzir significativamente seu sofrimento. É muito importante resgatar experiências, analisar as falhas e identificar os acertos, buscando novos caminhos de solução. ResiliêncianoTrabalho:UmaquestãodeAtitude De acordo com a pesquisa realizada pela ISMA-BR, 70% dos brasileiros sofrem as conseqüências do estresse. Destes, 30% são vítimas da Síndrome de Burnout, um termo psicológico que descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse, especialmente em relação ao trabalho. O termo burnout descreve principalmente a sensação de exaustão da pessoa acometida. 146 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Estudos também mostram que algumas pessoas passam pelo mesmo processo de pressão e adversidade no ambiente de trabalho, mas não entram no estado de estresse ou burnout, suportando a pressão mantendo-se equilibradas, isto é, sem quebras emocionais. Estas pessoas são chamadas de resilientes, pois possuem atitudes diferenciadas em relação às adversidades no trabalho ou na vida pessoal. Resiliência éuma palavra que vemlatim RESILIO,que significa “voltarao normal”. O conceito foi criado em 1807 pelo cientista inglês Thomas Young, que fazia estudos sobre a elasticidade dos materiais. Mais tarde, a resiliência foi incorporada pela física como a capacidade que certos materiais têm de acumular energia quando submetidos a um esforço e, cessado o esforço, retornar ao seu estado natural sem sofrer deformações permanentes. É o que acontece com uma vara no salto em altura: quando o atleta toma impulso para saltar, a vara se curva, acumula energia, projeta o atleta sobre o obstáculo e depois retorna ao seu estado normal. Nas últimas décadas do século 20, o termo resiliência foi abraçado pela psicologia, para denominar a capacidade que certas pessoas têm de sofrer fortes pressões ou situações de grande estresse e não quebrar emocionalmente. Na verdade estas pessoas se fortalecem neste processo, “acumulando energia” para assim como a vara do salto em altura, projetar-se para resolver as adversidades que estão passando. O iatista Lars Grael é um exemplo de uma pessoa resiliente. No auge da sua carreira repleta de conquistas, teve sua perna decepada pela hélice de um barco, em um trágico acidente em 1999. Anos depois voltou a competir e ganhar medalhas. “O erro das pessoas, em geral, é se voltar para trás”, disse Grael certa vez. “Se eu fosse comparar minha vida anterior com a que levo hoje, com certeza teria entrado em depressão. Mas não adianta olharmos para trás. Temos que lidar com o aqui e agora. Poderia ter sido pior, e tenho a obrigação de me sentir no lucro”. Ser resiliente é uma questão de atitude, isto é, entrar em ação para solução das pressões e adversidades cotidianas. O profissional resiliente não permite entrar na sintonia do medo e da tristeza, sentimentos estes que paralisam a pessoa impossibilitando a retomada para a ação. Não permitem também experimentar a energia da raiva, pois a raiva descontrolada apenas busca culpados em relaçãoaoquesepassa.Oprofissionalresilienteprimeiramentequestionaoquedeveserfeitopara solucionaresteproblema,investigandováriasopções,utilizandoasuaflexibilidadeecriatividadepara sair do momento adverso. Concluído este processo ele entra em ação, pois agora ele tem a tal da MOTIVAÇÃO, isto é, motivos (adquirido no processo de pesquisa) para entrar em ação e fazer o que tiver que ser feito para minimizar ou até mesmo sair da adversidade. Fonte: PIOVAN, Ricardo. ResiliêncianoTrabalho: Uma questão de Atitude. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em: 24 mar. 2012. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 147 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM TESTE: SINAIS DE ESTRESSE NO TRABALHO Instruções: Esse instrumento lhe oferece um meio de refletir sobre sua situação atual de trabalho, se ela representa ou não, para você, um ambiente estressante. A seguir são apresentadas dez afirmações. No espaço entre parênteses à esquerda, atribua a cada afirmação uma nota de 1 a 5 pontos, conforme a exatidão com que ela descreve como você se sente em seu ambiente de trabalho. Dê a afirmação: 1 ponto, se ela descreve exatamente como você se sente. 2 pontos, se descreve com certa nitidez como você se sente. 3 pontos, se espelha apenas parcialmente como você se sente. 4 pontos, se está bem distante de descrever como você se sente. 5 pontos, finalmente, se a afirmação for oposto de como você se sente. 148 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Questões: ( ) 1. Atualmente, sinto-me pouco motivado para fazer meu trabalho. ( ) 2. Hoje, sinto que minha autoestima é baixa e me vejo um pouco deprimido no meu trabalho. ( ) 3. No presente, sinto que estou usando no trabalho muito pouco do meu potencial. ( ) 4. Com frequência, sinto que tenho coisas demais para fazer. ( ) 5. Sinto-me pressionado por vários lados, em meu trabalho. ( ) 6. Meus objetivos no trabalho não estão claros, não sei o que meu superior espera de mim. ( ) 7. Frequentemente me envolvo em conflitos de demandas no trabalho e sinto que isso coloca pressões sobre mim. ( ) 8. Não me sinto comprometido com as decisões que são tomadas em minha área. ( ) 9. Meu relacionamento com meu superior, colegas ou subordinados não é bom, quisera eu poder melhorá-los. ( ) 10. Frequentemente, acho que as coisas estão mudando rápido demais para mim na empresa. Tabulação: Some os pontos dados das dez questões. Anote o total: pontos. Divida o total de pontos por 10. No resultado obtido, mantenha a casa decimal (se houver). Seu total foi: pontos. Reflexões: • Se você obteve entre 1,0 e 1,4 pontos, é provável que esteja à beira de uma crise no trabalho, e sua produtividade pessoal já deve estar sendo bastante afetada. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 149 • Se você obteve entre 1,5 e 2,4 pontos, você está relativamente próximo de uma situação de estresse e deve mudar alguma coisa em seu trabalho para afastar essa possibilidade. • Se você obteve entre 2,5 e 3,5 pontos, você está correndo o risco de se estressar dentro de algum tempo, e faria bem se começasse a cuidar disso desde já. • Se você obteve entre 3,6 e 4,5 pontos, as chances de se estressar no trabalho estão relativamente distantes por enquanto, você provavelmente está bem na maioria dos aspectos. • Se você obteve entre 4,6 e 5,0 pontos, você não tem razões para se preocupar com estresse no trabalho, ao que tudo indica, conseguiu alcançar uma situação de equilíbrio. Teste: Sinais de stress no trabalho. Fonte: Oliveira (2010, pp.165 e 166) CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de nossa terceira unidade de estudo, apresentei a você as diversas atitudes e emoções geradas por meio da relação indivíduo e trabalho, em que destaco a satisfação no trabalho e o estresse ocupacional. Ao longo da unidade, foi apresentado o processo evolutivo do estresse e as suas consequências para a empresa e para os indivíduos, sendo: custos com assistência médica, absenteísmo e rotatividade de pessoal, baixo compromisso com o trabalho e até a violência no local de trabalho. Dessa forma, é de grande importância entender que a satisfação é um sentimento agradável que resulta da percepção de que nosso trabalho realizado permite a realização de valores importantes relativos ao próprio trabalho. O estresse é um estado emocional desagradável que ocorre quando as pessoas tendem a enfrentar um desafio percebido em relação a um valor importante. Existem múltiplas reações ao estresse, entre elas as fisiológicas, as comportamentais e as cognitivas, que trazem consequências importantes para as organizações, sobretudo em termos dos custos financeiros de assistência médica, absenteísmo, rotatividade, baixo compromisso organizacional e violência no local de trabalho. Conhecer os motivos que possivelmente possam nos colocar em uma condição de irritação e estresse é fundamental para se tornar mais efetivo na carreira profissional, só assim você terá condições de se administrar e controlar os impulsos num momento de estresse, porque nessas 150 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância horas muitas vezes fazemos e falamos coisas das quais depois podemos nos arrepender. Existem várias causas das quais se originam a insatisfação e o estresse: o ambiente físico e social, a pessoa, a tarefa organizacional e o papel da organização. Uma série de diferentes programas de intervenção está voltada para a eliminação do evento indutor do estresse, capacitando a pessoa a evitá-lo ou a lidar com ele ou no fracasso desses esforços, a eliminar os seus sintomas. Algumas das técnicas de intervenção são o enriquecimento do trabalho, o treinamento de habilidades, o rodízio de cargos e o uso de apreciação realistas de cargos. Considerando as condições do atual ambiente dos negócios, onde a pressão por resultados, redução de custos, administração do tempo, colocam os profissionais contemporâneos em permanente estado de alerta, podemos ainda citar outras situações que podem ser levadas em consideração quando falamos em estresse, tais como as condições de trabalho, a natureza e tipo de trabalho, os relacionamentos entre outros. Cabe aos gestores observar essa realidade e propor estratégias que possam minimizar os efeitos desses movimentos. Finalmente trouxe a você os conceitos e ideias que envolvem a inteligência emocional e a resiliência no trabalho. Ambos os conceitos ainda são considerados novos para as práticas administrativas, portanto, pouco conhecidos. A inteligência emocional tem por finalidade gerar, por meio do desenvolvimento de suas cinco competências, condições para que as pessoas saibam lidar melhor com suas emoções e também com as emoções dos outros. A resiliência propõe que devemos manter um condicionamento mental em nível de antever situações e possíveis soluções e, dessa forma, termos condições de restabelecer a normalidade diante de eventos inesperados, assim, podemos dizer que a resiliência é a capacidade de resistir ao estresse. Dessa forma, encerro nossa terceira unidade e convido você a verdadeiramente refletir sobre os temas tratados aqui, buscando meios alternativos para minimizá-los. Bom estudo. Até a próxima Unidade!! ATIVIDADE DE AUTOESTUDO 1. Se o estresse exterior ao trabalho começa a transbordar e a criar problemas no trabalho, quais, em sua opinião, são os direitos e as responsabilidades dos gerentes para ajudar os empregados a superar esses problemas? MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 151 2. Se os empregados estão envolvidos em padrões insalubres de comportamento extratrabalho, como fumar, comer demais ou ingerir bebidas alcoólicas em excesso, quais são os direitos e as responsabilidades do empregador para tentar mudar esses comportamentos? Isso é uma invasão de privacidade? Ou simplesmente é uma medida prudente de proteção ao bem-estar financeiro da empresa? 3. Por que uma empresa poderia estar preocupada com a insatisfação e o estresse de seus trabalhadores? Quais problemas comportamentais ou de saúde ligados ao estresse podem ser evidenciados? KRAUSZ, Rosa R. Trabalhabilidade. São Paulo: Nobel, 1999. Cap.2 O ser humano esse desconhecido, pp.25 a 48. Cap.11 O mundo do trabalho em busca de novas opções de uma visão renovada, pp. 175 a 179. 152 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância UNIDADE IV ENTENDENDO OS GRUPOS DE TRABALHO Professor Esp. Luciano Santana Pereira Objetivos de Aprendizagem • Entender o que são grupos de trabalhos e como são classificados. • Descrever os estágios da formação de um grupo. • Identificar os fatores que afetam as relações entre grupos. • Descrever a relação entre coesão e produtividade de grupo. • Explicar a dinâmica intergrupal. • Entender os conflitos em grupos e organizações. • Demonstrar os métodos para administrar relações entre grupos. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Entendendo os grupos de trabalho • Tipos de grupos • Estágios de desenvolvimento de grupos • Fatores que afetam as relações entre grupos • Dinâmica intergrupais • Conflitos em grupos e organizações • Métodos para administrar relações entre grupos Fonte: SHUTTERSTOCK.COM INTRODUÇÃO Olá! Espero que você esteja aproveitando o conteúdo trabalhado até aqui, pois a partir desta unidade de estudo iremos avançar em nossa jornada de aprendizado. Estudaremos os grupos de trabalho, bem como suas características, vantagens e limitações. Para a maioria das pessoas não fica difícil identificar os vários grupos aos quais pertence. Alguns deles reúnem amigos: já outros mais formais, se formam nos locais de trabalho. Todas as organizações contam com numerosos grupos, cada qual executando a parte das tarefas a eles delegada. O resultado de uma organização decorre da energia e da produtividade de todos os indivíduos e grupos que nela trabalham. Grandes empresas em todo o mundo vêm se reestruturando em equipes de trabalho buscando aumentar a produtividade e a inovação, principalmente visando melhorar o serviço ao consumidor. Nesta unidade, definiremos grupo e sua importância nas empresas, em seguida descreveremos os diferentes tipos e discutiremos os estágios pelos quais eles passam ao evoluir de grupos recém-formados a unidades maduras e de alto desempenho. Temos ainda como proposta identificar os quatro fatores-chave que afetam as atividades dos grupos antes de verificar como eles interagem no ambiente empresarial e os conflitos que podem surgir. Finalizaremos apresentando os elementos mais importantes do gerenciamento de grupos organizacionais. As organizações vêm sofrendo grandes mudanças que refletem em sua produtividade ou até mesmo na sua existência. As mesmas estão promovendo redução nos tamanhos e redesenhando seus processos, o que contribui significativamente para diminuir o número de MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 155 pessoas em todos os níveis da pirâmide. Por outro lado, os líderes optaram por dar maior autonomia e mais participação aos trabalhadores em geral a fim de mantê-los motivados, fazêlos mais produtivos e, como consequência, terem melhor clima de trabalho. Essas ações contribuem para que os trabalhadores se sintam comprometidos com as suas organizações, assumindo assim maiores responsabilidades no desenvolvimento de seus trabalhos e em uma nova cultura que gere um enfoque que potencialize os grupos e as equipes autogeridas. Tudo o que está acontecendo não está sendo fácil para as empresas, uma vez que rompe com os paradigmas tradicionais e com a consequente mentalidade das organizações de uma administração de forma tradicional. Dessa forma, compreender como e por que as pessoas interagem se faz fundamental. Estamos cientes de que é um processo complexo, pois não importa se essa interação ocorre em um time esportivo, um grupo de trabalho ou uma comissão de escola. Esse fato se torna palpável sempre que tais indivíduos fazem parte do mesmo grupo. Ao final desta unidade de estudo, espero que tenha uma maior compreensão da importância e extensão do assunto, uma vez que, por se tratar de um tema complexo e abstrato, é de suma importância que o gestor conheça suas características para elevar seu desempenho enquanto gestor e consequentemente o desempenho das pessoas. Bom aprendizado! ENTENDENDO GRUPOS DE TRABALHO Quando buscamos na literatura, encontramos muitas definições de grupo. Os grupos podem ser definidos em relação à percepção, motivação, organização, interdependência e interação. Definimos grupo quando duas ou mais pessoas interagem, são interdependentes e procuram atingir objetivos específicos. Duas pessoas que estejam fisicamente próximas não constituem um grupo, a não ser que interajam e influenciem umas às outras. Colegas de trabalho podem estar lado a lado em tarefas correlatas, mas, se não interagem, não formarão um grupo. Diante 156 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância disso, podemos entender os grupos como “Interação entre pessoas basicamente com objetivo de compartilhar informações e tomar decisões, para mutuamente se ajudarem no desempenho em sua área de responsabilidade” (ROBBINS, 2000 p. 258). Buscando compreender o comportamento das pessoas em uma organização, Griffin e Moorhead (2006, p. 218) salientam que necessitamos “entender as forças que as afetam e como essas pessoas afetam a organização”, visto que ocorre uma troca de influências, sendo que o comportamento do indivíduo afeta o grupo e suas realizações, assim como é influenciado por ele. Como exemplo, podemos citar um time de futebol, um superjogador pode influenciar o resultado de uma disputa de campeonato, mas se isso não for bem trabalhado pode gerar, decorrente da pressão do grupo, situações de mentiras e trapaças, ações essas que os membros afirmam não escolher individualmente. Para a gestão, o trabalho em grupo é o principal meio utilizado por executivos e gerentes para coordenar o comportamento dos funcionários a fim de atingir os objetivos organizacionais. Fica como papel dos gestores direcionarem as atividades das pessoas, mas também direcionar e coordenar as interações dentro dos grupos. Afinal, o comportamento dos indivíduos é o segredo para o sucesso ou fracasso do grupo. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Tipos de grupos Dando seguimento em nossos estudos sobre os grupos de trabalho, uma primeira posição a ser tomada pelo gestor é reconhecer que eles existem e que afetam direta e indiretamente o MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 157 desempenho das pessoas e do negócio. A segunda questão é perceber os tipos de grupos existentes no ambiente organizacional. Iniciemos esse entendimento por meio da distinção entre os grupos que podem ser classificados genericamente de acordo com seu grau de formalização (formal ou informal) e permanência (relativamente permanente ou relativamente temporário). Grupos Formais: são aqueles estabelecidos pela organização a qual pertencem, possuem missões e tarefas específicas e o comportamento adequado e desejado dos mesmos são definidos pela organização. Entre eles de acordo com Griffin e Moorhead (2006), apresentamse: Grupo de comando ou grupos funcionais: são grupos de trabalho básico e tradicionais, determinados por relações formais de autoridade e mostrados no organograma da empresa. Normalmente compreendem um administrador e os subordinados que respondem diretamente a ele, é um grupo relativamente permanente. Grupo de tarefa ou grupo de projetos especiais: sua criação decorre da necessidade de se realizar uma tarefa específica como, por exemplo, resolver um problema na estrutura do produto, e é relativamente temporário, normalmente se dissolvem depois da solução do problema. Os deveres dos membros de um grupo de comando podem ser temporariamente reduzidos, caso o grupo de tarefas exija deles muito tempo e esforço. Grupo por afinidade: apresenta-se relativamente permanente e reúne funcionários do mesmo nível da empresa, que se encontram periodicamente para trocar informações, entender oportunidades emergentes e resolver problemas. Embora sejam criados pela organização, não fazem parte da estrutura formal. Não constituem grupo de comando porque não fazem parte da hierarquia e não são grupos de tarefas porque duram bastante. Os grupos por afinidade são formados por funcionários que compartilham atribuições, responsabilidades, deveres e interesses, e representam cortes horizontais na hierarquia organizacional normal. 