Maria Augusta Bolsanello Paulo Ricardo Ross Colaboradoras: Dinéia Urbanek Jane Sberge Maria Augusta de Oliveira Mônica Cecília Gonçalves C. Franke Sueli de Fátima Fernández Educação Especial e Avaliação de Aprendizagem na Escola Regular (caderno 1) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Brasil. Secretaria de Educação Básica UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores Os textos que compõem estes cursos, não podem ser reproduzidos sem autorização dos editores © Copyright by 2005 - EDITORA/UFPR - SEB/MEC Universidade Federal do Paraná Praça Santos Andrade, 50 - Centro - CEP 80060300 - Curitiba - PR - Brasil Telefone: 55 (41) 3310-2838/Fax: (41) 3310-2759 - email: [email protected] http://www.cinfop.ufpr.br Presidente da República Federativa do Brasil Luis Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação Básica Francisco das Chagas Fernandes Diretora do Departamento de Políticas da Educação Infantil e Ensino Fundamental Jeanete Beauchamp Coordenadora Geral de Política de Formação Lydia Bechara Reitor da Universidade Federal do Paraná Carlos Augusto Moreira Júnior Vice-Reitora da Universidade Federal do Paraná Maria Tarcisa Silva Bega Pró-Reitor de Administração da Universidade Federal do Paraná Hamilton Costa Júnior Pró-Reitora de Extensão e Cultura da Universidade Federal do Paraná Rita de Cassia Lopes Pró-Reitor de Graduação da Universidade Federal do Paraná Valdo José Cavallet Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná Nivaldo Rizzi Pró-Reitor de Planejamento da Universidade Federal do Paraná Zaki Akel Sobrinho Pró-Reitor de Recursos Humanos da Universidade Federal do Paraná Vilson Kachel Diretor da Editora UFPR Luís Gonçales Bueno de Camargo CINFOP Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores Coordenador Geral - Valdo José Cavallet Coordenadora Pedagógica - Ettiène Guérios Secretaria Gloria Lucia Perine Jorge Luiz Lipski Nara Angela dos Anjos Diagramação Arvin Milanez Junior - CD-ROM Clodomiro M. do Nascimento Jr Everson Vieira Machado Leonardo Bettinelli - Design - CD-ROM Priscilla Meyer Proença - CD-ROM Rafael Pitarch Forcadell - CD-ROM Equipe Operacional Neusa Rosa Nery de Lima Moro Sandramara S. K. de Paula Soares Silvia Teresa Sparano Reich Revisão Maria Simone Utida dos Santos Amadeu Revisão de Linguagem Cleuza Cecato Professores, autores, pesquisadores, colaboradores Alcione Luis Pereira Carvalho Altair Pivovar Ana Maria Petraitis Liblik Andréa Barbosa Gouveia Angelo Ricardo de Souza Christiane Gioppo Cleusa Maria Fuckner Dilvo Ilvo Ristoff Ettiène Guérios Flávia Dias Ribeiro Gilberto de Castro Gloria Lucia Perine Irapuru Haruo Flórido Jean Carlos Moreno Joana Paulin Romanowski José Chotguis Laura Ceretta Moreira Lílian Anna Wachowicz Lucia Helena Vendrusculo Possari Márcia Helena Mendonça Maria Augusta Bolsanello Maria Julia Fernandes Mariluci Alves Maftum Marina Isabel Mateus de Almeida Mario de Paula Soares Filho Mônica Ribeiro da Silva Onilza Borges Martins Paulo Ross Pura Lúcia Oliver Martins Roberto Filizola Roberto J. Medeiros Jr. Sandramara S. K. de Paula Soares Serlei F. Ranzi Sônia Fátima Schwendler Tania T. B. Zimer Verônica de Azevedo Mazza Vilma M. M. Barra Wanirley Pedroso Guelfi Técnicos em Educação Especial Dinéia Urbanek Jane Sberge Maria Augusta de Oliveira Monica Cecília G. Granke Sueli de Fátima Fernandez Consultoria Pedagógica e Análise dos Materiais Didáticos em EAD Leda Maria Rangearo Fiorentini UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SISTEMA DE BIBLIOTECAS - BIBLIOTECA CENTRAL COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS Bolsanello, Maria Augusta Educação especial e avaliação de aprendizagem na escola regular : caderno 1 / Maria Augusta Bolsanello, Paulo Ricardo Ross; colaboradores: Dinéia Urbanek... [et all.]; Universidade Federal do Paraná, Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante, Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores; Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. - Curitiba : Ed. da UFPR, 2005. 78p. : il., Retrs. - (Avaliação da aprendizagem; 7) ISBN 85-7335-146-2 Inclui bibliografia e notas 1. Educação especial. 2. Estudantes - Avaliação. I. Ross, Paulo Ricardo. II.Urbanek, Dinéia. III.Universidade Federal do Paraná, Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores. IV.Brasil. Secretaria de Educação Básica. V.Título. CDD 371.27 COLEÇÃO AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 1 - Fundamentos Teóricos do processo de avaliação na sala de aula 2 - A Avaliação em Língua Portuguesa nas séries iniciais 3 - A Avaliação em História nas séries iniciais 4 - A Avaliação em Geografia nas séries iniciais 5 - A Avaliação em Matemática nas séries iniciais 6 - A Avaliação em Ciências Naturais nas séries iniciais 7 - Educação Especial e Avaliação de Aprendizagem na Escola Regular (caderno 1) 8 - Educação Especial e Avaliação de Aprendizagem na Escola Regular (caderno 2) 9 - A Avaliação e Temática Indígena nas séries iniciais A Avaliação em História nas séries iniciais CDs da Coleção Avaliação da Aprendizagem: Educação Especial e Temática Indígena. A Avaliação em Ciências Naturais nas séries iniciais UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ A Avaliação e Temática Indígena na séries iniciais CENTRO INTERDISCIPLINAR DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES INFOP A Avaliação em Língua Portuguesa nas séries iniciais Vídeo Narrado em Educação Especial A Avaliação em Matemática nas séries iniciais RS Educação Especial e Avaliação de Aprendizagem na Escola Regular (caderno 2) OFESSORES NUADA DE PR FORMAÇÃO CONTI DO PARANÁ ISCIPLINAR DE ENTRO INTERDIDADE FEDERAL Fundamentos Teóricos do Processo de Avaliação na Sala de Aula INFOP UNIVE A Avaliação em Geografia nas séries iniciais Alcione Luis Pereira Carvalho Ana Maria Petraitis Liblik Christiane Gioppo Cleusa Maria Fuckner Ettiène Guérios (org.) Flávia Dias Ribeiro Gilberto de Castro Jean Carlos Moreno Maria Augusta Bolsanello Maria Julia Fernandes Paulo Ross Roberto Filizola Roberto J. Medeiros Jr. Serlei F. Ranzi Tania T. B. Zimer Vilma M. M. Barra Wanirley Pedroso Guelfi Educação Especial e Avaliação de Aprendizagem na Escola Regular (caderno 1) AUTORES E COLABORADORES Mensagem da Coordenação Caro(a) cursista, Ao desejar-lhe boas-vindas, apresentamos a seguir alguns caminhos para a leitura compreensiva deste material, especialmente elaborado para os cursos do CINFOP. Ao se apropriar dos conteúdos dos cursos, você deverá fazê-lo de maneira progressiva, com postura interativa. Você deve proceder à leitura compreensiva dos textos, ou seja, refletindo sobre as possibilidades de aplicação dos conhecimentos adquiridos na sua própria realidade. Aproveite ao máximo esta oportunidade: observe os símbolos e as ilustrações, consulte as fontes complementares indicadas, elabore sínteses e esquemas, realize as atividades propostas. Tão logo seja iniciado o seu estudo, você deve elaborar uma programação pessoal, baseada no tempo disponível. Deve estabelecer uma previsão em relação aos conteúdos a serem estudados, os prazos para realização das atividades e as datas de entrega. A intenção dos cursos do CINFOP é a de que você construa o seu processo de aprendizagem. Porém, sabemos que tal empreendimento não depende somente de esforços individuais, mas da ação coletiva de todos os envolvidos. Contamos com as equipes de produção, de docência, de administração, contamos principalmente com você, pois sabemos que do esforço de todos nós depende o sucesso desta construção. Bom trabalho! A Coordenação GLOSSÁRIO DE SÍMBOLOS O material didático foi elaborado com a preocupação de possibilitar a sua interação com o conteúdo. Para isto utilizamos alguns recursos visuais. Apresentamos a seguir os símbolos utilizados no material e seus significados. Realize a pesquisa, complementando o estudo com as leituras indicadas, para aprofundamento do conteúdo. Realize a compreensão crítica do texto, relacionando a teoria e a prática. Realize as atividades que orientam o acompanhamento do seu próprio processo de aprendizagem. Registre os pontos relevantes, os conceitos-chave, as perguntas, as sugestões e todas as idéias relacionadas ao estudo que achar importantes, em um caderno, bloco de anotações ou arquivo eletrônico. Realize as atividades que fazem a síntese de todo o estudo, verificando as compreensões necessárias ao seu processo de formação. Realize as atividades que consolidam a aprendizagem, aproximando o conhecimento adquirido ao seu cotidiano pessoal e profissional. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 UNIDADE 1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM NECESSIDADES ESPECIAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1 O QUE SIGNIFICA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (NEE)? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 UMA EDUCAÇÃO ESPECIAL?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.3 ESCOLA INCLUSIVA? O QUE ISTO SIGNIFICA? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3.1 Princípios da escola inclusiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3.2 Atitudes preconceituosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4 ADAPTAÇÕES CURRICULARES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.4.1 Adaptações de grande porte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.4.2 Adaptações de pequeno porte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.5 Categorias de Adaptações Curriculares de Pequeno Porte. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5.1 Adaptação de objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5.2 Adaptação de conteúdos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5.3 Adaptações do método de ensino e da organização didática. . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.5.4 Adaptação do espaço e da temporalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.5.5 Adaptação do processo de avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 UNIDADE 2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA MENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.1 CONHECENDO O ALUNO COM DEFICIÊNCIA MENTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.3 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 UNIDADE 3 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM CONDUTAS TÍPICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.1 CONHECENDO O ALUNO COM CONDUTAS TÍPICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 3.3 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 UNIDADE 4 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 4.1 CONHECENDO O ALUNO COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO . . . . . 