Balanced Scorecard em Instituições Hospitalares: aplicação para o Bloco Operatório Teresa Gameiro, [email protected], aluna do Mestrado em Gestão e Economia da Saúde, FEUC, enfermeira no Bloco Operatório do Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE Manuela Frederico-Ferreira, [email protected], PhD, Professora Coordenadora, Escola Superior de Enfermagem de Coimbra INTRODUÇÃO Na saúde, um dos desafios para as instituições hospitalares é encontrar novas ferramentas de gestão para solucionar dificuldades financeiras sem perda do nível de qualidade esperado pela população. O conceito de New Public Management propõe aos serviços públicos a introdução de mecanismos de eficiência e princípios de gestão similares aos do sector privado. O Balanced Scorecard (BSC) é um modelo de gestão desenvolvido por Kaplan e Norton para o sector privado, no início dos anos 90. Na sua forma original, a partir da Missão, Visão e Estratégia, desdobra-se nas perspectivas Financeira, dos Clientes, dos Processos Internos e Aprendizagem e Desenvolvimento. É, portanto, o exemplo de um modelo de gestão que auxilia as organizações a traduzir a estratégia em objectivos operacionais que direccionam comportamentos e o desempenho. Na sua adaptação ao sector público, a Perspectiva Financeira perde prioridade, dando lugar à Perspectiva dos Clientes, podendo, ainda, o modelo pode ser adaptado à realidade onde pretende ser aplicado. Missão Perspectiva Clientes Quem são os nossos clientes? Como criamos valor para os nossos clientes? Perspectiva Financeira Como acrescentamos valor para os nossos clientes controlando os custos? Visão e Estratégia Perspectiva Processos Internos Para satisfazer os nossos clientes, cumprindo regras orçamentais, em que processos teremos de ser excelentes? Perspectiva Aprendizagem e Desenvolvimento Como podemos melhorar e mudar continuamente, correspondendo às mudanças? BSC adaptado aos serviços públicos (adaptado de: Pinto, 2007) O Bloco Operatório é um serviço complexo, com actividade altamente especializada. Os processos cirúrgicos são responsáveis por um consumo considerável de recursos dentro de um hospital, sendo mesmo, um dos mais dispendiosos. Apesar de ter um baixo nível de permeabilidade, a sua actividade tem um grande impacto na instituição pela interacção que desenvolve directa ou indirectamente com o resto do hospital. A inovação tecnológica constante pressupõe não só o aumento da despesa em materiais e equipamentos, mas também na formação dos recursos humanos. A utilização eficiente dos recursos e da capacidade instalada é fundamental para a contenção da despesa. A coordenação entre os gestores e responsáveis torna-se um imperativo para a orientação da estratégia e definição de objectivos, com vista a melhorar o desempenho e promover uma melhoria da qualidade dos cuidados prestados. OBJECTIVO O objectivo geral deste estudo é a construção de um BSC para Bloco Operatório. MÉTODO O desenho do estudo é descritivo, recorrendo a entrevistas semi-estruturadas, realizadas a responsáveis pela gestão do Bloco Operatório de diferentes instituições hospitalares públicas: Enfermeiro-chefe, Director do Serviço, Administrador da Área Cirúrgica. RESULTADOS O conteúdo das entrevistas permite-nos referir que: • existe unanimidade dos responsáveis quanto à necessidade de melhoria dos processos existentes e à introdução de novos processos, sendo sempre possível adicionar valor ao trabalho realizado, mantendo ou mesmo reduzindo custos; • a necessidade de formação constante e actualizada dos trabalhadores é também unanimemente considerada, embora nem sempre possível; • a definição de indicadores é uma imposição legal, sendo utilizados apenas na elaboração de relatórios periódicos das instituições. Em nenhum dos hospitais analisados, têm impacto para a melhoria da gestão e desempenho do trabalho realizado. Este estudo revela ainda, alguma falta de comunicação e de coordenação entre os diferentes gestores do mesmo serviço. CONCLUSÕES Consideramos que a construção de um modelo de gestão adequado ao Bloco Operatório, é um contributo importante não só para a melhoria da qualidade dos serviços prestados, mas também melhoria das politicas de gestão e do desempenho do serviço, e consequentemente para a estratégia organizacional. A utilização de modelos teóricos aplicados à realidade prática é uma necessidade cada vez maior para quem tem preocupações de gestão dos serviços de saúde e de sustentabilidade das organizações. BIBLIOGRAFIA - Fragata, J. Risco Clínico – Complexidade e Performance. Coimbra: Edições Almedina; 2006. - Pinto, F. Balanced Scorecard – Alinhar Mudança, Estratégia e Performance nos Serviços Públicos. Lisboa: Edições Sílabo; 2007