158 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Uma vez que seus membros compartilham características importantes, diz-se que eles têm afinidades comuns, eles ocupam posições e têm deveres semelhantes, mas trabalham em departamento ou divisões diferentes. Seguem regras simples como comunicar-se de maneira aberta e franca, honrar os acordos de prazo, ouvir com atenção, preparar-se, respeitar confidências, manter-se concentrado, oferecer apoio mútuo e ser responsável individualmente. Pode-se dizer que a maior vantagem dos grupos por afinidade seria cruzar as fronteiras organizacionais existentes, facilitando a comunicação entre os diferentes departamentos e divisões. É importante compreender as características desses grupos, pois assim a empresa pode implementar ações que tornem essa formação favorável ao desempenho organizacional. LEMBRE-SE Os grupos, de acordo com seus propósitos, podem ser funcionais (de comando); de tarefa (criados para completar uma tarefa específica); de interesse (formados dentro do local de trabalho através de um interesse comum) e de pares (unidos pela amizade formada no local de trabalho) (ROBBINS, 2000). GruposInformais Independentemente de onde a organização crie grupos formais, surgem os grupos informais, estes surgem de forma natural em um ambiente de trabalho, decorrem de uma necessidade de contato social, tendem a se formar em torno de amizades e interesses comuns. Grupos de amizade: também recebem a denominação de grupo de amigos. É informal, pode envolver indivíduos de todas as partes e níveis da organização. Este modelo de grupo ao contrário do grupo de interesse, presente no local de trabalho, existe fora do local de trabalho MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 159 e pode se estender para dentro em momentos de intervalo; possuem uma permanência até razoável, nascem de relacionamentos cordiais entre os membros e do prazer de estarem juntos, promovendo benefícios do relacionamento social entre seus membros. Grupos de interesse: caracterizam-se pela informalidade, se estruturam em torno de uma atividade ou interesse comum, mesmo que possa surgir amizade entre seus componentes. Este grupo perdura enquanto os interesses se fazem comuns e representam uma força unida diante da administração sobre algum assunto importante para seus membros. O quadro a seguir nos traz uma representação de como os grupos formais e informais se organizam, perceba que nesta classificação ainda existe uma indicação sobre a temporalidade de existência dos grupos, em que os grupos de comando e de amizade tendem a ser mais duráveis ao longo do tempo, e os grupos de tarefa e de interesse menos duráveis no tempo. Quadro 18 - Classificação dos Grupos Relativamente permanentes Formais Grupos de comando Departamento de controle de qualidade Grupo de controle de custos Informais Relativamente temporários Grupos de tarefa Busca da comissão para um novo superintendente da escola Força-tarefa para controlar a qualidade do novo produto Grupos de amizade Grupos de interesse Amigos que realizam muitas atividades juntos (vão a teatro, praticam esporte, viajam) Grupo de boliche Rede de mulheres Grupos por afinidade Grupo de desenvolvimento do novo produto Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p. 223). 160 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Ao observar os grupos de trabalho, o gestor necessita identificar quais os tipos de grupos predominantes em sua organização para que possa utilizar de estratégias apropriadas para a gestão desses grupos. Sobre esse assunto, Montana e Charnov (1998, pág. 263) nos dizem que: Uma organização em termos de micro visão é uma combinação de grupos interrelacionados. Esses grupos podem ser classificados de acordo com sua orientação: grupos formais e informais. Os grupos formais - designados e sancionados pela organização - aderem ao princípio escalar do poder organizacional, recebem sua legitimidade da organização em si e têm como característica a comunicação que flui de acordo com o organograma. Um grupo informal é formado pelos próprios funcionários e não é confirmado pela organização. Esses grupos podem ser criados em torno de um assunto do local de trabalho (grupo de interesse) ou de uma atividade fora do local de trabalho (grupo de amizade). Perceba o quanto é importante entender essa mecânica dos grupos e o quanto isso pode representar para o sucesso de um negócio. Os grupos formais naturalmente são mais fáceis de serem identificados ao contrário dos grupos informais que se manifestam independente dos níveis hierárquicos e alocações na estrutura organizacional. Saiba que os grupos informais são os que mais geram problemas para as empresas exatamente por essa característica, esses grupos conseguem ser rápidos, flexíveis e absorvem um poder muito grande sobre os indivíduos. Tenhamos em mente, os grupos informais jamais deixarão de existir, aos gestores resta empreender esforços na busca do entendimento sobre seu funcionamento e assim desenvolver uma estratégia para administrá-los. ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DO GRUPO Os grupos podem ser entendidos como duas ou mais pessoas que interagem, são interdependentes e procuram atingir objetivos específicos. Esse breve resgate do entendimento do que vem a ser grupo nos traz uma reflexão: quais razões fazem as pessoas associarem-se em grupos? Ou seja, o que motiva as pessoas a formarem e viverem em grupos e através de grupos. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 161 Robbins (1998) nos apresenta uma ideia do por quê as pessoas tendem a se juntarem em grupos, essa proposta de entendimento é apresentada no quadro abaixo, onde encontram-se os seguintes motivos apontados pelo autor: segurança, status, autoestima, afiliação, poder e realização de metas. Quadro 19 - Razões para formação de grupos Realização de Metas Segurança Grupo Status Poder Afiliação Auto Estima Fonte: Robbins (1998). Perceba que o processo de desenvolvimento de grupo é dinâmico e está continuamente em estado de mudança. Vários são os motivos que podem desencadear a necessidade de formação de grupos e, uma vez constituídos, os grupos passam a vivenciar estágios distintos. Embora os grupos dificilmente atinjam uma estabilidade completa, passaremos a descrever um padrão genérico pelo qual eles evoluem, sendo: formação, turbulência, normalização, desempenho e dissolução. 1º Estágio - Formação: o primeiro estágio seria a formação, que apresenta dois momentos: no primeiro momento as pessoas se juntam ao grupo, isto pode acontecer por causa de uma nomeação no caso do grupo formal, ou por algum outro benefício desejado, no caso do grupo informal. Uma vez constituído, o grupo inicia uma etapa de conhecimento de território, definição da tarefa, da função, da estrutura e da liderança do grupo. Este estágio de formação caracteriza- 162 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância se por uma fase de grande incerteza. Aqui os membros estão determinando que tipos de comportamentos são aceitáveis ou não. O término desse estágio é considerado completo quando os membros começam a se ver como parte do grupo. 2º Estágio – Turbulência: no estágio de turbulência ocorre o conflito intergrupal. Os membros aceitam a existência do grupo, mas existe uma força contrária (resistência) ao controle imposto sobre a individualidade. Existem conflitos sobre quem irá liderar o grupo, e deverá aqui ser definido a hierarquia da liderança. 3º Estágio – Normalização: quando o grupo chega ao terceiro estágio, que é o da normalização, o grupo apresenta-se de forma coesa, existindo um forte senso de camaradagem no grupo. Este estágio termina quando o grupo está solidificado e já foi assimilado um conjunto comum de expectativas a respeito do que define o comportamento correto de um membro. 4º Estágio – Desempenho: quando a estrutura do grupo apresenta-se inteiramente funcional e aceita, existe uma energia de procurar conhecer e compreender um ao outro no grupo e de redirecionar esta energia para a realização da tarefa que se apresenta. Dizemos, então, que o grupo apresenta-se no quarto estágio, o do desempenho. De acordo com Robbins e Coulgter (1998), para os grupos de trabalho permanente o desempenho é o último estágio do seu desenvolvimento, mas para forças-tarefa, equipes e grupos similares temporários, que possuem um prazo definido, existe ainda o estágio de dissolução. 5º Faze – Dissolução: neste momento existe a preocupação com o desmembramento do grupo de trabalho, encontramos pessoas agitadas, frisando as vitórias do grupo, outras deprimidas por causa da perda da camaradagem e das amizades conquistadas durante o período que passaram em conjunto. A imagem abaixo nos traz a representação gráfica desse processo de formação de grupos, desde a fase inicial até sua última fase, a dissolução. Perceba que esse processo é bem MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 163 próximo da realidade. Pré-estágio 1 Estágio 1 Formação Estágio 2 Turbulência Estágio 3 Normalização Estágio 4 Desempenho Estágio 5 Dissolução Figura 10 - Processo de formação de grupos Fonte: Robbins (1998, p. 313). Nem todos os grupos passam pelos estágios aqui relatados. Alguns se dispersam antes de chegar à etapa final. Outros não conseguem completar uma fase antes de passar à seguinte. Em vez de ter tempo necessário para se conhecer e ganhar confiança como, por exemplo, quando um grupo pula o primeiro estágio de desenvolvimento por causa da pressão do líder, dos prazos ou de alguma ameaça externa (do patrão, digamos). Nesse caso, se os membros forem forçados a realizar atividades de uma etapa posterior, enquanto o trabalho inicial ainda estiver incompleto, provavelmente se sentirão frustrados, além do grupo não se desenvolver totalmente e ser menos produtivo do que poderia. Embora as etapas não se apresentem de maneira separada e distinta em todos os grupos, muitos 164 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância fazem transições antes do tempo disponível para completar uma tarefa. Para exemplificar esse processo de formação de grupos, quero convidar você a resgatar algumas lembranças de seus primeiros anos de estudo. Os primeiros dias de aula eram os piores, ou pelo menos, nos sentíamos bastante deslocados e perdidos, mas aos poucos íamos conhecendo os amiguinhos e criando um laço de amizade. Às vezes saiam algumas confusões, alguns ficavam “de mal” e em pouco tempo os grupos estavam formados. Tínhamos o pessoal da frente, do canto da parede, o pessoal do meio e para fechar o pessoal do fundão. Posso ilustrar outra situação, a exemplo o seu primeiro dia de trabalho. É sempre marcante essas iniciações, pois sempre queremos ser aceitos e não queremos criar problemas, mas as empresas simplesmente nos colocam para trabalhar, muitas vezes sem as instruções e orientações adequadas. Diante disso, o novo colaborador inicia um processo de sobrevivência nesse novo ambiente, às vezes algumas pessoas espontaneamente se disponibilizam e nos ajudam, mas ocorre também de nos sentirmos sozinhos, deslocados e perdidos e tentamos a qualquer custo nos filiarmos a algum grupo, muitas vezes nos submetendo a coisas e situações que não faríamos em outras condições. Em pouco tempo lá estamos nós, familiarizados e convivendo com esse novo grupo de trabalho. Claro que esses exemplos são situações extremas e não devem ser levadas como regra, mas apenas para uma reflexão sobre como somos inseridos em grupos e também como inserimos pessoas nos grupos. LEMBRE-SE Enquanto os grupos evoluem passando pelos estágios, sua capacidade em lidar com problemas diferentes e cada vez mais complexos também evolui. A administração deve estar consciente do progresso de um grupo e designar os problemas de acordo (ROBBINS, 2000). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 165 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM O Poder das Equipes Você se considera um bom líder? A sua organização possui bons líderes. O líder não deve ser avaliado apenas pelo seu conhecimento, mas, sobretudo, pelo talento de formar equipes de vencedores. A organização não prosperará se depender apenas das habilidades de seu principal comandante. É necessária a contribuição de todos os membros da equipe para que o sucesso seja plenamente conquistado. No time vencedor o “eu” deve ceder lugar ao “nós”, pois se eu conquisto nós multiplicaremos. Somente nós poderemos construir e manter equipes de trabalho de alta performance,gerandoconfiança,respeito,uniãoeumaforçamotrizcapazdesuperarmetasousadas. O papel do líder é montar equipes evitando a violação de qualquer norma coerente, pois isso destrói qualquer vínculo que leve ao sucesso. Veja, por exemplo, o quanto os gansos podem, através de sua disciplina nos longos vôos, contribuir com ensinamentos para todos aqueles que desejam aprimorar o talento de formar equipes vencedoras. Ao movimentar as asas, os gansos criam sustentação para o pássaro seguinte. Ao voar em uma formação em V, o bando aumenta o alcance de seu vôo em até 166 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 71%. Tal desempenho não seria possível se cada ave voasse isoladamente. Portanto, compartilhando uma direção comum e viajando com senso de comunidade, podemos alcançar a meta rapidamente sem muito desgaste. O fato é que, sempre que um ganso sai da formação, ele sente o arrasto e a resistência de tentar voar sozinho, e rapidamente tenta retornar ao grupo ganhando assim sustentação da ave imediatamente à sua frente. Daí, trabalhando em equipe, como os gansos, permaneceremos alinhados com aqueles que estão indo para onde queremos ir, precisamos estar dispostos a aceitar ajuda, bem como a dar a nossa contribuição. Sempre que o ganso líder se cansa, ele gira para trás na formação e outro ganso voa a sua frente. Portanto, revezando as tarefas e dividindo a liderança entre os componentes do grupo, nos tornamos interdependentes um com o outro, contribuindo assim para o sucesso de todos. Os gansos, quando em formação, agem da seguinte forma, o de trás emite um som para encorajar os que estão na sua frente a manter a velocidade. Alémdisso,quandoumgansoficadoenteouferido,doisgansossaemdaformaçãoeseguem-no paraajudá-loeprotegê-lo.Elesficamjuntosatéqueelesejacapazdevoarnovamenteoumorra. Daí, buscam uma nova formação para cumprir a sua jornada com segurança. Apoiando-nos uns aos outros podemos, assim como os gansos, superar momentos difíceis e crescermos ainda mais quando estamos fortes. Então, devemos todos voar em formação, com a humildade de voltar para trás sempre que um companheiro necessitar de ajuda. Nunca é demais lembrar que as maiores realizações na vida não são alcançadas por um indivíduo apenas, mas por grupos de pessoas pró-ativas que buscam um bem comum. Procure por trás de cada vencedor e encontrará um grande treinador. Observe um grande líder e perceberá uma pessoa disposta a estimular e apoiar sempre que necessário, pois estamos nesta vida para ajudar a conquistar enãoparadestruirsonhos.Afinaldecontas,anossamissãodeveseroferecerosnossosdonspara beneficiarmosunsaosoutros. Fonte: COSTA, Evaldo. Poder das Equipes. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2012. FATORES QUE AFETAM AS RELAÇÕES ENTRE GRUPOS As organizações são compostas por grupos, sejam eles formais ou informais, o fato é que a vida em sociedade se constrói por meio das relações estabelecidas entre os grupos em MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 167 suas mais diversas formas e instâncias. Uma vez que percebemos esse fato, devemos nos empenhar em entender como são estabelecidas as relações entre os grupos e ainda quais os fatores afetam as relações entre grupos. Vários são os fatores que determinam o sucesso do desempenho entre grupos, mas o conceito que prevalece nesses fatores é a coordenação, pois cada um que será relatado abaixo pode afetar a coordenação. Para subsidiar nosso entendimento, recorremos a Robbins (2000, p. 263). Interdependência: em um processo organizacional, existe uma interdependência entre os grupos existentes, ou seja, um grupo de alguma forma é influenciado ou influencia o outro grupo. Este processo pode ocorrer, de acordo com Robbins (2005), de três formas: Fusão, em que dois grupos funcionam com relativa independência, mas sua produção combinada contribui para as metas gerais da organização, de forma recíproca, em que os grupos trocam insumos e resultados e de forma sequencial, um grupo depende de outro para seu insumo, mas a dependência é apenas de mão única. Incerteza da tarefa: quanto mais rotineira for a tarefa, com pouca variação na sua execução, menos dúvidas irão surgir, já quando um grupo se depara com tarefas que exigem uma maior complexidade de conhecimento e habilidades, é necessário que o mesmo possua uma coordenação que os direcione sobre o que deve ou não deve ser feito. Grupos que lidam com tarefas mais complexas necessitam de um maior número de informações, em contrapartida tarefas simples exigem um maior treinamento na execução da mesma. Tempo de orientação ao objetivo: as pessoas que compõem um grupo de trabalho apresentam percepções diferentes quanto ao que é importante nas suas atribuições, isto decorre do tempo destinado para execução de seu trabalho e nas orientações fornecidas para o alcance dos objetivos definidos. Podemos citar como exemplo grupos de trabalho da produção em que o seu foco é em curto prazo. Eles se preocupam com a programação da produção de hoje e a produtividade desta semana, já as pessoas que compõem grupo de pesquisa e desenvolvimento concentram-se no longo prazo. Elas se preocupam em desenvolver produtos que futuramente poderão ser produzidos durante muito tempo. 