63 4.1.1 O professor de superdotados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 4.3 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 APRESENTAÇÃO Neste Módulo, que compreende os Cadernos 1 e 2, você encontrará contribuições para a compreensão do processo de avaliação da aprendizagem de alunos com as seguintes necessidades educacionais especiais: Ÿ Deficiências (mental, auditiva, visual). Ÿ Condutas típicas (quadros psicológicos, neurológicos e psiquiátricos). Ÿ Superdotação/altas habilidades. O módulo é composto de sete unidades, sendo que as quatro primeiras encontram-se no Caderno 1 e as três últimas encontram-se no Caderno 2. Na primeira unidade buscamos esclarecer o significado de termos como necessidades educacionais especiais, educação especial, educação inclusiva e adaptações curriculares, a fim de fornecer subsídios para que você compreenda mais adequadamente a temática da área. Nas unidades dois, três e quatro abordamos consecutivamente o estudo da avaliação da aprendizagem dos alunos que apresentam a deficiência mental, as condutas típicas e a superdotação/altas habilidades. As unidades cinco, seis e sete são dedicadas ao estudo da avaliação da aprendizagem dos alunos que apresentam a surdez, a deficiência visual e a deficiência física, consecutivamente. Ao longo do Módulo Educação Especial, você estará realizando algumas atividades, que deverão culminar no trabalho final do curso. Desejamos que o estudo deste módulo seja também um processo de experimentação, investigação, formação. Você deverá elaborar uma proposta de intervenção pedagógica enfatizando a avaliação da aprendizagem escolar, que possibilite: contextualizar o estudado; refletir sobre o contexto pedagógico; buscar informações adicionais sobre o tema de estudo. O curso encerra-se com a apresentação escrita da proposta ao seu tutor. Levar essa proposta à sua realização não será mais um compromisso com este curso, mas com você mesmo. 1 OBJETIVO GERAL Ÿ Estudar as especificidades da clientela da educação especial, relacionadas ao atendimento educacional de alunos com necessidades especiais, com ênfase no processo de avaliação da aprendizagem escolar. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ÿ Compreender a importância das adaptações curriculares, com ênfase na avaliação da aprendizagem escolar, no processo de ensino-aprendizagem de alunos com deficiências, com condutas típicas e superdotação/altas habilidades. Ÿ Contribuir para a reflexão da prática avaliativa do professor. Ÿ Refletir sobre a importância da educação inclusiva, no combate a atitudes discriminatórias e preconceituosas, na criação de comunidades acolhedoras e no desenvolvimento de uma sociedade inclusiva. UNIDADES DE CONTEÚDO Caderno 1: Unidade 1- Avaliação da Aprendizagem do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais Unidade 2-Avaliação da Aprendizagem do Aluno com Deficiência Mental Unidade 3- Avaliação da Aprendizagem do do Aluno com Condutas Típicas Unidade 4-Avaliação da Aprendizagem do Aluno com Altas Habilidades / Superdotação Caderno 2: Unidade 5- Avaliação da Aprendizagem do Aluno Surdo Unidade 6-Avaliação da Aprendizagem do Aluno com Deficiência Visual Unidade 7-Avaliação da Aprendizagem do Aluno com Deficiência Física Esperamos que este módulo proporcione a você uma introdução informativa, esclarecedora e de fácil leitura na compreensão da educação especial, uma disciplina em rápida mudança e em construção. E que você procure enriquecer sua formação e trabalho com crianças e adultos com necessidades especiais, para contribuir com informações úteis ao desenvolvimento, tanto teórico quanto prático, da Educação Especial. 2 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 UNIDADE 1 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS INTRODUÇÃO “É preciso romper definitivamente o estereótipo do mestre com a fita métrica na mão, pronto para medir, julgar e rotular cada um de seus estudantes". Luiz Carlos de Menezes Esta unidade tem por finalidade: ŸEsclarecer o significado de termos como necessidades educacionais especiais, educação especial, educação inclusiva e adaptações curriculares, a fim de que você possa compreender mais adequadamente o conteúdo das próximas unidades e dos outros módulos. 1.1 O QUE SIGNIFICA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (NEE)? Antes de falarmos sobre alunos com necessidades educacionais especiais, é importante que você sabia que: Todos os alunos têm necessidades educacionais COMUNS, que são atendidas pelos professores e se relacionam às aprendizagens dos conteúdos escolares. Todos os alunos têm necessidades educacionais INDIVIDUAIS, uma vez que possuem diferentes capacidades, interesses, níveis, ritmos e estilos de aprendizagem. Alguns alunos têm necessidades educacionais ESPECIAIS, exigindo tanto uma atenção mais específica quanto recursos e metodologias educacionais adicionais. Quem seriam estes alunos com necessidades educacionais ESPECIAIS? 3 Numerosos professores definem alunos com necessidades educacionais especiais como aqueles que possuem deficiências. Entretanto, a conceituação de necessidades educacionais é muito mais abrangente e hoje, inclusive, veio substituir o termo “pessoas excepcionais” ou “pessoas com excepcionalidade”. Este conceito começou a ser utilizado a partir dos anos 60, mas teve uma divulgação mais ampla a partir da Declaração de Salamanca. Você conhece a Declaração de Salamanca? Já ouviu falar nela? A Declaração de Salamanca foi proclamada em assembléia, durante a Conferência Mundial de Educação Especial, pelos delegados representantes de 88 governos, entre eles o Brasil, e 25 organizações internacionais. Esta conferência ocorreu na cidade de Salamanca, na Espanha, entre 7 e 10 de junho de 1994, tornando-se um importante referencial para a educação inclusiva. Conheça a Declaração de Salamanca na sua íntegra acessando: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf Em linhas gerais, podemos conceituar alunos com necessidades educacionais especiais como aqueles que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento, decorrentes de circunstâncias que podem ser de ordem biológica, psicológica, social e cultural, exigindo uma atenção mais específica e maiores recursos sociais e educacionais, a fim de desenvolverem suas potencialidades. De acordo com a Declaração de Salamanca, alunos com necessidades educacionais especiais seriam aquelas crianças ou pessoas: Ÿ que apresentam deficiências; Ÿ que apresentam condutas típicas; Ÿ superdotados; 4 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Ÿ que vivem nas ruas; Ÿ crianças trabalhadoras; Ÿ imigrantes ou de população nômade; Ÿ pertencentes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais; Ÿ pertencentes a outros grupos desfavorecidos ou marginalizados. Como você pode ver, as pessoas com necessidades educacionais especiais fazem parte de uma população ampla e diversificada que necessitam de uma atenção mais específica e maiores recursos educacionais que os necessários para os colegas de sua idade. Necessitam, portanto, de uma educação especial. . Em sua escola há alunos que se enquadram no grupo com necessidades educacionais especiais, conforme os preconizados pela Declaração de Salamanca? Quais dessas necessidades eles apresentam? 1.2 UMA EDUCAÇÃO ESPECIAL? Mas esta não é aquela destinada para alunos com deficiências? Muitos professores também pensam que a educação especial é destinada somente para pessoas com deficiências e que é circunscrita às classes especiais ou escolas especiais. A educação especial sempre visou atender somente alunos que apresentassem deficiências (mentais, sensoriais, físicas e múltiplas), como também aqueles que apresentassem condutas típicas (oriundas de quadros neurológicos/psiquiátricos) e altas habilidades/superdotação. Seu campo de atuação era as classes e escolas especiais, bem como os centros de atendimento especializado. Hoje, a educação especial continua a atender estes alunos. Entretanto, como você pôde observar, com a nova conceituação de 5 “alunos com necessidades especiais”, conferida pela Declaração de Salamanca e outros documentos da legislação internacional e brasileira, a ação da educação especial ampliou-se, passando a abranger também outros alunos que não os especificados acima, e também se inserindo no âmbito da escola regular. A Educação Especial pode ser definida como “uma modalidade de educação escolar que visa promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à idade, necessitando de recursos pedagógicos e metodologias educacionais específicas”. (Política Nacional de Educação Especial-MEC). Conheça as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf. Esse documento foi publicado pelo Conselho Nacional de Educação e traz novas concepções sobre a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e orienta a organização dos sistemas de ensino para o atendimento ao aluno com necessidades educacionais. Como você pode perceber, neste contexto, a educação especial deixa de centrar-se nos déficits e dificuldades dos alunos, para centrar-se no desenvolvimento de suas potencialidades. Cabe à educação especial oferecer um conjunto de recursos educativos que devem ser colocados à disposição dos alunos, a fim de facilitar ao máximo sua participação nas situações educativas, objetivando a busca de um ambiente o menos restritivo possível para dar respostas às suas necessidades educacionais. Estas respostas devem estar mais próximas possíveis de cada situação individual de aprendizagem, convertendo-se assim a escola em um marco educativo no que condiz ao respeito à diversidade, visando 6 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 uma escola inclusiva. 1.3 ESCOLA INCLUSIVA? O que isto significa? O conceito de escola inclusiva advém de um consenso emergente de que alunos com necessidades educacionais especiais devem ser incluídos em arranjos educacionais na escola regular. Inserir tais arranjos nas escolas é um passo crucial no sentido de modificar atitudes preconceituosas e discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e de desenvolver uma sociedade inclusiva, fazendo com que as diferenças entre as pessoas não se transformem em desigualdades. Veja o que diz o artigo 8 da Declaração de Salamanca: Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educação efetiva. Educação inclusiva é o modo mais eficaz para construção de solidariedade entre crianças com necessidades educacionais especiais e seus colegas. O encaminhamento de crianças a escolas especiais ou a classes especiais ou a sessões especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infreqüentes onde fique claramente demonstrado que a educação na classe regular seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da criança ou quando sejam requisitados em nome do bem estar da criança ou de outras crianças. 1.3.1 Princípios da Escola Inclusiva Todos são BENEFICIADOS quando se incluem alunos com NEE na escola regular! 7 No trabalho escolar cotidiano, cinco são os princípios que podem proporcionar uma escola inclusiva, em que todos os alunos são beneficiados: Ÿ Agrupamentos heterogêneos: todos os alunos são educados juntos, com e sem necessidades educacionais especiais Os estudos evidenciam que os alunos se desenvolvem melhor quando se encontram, em uma proporção natural, em presença física, social, emocional ou intelectual com pessoas sem necessidades educacionais especiais. Por sua vez, os alunos sem NEE perdem o medo e o preconceito em relação ao diferente e desenvolvem a cooperação. Desde cedo assimilam que as pessoas, famílias e os espaços sociais não são homogêneos e que as diferenças são enriquecedoras para o ser humano. Ÿ Sentimento de pertencer ao grupo Todos os alunos devem se considerar membros do grupo. Dentro destes grupos os alunos com NEE devem se sentir tão bem recebidos quanto os sem NEE. Ÿ Planejamento de atividades de distinto nível de dificuldade Os alunos recebem experiências educativas diferenciadas (aulas, grupos de trabalho, grupos de aprendizagem) ao mesmo tempo. Os alunos com NEE demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem por meio do trabalho em grupos. Ÿ Uso de ambientes freqüentados por pessoas sem NEE As experiências educativas devem ter lugar em ambientes freqüentados fundamentalmente por pessoas sem NEE (aulas comuns, centros comunitários, etc.), o que favorece o entrosamento social e o combate a atitudes discriminatórias. Ÿ Experiências educativas equilibradas A educação inclusiva deve estabelecer um equilíbrio entre os aspectos acadêmicos/funcionais do currículo e os componentes sociais/pessoais do mesmo. Por exemplo, os 8 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 professores devem levar em conta o autoconceito dos alunos e sua rede de relações sociais, para planejar o desenvolvimento de atividades que melhorem suas habilidades intelectuais e sociais e suas estratégias de aprendizagem. Acesse o site: <http://www.mec.gov.br/seesp> Nele você poderá acessar aos dados sobre a educação especial, legislação específica nacional e documentos internacionais, e também um catálogo de publicações importantes para o trabalho pedagógico do professor como, por exemplo: saberes e práticas da inclusão, portal de ajudas técnicas para a educação, escola viva. PROFESSOR, saiba que uma atitude positiva de sua parte é um primeiro passo para uma educação inclusiva: Ÿ A inclusão depende das atitudes dos professores face aos alunos com necessidades especiais, da sua capacidade para melhorar as relações sociais, das suas formas de perceber as diferenças na sala de aula e da sua capacidade para gerir eficazmente essas diferenças. Ÿ Para responder eficazmente a esta diversidade no seio das salas de aula, os professores precisam dispor de um conjunto de competências, de conhecimentos, de abordagens pedagógicas, de métodos, de materiais e de tempo. Ÿ Os professores têm necessidade de apoio tanto dentro como fora da escola. A liderança do diretor da escola, da comunidade e dos governos é crucial. A cooperação regional entre serviços e pais constitui um pré-requisito para uma efetiva inclusão. Ÿ Os governos devem expressar, claramente, o seu ponto de vista sobre a inclusão e facultar condições adequadas, que permitam uma utilização flexível dos recursos. 9 1.3.2 Atitudes Preconceituosas O maior obstáculo à educação de alunos com necessidades educacionais especiais são as atitudes preconceituosas! Aleijado, excepcional, deficiente! Apesar de conquistas, as pessoas com deficiências ainda se deparam, em determinadas situações, com termos que são, quase sempre pejorativos e carregados de preconceitos. Por exemplo, pessoas com deficiência mental muitas vezes são designadas como burras, bobas, idiotas, imbecis, loucas, mongolóides. Pessoas com deficiência física ainda são chamadas de aleijadas, condenadas na cadeira de rodas. Ceguinho, mudinho, também são termos ainda designados para pessoas surdas ou cegas. Estas classificações geram a exclusão de pessoas com necessidades especiais das atividades, privilégios e facilidades da sociedade. Para Amaral (1994), o desconhecimento é a matéria-prima do preconceito. Não resta nenhuma dúvida de quanto as pessoas e as comunidades ignoram os aspectos relacionados às deficiências, por exemplo. É ainda muito forte a mensagem sem nenhum fundamento de que a deficiência é causada pela intervenção de Deus: é uma maldição divina pelas ofensas e pecados humanos. Evidencia-se que outra constante que gera o preconceito foi e continua sendo a avaliação do OUTRO pela aparência. De acordo com Jelloun, a partir da aparência, capa externa que reveste o ser humano, não se chega a uma diversidade de valores, mas a uma hierarquia na qualidade das pessoas (JELLOUN, 1984). Leia a citação da pedagoga Marsely Martins Dantas: “O professor pode se sentir inseguro ou despreparado, pode procurar a qualificação necessária para atender tais alunos [com necessidades especiais] e pode até se sentir incapaz, mas não aceitá-los é inaceitável. Não aceitá-los é negar sua condição de educador. 10 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Educar vem do latim educare e significa cuidar, nutrir, ensinar. Nosso papel não é simplesmente passar conteúdos. A escola conteudista faliu! Nosso papel é formar o cidadão, ensinando os valores essenciais para a convivência harmoniosa em sociedade” (REVISTA EDUCAÇÃO & FAMÍLIA, s/d). E você, PROFESSOR, é um profissional que ousa aceitar o desafio de auxiliar o outro a se construir e a se constituir como ser humano? Segundo a Organização Mundial da Saúde, 10% da população mundial possui algum tipo de necessidade especial. No Brasil, infelizmente, somente 1% deste total possui acesso aos recursos sociais e educacionais. Segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em nosso país, há aproximadamente 110 mil alunos com alguma deficiência estudando nas escolas regulares. Conforme o censo de 2002, a inclusão vem ganhando espaço, mas ainda 340 mil crianças com deficiências encontram-se fora das escolas. 1.4 ADAPTAÇÕES CURRICULARES E quanto ao ensino na sala de aula? De que modo você pode promover a aprendizagem do seu aluno? Para que o sistema educacional favoreça a todos os alunos, e dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais, deverá fornecer respostas educativas que tanto facilitem o acesso ao currículo, a participação integral, efetiva e bem sucedida em um programa da escola regular quanto leve em consideração as peculiaridades e necessidades especiais dos alunos no processo de elaboração do planejamento escolar. Estas respostas educativas são chamadas de ADAPTAÇÕES CURRICULARES. 11 Adaptações curriculares consistem em qualquer ajuste ou modificação que se faça no currículo (nos objetivos, conteúdos, metodologias ou critérios e procedimentos de avaliação), para atender os alunos com necessidades educacionais especiais. Elas podem ser de grande porte e de pequeno porte. 1.4.1 Adaptações de Grande Porte As adaptações curriculares de GRANDE PORTE são aquelas que extrapolam a área de ação específica do professor e que são da competência formal dos órgãos superiores da política e da administração educacional. Muitas são as modalidades de adaptações curriculares de grande porte. Exemplos: Ÿ a aquisição de equipamentos específicos para alunos cegos, que favorecerão a sua comunicação escrita e sua participação nas diversas atividades escolares; Ÿ construção de rampas, barras de apoio, banheiros adaptados para o aluno com deficiência física; Ÿ aquisição de computadores, softwares específicos, para o aluno superdotado; Ÿ provisão do ensino da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para professores e alunos, que contribuirá para a comunicação com o aluno surdo; Ÿ adequações nos objetivos, conteúdos, metodologia e organização didática, avaliação e temporalidade no nível do projeto pedagógico (currículo escolar). Conheça mais sobre adaptações curriculares de grande porte, acessando: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cartilha05.pdf> Conheça mais sobre adaptações curriculares de pequeno porte, acessando: <Http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cartilha06.pdf> 12 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 1.4.2 Adaptações de Pequeno Porte As adaptações de pequeno porte são aquelas ações que cabem a você, professor, implementar em sua sala de aula, a fim de favorecer a aprendizagem de seus alunos. As adaptações de pequeno porte são modificações promovidas no currículo, pelo professor, a fim de que seus alunos com necessidades especiais participem produtivamente do processo ensino-aprendizagem, na escola regular, junto aos demais colegas de turma. São chamadas de pequeno porte, porque sua implementação decorre da responsabilidade e ação exclusivas do professor, independendo de autorização ou ação de qualquer outra instância superior. Você pode implementar adaptações curriculares de pequeno porte em várias áreas e em vários momentos de sua atuação: Ÿ na promoção do acesso ao currículo; Ÿ nos objetivos de ensino; Ÿ no conteúdo ensinado; Ÿ no método de ensino; Ÿ no processo de avaliação; Ÿ na temporalidade. Há alunos que podem necessitar somente de adaptações curriculares de grande porte. Outros podem necessitar somente de adaptações de pequeno porte. E outros podem necessitar das duas formas de adaptações curriculares. 13 1.5 CATEGORIAS DE ADAPTAÇÕES CURRICULARES DE PEQUENO PORTE As adaptações curriculares de pequeno porte são de atribuição e responsabilidade exclusivas do professor, em sua atuação, na sala de aula, e se constituem em ajustes que o professor pode promover para atender às necessidades especiais de seus alunos. 