168 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Considerando os fatores acima, podemos dizer que o gestor precisa promover um elo entre os grupos, coordenando atividades que possam permitir o conhecimento das mais diversas áreas por todos os grupos. Conhecer o processo da empresa do início ao fim, sendo assim, que gestores e líderes devem cultivar suas equipes. O fato é que o desempenho de qualquer grupo é afetado por diversos fatores, além dos motivos para sua formação e das etapas para seu desenvolvimento. Em um grupo de alto desempenho, a sinergia entre os membros costuma evoluir para algo que supera a soma de suas contribuições individuais. Buscando melhor compreender como o comportamento do grupo funciona, e entendendo que os mesmos não ocorrem de forma desorganizada e sim que possuem uma estrutura que molda o comportamento de seus membros, se faz necessário entender algumas características que os tornam da maneira que são: Papéis: seria, de acordo com Robbins (2005, p. 261), “um conjunto de padrões de comportamentos esperados, que são atribuídos à ocupação de uma determinada posição numa unidade social”. Seria muito mais fácil entender o comportamento do grupo se as pessoas adotassem um único papel, mas isso não ocorre e normalmente elas desempenham inúmeros papéis decorrentes de estímulos ao seu redor (como amigos, livros, filmes, televisão), e se adaptam rapidamente conforme entendem que devem mudar o seu papel. Existem momentos em que ocorre o conflito de papéis, normalmente quando o cumprimento de exigências de um determinado papel é incompatível com outra. Normas: enquanto um grupo amadurece e cresce, ele desenvolve padrões de comportamento e de atitudes esperados, essas seriam as normas do grupo que são muito importantes para reforçar a lealdade e a identidade do grupo. Robbins (2005, p. 261) define normas como sendo “padrões aceitáveis de comportamento no interior de um grupo e que são compartilhados por seus membros”. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 169 Cada grupo estabelece suas próprias normas, podendo ser a vestimenta adequada, quando é aceitável cometer gafes, com quem cada membro do grupo almoça e quais amizades manter dentro e fora do trabalho. A aceitação das normas por parte dos indivíduos se faz porque os mesmos sentem necessidade de fazer parte do grupo, não querem ser diferentes e por isso sentem a pressão para se conformarem e se enquadrem ao que o grupo definiu. Coesão: a coesão pode ser definida como a intensidade em que os membros se atraem e se sentem motivados a ficarem juntos. Fatores como o tempo que as pessoas ficam juntas e o tamanho do grupo facilitam a maior interação, ou então porque o grupo enfrentou dificuldades e se tornaram mais próximos. Os fatores que aumentam ou diminuem a coesão indicam que, apesar de muitas vezes ser preferível ter um grupo altamente coeso, em algumas situações os efeitos desse grupo podem ser negativos para a organização. Na sequência, apresento um quadro que resume os fatores que afetam a coesão grupal: Quadro 20 - Fatores que afetam a coesão grupal Fatores que aumentam a coesão Composição homogênea Desenvolvimento maduro Tamanho relativamente pequeno Interações frequentes Objetivos claros (competição ou ameaça externa) Sucesso Consequências da alta coesão Conquista de objetivos Satisfação pessoal dos membros Aumento da quantidade e da qualidade das interações Pensamento de grupo Fatores que diminuem a coesão Consequências da baixa coesão Composição heterogênea Formação recente Tamanho grande Dispersão física Objetivos pouco claros Fracasso Dificuldade em atingir objetivos Aumento da probabilidade de dispersão Menor interação Orientação individual Pouco empenho nos objetivos grupais Fonte: Griffin e Moorhead ( 2006, p.229). 170 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Um questionamento que sempre devemos buscar responder é como fazer para tornar um grupo mais coeso? De acordo Robbins (2005, p. 264), você poderia utilizar-se de uma ou mais sugestões a seguir: Reduzir o tamanho do grupo; incentivar a concordância quanto aos objetivos do grupo; aumentar o tempo que os membros passam juntos; melhorar o status do grupo e aumentar a dificuldade percebida quanto à filiação ao grupo; estimular a competição com outros grupos; conceder recompensas ao grupo mais que a seus membros; e isolar fisicamente o grupo. Para alguns grupos de tomada de decisões, a coesão também pode ser um fator fundamental no desenvolvimento de determinados problemas. Griffin e Moorhead (2006) observam a questão do pensamento de grupo que ocorre quando a preocupação dominante é chegar a uma decisão que atenda à maioria, ou que todos concordem, em vez de analisar criticamente as opções. Esse problema, junto com o índice de coesão grupal e da produtividade, indica que o gestor precisa analisar cuidadosamente os prós e os contras de fomentar grupos altamente coesos. Muito cuidado com a criação de grupos altamente coesos, atue sempre de forma ética e benéfica para as pessoas e para a organização, pois os grupos podem, caso se sintam prejudicados, voltarem-se contra você. Tamanho: o comportamento geral de um grupo é afetado pelo seu tamanho? Como você pôde observar anteriormente, o tamanho afeta a coesão: é comprovado que o tamanho do grupo afeta o comportamento do mesmo. Alguns autores como Robbins (2005) arriscam a definir um número grande - de 12 ou mais membros - para se obter contribuições diversificadas, já grupos pequenos de até 7 pessoas tendem a ser mais eficazes para empreender ação. Já Montana e Charnov (1998) observam que não existe um tamanho universalmente aceito, mas a administração pode seguir algumas orientações para designar membros de grupos: - O número de membros do grupo deve ser suficiente para a realização das tarefas definidas, poucos membros podem inviabilizar a tarefa. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 171 - Um número muito grande de pessoas dificulta a comunicação e uma liderança eficaz. - Deve existir por parte dos membros do grupo um sentimento de obrigação para com o grupo. Uma importante descoberta com relação ao tamanho dos grupos foi a Vadiagem Social, que seria uma tendência que os indivíduos têm em se esforçarem menos quando o trabalho é coletivo do que quando é individual, esse fato normalmente ocorre quando membros da equipe acreditam que outros membros grupo não estão realizando sua cota de esforço. Assim, se visualizamos o outro como alguém que está sendo preguiçoso ou incompetente e recebe a recompensa da mesma forma que nós, temos a tendência a buscar a equidade mediante a redução de nossos esforços. Outro fato observado é a dispersão da responsabilidade, ou seja, as características individuais não são destacadas, todos são tratados em termos de resultados de forma igual, embora algumas pessoas do grupo possam ter assumido maiores Fonte: SHUTTERSTOCK.COM responsabilidades do que outras. Composição: para a realização das atividades grupais, normalmente se faz necessário uma série de competências, o que torna um grupo heterogêneo - grupos constituídos de pessoas de gêneros, com personalidades, opiniões, habilidades, talentos e perspectivas diferentes com mais propensão a ter condições de desenvolverem melhor suas tarefas, do que os grupos homogêneos. De acordo com Griffin e Moorhead (2006), a composição de um grupo possui um papel 172 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância especialmente importante à medida que a organização se torna mais diversificada. Deve-se observar as culturas, se essas se diferenciam na importância que conferem aos membros da equipe e no modo de perceber a autoridade, a incerteza e outros fatores importantes. É considerável a atenção dada à maneira de lidar com grupos formados por pessoas de diferentes culturas, normalmente um gestor responsável por um grupo como esse pode esperar, dentre outras, que os membros desconfiem uns dos outros; os estereótipos serão um problema, além das dificuldades de comunicação. O gestor deve ter consciência de que grupos formados com essa característica raramente funcionarão sem obstáculos, devendo o gestor dedicar-se mais ao lidar com grupos com diversidade cultural a passarem pelos pontos mais difíceis, à medida que irão amadurecendo. Cuidados devem ser tomados quando se trabalha com um grupo heterogêneo, é fundamental que se tenha claramente definido e divulgado o objetivo a ser alcançado, e que exista, por parte das pessoas, um respeito mútuo com relação às suas crenças, valores, moral de cada membro. A tabela abaixo demonstra quais as características e utilidades de se compor e trabalhar com um grupo homogêneo e um heterogêneo. Quadro 21 - Grupos homogêneos e heterogêneos Grupo Homogêneo é útil para Grupo Heterogêneo é útil para Tarefas simples Tarefas complexas Tarefas seqüenciais Tarefas coletivas Tarefas que exijam cooperação Tarefas que exijam criatividade Tarefas que requeiram rapidez Tarefas que não dependam de rapidez Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p.226). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 173 Perceba que cada grupo é indicado para uma especificidade de tarefas. Portanto, para uma tomada de decisão mais rápida, cooperação, procure implementar um grupo homogêneo, mas se a tarefa disponibiliza maior tempo, exige criatividade, iniciativa, a melhor alternativa é implementar um grupo heterogêneo. É interessante essa percepção dos grupos, pois oferece ao gestor melhor capacidade na hora de formar os grupos de trabalho. Status do Grupo: para Robbins (2005, p. 267), status seria a “posição ou grau socialmente definido e atribuído pelos demais a grupos ou membros de grupos”. Cada grupo possui níveis diferentes de status dentro da organização. De acordo com Montana e Charnov (1998, p. 275), o status está relacionado a cinco fatores principais: “a importância da tarefa designada; o nível de êxito do grupo; o status dos indivíduos do grupo; a natureza das recompensas da organização aos membros do grupo; e o status externo percebido do grupo”. LEMBRE-SE Uma organização deve realçar o status de um grupo se deseja a participação entusiasmada dos funcionários. Se não houver status ligado à participação no grupo, os funcionários não participarão motivados (ROBBINS, 2000). DINÂMICAS INTERGRUPAIS Um fato muito importante é quando afirmamos que a contribuição do grupo para a organização depende de suas interações com os outros grupos, assim como da sua própria produtividade. Assim, para compreender a dinâmica intergrupos, é necessário observar a qualidade das interações estabelecidas e também os traços da cultura organizacional que revelem verdadeiramente forte incentivo para a atuação dos grupos. A orientação para objetivos ocorre 174 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância sob um conjunto altamente complexo de condições que determinam o relacionamento das equipes. Griffin e Moorhead (2006) afirmam que fatores como as características de cada uma das equipes; o ambiente organizacional na qual estão inseridas e as bases para a interação situacional e de tarefas servem como fatores fundamentais que determinam a interação das equipes. Características de cada uma das equipes: as características-chave dos grupos em interação afetam profundamente sua dinâmica, pois cada qual leva para o conjunto seus próprios aspectos. Quando os indivíduos passam a fazer parte de uma equipe, os indivíduos tendem a se identificar com ela, de tal maneira que sua opinião sobre as demais se torna tendenciosa, o que pode tornar difícil uma relação harmoniosa. Os membros contribuem para os processos grupais e tais contribuições, por sua vez, influenciam as normas, o tamanho, a composição e a coesão do conjunto, afetando assim a interação com outros grupos. Desse modo, compreender cada membro e as características-chave do conjunto ajuda o administrador a monitorar as interações intergrupos. Ambiente organizacional: este influencia a interação grupal, ou seja, a estrutura, as normas e os procedimentos da organização, os processos e decisão, os objetivos e os sistemas de recompensa, tudo isso afeta a interação. Bases da interação situacional e de tarefa: concentram a atenção nas relações de trabalho entre os grupos que interagem e nos motivos que levam a essa interação. Abaixo demonstramos, por meio da figura, os fatores que influenciam as interações intergrupos. A natureza da interação depende das características dos grupos envolvidos, do ambiente organizacional e das bases para a interação situacional e da tarefa. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 175 Fatores que influenciam as interações intergrupos A natureza da interação das características dos grupos envolvidos, do ambiente organizacional e das bases para interação situacional e de tarefa. Ambiente organizacional Normas e procedimentos História, tradições e cultura Objetivo e sistema de recompensas Processo de tomada de decisões Características do grupo Características do grupo Personalidade e características de cada um Tendência e disposição para agir Composição, coesão, tamanho, normas e atribuições do grupo Interação Personalidade e características de cada um Tendência e disposição para agir Composição, coesão, tamanho, normas e atribuições do grupo Bases para as interações Localização Recursos Interdependência entre prazo e objetivo Incerteza da tarefa Interdependência da tarefa Figura 11- Fatores que influenciam as interações intergrupos Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p.231). 176 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Fonte: SHUTTERSTOCK.COM CONFLITOS EM GRUPOS E ORGANIZAÇÕES Os grupos constituem-se em um fenômeno humano universal, mas é importante saber que eles não são ideais para todo tipo de situação, bem como definir nitidamente como e quando usá-los, principalmente no sentido formal, faz parte do papel do administrador. O conflito, para Griffin e Moorhead (2006), apresenta-se como um desacordo entre as partes, quando pessoas, grupos ou organizações discordam em questões importantes, surge o conflito. O conflito ocorre sempre que uma pessoa ou um grupo acredita que suas tentativas de alcançar um objetivo são dificultadas por outra pessoa do grupo, ou podem ser o resultado da antecipação de problemas. Embora o conflito seja quase sempre considerado prejudicial e que deve ser evitado, os gestores podem tirar vantagem do mesmo. A total ausência de conflitos costuma levar à apatia e à letargia. Um grau moderado de conflitos específicos pode estimular novas ideias, promover uma competição saudável e vitalizar o comportamento. Reações de conflito Existem algumas reações mais comuns ao conflito, conforme Griffin e Moorhead (2006), que seriam a fuga, acomodação, competição, colaboração e concessão. Na verdade, sempre que ocorre conflito entre grupos ou organizações, são os indivíduos que entram em choque. Muitas vezes esses indivíduos agem como representantes dos grupos aos quais pertencem. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 177 A figura a seguir mostra os cinco tipos de reação ao conflito que se diferenciaram de acordo com suas dimensões: até que ponto são relevantes os objetivos da parte oponente, e quão compatíveis eles são. Muito alta Competição Colaboração Concessão Importância da interação para alcançar objetivos Muito baixa Fuga Acomodação Muita incompatibilidade Muita compatibilidade Grau de compatibilidade dos objetivos do grupo Figura 12 - Cinco tipos de reação do conflito Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p.233). A importância de atingir um objetivo altera-se em uma escala que vai de muito alta até muito baixa. Já o grau de compatibilidade de objetivos trata da capacidade de se atingir simultaneamente os objetivos de mais de uma pessoa ou grupo. Os objetivos de grupos diferentes podem ser altamente compatíveis, completamente incompatíveis ou medianamente compatíveis. Fuga: ocorre quando uma interação tem relativamente pouca importância para os objetivos de cada parte e esses objetivos são incompatíveis. Como as partes em conflito não se esforçam para atingir objetivos compatíveis, e as questões em jogo parecem irrelevantes, essas partes simplesmente tentam escapar da interação. Podemos citar como exemplo o seguinte caso: uma unidade pede informações para a matriz e esta ignora o pedido. Por sua vez, a filial solicitante define por conta própria não levando adiante a solicitação. 