1.5.1 Adaptação de Objetivos É a adaptação que o professor pode fazer nos objetivospedagógicos constantes no seu plano de ensino. Apesar de todos os alunos estarem envolvidos nas mesmas atividades, os objetivos educativos propostos para cada um deles são diferentes. Os alunos podem perseguir distintos objetivos de aprendizagem dentro da mesma área curricular (por exemplo, a linguagem) no transcurso de uma mesma atividade. Dentro da mesma atividade um aluno pode tratar de conseguir determinados objetivos curriculares concretos (por exemplo, habilidades sociais) enquanto que seus companheiros se centram na execução de outros objetivos (por exemplo, ciências naturais). É importante estabelecermos objetivos que abranjam as áreas afetiva, motora, cognitiva e social e também objetivos que visem a aquisição de valores, normas e atitudes. 1.5.2 Adaptação de Conteúdos O conteúdo a ser trabalhado com o aluno será sempre delineado pelos objetivos propostos no plano de ensino. Contudo, a ordem em que se situa, as prioridades que o professor dará às diferentes unidades, áreas, itens e subitens do plano de ensino, bem como a ênfase que dará a um determinado item, em detrimento do outro, é de sua competência decidir, sempre em função das necessidades especiais presentes. Conteúdos que favoreçam a autonomia no 14 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 processo ensino-aprendizagem permitem ao professor dedicar um tempo maior ao aluno com NEE. 1.5.3 Adaptações do Método de Ensino e da Organização Didática A metodologia é um dos elementos da ação do professor que mais necessita de inovação. A fim de atender as características e as necessidades peculiares de seu aluno, o professor pode modificar seus procedimentos de ensino, tanto introduzindo atividades alternativas às previstas quanto introduzindo atividades complementares àquelas que havia originalmente planejado. Por exemplo, para o aluno cego será certamente necessário que o professor descreva verbal e minuciosamente as características de uma determinada situação ou objeto; pode também ser necessário favorecer que ele manipule objetos para perceber suas características. É interessante promover situações educativas individuais ou em pequenos grupos, o que permite maior flexibilidade ao professor, que ao supervisionar as atividades, pode dedicar um tempo maior ao aluno com NEE. 1.5.4 Adaptação do Espaço e da Temporalidade A metodologia desenvolvida e a organização das atividades devem levar em consideração a disposição do espaço, a fim de promover a aprendizagem, facilitar a movimentação independente e a socialização. Alunos com necessidades especiais podem necessitar de adaptações, como sentar-se perto do professor, ter equipamentos especiais, maior espaço para a cadeira de rodas, entre outras. Quanto à temporalidade, devemos mudar a concepção de que todos devem fazer as mesmas tarefas, ao mesmo tempo. Podemos 15 aumentar ou diminuir o tempo previsto para o trato de determinados objetivos e os conseqüentes conteúdos. Por exemplo, atividades escritas tomarão mais tempo de alunos cegos. Atividades orais tomarão mais tempo de alunos surdos. Determinadas atividades podem tomar menos tempo do aluno com superdotação. 1.5.5 Adaptação do Processo de Avaliação A avaliação deve ser um indicador, para o professor, de qual caminho percorrer para não visar o julgamento do aluno. Toda avaliação exige ações correspondentes, visando a melhoria do processo ensino-aprendizagem. Se isto não ocorrer, estamos avaliando não somente para rotular, mas sim também para discriminar e excluir. A avaliação é um processo que permeia todo o processo ensinoaprendizagem. Para que ela alcance sua finalidade, é necessário conhecer o potencial de aprendizagem que o aluno possui e os avanços que alcança em relação ao próprio desempenho, antes de compará-lo com os outros alunos. As avaliações podem tornar-se preciosos momentos de aprendizagem, uma vez que permitem identificar os fatores que podem interferir ou favorecer o desenvolvimento dos alunos e intervir de maneira adequada. O aluno que estamos avaliando pode ter características de aprendizagem diferentes das quais o professor está acostumado a lidar, o que vai lhe requerer atenção especial, mas isso não significa que a sua estrutura mental e a qualidade de sua aprendizagem sejam necessariamente deficitárias em relação aos outros alunos, Significa, sim, que temos que definir critérios claros e específicos para esta avaliação e não que tenhamos que praticá-la de maneira paternalista. Assim, é importante: 16 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Ÿ Que o professor esteja constantemente atento para identificar que conhecimento o aluno já dispõe (relacionados com o tema de cada unidade de conteúdo) e que necessidades especiais apresenta. Ÿ Que o professor, baseando-se em sua experiência cotidiana, crie formas alternativas de ensinar, que respondam às necessidades identificadas, sem sair de sua rotina com o grupo. Ÿ Que o professor se utilize continuamente da avaliação para identificar o que precisa ser ajustado no processo de ensinar. Leia e analise o texto abaixo, elaborado pelo Professor Doutor Paulo Ricardo Ross, do Setor de Educação, da Universidade Federal do Paraná, pesquisador na área da inclusão. Em seguida, elabore um pequeno texto, apresentando seu posicionamento à luz de sua prática profissional. Você tem altas expectativas sobre a capacidade de aprender dos alunos, admitindo que possam ter certas limitações, como todo ser humano? Se a resposta é afirmativa, provavelmente você não se utiliza da avaliação para rotular os alunos de ignorantes ou de superiores. Você não toma a avaliação como ameaça ou subterfúgio para exercício de sua autoridade ou poder. Você não a realiza pontualmente, porque a considera secundária, nem a toma como exame, isto é, um registro quantitativo do desempenho do aluno. Se você acredita na capacidade de aprender de cada um dos alunos, você avalia continuadamente e globalmente a manifestação da aprendizagem do aluno, suas dificuldades, seus avanços, o que faz com ajuda e o que já faz sozinho, os apoios ainda necessários, bem como as mudanças a serem propostas em termos de conteúdo, linguagem, temporalidade, procedimentos e outras formas de 17 adaptações. Portanto, você considera a avaliação como um ato amoroso de acolhimento das conquistas e da própria individualidade do aluno. Na verdade, a avaliação é um momento de olhar o próprio trabalho, suas angústias, seu planejamento, sua organização, suas falhas e suas necessidades de aprender e de mudar! As necessidades especiais, as deficiências sensoriais, intelectuais e físico-motoras podem provocar em você reações de defesa, como negação, fuga, justificação e racionalização. Você pode alegar a falta de preparo ou a ausência de experiência anterior. Talvez, venha evocar argumentações relacionadas ao mérito, à fatalidade das desigualdades, recusando-se a contribuir ou abraçar a necessidade de modificação das condições educacionais das pessoas com deficiências ou outra necessidade especial. Essas pessoas não podem ser culpabilizadas nem pagar o ônus por apresentarem necessidades. Se o professor é aquele que organiza a prática pedagógica com o conhecimento, afeto e experiência, então, a avaliação é o momento de o aluno manifestar suas aprendizagens, suas ajudas e suas conquistas. Por outro lado, não podemos esquecer a importância da família, da escola e da comunidade para o sucesso do processo ensinoaprendizagem. Veja o que dizem os artigos 57, 58 e 59 da Estrutura de Ação em Educação Especial, preconizados pela Declaração de Salamanca, sobre a participação familiar: Art. 57. A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e 18 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 dos pais deveria ser aprimorado através da provisão de informação necessária em linguagem clara e simples; ou enfoque na urgência de informação e de treinamento em habilidades paternas constitui uma tarefa importante em culturas aonde a tradição de escolarização seja pouca. Art.58. Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne as necessidades especiais de suas crianças, e desta maneira eles deveriam, o máximo possível, ter a chance de poder escolher o tipo de provisão educacional que eles desejam para suas crianças. Art. 59. Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores escolares, professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam ser considerados enquanto parceiros ativos nos processos de tomada de decisão. Pais deveriam ser encorajados a participar em atividades educacionais em casa e na escola (aonde eles poderiam observar técnicas efetivas e aprender como organizar atividades extra-curriculares), bem como na supervisão e apoio à aprendizagem de suas crianças. Entreviste professores da escola regular e da escola especial que tenham tido alunos com necessidades especiais. Faça um levantamento de adequações curriculares que eles utilizam em sua atividade pedagógica e faça uma análise delas, levando em conta o conteúdo estudado nesta unidade. COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, Á. Desenvolvimento Psicológico: Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. V.3. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. GLAT, R. ; MULLER, T. M. P. . Uma Professora Muito Especial. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1999. (Apresenta uma trabalho feito junto à professoras que atuam nas classes especiais, procurando ouvir o que 19 elas têm a dizer e a nos ensinar sobre sua prática profissional, seus alunos e suas necessidades). WERNECK, C. Você é gente? Rio de Janeiro: WVA, 2003. (Descreve dinamicamente a metodologia das Oficinas Inclusivas e o conteúdo conceitual). http://novaescola.abril.com.br: digite em busca > deficiência. Você encontrará depoimentos de professores e alunos sobre a inclusão, dificuldades e experiências de sucesso, procedimentos pedagógicos. 20 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 REFERÊNCIAS AMARAL, L. A. Pensar a Diferença/Deficiência. Brasília: Coordenadoria para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994. BAUTISTA, R. (Org.) Necessidades Educativas Especiales. Aljibe: Málaga, Espanha, 2003. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Secretaria de Educação Especial MEC; SEESP, 2001. BRASIL. Ministério da Educação. Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola alunos com necessidades especiais. Adaptações Curriculares de Grande Porte, cartilha 5. MEC; SEESP, 2000. BRASIL. Ministério da Educação. Projeto Escola Viva. Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola alunos com necessidades especiais. Adaptações Curriculares de Pequeno Porte, cartilha 6. MEC; SEESP, 2000. COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, Á. Desenvolvimento Psicológico: Necessidades Educativas Especiais e Aprendizagem Escolar. V. 3. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. CORDE. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília, DF, 1994. ESCALANTE, I. Evaluación Escolar en el Contexto de una Educación para la Diversidad. Disponível em: <http://www.pasoapaso.com.ve/GEMAS/gemas_94.htm>. Acesso em 02 fev. 2005. GLAT, R. Integração Social dos Portadores de Deficiência: Uma Reflexão. Rio de Janeiro: Editora Sette Letras, 1995. HEWARD, W. L. Niños Excepcionales: uma introducción a la educación especial. Prentice Hall: Madrid, 1998. JELLOUN, T. B. A Imagem Deformada. O Correio da Unesco, n. 1. p. 22-24, jan. 1984. REVISTA EDUCAÇÃO E FAMÍLIA. Deficiências: a diversidade faz parte da vida. Ano I, edição 05, São Paulo: Escala, s/d. 21 SASSAKI, R. K. Inclusão. Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1991. STAINBACK, S. e STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Especial. Catálogo de Publicações. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br /seesp/index.php?option=content&task=view&id=64&Itemid=193>. Acesso em: 20 jan. 2005. WERNEK, C. Você é gente? Rio de Janeiro: WVA, 2003. 22 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 UNIDADE 2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA MENTAL “Defino a avaliação como um ato amoroso, no sentido de que avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo.” (Cipriano C. Luckesi.) O desejo de concretizarmos uma política educacional transformadora, capaz de oferecer uma escola acolhedora e competente, preocupada em possibilitar a construção individual e coletiva do saber, incentivou a organização deste módulo de estudo. Esta unidade tem por objetivo oferecer indicadores para a prática avaliativa no interior da escola, compreendendo que a principal finalidade da avaliação é melhorar a qualidade da aprendizagem de todos os alunos. Tem por objetivos específicos: Ÿ Contribuir para a reflexão da prática avaliativa do professor. Ÿ Possibilitar a compreensão do processo ensinoaprendizagem do aluno com deficiência mental. Ÿ Oferecer subsídios para auxiliar na construção de uma escola de qualidade para todos. 2.1 CONHECENDO O ALUNO COM DEFICIÊNCIA MENTAL A definição de Deficiência Mental sempre esteve associada aos aspectos da avaliação. Inicialmente compreendia-se que uma pessoa teria este diagnóstico quando apresentasse um quociente 23 1 de inteligência (QI) inferior a 70, média geral apresentada pela população, conforme os testes psicométricos padronizados ou pela defasagem cognitiva em relação às respostas esperadas para a idade e realidade sócio-cultural. Segundo a Associação Americana de Deficiência Mental e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DMS IV), a Deficiência Mental pode ser definida como “o estado de redução notável do funcionamento intelectual significativamente inferior à média, associado a limitações pelo menos em dois aspectos do funcionamento adaptativo: comunicação e cuidados pessoais, competências domésticas, habilidades sociais, utilização dos recursos comunitários, autonomia, saúde e segurança, aptidões escolares, lazer e trabalho.” Com esta nova compreensão já não é suficiente classificar a deficiência mental em leve, moderada, severa ou profunda, mas sim especificar o grau de comprometimento funcional adaptativo. É importante determinar, por exemplo, em que áreas (habilidades sociais, de comunicação, etc.), a pessoa com deficiência mental necessita de mais apoio. Ao considerarmos a Deficiência Mental um estado onde existe uma limitação funcional em qualquer área do desenvolvimento humano, abaixo da média geral para a cultura local onde está inserida, podemos também compreender que uma pessoa pode ser considerada como tendo uma deficiência em uma determinada cultura e em outra não, de acordo com a capacidade dessa pessoa satisfazer as necessidades dessa cultura. Isso torna o diagnóstico relativo. Existe aqui a necessidade de fazermos um esclarecimento sobre o assunto: ____________________________ 1 O quociente de inteligência (QI) resulta da divisão da idade mental (obtido através de testes padronizados) pela idade cronológica multiplicada por 100. Uma criança com 6 anos com idade mental de 3 anos apresentará um QI de 50, sendo assim considerada deficiente mental. 24 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Todo aluno que tem dificuldades de aprendizagem também tem deficiência mental? Não! Existem alunos que, embora apresentem inteligência, visão, audição, capacidade motora e equilíbrio neuropsicológico adequados, manifestam dificuldades para aprender conteúdos escolares. Isto significa que estes alunos aprendem muitas coisas do cotidiano, da vida diária. Suas dificuldades de aprendizagem situam-se no âmbito escolar. A estes alunos geralmente denominamos “alunos com dificuldades de aprendizagem”. Existem alunos, por sua vez, que apresentam dificuldades de aprender não só conteúdos escolares, mas apresentam um desenvolvimento lento e tardio na aquisição de conhecimentos e habilidades sociais e da vida diária, apresentando um ritmo de aprendizagem mais lento, maior dificuldade em abstrair e generalizar e uma adaptação mais lenta a novas situações. A estes alunos denominamos “alunos com deficiência mental”. Sobre a Deficiência Mental: <http://www.apaecr.hpg.ig.com.br>; <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br>; <http://www.enscer.com.br>; <http://www.educacaoonline.pro.br>. O Aluno com Deficiência Mental pode Apresentar: Ÿ Atrasos no desenvolvimento neuro-psicomotor (a criança demora para firmar a cabeça, sentar, andar, falar, alternar os pés ao subir uma escada, por exemplo) e na linguagem compreensiva (dificuldades para compreender ordens) e expressiva (atraso para começar a falar, dificuldade de expressar suas idéias, dificuldades em nomear objetos, etc.). Ÿ Dificuldade no aprendizado (recepção, memorização e reação aos estímulos visuais, auditivos e táteis). Ÿ Dificuldade de articular pensamento e ação (planejar planos de trabalho e tarefas, bem como colocá-las em prática, etc.). Ÿ Dificuldade de localização espaço temporal. Ÿ Dificuldade de consciência, imagem e esquema corporal. 25 Ÿ Necessidade de supervisão em atividades de autocuidado (controle de esfíncteres, higiene corporal...). Ÿ Aprendizagem lenta, com atraso acentuado no rendimento escolar. Ÿ Comportamento infantilizado para sua faixa etária. Ÿ Dependência afetiva da figura adulta de referência. Ÿ Dificuldades no registro gráfico das atividades. Ÿ Necessidade de apoio visual para reter imagens mentais (necessidade de ver o objeto para lembrar-se dele). Ÿ Dificuldade para generalizar, transferir e aplicar estratégias já aprendidas em situações e problemas diferentes dos atuais, deflagrando dificuldade de transpor a aprendizagem. Ÿ Capacidade de persistir um longo período de tempo em atividades repetitivas e de rotina. Ÿ Baixa auto-estima, decorrente de como foram tratados em sua vida escolar e familiar. Procure responder as questões abaixo, anotando suas idéias: Ÿ Você já teve um aluno com deficiência mental em sala de aula? Ÿ Que reação você e seus alunos teriam hoje se recebessem um aluno com graves comprometimentos cognitivos em sua sala? Ÿ Você aceitaria ou não incluir em sua classe um aluno com deficiência mental? Lembre-se de que os alunos com deficiência mental: Precisam das mesmas coisas que todos precisam: dignidade, respeito, liberdade, educação, saúde, lazer, assistência social, trabalho e amparo. Não apresentam dificuldades em todas as áreas de habilidades adaptativas, possuem capacidades e habilidades que lhes permitem usufruir de todos os recursos de sua comunidade. Sua saúde física influencia no seu processo de aprendizagem, assim como as exigências e expectativas que o cercam. 26 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 A sua deficiência não é doença, portanto não é transmissível. Podem ter saúde perfeita, vida sexual ativa, casar-se, ter filhos, trabalhar e auto sustentar-se. Seu comprometimento cognitivo não é sinônimo de problemas 2 de comportamento . Como todas as pessoas eles podem ter depressão, apresentar quadro de hiperatividade, ser resistentes a mudanças, entre outros, podendo precisar também de tratamento psiquiátrico se for necessário. Seu déficit cognitivo pode dificultar a compreensão das normas de condutas socialmente aceitas, mas é preciso ensinar-lhes, pois condutas sociais são aprendidas. Desejam a naturalidade das pessoas, evite a superproteção ou rejeição. Precisam ser aceitos como são para serem felizes, não faça comparações, a não ser com eles mesmos. Precisam ser tratados conforme sua idade cronológica, fazer as coisas sozinhos, receber ajuda só quando realmente for necessário, participar de todas as atividades coletivas da comunidade conforme sua idade. Levam mais tempo para aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais. Não subestime a sua inteligência. Sensibilize a turma a aceitar o aluno com deficiência mental. Identifique pessoas que têm dificuldades na aprendizagem e que são bem sucedidas. Monte esta história com fotos da pessoa, podem ser escolhidas pessoas da própria comunidade escolar; construa painéis na sala de aula e deixe em exposição, logo em seguida construa a história pessoal de cada um dos alunos (também utilizando fotos, atraindo mais o interesse deles), onde todos deverão identificar uma característica que fazem bem ____________________________ 2 Outros fatores emocionais como psicoses, síndrome do pânico, atraso específico do desenvolvimento da linguagem ou dislexia, baixo nível sócio econômico ou cultural, entre outros, podem estar na base da impossibilidade do ajustamento social adaptativo adequado, sem que haja necessariamente deficiência mental. 27 e outra que tenham dificuldade. Mostre que se não conseguimos fazer algo podemos com certeza fazer e aprender outra coisa tão boa ou importante como a primeira; ressalte que todos têm características diferentes e, cada um com sua história, é importante para a família, amigos e sociedade. 2.