178 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Acomodação: se dá quando os objetivos das partes são compatíveis, mas a interação não é considerada importante para a conquista desses fins. Essas interações costumam criar discussões sobre como as partes podem executar as tarefas interdependentes com um gasto mínimo de tempo e esforço. Como exemplo, podemos citar a elaboração de uma escala de férias, pois ambos necessitam de férias, mas quem irá tirar em dezembro ou em janeiro, para empresa o fato relevante é que tirem as férias e o trabalho não seja prejudicado. Competição: acontece quando os objetivos são incompatíveis, mas a interação é importante para cada parte atingir suas metas. Ocorre competição quando todas as partes se esforçam por um objetivo, mas apenas uma consegue atingi-lo. Como exemplo, podemos citar: em uma fábrica de produção de fios de seda, o primeiro, o segundo e o terceiro turno tentavam conquistar o prêmio de produtividade do mês. Os trabalhadores do turno campeão ganhavam reconhecimento no jornal da empresa. Como a questão era importante para cada grupo, e como seus interesses eram incompatíveis, instalou-se a competição. Esta, por sua vez, incentivou cada turno a produzir mais todo mês, o que aumentou a produção da empresa e acabou por melhorar a prosperidade geral (e, assim, a prosperidade de cada grupo). Tanto a fábrica como os grupos se beneficiaram da competição porque ela fomentou métodos de trabalho inovadores e criativos, impulsionando ainda mais a produtividade. Contudo, depois de aproximadamente seis meses, a competição escapou ao controle. A competitividade tomou conta do ambiente, apareceu o antagonismo, as regras foram ignoradas, a competição virou conflito e, em consequência, houve uma queda considerável no desempenho geral do trabalho. Colaboração: se dá quando a interação entre os grupos é muito importante para a conquista dos objetivos, que por sua vez, também são compatíveis. No caso da escala de férias pode surgir conflito se todos quiserem tirar férias em janeiro. No entanto, ao discutir e analisar as necessidades e os objetivos, todos devem colaborar para a definição adequada da escala de férias. Em um primeiro momento, pode parecer uma interação na qual as partes realizam, em conjunto, atividades que visam a alcançar objetivos, após chegar a um consenso sobre eles e sua importância. Em muitas organizações não é fácil concordar sobre objetivos, sua MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 179 importância e, sobretudo, os meio para alcançá-los. A colaboração costuma levar a ideias e soluções inovadoras para as diferenças existentes entre os grupos. Concessão: em uma situação de concessão, as partes interagem para atingir seus objetivos, mas não o fazem de forma agressiva, e sim de modo competitivo ou colaborativo, uma vez que a interação não é fundamental para se chegar a esses fins. Também, em contrapartida, as partes, não recorrem à fuga, pois de algum modo a interação ainda é importante. Algumas vezes, cada parte abre mão de alguma coisa, mas como a interação tem importância apenas moderada, elas não chegam a lamentar o que perderam. Como exemplo, a negociação entre o sindicato e uma empresa. Como tornar os grupos eficazes para atender às necessidades da empresa e de seus membros, aumentando sua produtividade sem destruir as relações intergrupais, evitando a competição predatória entre grupos, caracteriza-se como um dos principais problemas para os administradores. França (2006, p.47) observa que para prevenir conflitos entre grupos, se faz necessário: • Dar ênfase à eficiência da organização. • Manter uma comunicação intergrupal elevada e frequente. • Estimular a rotação de membros. • Evitar situações de vence-perde. A solução de conflito ocorre quando o gestor resolve uma situação que tenha se tornado prejudicial ou grave. Para fomentar a colaboração, o administrador deve ajudar os grupos a encarar suas metas como parte de um objetivo superior, para o qual as partes conflitantes podem contribuir. 180 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Fonte: SHUTTERSTOCK.COM MÉTODOS PARA ADMINISTRAR RELAÇÕES ENTRE GRUPOS Na busca de maximizar os acertos e minimizar as falhas, buscaram-se entender melhor quais seriam os métodos mais adequados para administrar as relações entre os mais diversos tipos de grupos. Robbins (1998) propôs os métodos a seguir: Regras e Procedimentos: estabelecer um conjunto de regras e procedimentos formalizados que especificarão como os membros dos grupos vão interagir uns com os outros. Quando se criam essas regras e procedimentos, está se buscando minimizar a necessidade de interação e fluxo de informação entre os departamentos ou grupos de trabalho. Esse método tem como desvantagem o fato de ele funcionar bem quando as atividades entre grupos podem ser previstas e quando elas se repetem o bastante para justificar estabelecer regras e procedimentos para lidar com elas. Quando as condições são de incerteza e mudança, regras e procedimentos sozinhos podem não ser adequados para garantir a coordenação eficaz das relações entre grupos. Estabelecimento de Hierarquia: isso significa que a coordenação é alcançada submetendo para as regras e procedimentos, visto que, se as mesmas não resolvem, os grupos podem solicitar ajuda a seu superior imediato e assim sucessivamente. Planejamento: na escala, o próximo passo acima é o uso de planejamento para buscar facilitar a coordenação. Quando os grupos de trabalho têm suas metas específicas pelas quais são MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 181 responsáveis, então cada um sabe o que tem que fazer. O planejamento tende a não dar certo como mecanismo de coordenação em locais onde grupos de trabalho não saibam claramente quais são suas metas, ou existe um grande volume de contatos entre grupos. Forças-Tarefa: este mecanismo é muito bom para coordenar atividades quando existem vários grupos que estão interagindo. Uma força-tarefa é um grupo temporário formado de representantes de alguns departamentos, que tem duração suficiente para resolver um problema que fez com que ela fosse criada para resolver. Departamentos Integrados: são departamentos permanentes com membros formalmente designados para a tarefa de integração entre dois ou mais grupos. Embora sua manutenção seja cara, ele se torna eficaz quando a organização tem vários grupos com metas conflitantes, problemas não-rotineiros e decisões entre grupos que tenham um impacto significativo nas operações da organização. Formação de Equipes: são geralmente formadas em torno de problemas que ocorrem com frequência - com membros da equipe mantendo uma responsabilidade por seu departamento funcional principal e pela equipe. Quando a equipe acaba de realizar sua tarefa, cada membro retorna, em tempo integral, para a sua função anterior. É sempre importante reforçar que um objetivo superior é algo e diz respeito a toda a organização e tem mais importância para o bem-estar dela e de seus membros do que os objetivos mais específicos das partes conflitantes. Se os fins não forem realmente importantes e se mostrarem muito incompatíveis, o gestor talvez precise ajudar as partes conflitantes a evitarem-se. Diante disso, é imprescindível que o gestor conheça profundamente seu grupo de trabalho e suas formas de estabelecerem as relações, somente assim poderá decidir uma estratégia que o possibilite atuar com equipes (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). 182 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Conflitos:UmaQuestãodeLiderança Observa-se,napráticaadministrativa,quemuitosconfrontosedificuldadesderelacionamentoque levam a um clima hostil e negativo no ambiente de trabalho originam-se da falta de visão e preparo do gestoremlidarcomsituaçõesdeconflito. Numaperspectivadopapeldolíder,entende-sequeestesejaafiguraresponsávelpelaformação, integração e fortalecimento de sua equipe de trabalho, que se tornará mais produtiva à medida que sentir-se de alguma forma amparada, apoiada e atendida por ela em suas questões. Como no meio organizacionalencontram-sepessoascomdiferentesperfisdepersonalidade,formação,experiências de vida, maneiras de comportar-se, convivendo por um grande período de tempo do seu dia, obviamenteemalgummomentoosconflitosocorrerão.Énestahoraqueolíderdeveráestarporperto, atento e pronto para agir em função da conciliação, tentando fazer com que as partes envolvidas cheguem a algum tipo de entendimento, a favor do próprio andamento do trabalho e do clima organizacionalqueficambastantecomprometidosnestasocasiões. Entretanto,quandosetornamfreqüenteserecorrentes,osconflitospodemservircomoindicador de que o problema é mais complexo e que provavelmente envolve a figura do líder que pode estar negligenciando a importância destas ocorrências. Assim, podemos estar diante do estilo de liderança laissez-faireouliberal,ondeolídernãoseenvolve,mesmofrenteàssituaçõesdeconflito,evitando tomar para si algo que considera desnecessário e com isso, acaba entregando os membros de sua equipe à própria sorte, observando, muitas vezes de longe, o circo pegar fogo. É o famoso “deixa comoestáparavercomofica”.Egeralmenteficapior!Empoucotempo,oslideradospercebemque estão sozinhos neste sentido e passam a agir de acordo com as armas que cada um possui, alguns partindo para o ataque, tornando-se agressivos, mal-humorados, outros isolando-se, fechando-se paraasrelações,enfimfazendodoespaçogrupalumquasecampodebatalhas. A equipe passa, então, por uma cisão: já não são mais pessoas trabalhando, colaborando para atingir um objetivo comum, mas pessoas competindo por um espaço e estabelecendo um clima de total falta de união, cooperação, comunicação entre as partes, ocasionando uma desmotivação geral e, como resultado organizacional, queda na produtividade. Este tipo de liderança, no aspecto emocional, permite que o grupo traga à tona o que tem de pior, numa tentativa de sobrevivência. NopensamentodeWarrenBennis,“oslíderesnãoevitamounegamoconflito,antesovêemcomo uma oportunidade”, podemos subentender que: MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 183 -olíderqueevitaoconflitoéomisso; -olíderquereprimeoconflitoéditador; -olíderquenegaoconflitoéutópico(FRANCISCO,WaldemirJosé). E concluir que “só aquele que o encara de frente, é verdadeiramente líder”, uma vez que dará oportunidadeinclusivedefazercomqueaspessoasenvolvidasrepensemsuasatitudesemodifiquem seus comportamentos. Ou seja, é ponto comum que não é fácil tornar-se líder e que nem todos chegarão a ser, apesar de ocuparem cargos dechefia,porémaquelequesedispõeaexercerestafunçãodeveráteremmente quegerirconflitosconstituitarefafundamentaldaliderança,tantoqueum estudo revelou que “o gestor denívelmédiogastaaproximadamente20%deseutempolidandocomconflitos”(ALBUQUERQUE, Rosa),confirmandoaimportânciadestahabilidade. Paradesenvolvê-la,énecessárioqueeleobservesenãoestácomdificuldadespararesolverseus própriosconflitos,poiséessencialqueeleaprendaaresolvê-los,namedidadopossível,paraque assim,estejaaptoalidarcomosconflitosqueocorrerãoentreseussubordinados,nãoosnegando, reprimindo ou mesmo evitando-os, o que só aumentaria o problema, fomentando a insatisfação de todos. Esta habilidade requer autoconhecimento, percepção apurada do que ocorrem ao seu redor, neutralidade e bom senso para que a resolução ocorra da forma mais justa e conveniente para todas aspartes.Afinal,oobjetivodeumamediaçãonãoéquesaiamvencedoreseperdedores,masqueos envolvidossintam-sebeneficiadosdealgumamaneiraepossamretomarodiálogofranco,aescutae o entendimento do outro, o que levaria ao crescimento tanto pessoal e grupal, como organizacional. Fonte: NEVES, Jane A. B. P. Conflitos: uma questão de liderança. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2012. Paravocêsetornarummembrodeumgrupodetrabalho,observeospontosabaixo: 1 - Respeite o próximo como ser humano. 2 - Evite cortar a palavra a quem fala; espere a sua vez. 3 - Controle as suas reações agressivas, evite ser indelicado ou mesmo irônico. 4-Eviteo“pular”porcimadoseuchefeimediato;quandoofizer,dêumaexplicação. 5-Procureconhecermelhorosmembrosdeseugrupo,afimdecompreendê-losedeadaptar- 184 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância se à personalidade de cada um. 6 - Evite tomar a responsabilidade atribuída a outro, a não ser a pedido deste ou em caso de emergência. 7 - Procure definir bem o sentido das palavras no caso de discussão em grupo, para evitar mal entendidos. 8 - Procure a causa das suas antipatias, a fim de vencê-las. 9 - Esteja sempre sorridente. 10 - Seja modesto nas discussões; pensar que talvez o outro tenha razão e, se não, procure compreender-lhe as razões. TESTE - COESÃO GRUPAL Introdução: é possível que você seja membro de muitos grupos diferentes: grupos de estudos para a escola, grupos de trabalho, grupos de amizade em um clube e grupos de interesse. E você dever ter alguma noção de quanto esses grupos são unidos ou coesos. Este exercício o ajudará a diagnosticar a coesão de cada grupo. Instruções: primeiro, comece a analisar um dos pequenos grupos aos quais você pertence. Verifique se é mesmo um grupo pequeno – composto, digamos, de três a oito pessoas. Em seguida, marque na escala a seguir, de 1 (mal) a 5 (muito bem), como você considera que o grupo trabalha em conjunto. ( 1 ) Mal ( 4 ) Bem ( 2 ) Não muito bem ( 5 ) Muito bem ( 3 ) Na média MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 185 Agora, responda às seis perguntas a seguir sobre o grupo. Faça um tique no traço ao lado da resposta que mais se aproxima de como você responderia a cada pergunta. 1- Quantas pessoas de seu grupo são gentis umas com as outras? ( 5 ) Todas. ( 4 ) A maioria. ( 3 ) Algumas. ( 2 ) Bem poucas. ( 1 ) Nenhuma. 2- Até que ponto seus colegas de grupo são gentis uns com os outros? ( 1 ) Não são gentis. ( 2 ) São um poucos gentis. ( 3 ) São medianamente gentis. ( 4 ) São mais gentis que a média. ( 5 ) São muitos gentis. 3- Que grau de confiança existe entre os membros de seu grupo? ( 1 ) Desconfiança. ( 2 ) Pouca confiança. ( 3 ) Confiança na média. ( 4 ) Confiança considerável. ( 5 ) Muita confiança. 186 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 4- Qual o grau de lealdade e de sensação de pertencimento que os membros têm com o grupo? ( 1 ) Nenhuma lealdade nem sensação de pertencimento. ( 2 ) Um pouco de lealdade e de sensação de pertencimento. ( 3 ) Uma sensação mediana de pertencimento. ( 4 ) Uma sensação acima da média de pertencimento. ( 5 ) Forte sensação de pertencimento. 5- Você sente que é de fato parte de seu grupo? ( 5 ) Realmente faço parte do meu grupo. ( 4 ) Faço parte de muitas maneiras. ( 3 ) Faço parte de algumas maneiras, mas não de outras. ( 2 ) Faço parte de poucas maneiras. ( 1 ) Não me sinto parte desse grupo. 6- Se você tivesse a oportunidade de trabalhar com um grupo de pessoas diferentes para realizar a mesma tarefa, como se sentiria? ( 1 ) Gostaria muito de mudar. ( 2 ) Preferiria mudar a ficar onde estou. ( 3 ) Não faria diferença. ( 4 ) Preferiria ficar. ( 5 ) Gostaria muito de ficar onde estou. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 187 Agora, some os números que escolheu para as seis perguntas e divida por seis. O total das seis respostas = ___ / 6= ____. Essa é a pontuação de coesão para seu grupo. Compare esse número com o que você verificou na escala do início do exercício, em relação a como você acha que esse grupo trabalha em conjunto. Eles são quase iguais ou muito diferentes? Se forem quase iguais, então você tem boa noção sobre o grupo e sobre o modo como ele trabalha. Se forem bem diferentes, é provável que você precise analisar melhor os aspectos de funcionamento do grupo. (Esta é apenas uma parte de um instrumento muito maior; não foi validada cientificamente neste modelo e deve ser empregada apenas para fins de discussão em classe.) CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da quarta unidade, na qual foram apresentadas informações que nos levam a um entendimento sobre como se constituem os grupos de trabalho, quais suas finalidades e também encontramos informações importantes sobre os caminhos para melhorar o desempenho dos grupos. Quando nos referimos a grupos de trabalho, devemos entender que todas as organizações são constituídas de grupos. Ao atuar em grupos, as pessoas acabam por desempenharem papéis. Os papéis em grupos moldam o comportamento mediante a criação de padrões de comportamento esperados que as pessoas assumem em diferentes situações. As normas moldam o comportamento ao imporem padrões grupais aceitáveis a cada um dos membros. Ao longo desta unidade, outra questão é apresentada: a coesão e produtividade em grupos. A relação coesão-produtividade é intermediada pelas normas de desempenho do grupo. Se as normas são altas, um grupo coeso será mais produtivo. Se a coesão é alta e as normas são baixas, a produtividade será baixa. Porém, não podemos deixar de apresentar a vadiagem social, que por sua vez acaba sendo um comportamento muito comum nas empresas. A implicação mais importante da vadiagem social para o trabalho é que os gerentes precisam dispor de medidas do esforço individual em situações de trabalho coletivo. Caso contrário, os membros podem tornar-se “caroneiros” sem serem descobertos. Ainda nesta unidade quatro, estudamos a dinâmica grupal, sendo esta uma condição na qual a busca de consenso evita posições divergentes, minoritárias ou impopulares, retardando a 188 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância avaliação crítica das opções e levando a decisões de qualidade inferior. A mudança grupal é um movimento do grupo rumo a uma posição mais extrema a partir daquela que é mantida pelos indivíduos e que tende a assumir maiores riscos nas decisões em grupo. E por fim, finalizamos a unidade falando sobre as relações e os conflitos entre grupos, bem como as estratégias a serem utilizadas pelos gestores para lidarem com os conflitos intergrupais. Realmente, atuar em grupos é um desafio que devemos conduzir com muito cuidado, pois o impacto da atuação grupal sobre os indivíduos e as organizações é elevado. Encerramos nossa quarta unidade. Nos veremos na quinta e última unidade, na qual iremos falar sobre como os grupos podem desenvolver-se e chegarem ao status de equipes. ATIVIDADE DE AUTOESTUDO O GESTOR É VOCÊ! Objetivo do exercício: as habilidades de um gestor consistem em sua capacidade de motivar indivíduos e grupos. Tais habilidades desempenham, portanto, um papel importante na determinação de como o gestor interage com os outros em um grupo. Este exercício permite que você pratique suas habilidades interpessoais apenas em relação a esse ambiente. Informações necessárias: você acabou de ser transferido para o novo cargo de supervisor de um grupo de cinco funcionários. A empresa para a qual trabalha é pequena e tem poucos regulamentos e regras. Infelizmente, a falta de ambos está criando um problema que você precisa enfrentar. Dois dos membros do grupo não fumam e se queixam cada vez mais do fato de os outros dois colegas fumarem no trabalho. Esses dois funcionários acham que, como fumantes passivos, estão sendo prejudicados e querem criar uma política de proibição do fumo, tal como as adotadas por grandes empresas da atualidade. Os dois fumantes se opõem, dizendo que a empresa não tinha essa política quando começaram a trabalhar ali e que seria injusto impô-la agora. Um deles afirma que desistiu de um emprego atraente em outra empresa porque preferia trabalhar em um lugar onde pudesse fumar. A quinta funcionária do grupo também não fuma, mas não se importa que os outros o façam – o marido dela fuma em casa e, por isso, está acostumada a conviver com fumantes. Você desconfia de que se os dois não fumantes queixosos não forem tranquilizados, poderão deixar o grupo. Ao mesmo tempo, acha que os dois fumantes sairão se você instituir uma política contra o fumo. Os cinco fazem um bom trabalho e você não quer perdê-los. Procedimento: com essa informação em mente faça o seguinte: 1. Explique a natureza do conflito nesse grupo de trabalho. 2. Explique como você lidaria com a situação. Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p.263) MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 189 ALBUQUERQUE, Alan. ROCHA, Paulo. Sincronismo Organizacional: como alinhar a estratégia, os processos e as pessoas. São Paulo: Saraiva, 2006 (pp. 01 - 45). 190 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância UNIDADE V DESENVOLVENDO GRUPOS E FORMANDO EQUIPES Professor Esp. Luciano Santana Pereira Objetivos de Aprendizagem • Entender por que as organizações estão desenvolvendo sistemas de equipes. • Diferenciar equipes de grupos de trabalho. • Demonstrar os benefícios e custos das equipes. • Explicar os papéis e tipos de equipes. • Relatar as fases de implementação de equipes. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceito e importâncias das equipes • Diferenças entre equipes e grupos de trabalho • Benefícios e custos das equipes • Papéis das equipes nas organizações • Tipos de equipes • Processo de implementação das equipes Fonte: SHUTTERSTOCK.COM INTRODUÇÃO Chegamos a nossa quinta e última unidade de estudo, que contempla a disciplina Motivação de Indivíduos e Grupos de Trabalho. Na unidade anterior, estudamos os grupos, suas características, suas formas de integração, bem como os fatores e os conflitos que os influenciam. Agora que você já tem pleno conhecimento sobre esses conceitos, vamos avançar em nossos estudos, verificando como desenvolver um grupo de trabalho e transformá-lo em uma equipe. É muito comum que haja certa confusão entre os termos, mas veremos que existem diferenças entre os grupos e equipes. O trabalho com os moldes de equipes tem se tornado cada vez mais comum em todo o mundo corporativo e, nos últimos anos, esse modelo de trabalho passou a ser o sonho de consumo de muitas empresas. Nesta unidade estudaremos por que as equipes se tornaram tão populares e o que as diferenciam de outras formas de trabalho. Sabe-se que o trabalho em equipe é importante, mas em quais situações se aplicam o trabalho em equipe? Será que em todas as atividades sempre poderemos trabalhar em equipe? Na verdade, existe uma grande confusão quando o assunto é a equipe de trabalho, e nem sempre a empresa poderá atuar no formato de equipe, o que é importante reforçar é que deve existir na empresa a cultura voltada à equipe e à colaboração, mas, em muitas situações, o trabalho individual ou em grupo promoverá mais MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 193 resultado do que a atuação em equipe. Claro que isso depende da empresa, das pessoas, do tipo de trabalho a ser feito. O que quero desmistificar é esse discurso de que tudo deve ser em equipe, devemos trabalhar em equipes, porém com responsabilidades individuais. Ainda nesta unidade de estudo, veremos que existem diferentes formas para a atuação das equipes, sendo que isso vem a reforçar a ideia de que a empresa ou gestor deve estar antenado ao contexto da tarefa e das pessoas e buscar a alternativa mais adequada para atender à necessidade. As equipes podem ser focadas em processos criativos para a resolução de problemas, produção de algum resultado, entre outras, mas o que é comum em todos os tipos de equipes é o senso de resultado comum, diferentemente dos grupos, em que, apesar de interagirem e trocarem serviços, cada membro possui um objetivo distinto, o que impossibilita esse senso de objetivo comum que é característico das equipes. Fechando esta unidade, vamos estudar como podemos iniciar e implantar um processo de equipe de trabalho, verificaremos que existem algumas alternativas a serem seguidas que podem gerar bons resultados. Mais importante do que utilizar alguma técnica específica é criar nos membros dos grupos o senso de equipe e, verdadeiramente, desenvolver esses membros de grupos em efetivos participantes de equipes, e isso somente é possível de ser conquistado mediante uma postura sóbria, humilde e transparente da liderança. Desde já registro os meus sinceros agradecimentos por estarmos juntos durante as quatro unidades iniciais, e que esta quinta unidade possa agregar ainda mais informações e conhecimentos para que assim você possa verdadeiramente utilizar todo esse aprendizado em seu dia a dia. Desejo muito sucesso a você! Bom estudo. O QUE EXPLICA A POPULARIDADE DAS EQUIPES Utilizar equipes para fazer a organização funcionar não é novo e nem é uma invenção japonesa ou americana. Foi no Instituto Tavistock, no Reino Unido, no final dos anos 1940, 194 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância que se identificou um dos primeiros trabalhos que mostra a aplicação do trabalho em equipe. Grandes companhias, Xérox, IBM, General Motors, grupo Accor, têm utilizado equipes como recurso principal para realizar as tarefas. Existe uma concordância, por parte dos gestores e especialistas, de que o segredo da organização e da gestão empresarial no século XXI pode estar na utilização de equipes (ROBBINS, 2000). Ainda de acordo com o autor, todas as equipes são grupos e, por isso, o desempenho da equipe é influenciado por todos os fatores discutidos anteriormente (unidade anterior). Porém, é importante salientar que nem todos os grupos são equipes, e o desempenho da equipe também é afetado por fatores adicionais que não influenciam a produtividade de outras variedades de grupos. Companhias como Volvo e Toyota, há cerca de três décadas, introduziram equipes em seus processos produtivos, tornaram-se notícia porque ninguém estava fazendo isso. Hoje ocorre exatamente o contrário. A organização que não estiver utilizando equipes é que se torna notícia. Como explicar tal popularidade por parte das equipes? O principal fator que se destaca é o desejo da administração de aumentar a flexibilidade e a qualidade. As equipes geralmente superam os indivíduos quando as tarefas realizadas exigem aptidões múltiplas, discernimento e experiência. À medida que as organizações têm se reestruturado para competir com mais eficácia e eficiência, recorrem às equipes como uma maneira de utilizar melhor o talento de seus funcionários. A administração tem constatado que as equipes são mais flexíveis e sensíveis a eventos variáveis do que os departamentos tradicionais ou outras formas de agrupamento permanente. As equipes possuem capacidade para a rápida formação, deslocamento, mudança de objetivos e dissolução. As equipes também constituem um ingrediente fundamental nos programas de TQM, cuja essência é a melhoria dos processos (ROBBINS, 2000). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 195 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM COMPARAÇÃO ENTRE GRUPOS E EQUIPES DE TRABALHO Grupo de trabalho é formado basicamente para compartilhar informações e tomar decisões para se ajudarem mutuamente no desempenho em suas áreas distintas de atuação. Os grupos de trabalho não possuem necessidade ou chance de se envolverem em trabalho coletivo que exija esforço conjunto. Por isso, seu desempenho é meramente a somatória de todas as contribuições individuais de seus membros. Nos grupos não há sinergismo, ou seja, não existe um acréscimo obtido no resultado final pela soma dos resultados individuais (ROBBINS, 2000). Equipe de trabalho seria um grupo em que as pessoas, além de estarem comprometidas com um objetivo comum, atuam de forma bastante interdependente, procurando colocar os objetivos do grupo acima dos seus interesses pessoais dentro do grupo e, além disso, não ficam presas à burocracia e às formalidades, agindo de forma consciente e responsável em benefício dos objetivos a serem atingidos, pelos quais são coletivamente recompensados. A equipe se caracteriza pela sua motivação, coesão e seu espírito de equipe (designa a disposição das pessoas de uma equipe no sentido de colaborarem umas com as outras, prestando auxílio mútuo e defendendo a equipe sempre que necessário) (ROBBINS, 2000). As equipes são constituídas de poucas pessoas, porque os processos de interação e influência de que ela necessita para funcionar só podem ocorrer quando o número de membros é 196 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância reduzido. Quando existe a participação de muitas pessoas, elas apresentam dificuldade de interagir e influenciar as demais, de empregar suas habilidades complementares, de atingir as metas e prestar contas. As equipes bem desenvolvidas são autodirigidas, autogeridas e autônomas. Para as equipes, é importante que as mesmas cheguem a um procedimento comum, que é em geral o que as diferencia. O procedimento diz o modo de trabalhar, de se vestir, o comparecimento às reuniões, pontualidade, noção de comportamento justo e ético e o que fará parte ou não das atividades (ROBBINS, 2000). As equipes devem se responsabilizar pelos resultados e não simplesmente atender às exigências do gestor como costuma ocorrer. Num ambiente em que as equipes predominam, seus membros devem ser recompensados pelo domínio de diversas habilidades necessárias para cumprir as metas comuns, e as recompensas às vezes se justificam pelo desempenho da equipe. Um sistema de remuneração deve promover a flexibilidade de que as equipes precisam para reagir positivamente às mudanças (ROBBINS, 2000). LEMBRE-SE GrupodeTrabalho: interação entre pessoas basicamente com objetivo de compartilhar informações e tomar decisões, para mutuamente se ajudarem no desempenho em sua área de responsabilidade. EquipedeTrabalho: é um grupo cujos esforços individuais resultam em um desempenho que é maior que a soma das contribuições de cada um dos indivíduos (LACOMBE, 2005). Atualmente para promover esse resultado positivo, de acordo com Griffin e Moorhead (2006), encontramos três formas de remuneração: remuneração por capacidade, participação nos lucros e bonificação por equipe. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 197 Remuneração por Capacidade: este sistema requer dos membros da equipe um conjunto de habilidades fundamentais, além de habilidades adicionais especiais, conforme o rumo da carreira ou as necessidades da equipe. Alguns programas se caracterizam pela exigência de que todos os membros adquiram as competências fundamentais antes que qualquer colega receba um aumento salarial. Participação nos Lucros: esta forma de remuneração recompensa os membros de todas as equipes com base no desempenho da organização, divisão ou fábrica. Um sistema como esse pressupõe um desempenho mínimo que deve ser ultrapassado para que se receba uma parcela acima de um patamar básico. Bonificação por Equipe: a diferença deste sistema com o da participação nos lucros é que este, para definir os parâmetros de desempenho e remuneração, se baseia na equipe e não na fábrica, divisão ou a organização inteira. Cada equipe deve possuir metas de desempenho específicas ou patamares mínimos realistas. Dentre as outras diferenças apresentadas entre as equipes e grupos, gostaríamos de salientar a questão de possuírem objetivos em comum, estes e o compartilhamento de metas de desempenho, em que estabelecem o tom e o rumo da equipe. Diferentemente de um grupo de trabalho, no qual os membros meramente respondem a um mesmo supervisor ou trabalham no mesmo departamento, a equipe se reúne para a realização de uma meta. O objetivo tornase o foco da equipe, que toma as decisões e conduz todas as ações necessárias. De acordo com Hollenbeck (2000), as equipes são grupos caracterizados por três importantes determinantes distintivas: 1- Os membros das equipes são altamente interdependentes, via de regra interligados pela interdependência, alguns membros devem ter capacidade de resolver problemas ou tomar decisões para ajudar a equipe a identificar problemas, determinar prioridades, avaliar alternativas e analisar escolhas e tomar decisões sobre seus rumos. 198 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 2- As equipes são formadas mediante o uso de agrupamento por fluxo de trabalho, de modo que seus membros são responsáveis pelo desempenho de diversas funções diferentes. Para tanto necessitam ter habilidades interpessoais para administrar a comunicação, resolver conflitos, orientar questões e discussões, dar apoio e reconhecer os interesses dos colegas de equipe. 3- Os membros das equipes devem apresentar capacidade técnica ou funcional para realizar as funções, aptidões, conhecimento, experiência e informação. Geralmente, essas capacidades não se distribuem de forma igual entre os membros de uma equipe, devido às diferenças de antecedentes, treinamento, talentos e acesso a recursos, mas, com o amadurecimento da equipe, os membros passarão a desenvolver outras habilidades. O quadro a seguir mostra a comparação entre grupos e equipes especificando algumas características no que se refere à meta, sinergia, responsabilidade e habilidades. Com essas definições fica mais fácil compreender por que tantas empresas têm recentemente estruturado seus processos de trabalho em torno de equipes. Quadro 22 -Comparação entre Grupos e Equipes de Trabalho Equipes de Trabalho Grupos de Trabalho Compartilham informações Meta Neutra (ás vezes negativa) Sinergia Individual Casuais e variadas Desempenho coletivo Positiva Responsabilidade Individual e mútua Habilidades Complementares Fonte: Robbins (2005, p. 260). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 199 Fonte: SHUTTERSTOCK.COM BENEFÍCIOS E CUSTOS DAS EQUIPES Em todo o mundo disseminou-se o uso das equipes nas organizações, muitas até estão implementando-as só porque outras organizações o fizeram, o que não é uma boa razão. Para formação de equipes é necessário que a mesma faça sentido e seja necessária para a organização, é necessário acima de tudo um forte desejo da alta administração em atuar com esse modelo. Perceba então que não basta apenas a empresa querer implantar o modelo de equipe, é preciso que seja considerado uma série de elementos para que a empresa não se frustre e o que é comum colocando a responsabilidade sobre o modelo ou, ainda pior, colocando a culpa na equipe. Visto que as equipes nas organizações podem melhorar o desempenho, trazer benefícios para os funcionários, promover uma redução nos custos organizacionais gerando assim uma melhoria na empresa como um todo. Esses benefícios abordados por Griffin e Moorhead (2006) serão melhores explicados a seguir: Benefícios das Equipes Atuar nos moldes de equipe tem proporcionado às empresas a otimização de recursos e resultados, sendo este um dos argumentos que a torna tão comentada no universo corporativo, Griffin e Moorhead (2006) nos apresenta os seguintes benefícios: Melhor desempenho: quando as organizações adotam o trabalho em equipe permitem 200 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância que seus membros evitem o desperdício de esforços, reduz erros e atendem melhor aos consumidores, gerando com isso um resultado melhor para cada contribuição dos funcionários. Uma maior produtividade, melhoria na qualidade e no serviço ao consumidor também são reflexos de um trabalho em equipe. Benefícios para os funcionários: num trabalho em equipe, tanto os funcionários como as organizações se beneficiam, visto que tudo é um ciclo. Para os funcionários, as equipes podem transmitir a sensação de autocontrole, dignidade, permite que os mesmos se identifiquem com o trabalho, promove o crescimento do amor próprio e da autorrealização, fatores que hoje os trabalhadores buscam. O trabalho em equipe permite aos funcionários liberdade de crescer e conquistar respeito e dignidade por serem donos de si mesmos, tomar decisões sobre o trabalho e fazer diferença no mundo em que vivem. Assim, você passa a ter pessoas que vivem melhor no trabalho, enfrentam menos estresse e não precisam tanto dos programas assistenciais. Redução de custos: as organizações que trabalham no sistema de equipes vêm demonstrando reduções de custos significativos, visto que diminuem os prejuízos, cometem menos erros, recebem menos pedidos de indenização dos trabalhadores e reduzem o absenteísmo e a rotatividade. Seus membros sabem que participam dos lucros, desejam dar contribuições porque elas são valorizadas e não querem decepcionar suas equipes. Melhorias nas empresas: quando as empresas optam pelo trabalho em equipe estão quebrando velhos paradigmas de modelos de gestão, promovendo uma mudança de cultura, mudando a forma de trabalho hierárquica e normativa tão comum. Permitem um aumento das inovações, da criatividade e da flexibilidade, permitindo a redução ou até mesmo a extinção da burocracia desnecessária, diminui os níveis hierárquicos, visto que os trabalhadores e gestores tornam-se mais próximos, além do que o espírito coletivo é estimulado e este estimula a inovar e resolver problemas criativamente. O mercado mundial torna-se cada vez mais competitivo e exige das organizações uma grande MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 201 capacidade de adaptação e atualização. As equipes propiciam isso, permitindo que a empresa reaja rapidamente quando necessário. Quadro 23 - Benefícios das equipes nas organizações Tipo de benefício Benefício específico Exemplos em empresas Melhor desempenho Aumento de produtividade Aumento da qualidade Melhora no serviço ao consumidor Ampex: entregas no prazo aumentam 98% K Shoes: defeitos por milhão caíram de 5 mil para 250 Eastman: produtividade aumentou 70% Benefícios para os funcionários Vida melhor no trabalho Menos stresse Milwaukee Mutual: uso de programas assistenciais caiu 40% abaixo da média do setor Redução de custos Menor rotatividade e absenteísmo Menos acidentes Kodak: reduziu a rotatividade à metade da média do setor Texas instruments: reduziu os custos em mais de 50% Westingjouse: custos caíram 60% Melhorias nas empresas Aumento da inovação e da flexibilidade IDS Mutual Fund Operations: maior flexibilidade para admistrar flutuações na atividade do mercado Hewlett-Packard: sistema inovador de processamento de pedidos Fontes: adaptado de Wellins, Richard S. Byham, William C. e Dixon, George R. Insside Teams, San Francisco: Jossey-Bass, 1994; Manz Charles C. e Sims Jr, P. Business Without bosses, Nova York: Wiley, 1993. Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p.252). O quadro apresentado acima nos traz um resumo dos principais benefícios proporcionados pela atuação em equipes nas organizações. Perceba que na coluna à direita, o autor apresenta 202 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância alguns exemplos de benefícios decorrentes da atuação em equipes em cada um dos fatores. Isso nos leva a refletir sobre os desafios que a gestão vivencia no objetivo de implantar as equipes, uma vez que antes de serem equipes são grupos e os grupos apresentam características próprias, gerando conflitos e resistências. Chegar a um estágio de equipe realmente exige muito esforço da gestão num forte empenho em desenvolver pessoas. O texto apresentado a seguir “Mudança na prática” ressalta como a criação de equipes de inovação, formadasporfuncionáriosdediversosdepartamentos,níveiseregiõesgeográficasajudouaimplementar as inovações na Whirlpool. Mudançanaprática:tecnologiamudaaculturanaRoche Realizar um milhão de experimentos genômicos por dia? Testar mais de três milhões de novos componentes anualmente? Parece impossível, mas essa é a nova realidade das empresas farmacêuticas. Em meio aos enormes progressos tecnológicos e inovações dos últimos 15 anos, nada parece ter sido uma evolução tão rápida nem resultados tão fascinantes quanto às recentes conquistas da bioengenharia. Setores tão diversos como agricultura e petroquímica sentem o impacto, enquanto a indústria farmacêutica experimenta uma agitação sem precedentes. ArevoluçãotecnológicacomeçoucomadecodificaçãodoDNAhumano.Equipamentosinovadores agora usam esse conhecimento para comparar combinações com genes afetados. Têm sido testadasassociaçõespromissorasdetecnologiasparagarantirsuaeficáciacontragenescausadoresde câncer e determinar se eles provocam efeitos adversos em outros órgãos do corpo. Antes desses avanços, a Roche, indústria farmacêutica suíça, tinha uma filosofia interna de competição e contrapunha suas equipes de criação. O sistema funcionava quando a empresa se preocupava com a descoberta de novas drogas de ampla distribuição. Entretanto, as inovações tecnológicas tornaram essa cultura antiquada, forçando a empresa a adotar um caráter mais colaborativo entre as equipes. Um fator de incentivo do trabalho em equipe foi a redução do número de experimentos em razão dos custos de informática e tempo de pesquisa. Um cientista da Roche explica: “Lá atrás, quando trabalhávamos em um só gene, podíamos fazer experimentos exploratórios. Mas, quando se tem [informação] de 12 mil genes, é preciso ter cuidado... Se aquilo não é útil, perde-se um tempo enorme”. As equipes perceberam que precisariam dispor de membros de todas as partes da organização para ter acesso a MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 203 um conhecimento especializado. Barry Goggin, pesquisador da Roche, relembra: “Nós simplesmente nos encontrávamos nos corredores e criávamos um monte de projetinhos”. No inicio, alguns tinham problemas de comunicação, mas acabaram aprendendo a compartilhar informações corretamente. “Era quase como se os geneticistas e oncologistas falassem línguas diferentes”, diz Goggin. “Tivemos de eliminar essa diferença”. Apesar de o aumento na colaboração e na comunicação entre especialistas ser bom para a empresa, alguns trabalhadores se ressentem. A rápida mudança na tecnologia e a maior capacidade dos equipamentosrobóticosfizeramagigantefarmacêuticademitirfuncionáriosdaáreadepesquisae desenvolvimento. Mesmo que isso venha a reduzir os custos, a Roche deve agir com cautela para não prejudicarsuanovaeeficienteculturaorganizacionalcolaborativa. Custo das equipes Fonte: SHUTTERSTOCK.COM Fonte:GriffineMoorhead(2006,p.245). Quando pensamos em custos das equipes de trabalho, vinculamos a dificuldade da organização em adotar o trabalho em equipe. Visto que, como já foi abordado, algumas organizações implementam esse sistema, o trabalho em equipe, por modismo e não por buscarem uma mudança, olham somente as vantagens e se esquecem que para implementar o trabalho em equipe é necessário a superação de alguns estágios (serão abordados ainda nessa unidade), bem como tempo. Dessa forma, passaremos a relatar problemas que decorrem da implantação de uma equipe, conforme Griffin e Moorhead (2006): 204 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância • Confusão por parte dos gestores, pois mudam de papel, passam a serem orientadores e facilitadores e não mais exercem a função de dirigirem seus funcionários, o que pode fomentar a ideia da perda de emprego. • Os funcionários também podem se sentir fracassados ao adotarem uma nova cultura de equipe, uma vez que antes se responsabilizavam sozinhos por alguma atividade técnica e agora existe toda uma equipe para essa atribuição, o que promove uma trabalho com maior perfeição. • Outro custo mais perigoso seria a desistência prematura por parte da administração, do processo de implantação do trabalho em equipe. O fato de as equipes não terem o tempo necessário para se desenvolverem completamente e permitir que os gestores percebam os benefícios promove uma perda de todo o trabalho de adaptação dos funcionários, gerentes intermediários e supervisores. Consequentemente, a confiança do funcionário na administração, em geral, e nos tomadores de decisão, em particular, pode ficar abalada por um longo período, além da dificuldade de recuperar as perdas de produtividade e eficiência. O VALOR DAS EQUIPES O valor das equipes é agora bem conhecido. Vamos resumir os principais benefícios que os especialistas concordam que podem resultar da introdução de equipes de trabalho. Motivação do empregado aumentada. Equipes de trabalho acentuam o envolvimento do empregado. Elas geralmente tornam os trabalhos mais interessantes. Elas também criam pressões sociais sobre ospreguiçososparaexerceremníveismaisaltosdeesforçosafimdepermaneceremnasboasgraças da equipe. Coerentemente com as pesquisas sobre facilitação social, indivíduos têm a probabilidade de se sair melhor quando estão na presença de outras pessoas. Níveis mais altos de produtividade. Equipes têm o potencial de criar sinergia positiva. Em anos re- MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 205 centes, a introdução de equipes na maioria das organizações foi associada a cortes no quadro de funcionários. O que a administração faz é usar a sinergia positiva para conseguir o mesmo resultado ou maior com menos pessoal. Isso se traduz em níveis mais altos de produtividade. Satisfação do empregado aumentada. Os empregados têm necessidade de afiliação. Trabalhar em equipes pode ajudar a atender essa necessidade ao aumentar as interações dos trabalhadores e criar camaradagem entre os membros da equipe. Além disso, pessoas que fazem parte de um clima de equipe satisfatório lidam melhor com o estresse e gostam mais de seus empregados. Comprometimento comum com as metas. Equipes estimulam indivíduos a sublimar suas metas individuais pelas do grupo. O processo de desenvolver um propósito comum, comprometimento com aquele propósito comum, comprometimento com aquele propósito e concordância sobre metas específicas – combinadas com as pressões sociais exercidas pela equipe – resulta em uma alta unificação de compromisso com as metas da equipe. Comunicação melhorada. Equipes autogerenciadas criam dependências interpessoais que exigem que os membros interajam consideravelmente mais do que quando trabalham sozinhos. De forma semelhante, equipes de funcionalidades cruzadas criam dependências interfuncionais e aumentam a comunicação na organização inteira. Habilidades profissionais ampliadas. A implementação de equipes quase sempre vem com treinamento de extensão profissional. Por meio desse treinamento, os empregados desenvolvem suas habilidades técnicas de tomada de decisão e interpessoais. Flexibilidade organizacional. Equipes concentram-se mais nos processos do que nas funções. Elas incentivam o treinamento cruzado, assim seus membros podem fazer os trabalhos dos outros, e a expansão de habilidades. Não é raro a compensação de equipes basear-se no número de habilidades que um membro adquiriu. Essa expansão de habilidades aumenta a flexibilidade organizacional. O trabalho pode ser reorganizado e trabalhadores alocados, conforme e necessidade, para atender a condições em mutação. A introdução de equipes sempre alcança esses benefícios? Não! Por exemplo, um estudo de Ernst & Young descobriu que formar equipes para investigar e melhorar produtos e processos levou a uma melhora mensurável apenas nas organizações que estavam com desempenho fraco em seus mercados em termos de lucro, produtividade e qualidade. * Em empresas de desempenho médio, o estudo descobriu que resultados finais não foram afetados pelas atividades das equipes. Nas empresas de alto desempenho, a introdução de novos sistemas de trabalho baseado em equipes na realidade diminuiu o desempenho. Obviamente existem fatores condicionais que influenciam a aceitação e o sucesso de equipes. Alguns exemplos podem ser: tarefas que se beneficiem da combinação de habilidades múltiplas; quando o mercado paga um prêmio por melhoria de qualidade ou inovação; com empregados que valorizam a 206 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância aprendizagem contínua e gostam de tarefas complexas; e onde as relações administração-empregadojátêmumabasefortedeconfiançamútua.Apesardisso,nãopodemosignorararealidadedeque omovimentodeequipeatualmenteestácomumtremendoimpulsoerefleteacrençadagerênciade que as equipes podem ter sucesso numa ampla faixa de ambientes. *Citado em R. Zemke, ”Rethinking the Rush to Team Up,” Training, November de 1993, p.56. Fonte: Robbins (1998, p.190) LEMBRE-SE As equipes possuem capacidade para a rápida formação, deslocamento, mudança de objetivos e dissolução. As equipes superam os indivíduos quando as tarefas realizadas exigem aptidões múltiplas, discernimento e experiência (ROBBINS, 2000). Fonte: SHUTTERSTOCK.COM DISTRIBUINDO PAPÉIS E PROMOVENDO A DIVERSIDADE As equipes possuem diferentes necessidades, é da responsabilidade dos gestores promoverem MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 207 um recrutamento e seleção, bem como o treinamento e remuneração de pessoas que estejam dispostas a participarem desse sistema. As equipes de alto desempenho têm as pessoas certas para desenvolverem os diversos papéis. Efetuando uma analogia, com o futebol, os melhores técnicos são os que aprenderam a avaliar jogadores potenciais, identificar suas forças e fraquezas e depois designá-los para as posições mais adequadas às suas habilidades e permitir que contribuam ao máximo para o desempenho global da equipe. Reconhecem que as equipes vencedoras necessitam de uma diversidade de habilidades como, por exemplo, as de goleiros, zagueiros, centroavantes, cobradores de faltas e artilheiros. De acordo com Robbins (2000), os gestores precisam atrair e selecionar os profissionais que possuem as características individuais que mais se adaptam à formação e melhor desempenho da equipe. Ao harmonizar as preferências individuais com os papéis demandados pela equipe, os gerentes aumentam as chances de que os membros da equipe trabalhem bem em conjunto. A estrutura de uma equipe, conforme Muchinsky (2004, p.282), “inclui variáveis tais como o número de membros, a composição da demografia e a experiência dos membros de equipe”, outro tema também observado seria a diversidade (entendendo a mesma como diferenças), pois muitas vezes a associamos a questões de sexo, à raça, à cultura e à idade das pessoas. As equipes, para Robbins (1998), apresentam papéis, e para se tornarem bem-sucedidas devem ter pessoas que preencham a todos eles. Os papéis por ele identificados são nove, conforme o quadro a seguir: 208 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Quadro 24 - Papéis fundamentais nas Equipes Quadro 4.6 Papéis Fundamentais nas Equipes ador Vincul na e rd o Co a gr nte ei Mantedor Equipe Exam i e apli na detalhe ca as s regra Con s trola dor Tr av a ex com ter b no ate s s Encoraja a pesquisa por mais informações Consultor Promotor De fe tere nde i m déia em sido p s apó prá ost s tica as Põe em prática idéias criativas Criador Assessor ise nál ções a ta p sen das o e r Ap icaz sp per Org ani Estab z elece ador estru tura P ac rov om ê d pa ire Pro nh çã du am o e tor en to Fonte: Baseado em Margerison, C e McCann, D Team Management Pratical New Approaches (Condon: Mercury Books, 1990). Fonte: Robbins ( 2000, p.274) MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 209 Para Robbins (2000, pp.278 - 279), os itens a seguir resumem as principais opções à disposição dos gerentes para a tentativa de transformar indivíduos em participantes efetivos de uma equipe. • Seleção: algumas pessoas já possuem as habilidades interpessoais para serem participantes eficazes de equipe. Ao contratar membros de equipe, além das aptidões técnicas exigidas para o preenchimento do cargo, deve-se tomar o cuidado de garantir que os candidatos possam desempenhar seus papéis na equipe. • Treinamento: muitas pessoas educadas na importância da realização individual podem ser treinadas para se tornarem participantes de equipes. Os especialistas em treinamento administram exercícios que permitem aos funcionários experimentarem a satisfação que o trabalho em equipe pode proporcionar. Via de regra, oferecem oficinas (workshops) para ajudar os funcionários a melhorarem suas aptidões para solução de problemas, comunicação, negociação, controle de conflitos e orientação de outros. E os funcionários são instruídos na importância da paciência – porque as equipes precisam de mais tempo para tomar decisões do que os funcionários que trabalham sozinhos. • Recompensas: o sistema de recompensas precisa ser reformulado para encorajar mais os esforços cooperativos do que os competitivos. Promoções, aumentos salariais e outras formas de reconhecimento devem ser concedidos aos indivíduos em função de seu grau de eficácia como membro colaborador de uma equipe. Isso não significa ignorar a contribuição individual; significa, antes, que esta é equilibrada com as contribuições altruístas dadas à equipe. Entre os exemplos de comportamento que devem ser premiados encontram-se treinamento de novos colegas, o compartilhamento de informações, a ajuda na resolução de conflitos e o domínio de novas habilidades requeridas pela equipe, mas das quais ela carece. 210 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Fonte: SHUTTERSTOCK.COM TIPOS DE EQUIPES As equipes se desenvolvem de diversas maneiras nas organizações. Algumas se desenvolvem naturalmente, decorrente de as empresas utilizarem vários tipos de programas gerenciais participativos, além de darem autonomia. Já outras equipes são criadas por meio de um processo formal, decorrentes de sugestões dos administradores. O tipo mais comum de classificação das equipes é por função, visto que algumas equipes criam ou fazem coisas, outras dão sugestões e muitas outras executam. Assim, iremos trabalhar apresentando a metodologia de Griffin e Moorhead (2006), com os tipos mais comuns de equipes: os círculos de qualidade, as equipes de trabalho, as de solução de problemas, gerenciais, de desenvolvimento de produtos e as equipes virtuais. Círculos de qualidade: os círculos de qualidade (CQs) são grupos pequenos de funcionários de uma mesma área que se reúnem regularmente (seja, semanal ou mensalmente) para discutir e recomendar soluções para os problemas do trabalho. Seu sucesso se deve ao darem bons resultados na redução do retrabalho e dos produtos defeituosos em muitas indústrias. Com isso, os gestores estão tentando utilizar os CQs nos escritórios e na execução de serviços. Uma das vantagens é que funcionam em paralelo à estrutura administrativa tradicional; são relativamente permanentes, e seu papel é investigar os diversos problemas de qualidade que podem surgir. Não substituem os grupos de trabalho e nem tomam decisões sobre a realização MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 211 do trabalho. Atualmente vem se reduzindo bastante o interesse por partes das organizações com relação à utilização desse modelo. Equipes de trabalho: este modelo de equipe costuma ser permanente e são as que realizam o trabalho diário. Além de realizar as atribuições cotidianas da área, elas buscam investigar um problema específico, avaliarem alternativas e recomendar uma solução ou mudança. Essa equipe possui autoridade para decidir como o trabalho será feito, em que ordem e por quem; a equipe inteira se responsabiliza pela decisão tomada. Equipe de solução de problemas: caracterizam-se por serem temporárias, criadas essencialmente para resolver questões específicas no local de trabalho; são as equipes que fazem recomendações para que outros as implementem. As equipes criadas para soluções de problemas difíceis costumam ser constituídas de membros de áreas funcionais diferentes. Que ao terminarem a atribuição para qual foram criadas, são desfeitas e os seus membros voltam ao seu trabalho normal. Equipes gerenciais: são formadas por gerentes de várias áreas, bem como de equipes de trabalho coordenadas, possuem uma permanência relativa, visto que seu trabalho não termina quando se finaliza um projeto específico ou a solução de um problema. Essa equipe tem como foco as equipes que têm o maior impacto sobre o desempenho corporativo total. Deve, primeiramente, treinar e aconselhar outras equipes para que sejam autônomas e tomem as próprias decisões, e num segundo momento coordenar o trabalho entre as equipes, que de alguma forma são interdependentes. Equipes de desenvolvimento de produtos: estas se caracterizam em uma mistura de equipes de trabalho e de solução de problemas, criando novos projetos de produto ou serviço para satisfazer as exigências dos consumidores, podendo essa equipe ser desfeita uma vez que o produto esteja completamente desenvolvido e em processo de produção. Equipes virtuais: uma das características mais distintas das equipes virtuais é que os 212 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância membros dessa equipe dificilmente se encontrarão em uma mesma sala, embora trabalhem juntos mas a distância; suas atividades são realizadas por computador, teleconferência e outros sistemas eletrônicos de informação. As decisões são tomadas mais rapidamente, visto que não necessita do deslocamento dos membros da equipe para um mesmo espaço físico. Decorrente dos sistemas eletrônicos de comunicação, os participantes podem entrar e sair de uma equipe ou de um debate conforme a exigência de cada situação. TrabalhoEmEquipeUmaVantagemCompetitiva A idéia de se trabalhar em equipe surgiu no momento que o homem percebeu que a soma dos conhecimentos e habilidades individuais facilitariam o atingir dos objetivos. A mudança constante das informações e a necessidade de um maior conhecimento motivaram cada vez mais essa forma de trabalho, ou seja, fazer