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Para realizar uma boa avaliação escolar do aluno com Deficiência Mental é necessário tomar alguns cuidados específicos com relação ao planejamento, em função de suas características próprias. A metodologia, os objetivos e os conteúdos devem ser adequados às necessidades de cada aluno. Trata-se aqui da efetivação do currículo adaptado (veja Unidade 1) no qual precisa constar o levantamento das necessidades e potencialidades do aluno. Seu objetivo é evitar o afastamento do aluno do ensino regular e ser efetivamente funcional, propondo medidas preventivas que levem o educando a aprender os conteúdos curriculares de maneira mais justa às suas condições individuais, buscar soluções para as suas necessidades específicas a fim de prosseguir na sua carreira acadêmica e impedir o fracasso do processo ensino aprendizagem, favorecendo a inclusão do aluno na escola e na sociedade, maximizando capacidades e potencialidades. Procure Currículo adaptado no site do Ministério da Educação: <http://www.mec.gov.br> Busque o documento “Parâmetros Curriculares Nacionais Adaptações Curriculares, estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais especiais”. A metodologia utilizada pelos docentes convoca a uma nova movimentação dos alunos dentro da escola exigindo cooperação e participação de todos os envolvidos, a fim de que seja viva e dinâmica, uma escola que viva a Arte, as Ciências, a Literatura, a Matemática, escola esta que não limite sua prática às paredes da 28 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 sala da aula, uma vez que seu maior recurso pedagógico é o mundo. Cabe aqui ao professor, de forma desafiante e empolgante, criar acontecimentos e espaços para que a educação aconteça, assim como articular o espaço e o tempo, possibilitando ao educando tomar iniciativa, ter responsabilidade e assumir o compromisso com seu processo de aprendizagem. Dizer ao professor que ele atenderá uma criança com deficiência mental sem inicialmente orientá-lo faz com que se sinta o único responsável pela proposta. É preciso oferecer muito mais que soluções genéricas, sendo objetivo para encontrar soluções às situações por vezes conflitantes e desafiadoras dos planejamentos. O ensino para o aluno com déficit cognitivo prevê a utilização de alguns métodos e técnicas específicos, para o qual dependerá o grau de sua deficiência. Entretanto, geralmente todos os procedimentos utilizados na rede regular de ensino beneficiam a sua aprendizagem. O seu sucesso escolar depende impreterivelmente de três condições: 1°-Condições orgânicas: dizem respeito ao nível da lesão cerebral. 2°-Condições emocionais: referem-se à constituição do sujeito, podendo estar ou não associadas a quadros psiquiátricos. 3°-Condições ambientais estimuladoras: neste aspecto considera-se o nível de desenvolvimento de cada um, o investimento em suas possibilidades cognitivas e emocionais e o trabalho dentro de seu interesse, por meio de atividades que priorizem a construção do pensamento e a sua autonomia pessoal para resolver problemas. Cada aluno atingirá um nível próprio de aprendizagem, cabendo à escola prover recursos e estratégias para garantir as condições essenciais para que isto ocorra. Nesta proposta não é possível conceber carteiras enfileiradas, alunos passivos copiando do quadro e repetindo conteúdos, alunos 29 solitários, quietos e sem movimento, escolas silenciosas e organizadas de forma tradicional. Nela o aluno será autor do seu processo de aprendizagem, não se restringindo a executar um roteiro já determinado. Faça uma análise de sua prática docente respondendo às seguintes perguntas: 1. Quais são os problemas que você enfrenta em sala de aula ao ensinar um novo conteúdo? 2. Você se considera motivado a utilizar estratégias inovadoras em sua sala de aula? 3. Quando você acredita que seus alunos aprendem com maior facilidade? Em função de a avaliação estar presente em todas as etapas da construção do currículo adaptado para o aluno com deficiência mental e por estar intimamente vinculada aos conteúdos, objetivos e metodologias da sala de aula, sugerimos a seguir algumas orientações para a elaboração deste currículo: Ÿ Analise a situação sócio-cultural de cada criança. O aluno pode estar passando por outras dificuldades, que prejudicam o seu processo de aprendizagem, como por exemplo, estar sendo vítima de violência doméstica. Ÿ Constitua uma rede de apoio interna para realizar os planejamentos. A rede de apoio interna é formada pelos professores, pela equipe técnico-pedagógica, por um especialista na área da deficiência mental, pela família, pelo aluno, pelos colegas de sala e pelo representante legal do município ou do estado. Esta equipe é responsável pelo planejamento, organização e realização do currículo adaptado, o qual deverá ser feito de forma organizada e sempre registrado em ata para ser oficializado. 30 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Ÿ Cuide para não ser realizado em caráter de improvisação. Ÿ Os ensalamentos devem se dar, na maioria das vezes, de acordo com a idade cronológica, independente de sua condição cognitiva. Para aprender com seus pares, as crianças devem estar com crianças e os pré-adolescentes com outros alunos pré-adolescentes e assim sucessivamente. Ÿ Ter valor prático para sua vida, com real significado e funcional. O aluno deve identificar a função do que está aprendendo, invista na contextualização significativa. Muito mais do que contextualizar é a necessidade do conteúdo fazer sentido e atrair o interesse do aluno com dificuldade cognitiva. Ele precisa apresentar desejo de saber sobre o assunto, a forma de fazê-lo é desafiá-lo em todos os momentos da aula. Nem tudo o que está contextualizado pode ser significativo, pode-se trabalhar as infraestruturas do bairro do aluno (trabalhando dentro do seu contexto) e ele não se interessar pelo assunto; é preciso fazer com que tenha necessidade de dominar este saber, atribuindo sentido ao que aprende e entendendo a sua funcionalidade, então se tornará significativo. Ao ensinar porcentagem, por exemplo, peça aos alunos que tragam de casa etiquetas de suas próprias roupas para verificar a porcentagem de material natural e de fibra artificial que existe no tecido, mostre-lhes a importância de saber mais sobre o assunto. Ÿ Planeje espaços para favorecer a simbolização. Para o aluno com deficiência mental, a aquisição da função simbólica pode ser mais lenta do que para os demais. Dependendo do nível de compreensão do aluno, será preciso contar com inúmeros recursos visuais para todas as atividades, como, por exemplo, criar seqüência visual de conduta adequada para utilizar o banheiro, independente do ciclo ou etapa que esteja. Outro exemplo muito comum é a dificuldade da noção de tempo que podem apresentar. Não é 31 raro identificarmos crianças com deficiência mental em sala de aula apresentando problemas de comportamento, por simplesmente viverem a angústia de não saberem o que acontecerá no decorrer do seu dia, sentindo-se completamente perdidas. Na medida em que o professor elabora grades horárias ilustradas e as auxilia a compreender a organização do tempo, estas crianças diminuem a ansiedade. Chamamos este procedimento de “antecipar-se à criança”. Ÿ Possibilite a escolha e suas conseqüências. O aluno com déficit cognitivo deve gradativamente responsabilizar-se por seu processo de aprendizagem, pelos seus atos e escolhas, tornando-se gradativamente autônomo. Dessa forma, devemos tomar cuidado para não fazer escolhas por ele, pois quanto mais o fizer sozinho mais cedo buscará soluções para seus próprios problemas. Para este aluno é necessário expor na sala, de forma nítida e ilustrada, os combinados e acordos, por meio dos quais deverá aprender a gerenciar as normas de conduta. É comum encontrarmos alunos não realizando tarefas ou apresentando comportamentos inadequados, cuja justificativa é colocada na deficiência que apresentam. Ÿ Identifique metas. Para o aluno tanto é preciso saber onde deve chegar quanto saber a expectativa que o professor tem com relação à sua aprendizagem. Assim, identifique uma meta para cada aluno e os ajude a identificar metas para si mesmos, para serem atingidas a curto, médio e longo prazo. Deixe-as em edital na sala de aula e possibilite a auto avaliação constante, associando sempre o sucesso em atingí-las ao esforço e dedicação. Lembre-se de fazer metas viáveis de serem atingidas; se o sucesso escolar está fora do alcance do aluno ele associa escola e aprendizagem à experiências frustrantes. Procure mostrar sempre uma atividade que antes era difícil realizar e agora tornou-se fácil. Ÿ Permita a manifestação constante em sala de aula. Incentive seus alunos a falarem muito sobre o que fizeram ou 32 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 estão fazendo, pois quanto mais o individuo se manifesta, mais elabora e reelabora o seu conhecimento. Todos os dias retome com o aluno o conteúdo do dia anterior, peça para que relate experiências pessoais sobre o assunto a fim de facilitar a sua memorização e associação, incentivando-o a falar de si mesmo e ajudando-o gradativamente a tomar consciência sobre seu próprio processo de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento da metacognição. Ÿ As atividades devem prioritariamente ser proporcionadas em grupo. O objetivo deste aluno estar em uma sala de aula comum e não em salas especiais é ter a possibilidade de aprender com os seus pares. Sempre que possível procure fazer todas as atividades em grupo, assim como possibilite que todos os dias formem-se grupos diferentes em sala da aula, ampliando as relações da turma. Quando for necessário atendimentos específicos, estes deverão ser feitos em salas de apoio, salas de recurso ou atendimentos psicoeducacionais. ŸAo planejar, a equipe deve acreditar nas potencialidades dos alunos. Corremos riscos constantes de nos determos nas dificuldades e limitações do aluno com deficiência mental. É preciso lembrar que, com as adaptações curriculares adequadas, este aluno tem uma série de possibilidades cognitivas a serem trabalhadas e desenvolvidas. 33 ŸGaranta a utilização das várias linguagens artísticas (artes cênicas, artes plásticas e música). Reserve pelo menos uma atividade com estas linguagens por dia, proporcionado os conteúdos através dos vários canais de aprendizagem. Se o assunto for a fauna e a flora, por exemplo, elabore uma atividade de música, de dramatização, de expressão gráfica, de modelagem, de construção com sucata, entre outros, para que todos os dias o aluno possa vivenciar o mesmo conteúdo de forma diferente. ŸCuide da graduação da atividade. É comum o aluno ter dificuldades de compreender as ordens complexas de uma tarefa, sendo necessária simplificá-la e se necessário subdividí-la em várias ordens simples. ŸProporcione atividade com o corpo. Atividades físicas e motoras são fundamentais para o aluno com deficiência mental, pois o auxiliam a desenvolver a consciência, imagem e esquema corporal. Deve-se investir em atividades que possibilitem também o desenvolvimento do ritmo corporal. Pesquise sobre a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento motor, cognitivo e emocional e sua relação com a aprendizagem, no site: <http://www.navinet.com.br/~gualberto> 34 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Identifique algumas estratégias que podem ser usadas em sua sala de aula. Ÿ A equipe deve manter-se atualizada. É necessário que a equipe busque sempre ampliar seus conhecimentos sobre as dificuldades de aprendizagem. Deve promover e buscar, de forma continuada, palestras, cursos, grupos de estudos. Ÿ Incentive a tutoria em sala de aula. A construção dos valores e atitudes morais também fazem parte do compromisso educacional da escola inclusiva e facilitam a aprendizagem das crianças com maior dificuldade cognitiva, podendo ajudar muito os alunos, estimulando neles o hábito de compartilhar o saber. Ÿ Garanta a liderança positiva. Geralmente o corpo docente encontra dificuldades em atender às necessidades especiais dos alunos no ensino regular. Cada turma deve escolher um professor para que seja o seu representante, transformandoo em um padrinho da turma, o qual será o responsável para garantir a construção dos valores e atitudes morais do grupo, incentivando o hábito de compartilhar, de respeito à diversidade e fortalecendo os vínculos positivos entre os alunos e os professores. Ÿ Realize adaptações de grande e pequeno porte. Caso seja necessário altere a ordem, substitua ou amplie os conteúdos, objetivos e metodologias. Lembre-se que agora você tem a possibilidade de personalizar o currículo para seu aluno. Mobilize os alunos a encontrarem soluções para as situações inesperadas. Exponha o problema para a turma (sem expor a pessoa com deficiência) e os desafie a encontrar uma solução viável para ajudar uma pessoa com determinadas características a melhorar o comportamento ou a aprendizagem. Torneos sócios na resolução de problemas e nas tomadas de decisões. 35 2.3 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR Certifique-se de que todos os instrumentos utilizados permitam captar os progressos de seus alunos, assim como lhes permita refletir sobre sua prática pedagógica para melhorá-la. Você poderá constatar que a avaliação do nível de aprendizagem do aluno com deficiência mental só será eficiente quando a prática pedagógica também o for. As estratégias utilizadas são, na verdade, estratégias de intervenção pedagógica, que ao mesmo tempo em que avaliam também ensinam. Entretanto, é preciso organizar os dados levantados durante o processo e tomar alguns cuidados com sua interpretação. É por isso que sugerimos a seguir, alguns indicadores para esta análise e organização. Lembre-se de que tudo o que for avaliado deverá estar contemplado em seu planejamento, considerando para tal a idade, características e condições da faixa etária dos alunos, bem como de que a avaliação acontece formalmente e informalmente na escola. Não permita que o seu processo de avaliação transforme-se em uma série de tarefas burocráticas que o professor é obrigado a cumprir. Ÿ Garanta que a avaliação se dará de forma participativa com os alunos. Eles somente alcançarão a autonomia escolar quando lhes for dado responsabilidades. Faz parte da avaliação participativa a freqüente auto-avaliação. Assim, instigue seu aluno a fazer comparações de como estava antes e agora, assim como a falar de como avalia o seu nível de participação e execução das atividades. As ações pedagógicas com enfoque na autonomia, na construção do pensamento, na valorização das diferenças exigem uma postura profissional democrática e organizada. A avaliação é apenas um aspecto de uma proposta pedagógica de qualidade. Desta forma, 36 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 constitua em sua sala de aula uma relação acolhedora com seus alunos, fundamentada na honestidade e na liberdade de expressão, trabalhando sob o ponto de vista dos educandos. Desperte o prazer de vir para a escola, pergunte a eles como eles gostariam de organizar a sala de aula, o que e como gostariam de aprender, entre tantos outros aspectos. Faça a família participar de todo o processo, porque quando os pais confiam no professor, sabem o que acontece em sala e percebem que ele acolhe seus filhos, integralmente, tornam-se grandes aliados no processo de ensino e aprendizagem. Você sabe como seus alunos o avaliam? Faça um levantamento com perguntas objetivas, como: se a aula é prazerosa, o que mais gostam, se você os ouve com atenção, se eles sentem satisfação em estar na sala, entre outros. Ÿ Conheça seu aluno e permita que ele se conheça: Faça um breve histórico sóciocultural do aluno, com dados levantados por ele mesmo - mais importante do que saber das informações é saber como ele entende sua própria história. Deixe seu aluno sentir-se seguro para falar de si, pois só falamos o que sabemos, acreditamos em quem somos para quem confiamos. Faça discussão com toda a equipe da rede de apoio interna, para confirmar e socializar os dados. Ÿ Os momentos iniciais das aulas são ótimos espaços para falar de forma espontânea o que aprendeu no dia anterior e fazer livres associações com os conteúdos. Ÿ Utilize entrevistas espontâneas com o aluno, identificando qual seu sonho, qual seu pesadelo, o que está fazendo quando não está na frente da televisão, como é sua família, com quem mais gosta de conversar, instigue-o a saber como foi a história do seu nascimento, qual sua religião, pergunte o que acha de sua condição econômica, busque justificativas para as respostas. Ÿ Faça pesquisa coletiva com os alunos da sala para que eles identifiquem a caracterização do seu grupo, 37 levantando o tipo de moradia, religião, idade, sexo, grupo familiar, interesses. Deixe cada aluno responsável para pesquisar um dado. Faça um quadro coletivo e individual trabalhando com as crianças as diversas variáveis do que foi pesquisado, como: quantos alunos são católicos, quantos moram em casas de madeira, quantos têm 10 anos e assim sucessivamente. Desta forma, mais do que conhecer os seus alunos você estará utilizando um instrumento de avaliação como estratégia pedagógica, trabalhando ainda os conteúdos da matemática, da história, do português. Ÿ Gradativamente faça um levantamento do momento de aprendizagem em todas as áreas, identificando as potencialidades e dificuldades. Lembre-se de que não deve ter o enfoque clínico, tradicional e classificatório. Ÿ Para isto tenha sempre à mão um caderno onde serão anotadas as manifestações espontâneas do aluno sobre as áreas específicas, registrando os seus comentários3; ao longo do tempo, você terá um perfil de sua condição atual de aprendizagem. 4 Ÿ Registre apenas os dados sem fazer julgamento de valor , como bom, ruim, excelente. Ÿ Se preferir, divida a folha em que faz as anotações em duas colunas, pois desse modo poderá usar uma delas para as observações descritivas e na outra colocar suas reflexões, dúvidas como um diário de bordo. Ÿ Identificar a forma como seu aluno aprende é essencial para realizar uma boa avaliação. Em alguns momentos acreditamos que o aluno “não sabe5” realizar a atividade, ____________________________ 3 Caso faça perguntas evite fazê-las de forma tendenciosa, seja objetivo. Os valores atribuídos a alguém são feitos segundo nossa própria história e não segundo a história do aluno, o que é bom para alguns pode não ser bom para outros. 5 Saber ou não saber é relativo e depende do ponto de vista de quem está avaliando. 4 38 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 entretanto, ele pode somente realiza-la de maneira diferente. Utilize muitas atividades lúdicas, desafiando-o a realizar as atividades sozinho e de diferentes formas. Por exemplo, estimule-o a construir uma bicicleta de sucata, a lógica que ele encontrará para realizar a atividade é que fará toda a diferença. Caso ele não consiga planejar o material a ser utilizado, poderá se supor que apresente dificuldades em organizar seus pensamentos, sendo necessário dar lhe uma ordem de cada vez e ajudá-lo a organizar-se em todas as atividades concretas e gráficas na sala de aula. Você sabia que Albert Einstein foi considerado deficiente mental para alguns e autista para outros? Mas na verdade ele só pensava de forma diferente e provou sua genialidade ao longo dos anos. Assim, também temos muitos gênios em sala de aula. Cuide para descobrir a forma como eles aprendem e não somente o que eles estão tendo dificuldades para aprender. “É um milagre a curiosidade sobreviver à educação formal” “Despertar alegria na expressão criativa e no conhecimento é a suprema arte do professor” Albert Einstein. Ÿ Somente indique sua impossibilidade de compreender determinado conteúdo após lançar mão de várias estratégias por um período de no mínimo seis meses. Ÿ Um aluno que tenha dificuldades em compreender o sistema do calendário e a identificar as horas, necessitará de apoio para aprendê-lo. Por exemplo, para ele o calendário da sala de aula deve começar a ser trabalhado pela rotina diária, quando ele compreender a organização do dia, então terá condições de começar a ampliar a sua compreensão do tempo. 