com que um grupo, formado por pessoas diferentes, tenha objetivos comuns. A verdade é que nem todas as empresas conseguem isso: transformar grupos de trabalho em equipes vencedoras, pois, quando falamos em equipes de trabalho, estamos nos referindo ao somatório de forças que vem do conhecimento e experiência, contudo, ao falarmos na formação dessa equipe, começamos a mencionar pessoas. Essa então é a grande sacada, porque pessoas são dotadas de sentimentos individuais, expectativas únicas, sem falar nas crenças, valores e identidade que cada um vai formando no decorrer da vida. É fato que toda equipe necessita de um líder que seja capaz de orientar, mostrar caminhos e gerar grandes resultados. Ele deverá ser dotado de características, não somente técnicas, mas também comportamentais, como, por exemplo, ter carisma, humildade, sinceridade, ser preocupado e compreensivo. É dele a missão de inspirar, em seus colaboradores, a motivação para a conquista. O líder, portanto, é um modelo. Dessa forma, consegue envolver e comprometer as pessoas, transmitindo-lhes sinergia, amizade, companheirismo e satisfação. É, dessa forma, que nasce um time de vencedores, mantido, certamente, pela parceria de todos. Cabe ressaltar também que as pessoas envolvidas necessitam resgatar valores como união, respeito, cooperação, participação, envolvimento e comprometimento. Esse resgate é fundamental, pois a sociedade como um todo está num processo quase cruel de individualismo. JUNTOS SOMOS FORTES, nada mais verdadeiro do que essa frase. A sobrevivência de uma em- MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 213 presa está relacionada com o conceito que ela tem de união e como ela vai passar isso aos seus colaboradores. Com o trabalho em conjunto, as pessoas desenvolvem seu espírito de cooperação e é dele que nasce o mais nobre dos sentimentos, o afeto. A troca é matéria-prima em uma equipe e, nesse processo, todos, inconscientemente, se alimentam. Averdadeiraequipeequilibraegos,ensaiacomafincoahumildadedecadacolaborador,treinaintensivamenteoreconhecimento,incentiva,comfirmeza,asatisfaçãodetodos,zelapelapaze,finalmente, aposta no respeito e na transparência. Equipes vencedoras são formadas por pessoas que não pensam somente em sua vitória pessoal, mas sim, no todo. Vibram pelas conquistas dos colegas e entendem que o sucesso deles é também seu. São pessoas capazes de perceber que aquilo que se obtém, não vem por acaso, mas sim pelo resultado do trabalho de todos. Assim, se desencadeia o auto desenvolvimento de uma organização. Procuram sempre evoluir, em busca das novidades e da participação com idéias criativas para serem implantadas, esforçam-se ao máximo para que toda a equipe cresça. Sabem que cada tarefa realizada é para o crescimento do todo, por isso, comprometem-se em todos os aspectos do trabalho. Têm consciência de que necessitam de constante atualização, para ampliar o seu conhecimento com cursos, treinamentos, independentes da empresa, e que o resultado disso será a melhoria individual e,principalmente,dotime.Sentem-segratificadosporcompartilharoconhecimentoadquiridocom os demais. São dedicados, informados, sugerem abordagens que possam gerar lucros, visando à sustentação da equipe que passa a ter um crescimento constante. Portanto, alimentar o trabalho em equipe, acima de tudo é uma questão de sobrevivência e exige dedicação e persistência. O resultado geral conquistado no conjunto de atitudes acentua o progresso de cada um. Prover o crescimento contínuo é sem dúvida prazeroso e altamente motivador, por isso é bom fazermos parte de algo maior. Algo maior que nosso vaidoso ego. Concluindo, em um grande time de vencedores encontramos o alimento para as nossas vitórias individuais. Fonte: WIESE, Gilberto. TrabalhoEmEquipeUmaVantagemCompetitiva. Disponível em: <http:// www.rhportal.com.br>. Acesso em: 21 mar. 2012. IMPLEMENTAÇÃO DAS EQUIPES A implementação de equipes nas organizações não é fácil, exige muito trabalho, treinamento e paciência de todos os envolvidos. Ela representa uma mudança e em decorrência desse fato gera expectativas e muitas vezes resistência, pois obriga as pessoas a saírem de sua zona 214 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância de conforto. São vários os benefícios, mas é necessário esforço e determinação, bem como o envolvimento e participação dos níveis mais altos da organização até o operacional. Para darmos continuidade ao processo de planejamento usaremos como respaldo teórico os autores Griffin e Moorhead (2006), que vêm de uma forma bem didática relatar os passos bem como cuidados a serem tomados. Fonte: SHUTTERSTOCK.COM O planejamento da mudança Para a transição de uma organização de seu modelo tradicional para uma organização constituída por equipes, exige-se uma análise aprofundada das partes envolvidas, bem como um bom planejamento antes de ser implementada. Para se tomar uma decisão como essa, que envolve mudanças drásticas com relação às hierarquias tradicionais, bem como com relação à forma de comando, devem ser muito estudadas. Quando se deseja essa mudança, deve-se efetuar um planejamento que acontece em duas fases – definição de mudar ou não para o novo sistema de equipes e depois a preparação para a implementação. No momento da decisão se fazem necessários: a definição por parte da diretoria de quem irá comandar a transição, criar uma comissão diretiva, conduzir estudo de viabilidade e, então, MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 215 decidir se prosseguirá ou não. Não se deve esquecer de verificar se a cultura de equipe é coerente com a estratégia a ser adotada. O Eleito comandante da transição, a despeito de sua posição na empresa, tem como atribuição: 1) Deve acreditar que os funcionários querem ser responsáveis por seus trabalhos. 2) Estar preparado para demonstrar a filosofia do trabalho em equipe. 3) Transmitir, de forma clara e coerente, a visão do ambiente de equipe. 4) Possuir autoridade e criatividade para transpor obstáculos conforme forem surgindo. O Comitê diretivo pode apresentar-se de qualquer tamanho manejável, aconselha-se entre duas a 10 pessoas que sejam influentes e detenham o conhecimento sobre as atividades desenvolvidas na empresa. Esse Comitê apresenta as seguintes tarefas: 1) Efetuar visitas nos locais apropriados para a instalação das equipes. 2) Visitar as equipes de trabalho bem-sucedidas. 3) Coletar e analisar os obtidos. 4) Efetuar reuniões para se discutir temas gerais ou específicos. 5) Deliberar quanto ao uso de um consultor durante o processo de mudança. O Estudo da Viabilidade permitirá o esclarecimento de questões fundamentais, que devem ser respondidas ao comitê, tais como: 1) Se os processos de trabalho recomendam o seu uso. 2) Se os gerentes do núcleo que será convertido querem aprender e aplicar uma gestão independente. 3) Se os funcionários desejam e são capazes de trabalhar em equipe. 216 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 4)Se a estrutura e a cultura da organização estão prontas para atuar com o sistema de equipes. 5) Se o mercado dos produtos ou serviços da unidade apresenta crescimento ou pelo menos estabilidade suficiente para absorver o aumento da capacidade de produção gerada pelas equipes. 6) Se a comunidade apoiará as equipes de transição. Após efetuar a definição do líder, da formação do comitê e da realização de um estudo de viabilidade é que o comitê e a diretoria poderão decidir conjuntamente se darão continuidade ao projeto ou não. Tomada a decisão por parte dos dirigentes em implementar os sistemas de equipes na organização, a empresa deve iniciar com o processo de preparação para a implementação que consiste em: • Esclarecer a missão: esta consiste em declarar os propósitos os quais resumem os benefícios que empresa pretende obter ao adotar esses novos sistemas. A missão deve condizer com a estratégia da organização, estabelecendo um conjunto de princípios para todos os níveis de gestores, bem como para os grupos de apoio e as equipes; deve estabelecer os parâmetros ou limites da mudança; a missão pode dar ênfase na melhoria contínua, no envolvimento dos funcionários, no aumento do rendimento, da concorrência, satisfação do consumidor e contribuições para a sociedade. • Selecionar o local das primeiras equipes de trabalho: deve ser estabelecido pelo comitê, esta escolha é de fundamental importância, pois determina o grau de sucesso do programa como um todo. Sugere-se que deva escolher um local onde existam trabalhadores de diversas categorias profissionais, em que a melhora do desempenho ou a consecução das metas é viável e no qual a ideia de trabalhar em equipe seja aceita, exista um grupo de funcionários receptivo ao treinamento, especialmente com aptidões MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 217 de relacionamento. Também se faz importante que o local onde será feita a estréia exista um “defensor” do conceito de equipe. • Preparar a equipe de projeto: esta é formada por um grupo de funcionários, supervisores e gerentes selecionados que desenvolverão os detalhes de pessoal e operações, para garantir o bom desempenho de todas as equipes. A equipe de projetos também seleciona os membros iniciais, prepara membros e gerentes, adapta os processos de trabalho aos da equipe de projeto e planeja a transição do estado atual para a nova estrutura de equipe autogerenciada. • Planejar a transferência da autoridade: este momento é crucial para o sucesso da implementação do sistema de equipes, sendo um processo gradual, que leva de dois a cinco anos na maioria das situações, as equipes devem aprender e desenvolver novas habilidades, tomar decisões relativas ao seu trabalho. • Esboçar o plano preliminar: neste é reunido os resultados conquistados pelos comitês diretivos e de projeto, servindo como documento que guiará a continuação dos afazeres das equipes de projeto e das primeiras equipes de trabalho. Terá nesse documento as seguintes informações: a) Como se deve proceder para o processo de seleção de pessoal que participará das primeiras equipes. b) Descrever os papéis e as responsabilidades de todos os que serão afetados. c) Explicar de que treinamento os vários grupos irão precisar. d) Identificar especificamente que processos de trabalho serão abarcados. e) Descrever os outros sistemas organizacionais que serão atingidos. f) Traçar um cronograma preliminar para os dois ou três anos seguintes. 218 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Averdadeiraequipeequilibraegos,ensaiacomafincoahumildadedecadacolaborador,treinaintensivamenteoreconhecimento,incentiva,comfirmeza,asatisfaçãodetodos,zelapelapaze,finalmente, aposta no respeito e na transparência. (Fonte: WIESE, Gilberto. TrabalhoEmEquipeUmaVantagem Competitiva. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em: 21 mar. 2012). FASES DE IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPES Por ser o processo de implementação de equipes de trabalho autogeridas longo e difícil, levando aproximadamente entre dois a dez anos, as equipes passam por uma série de fases, que nem sempre são claramente percebidas no momento em que a equipe as vive. Griffin e Moorhead (2006) propõe cinco fazes distintas, relatadas a seguir: Fase 1- Início Para se obter o maior sucesso na implementação do sistema, os membros das equipes são selecionados e treinados/desenvolvidos para trabalhar em equipe. Normalmente esse treinamento busca transmitir a mensagem de que a diretoria está envolvida e comprometida com as equipes e que não é simplesmente um experimento. Aborda a capacitação técnica necessária para a equipe funcionar, as habilidades administrativas para que ela funcione dentro da organização e as habilidades interpessoais indispensáveis para trabalhar em equipe e em toda a organização. Nesse momento, os membros das equipes e os gestores encontramse extremamente motivados (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 219 Fase 2 – Realidade e Impaciência Seis meses a nove meses após o processo inicial, os membros das equipes, bem como os gestores encontram-se frustrados, este fato decorre para os funcionários da falta de familiaridade com a execução das tarefas, o aumento das responsabilidades, bem como a incerteza com relação ao emprego (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). Os gerentes também se sentem cansados e confusos, pois a mudança que apoiaram resulta em mais trabalho, além da ameaça de não se conseguir terminar o trabalho, de os projetos ficarem inacabados e os pedidos não serem entregues a tempo, tendo que assumir a responsabilidade pelo fato; como também das dificuldades quando têm que intervir e resolverem problemas pelas equipes, porque elas não sabem o que estão fazendo. Nesse momento se faz necessário buscar aprimorar as capacidades de análise e tomada de decisão, bem como estimular a melhora na comunicação. Fase 3 – Equipes Centradas nos Líderes É nesse momento que toda a frustração e ansiedade identificadas na fase anterior chegam a seu máximo. Nesse momento, as equipes escolhem um líder, no qual a equipe deposita toda a confiança. Os membros da equipe passam a se ver como uma unidade, os gerentes começam a perceber as vantagens desse novo sistema. É nessa fase que os comitês de projeto e diretivo devem garantir o surgimento do líder (seja natural ou definido), e desenvolver uma identidade própria (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). Fase 4 - Equipes Coesas A equipe, nesta fase, confia na própria capacidade de fazer qualquer coisa, soluciona problemas, administra seu cronograma e recursos e resolve os conflitos internos, a coesão da equipe nesta fase torna-se extrema, o que pode prejudicar o relacionamento com as outras equipes (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). 220 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância Nesse momento se faz necessário que os gestores garantam que as equipes continuem a realizar aquilo que as levou a prosperar tanto, mantendo o canal de comunicação com outras equipes, por meio de conselhos de representantes em regime de rodízio; encontrando-se regularmente para discutirem sobre o que está dando certo ou não; a gerência deve efetuar comentários sobre o desempenho, através dos meios de comunicação estabelecidos pela empresa (computador, reuniões, outros....); e as equipes precisam seguir o plano desenvolvido previamente de transferir a autoridade e a responsabilidade a elas mesmas e garantir que todos os membros sejam treinados em todas as competências necessárias para realizar o trabalho conjunto. Nesta fase, a equipe deve ser capaz de assumir a responsabilidade de se autogerir (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). Fase 5 – Equipes Autogeridas Neste momento as equipes encontram-se maduras e capazes de assumirem responsabilidades de liderança ligadas à equipe; tornaram flexíveis, ou seja, assimilam novas ideias de melhoria; realizam as mudanças necessárias aos seus membros, papéis e tarefas; fazem de tudo para atingir os objetivos estratégicos da organização. Os gerentes e os supervisores já abandonaram as operações diárias e passaram a planejar e aconselhar as equipes. (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006) Para manter as equipes nesse estágio, se faz necessário que as equipes e os indivíduos continuem o treinamento em habilidades para a função, para o relacionamento interpessoal e de equipe; os sistemas de apoio devem ser constantemente melhorados buscando facilitar o desenvolvimento e a produtividade das equipes; e as equipes devem constantemente aprimorar as relações com clientes e fornecedores internos (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006). A seguir é apresentado o quadro que resume as fases de implantação de equipes: MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 221 Quadro 25 - Fases da implementação da equipe Fase 5: Equipes autogeridas Fase 3: Equipes centradas no líder Fase 4: Equipes coesas Fase 2: Realidade e impaciência Fase 1: Início Planejar a implementação Tomar a decisão Fonte: Griffin e Moorhead (2006, p. 260). A implementação de equipes nas organizações é um processo longo e árduo. Depois de se tomar a decisão de dar início às equipes, o comitê diretivo desenvolve planos para a equipe de projeto, que planeja todo o processo. A meta é que as equipes se tornem autogerenciadas. O tempo de cada estágio varia de acordo com a organização, sua cultura, o perfil das lideranças, o perfil dos liderados e o foco empreendido sobre essa questão. 222 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância TrabalhoemEquipe-CooperaçãoouSaudávelCompetiçãoInterna Não faz muito tempo que, paradoxalmente, os gerentes acreditavam que a formação de equipes era apenas uma alternativa aceitável para o sucesso da empresa, sendo tratada, como outras metas empresariais,comsuperficialatenção.Ofenômenodainternacionalizaçãodaeconomia,entretanto, modificouessavisão(eaposturadosgerentes),especialmenteemvirtudedacompetiçãoglobalizada, da multifuncionalidade, do impacto da tecnologia, dos resultados tangíveis de trabalhos feitos por equipes, da diminuição do absenteísmo após implantação de equipes, da exigência das normas ISO/QS e da horizontalização da hierarquia. Valorizou-se, a partir de então, o processo contínuo e interativo de um grupo de pessoas aprendendo, crescendo e trabalhando interdependentemente para alcançarmetaseobjetivosespecíficosnosuporteaumamissãocomum,numprocessobaseadonos princípiosevaloresclaramentedefinidoseentendidos.Comisso,tornarosintegrantesdeumaequipe capazes de se tolerarem entre si o bastante para trabalharem estreitamente unidos passou a ser uma nova preocupação gerencial, além de mantê-los comprometidos com um objetivo comum e o mesmo repertório de procedimentos para atingir aquele objetivo. Apesar dessa mudança, alguns paradigmas se sustentam, como o de que tudo deve ser feito de modo competitivo, criando-se o que costuma-se chamar de “saudável competição interna”; por essa maneira de agir, espera-se que se desenvolva entre os membros de uma equipe uma individualidade competitiva de tal maneira que lutem por seus objetivos pessoais e que, no fim, tudo seja milagrosamente, revertido ao bem da equipe. Confesso que vejo isso como algo esquizofrênico e que merece todo o cuidado numa empresa. Como pretende-se desenvolver equipes sinérgicas e altamente produtivas se o fator motivacional é a desagregação? Por que desenvolver equipes com base num paradigma que alimente o comportamento colaborativo? Acompetiçãotemumefeitodevastadornocaráter.Oprofissionalcompetitivoestásempredesconfiado, amedrontado, inseguro e intranqüilo pois nunca quer ser sobrepujado. Ora, se ele trabalha numa equipe e espera não ser superado, está sempre se defendendo “contra” os esforços dos seus colegas detime,usandotodotipodeartimanhaparaessefim.Àsvezesusamartifíciosdeaparênciaingênua, coisassimplescomopiadaseditosquepodemesconderfortalecedoresdadesconfiança,alimento básico da competição. Cuidado com os provérbios anestesiam o raciocínio (“se a esmola é demais, osantodesconfia”,“gatoescaldadotemmedodeáguafria”,etc.)equepodemminaraauto-estima. Comoalimentamadesconfiançananaturezahumana,reforçaanão-cooperação-seeudesconfio, eunãocoopero.Querdizer,adesconfiançaalimentaoindividualismoedestróiosentidodeequipe. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 223 Outra coisa que acompanha a “saudável competição interna” é o estresse. Alguém que passa 24 horas competindo, pensando em formas para derrotar e defender-se dos outros, fica muito cansado, gerando estresse e degeneração da qualidade de vida , e provocando doenças ocupacionais. Melhor seria se encontrasse a sua motivação no amor pelo trabalho, no re-significado de suas tarefas, na retomada da dignidade do seu desempenho e dos motivos que possui para ser a pessoa boa que é. Podemos dizer que, em última análise, o foco da cooperação é o quanto hoje se está melhor do que há seis meses: “Quanto eu estou melhor na minha história de vida?” Se o foco é estar melhor como pessoa, então a importância é a consciência crítica na relação com seus colegas de equipe. Esta, a meu ver, deve funcionar com alto nível de consciência crítica, sabendo manter condutas de colaboração, logo, sinergia de ações sem diversidade de objetivos (por conta de interpretações pessoais); se a equipe não se mostra dessa forma, algo não está bem, sendo importante uma rápida intervenção, podendo usar as “dicas” abaixo na identificação de eventuais crises em suas equipes de trabalho: Você não consegue descrever facilmente a missão da equipe: nas fases iniciais da equipe, é extremamente importante descrever a missão. Porém, este também pode ser um problema quando a equipe está junta há muitos anos e seus integrantes perderam o foco. Um teste: se você propuser a declaração da missão, os outros integrantes concordariam com você? As reuniões são formais, enfadonhas ou tensas: as pessoas não fazem um bom trabalho num ambiente desagradável. Embora possam se mostrar reservadas durante as primeiras reuniões, enquanto avaliam a situação, é bom estar atento se as coisas não se descontraírem depois de certo tempo. Pergunte-se se alguém na equipe está se esforçando para criar um clima informal. Há muita participação, mas pouca realização: algumas equipes falam demais e agem muito pouco; gostam simplesmente da interação que o grupo proporciona. Se você é um membro de equipe com alto nível de envolvimento, analise se está satisfeito com os resultados tangíveis ou o progresso em direção às metas nas últimas três semanas. Há muita conversa, mas não muita comunicação: muitas equipes compõem-se de pessoas muito talentosas que gostam de conversar, mas não de ouvir as contribuições dos outros. Ouvir com atenção é a chave do planejamento eficaz, da solução de problemas, solução de conflitos e tomada de decisões. Pense em sua última reunião. Observou se os integrantes fizeram perguntas de esclarecimento, se usaram paráfrases para melhor compreensão ou resumos das idéias de outros? As divergências são manifestadas em conversas particulares após a reunião: embora às vezes haja explosão em público, as divergências organizacionais raramente se manifestam abertamente. As equipes sadias discutem francamente suas divergências profissionais. Reflita um pouco. Você está ciente das divergências importantes entre os integrantes que não estão sendo tratados abertamente? As decisões são tomadas pelo líder formal com pouco envolvimento significativo por outros integrantes: uma vez que muitos gerentes modernos estão cientes da importância da participação, atualmente adota-se cada vez mais métodos de reuniões, pesquisas e outros métodos de envolvimen- 224 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância to da equipe na tomada de decisões. Entretanto, a prova real é ver se as discussões importantes da equipe e as idéias de todos são analisadas com seriedade no esforço de obter o consenso verdadeiro. Os integrantes não são francos entre si por causa do baixo nível de confiança: nas etapas iniciais, é natural que haja um baixo nível de confiança à medida que os integrantes se conhecem. Porém, se sua equipe está junta há certo tempo, seria conveniente perguntar o quanto se sente à vontade para expressar seus verdadeiros sentimentos sobre as questões que surgem. Há confusão ou divergência sobre as atribuições de papéis ou tarefas: geralmente, os conflitos emergem com questões interpessoais ou emocionais. Em outras palavras, as pessoas ficam simplesmente furiosas porque um dos integrantes fez ou deixou de fazer alguma coisa. É difícil constatar os conflitos de papéis. Talvez seja necessário que você se sente com outros integrantes da equipe e analisem se todos os integrantes pensam e agem como “nossa” equipe. As pessoas em outras áreas da empresa que são fundamentais ao sucesso da equipe não estão colaborando: as equipes normalmente necessitam da assistência de pessoas externas que provêm as verbas, equipamentos, pessoal e apoio intangível. No histórico de uma equipe, as boas relações externas raramente deixam de ser importantes. Em qualquer momento, é importante saber se há pessoas importantes lá fora que não sabem o que estamos fazendo ou que estão cientes do nosso trabalho, mas não nos apóiam. A equipe tem pessoas de mais com o mesmo estilo: embora possa haver diversidade de conhecimentos técnicos, há freqüentemente semelhanças na abordagem quanto ao trabalho em equipe. A diversidadedeestiloslevaaoexamedetodososaspectosdaeficáciadaequipe.Sevocêsentircerta falta de diversidade de estilos, analise se os integrantes estão igualmente preocupados em realizar tarefasdemaneiraaltamenteprofissional,estabelecermetaseassegurarquetodootrabalhoestejadirecionado a essas metas, desenvolver e manter o grupo como equipe e questionar metas e métodos. Aequipeexistehápelomenostrêsmesesmasnuncaavaliousuaatuação: É necessário que as equipes avaliem o progresso em função das metas e o processo da equipe. Examine sua equipe e pergunte: “Quando foi a última vez que nos analisamos?”. Fonte: RIBEIRO, Paulo César T. TrabalhoEmEquipe - Cooperação Ou Saudável Competição Interna . Disponível em: <http://www.rhportal.com.br>. Acesso em: 21 mar. 2012. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 225 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final de nossa quinta unidade de estudo, na qual aprofundamos nossas reflexões sobre o processo de desenvolvimento dos grupos e a formação de equipes de trabalho. Quando nos referimos em grupos de trabalho, devemos entender que todas as equipes são grupos, mas as equipes criam uma sinergia que resulta em um nível de desempenho maior do que a soma das contribuições individuais. Os tipos básicos de equipes são círculos de qualidade, equipes de trabalho, equipes de solução de problemas, equipes gerenciais, desenvolvimento de produtos e equipes virtuais. Ao longo desta quinta unidade, estudamos os motivos que explicam a popularidade das equipes no universo organizacional, bem como seus benefícios e seus custos, sendo que ao observarmos essas duas questões, logo percebemos que os benefícios são mais expressivos que os custos. Entre os principais benefícios temos: melhoria do desempenho, benefícios aos funcionários, diminuição de custos, melhorias para a empresa. Entre os possíveis custos temos: confusão por parte dos gestores, sentimento de fracasso e desistência. Na sequência da unidade de estudo, falamos sobre a importância da distribuição de papéis nas equipes, uma vez que a execução sistematizada desses papéis é que geram o resultado geral da equipe. Dessa forma, é necessário estabelecer os papéis com bastante clareza a todos os envolvidos. Ainda nessa etapa, falamos sobre as equipes eficazes, em que o alto desempenho é comumente encontrado em equipes de pequeno porte, habilidades diversas, atribuições de papéis às pessoas adequadas, missão (um propósito significativo ao qual todos os membros aspiram), metas específicas, responsabilização individual e em equipe e um sistema de avaliação e recompensa modificado para contemplar o desempenho de equipe. A administração pode transformar os indivíduos em participantes efetivos de uma equipe mediante a seleção de pessoas com uma orientação coletivista, o treinamento em equipe e a reformulação do sistema de premiação para incentivar os esforços de cooperação. Finalizando esta unidade, trouxemos as ideias que envolvem o processo de implantação de equipes de trabalho, em que, para a transição de uma organização de seu modelo tradicional para uma organização constituída por equipes, exige-se uma análise aprofundada das partes envolvidas, bem como um bom planejamento antes de ser implementada. Realmente, trabalhar em equipes gera muito mais resultado que trabalhar sozinho, mas exige uma capacidade de colaboração muito grande. Os membros verdadeiramente precisam estar convictos de que 226 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância esse método de trabalho é o melhor. É sempre um desafio, porque nem sempre as pessoas estão dispostas a trabalhar em equipes. Encerro nossa quinta unidade de estudo e fica aqui o desafio lançado. O desafio de formarmos verdadeiras equipes! Forte abraço até uma próxima oportunidade. ATIVIDADE DE AUTOESTUDO • Considerando nosso estudo, em específico o processo de formação de equipes, os sistemas de remuneração devem ser modificados quando as organizações passam a adotar o trabalho em equipes? Explique por quê. • Imaginando os benefícios que o trabalho em equipe pode proporcionar e considerando que você seja o gestor de um grupo, quais os procedimentos a serem tomados para iniciar o processo de formação de uma equipe de trabalho? • Considerando as etapas para a implantação de uma equipe, quais seriam as vantagens e as desvantagens das equipes autogeridas? • Atuar nos moldes de equipe tem proporcionado às empresas a otimização de recursos e resultados, sendo este um dos argumentos que a torna tão comentada no universo corporativo. Efetivamente, quais os benefícios e/ou custos das equipes de trabalho? Descreva um exemplo que você conheça. IVANCEVICH. John M. Gestãoderecursoshumanos. Capítulo 1 p. 05 - 28. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2008. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 227 CONCLUSÃO Olá, chegamos ao final de nosso conteúdo! Após termos estudado os assuntos que envolvem a Motivação de Indivíduos e Grupos de Trabalho, certamente, a partir de agora, você terá condições de entender e se relacionar com o assunto de uma maneira especial e diferenciada, pois, atualmente, recai sobre a atividade gerencial a responsabilidade de promover ambiente e condições de trabalho que possam gerar incentivos motivacionais e o estímulo ao desenvolvimento de trabalhos com base em equipes. Dessa forma, todo gestor necessita compreender como a motivação se manifesta nas pessoas e também como os grupos e equipes se desenvolvem, sendo ainda importante lembrar sobre os impactos que as relações e os comportamentos dos indivíduos podem exercer sobre os resultados e desempenho da organização. Na unidade I do livro, abordamos a relação entre pessoas e organizações, bem como a personalidade como decorrência das experiências e vivências e seus efeitos sobre o comportamento humano. Apresentamos algumas ideias sobre a importância da percepção sobre a forma de ser, pensar e agir de cada um, desencadeando um processo único em cada indivíduo e promovendo uma diversidade de diferenças individuais. Tratamos ainda sobre o comportamento e o relacionamento no local de trabalho e foram apresentado algumas sugestões de habilidades para as relações humanas, tais sugestões tiveram como propósito auxiliar o leitor a desenvolver seus relacionamentos de forma mais assertiva e ainda observar o comportamento das pessoas de forma sistêmica. A unidade II nos trouxe uma definição e o entendimento claro do que vem a ser a motivação, explicando por que um trabalhador motivado pode não ser necessariamente um funcionário de alto desempenho. Falamos sobre o ciclo motivacional e a frustração dos indivíduos e suas possíveis reações. No desenrolar da unidade, abordamos as diferentes teorias da motivação humana, sendo: a hierarquia das necessidades de Maslow, a teoria ERC de Alderfer, a teoria das necessidades manifestas de Henry Murray, a teoria das necessidades aprendidas de David McClelland, a teoria X Y de McGregor, a teoria da motivação-higiene de Herzberg. Foram abordadas ainda a importância do reforço positivo, a teoria da expectativa e a teoria da fixação de metas. De forma geral, o conteúdo da unidade deixa claro que a motivação é uma manifestação individual e gestores e líderes não podem motivar outras pessoas, mas sim apenas influenciar comportamentos por meio de suas estratégias ao estabelecer as relações 228 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância com seus liderados, ou ainda por meio de programas de remuneração variável, planos salariais baseados na habilidade, programas de reconhecimento e a importância do ambiente de trabalho como fator influenciador na motivação dos indivíduos. Na unidade III, estudamos as atitudes e emoções geradas no local de trabalho, as mais importantes são a satisfação no trabalho e o estresse ocupacional. Iniciamos definindo o que é satisfação no trabalho e, em seguida, fez-se uma abordagem sobre o estresse no trabalho. Procurou-se descrever todo o processo evolutivo do estresse e logo as consequências para a empresa e também para os indivíduos, os quais são: custos com assistência médica, absenteísmo e rotatividade de pessoal, baixo compromisso com o trabalho e até a violência no local de trabalho. Destaco ainda as fontes de insatisfação e estresse, em que podemos citar o ambiente físico e social, inclinações pessoais, natureza das tarefas, os papéis e conflitos organizacionais. Para aprender a lidar e administrar o estresse, foi apontado um passo a passo para a identificação da causa e minimização dos efeitos da insatisfação e do estresse. Para finalizar, a unidade nos traz alguns conceitos e ideias sobre a inteligência emocional, apresentando as cinco competências para seu desenvolvimento e ainda menciona a importância de desenvolvermos a resiliência, uma vez que ela nos possibilita lidar melhor com as inúmeras adversidades que ocorrem em nosso dia a dia de forma a não permitir que tais adversidades possam comprometer nossos objetivos. Na unidade IV do livro, procuramos entender o que são grupos de trabalhos e como podem ser classificados, sendo os grupos formais aqueles estabelecidos e definidos pela organização e os grupos informais aqueles criados pela iniciativa dos membros. Na sequência, foram descritos os estágios da formação de um grupo, abordando desde seu primeiro momento, o encontro, passando pelas várias fases de surgimento e percepção das diferenças: o abrandamento dessas diferenças, a fase do desempenho e por fim a dissolução do grupo. Por meio de nossos estudos, procurou-se identificar os fatores que afetam as relações entre grupos, sendo estes bastante diversos, e ainda descrevemos a relação entre coesão e produtividade de grupo. Esses fatores que influenciam as relações e também a coesão podem ser diretamente proporcionais ao número de pessoas que compõem o grupo, sendo que quanto maior o número de pessoas, mais chances apresenta de ter desvios nas relações e baixa coesão. Dessa forma, abordamos os conflitos em grupos e organizações, trazendo alguns direcionamentos para minimizar os efeitos do conflito nos grupos. E por fim, procurouse demonstrar os métodos para administrar relações entre grupos. MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância 229 Finalizando, a unidade V do livro abordou-se o processo de equipes de trabalho. Iniciamos a unidade estabelecendo o conceito do que vem a ser uma equipe, bem como suas diferenças comparadas aos grupos de trabalho. Em seguida, estabelecemos uma reflexão sobre a importância das equipes e o que justifica sua existência nas organizações contemporâneas, sendo este um assunto bastante difundido no universo corporativo e basicamente um objetivo de toda empresa. Conhecemos as diferenças entre equipes e grupos de trabalho e apresentamos os benefícios e custos das equipes no ambiente organizacional. Dando sequência em nosso estudo, apresentaram-se os papéis das equipes nas organizações, bem como os tipos de equipes que podem ser desenvolvidas. Finalizando, foi apresentado, de forma detalhada, o processo de implementação das equipes nas organizações. Enfim, por meio dessa disciplina, você pôde conhecer um pouco mais sobre o tema que é interessante e muito contemporâneo. Espero que você tenha gostado do conteúdo. Desejo sucesso em sua carreira como gestor. Forte abraço e até uma próxima oportunidade! Prof. Luciano Santana Pereira 230 MOTIVAÇÃO DE INDIVÍDUOS E GRUPOS DE TRABALHO | Educação a Distância REFERÊNCIAS AGUIAR, Maria Aparecida. Psicologia aplicada à administração: uma introdução à psicologia organizacional . São Paulo: Escelluo, 1.992. AGUIAR, Maria Aparecida Ferreira de. Psicologia aplicada à administração. Uma abordagem interdisciplinar. São Paulo: Saraiva, 2006. ANGELONI, Maria Terezinha. Organizações do conhecimento: infraestrutura, pessoas e tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2003. BASTOS, Cynara. Relacionamento interpessoal e sucesso. Disponível em:<http://www. rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=5mvf259pa>. Acesso em: 29 mar. 2012. BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing como estratégia de gestão: encante seu cliente interno. Porto Alegre: L&PM, 2003. CATELLI, Armando (Coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão econômica – GECON. São Paulo: Atlas, 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria Geral da administração. 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