39 Ÿ Faça um quadro de rotina de segunda a segunda e divida as atividades por horários; para cada dia da semana identifique uma cor e algo importante que acontece na escola ou na comunidade, como por exemplo, a segunda-feira está identificada com a cor verde e neste dia canta-se o hino nacional com todos os colegas. Ÿ Lembre-se que ele estará construindo uma lógica, assim deve-se evitar mudanças na rotina. Caso seja necessária a alteração, é importante conversar com os alunos e realizar também a mudança no quadro de rotina. Neste momento ele ainda precisa do recurso visual para fazer a imagem mental da organização do tempo, assim gradativamente ele irá construir a noção de antes e depois e o tempo de duração das atividades. Ÿ Somente após uma estratégia específica como esta, ao longo de um período de pelo menos seis meses é que poderemos averiguar se o aluno aprendeu realmente ou não o sistema de calendário. Realizar avaliação constante em sala de aula exige duas condições importantes do professor: organização e capacidade de ouvir e observar. Baseando-se nas sugestões avaliativas, propostas no texto, reflita o quanto você está conseguindo organizar-se, ouvir, observar e colocar-se no lugar de seus alunos, não se deixando tomar pela rotina e falta de tempo. Ÿ Fique atento à capacidade de seu aluno em transpor os conteúdos trabalhados. Como você já sabe, uma das maiores dificuldades do aluno com deficiência mental é fazer a transposição da aprendizagem. Ÿ Crie inúmeras situações em sala de aula para trabalhar o mesmo conteúdo; leve seu aluno a perceber que os conteúdos da aprendizagem podem ser utilizados em situações cotidianas. Independente de utilizar-se de calculadora ou 40 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 palitos para fazer contas, por exemplo, o que interessa é que ele resolva o problema e consiga fazer com os dois recursos; o mesmo acontece com os animais que ele estudou nas aulas de ciências e que são os mesmos do texto utilizado nas aulas de português, sendo preciso auxiliá-lo a fazer associações. Ÿ Caso o aluno necessite de adaptações curriculares de grande porte, sua avaliação corresponderá aos objetivos selecionados em seu planejamento individual, assim como o tempo mínimo para a aquisição dos conteúdos também deverá corresponder ao que foi planejado. Por exemplo, ao invés de cumprir com os conteúdos da primeira etapa do segundo ciclo em 4 bimestres estimou-se, nas adaptações curriculares, que o aluno poderia fazê-lo em 8 bimestres. Ÿ Considere o tempo próprio de cada aluno, a flexibilização do currículo está na possibilidade de cada indivíduo aprender de sua maneira e no seu tempo próprio, reconhecendo que cada um funciona de forma diferente. Ÿ Não é cabível, portanto, dizer que o aluno com deficiência mental não aprendeu o conteúdo antes de pelo menos seis meses consecutivos de trabalho no assunto. Às vezes, o alcance e a profundidade das aprendizagens realizadas só se manifestam algum tempo depois do trabalho realizado. Não é raro identificarmos alunos com déficit cognitivo que passaram um ano tentando se alfabetizar e ao retornar das férias voltaram reconhecendo todas as letras. Ÿ Construa uma política de avaliação com as famílias. Explique aos pais a importância de sua participação neste processo, pois existem dados que poderão ser melhor observados no ambiente familiar da criança, onde ela sentirá maior liberdade para expressar-se. Ÿ Crie o caderno pedagógico (ou portfólio), que terá o objetivo de ser um elo comunicativo entre o professor e a família, onde, por exemplo, poderão ser colocadas fotografias de momentos importantes das aulas e os pais poderão relatar experiências interessantes com os filhos em casa ou como foi realizada a tarefa solicitada pelo professor. 41 Ÿ Permita que o aluno realize as atividades sozinho. Quanto mais o aluno controla e responsabiliza-se pela execução de sua tarefa, mais ele pode mostrar seu real nível de aprendizagem, principalmente quando a atividade exige associar os conteúdos já trabalhados aos conteúdos novos, tornado-o um individuo capaz de resolver seus próprios problemas na vida adulta, questão essencial para o aluno com deficiência mental. Não o deixe esconder-se atrás de suas dificuldades e nem fique penalizado quando ele tiver que repetir várias vezes a mesma tarefa; use o bom senso. Ÿ Registre as atividades por meio de fotografias. Faça exposição delas na sala de aula e peça aos alunos que falem como realizaram as atividades fotografadas, podendo ser produzido um texto sobre o assunto. Esta é uma excelente atividade para verificar o que realmente o aluno interiorizou. Ÿ Crie uma pasta individual (ou portfólio) com os alunos, onde eles guardarão as amostras de seu processo de aprendizagem. Nela só poderão constar dados que forem permitidos pelo próprio aluno, assim como deverão ter fácil acesso a eles. O período das coletas de trabalhos produzidos é um encargo do professor, em diversas épocas. Ÿ O importante é que o próprio aluno escolha uma atividade ou foto para colocar em sua pasta, explicando o motivo que o fez selecioná-la. 42 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Ÿ Se possível anote os dados mais relevantes na própria atividade, como o que mais gostou, o que gostaria de fazer de forma diferente, como fez o trabalho, entre outros. Com esta estratégia você poderá fazer um acompanhamento longitudinal do progresso do seu aluno. Ÿ Lembre-se de utilizar as diferentes linguagens artísticas para verificar a capacidade de transposição dos conteúdos aprendidos. Proponha atividades de música, artes plásticas, artes cênicas e outras para verificar um mesmo conteúdo. Ÿ Invista na metodologia de projeto em sala de aula. O trabalho com projetos permite uma aprendizagem de forma motivadora e desafiadora, possibilitando o seu acompanhamento contínuo. Com ele você pode acompanhar o nível crescente de compreensão do aluno. Sugerimos que você faça um comparativo, levantando os dados que os alunos sabem sobre o assunto antes e depois da execução do projeto. Ÿ Elabore uma ficha de acompanhamento. Como o aluno com deficiência mental pode apresentar demora para dar respostas no processo ensino-aprendizagem, é necessário fazer uma ficha de coleta de dados a longo prazo, que deverá ser preenchida de seis em seis meses. Ÿ Transforme os dados em gráficos e tabelas, assim você poderá fazer também um acompanhamento visual do progresso do seu aluno. Ÿ Outro objetivo deste instrumento é auxiliar em casos onde ocorra algum tipo de regressão. Por vezes o aluno pode apresentar perdas cognitivas sutis, que somente poderão ser observadas com um acompanhamento minucioso e a longo prazo. Ÿ Ao elaborar as fichas, seja objetivo e escreva apenas um ponto a ser analisado em cada item. Por exemplo, se deseja avaliar “brincar e jogar”, contemple-os separadamente. Ÿ Relatório narrativo. A forma mais eficaz de registrar os dados da aprendizagem do aluno, levando em consideração as inúmeras variáveis do processo, é a avaliação descritiva. Lembre-se sempre de ser objetivo em sua descrição não 43 emitindo juízo de valor. Ÿ Utilize todas as anotações feitas no decorrer do processo. Ÿ Termo de terminalidade específica. É muito comum o aluno com deficiência mental não atingir todos os conteúdos propostos pela grade curricular do ensino regular, por ter apresentado outras necessidades no decorrer do processo. Ÿ Assim, ele poderá ao final dos ciclos concluídos, sair da escola com um termo especifico onde serão relatadas as suas condições atuais de aprendizagem, nele constando ainda possíveis encaminhamentos futuros. Este procedimento somente é possível quando é realizado o processo de adaptação curricular e uma avaliação responsável em toda sua em toda a sua vida escolar. Elabore um texto sobre a eficácia deste módulo para sua prática pedagógica, refletindo se este conteúdo é realmente significativo e funcional para você e, também, se pretende alterar algum aspecto da sua forma de ensino. Você já pensou em tirar proveito desse modo de atuar extendendo-o para todos os seus alunos, e não apenas para os que apresentam deficiência mental? O que ocorreria? Que facilidades e dificuldades teria? E resultados? Para aprofundar o estudo sobre a avaliação do aluno com deficiência mental, sugerimos que realize outras leituras sobre algumas dificuldades de aprendizagem, deficiência mental e aspectos do desenvolvimento humano. Recomendamos que leia: COLL, C.; PALÁCIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento Psicológico e Educação. v.1: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artmed, 2004. _____. Desenvolvimento Psicológico e Educação. v.3: Transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. Porto Alegre: Artmed, 2004. 44 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 REFERÊNCIAS AAMR-AMERICAN ASSOCIATION MENTAL RETARDATION Mental retardation: definition, classification, and systems of support. 9th ed. Washington, AAMR. BRASIL. Ministério da Educação. Parecer n.º 17/2001, de 03 de julho de 2001. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Básica, 2001. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília: MEC/SEF,1998. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (1ª a 4ª série). Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental. 1997. BRASIL. Ministério da Educação. PCN. Adaptações Curriculares, Estratégias para a Educação de alunos com Necessidades Educacionais Especiais. Brasília/MEC,1999. CARDOSO, M. C. F. Adaptando o conteúdo utilizando grandes áreas curriculares. Brasília: Corde, 1997. CARVALHO, R. E. et al. Salto para o Futuro- Educação Especial: tendências atuais. Brasília: Secretaria de Educação a distância SEED, Ministério da Educação, 1999. CARVALHO, R. E. Educação Inclusiva: Um Compromisso Político com a Diferença. Rio de Janeiro: Secretaria do Estado do Paraná, 2000. CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONAIS À SAUDE 10 REVISÃO (CID 10). São Paulo: Edusp, 1993. COLL, C.; PALÁCIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia evolutiva. v.1. Porto Alegre: Artmed, 2004 _____. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos de desenvolvimento e necessidades educativas especiais. V. 3. Porto Alegre: Artmed, 2004. 45 D'ANGELO, C. Crianças especiais: superando a diferença. Bauru, SP: EDUSC, 1998. LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2002. ROSA, B. Aprendendo na Diversidade: implicações educativas. Adaptação da transcrição da Conferencia “Aprendendo en la Diversidad: Implicaciones Educativas”. Foz do Iguaçu Pr, 04 a 07/11/98. SEVERINO, A. J.; MARINS, J. S.; ZALUAR, A. et al. A Escola e a Construção da Cidadania. In: Sociedade Civil e Educação. São Paulo: ANPED, 1992. STAINBACK, S. e STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. e STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. TORRE, J. A. G. Educação e diversidade: bases didáticas e organizativas. Porto Alegre: ARTMED, 2002. WADSWORTH, B. J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. São Paulo: Thompson, 1996. 46 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 UNIDADE 3 A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM CONDUTAS TÍPICAS Compreender aos outros é, no fundo, compreender a si mesmo. (Provérbio) Esta unidade visa: Ÿ Oferecer informações a respeito dos alunos com Condutas Típicas. Ÿ Fornecer sugestões de como lidar com eles em sala de aula. Ÿ Levar o professor a ampliar sua visão a respeito da avaliação da aprendizagem destes alunos. 3.1 CONHECENDO O ALUNO COM CONDUTAS TÍPICAS Diariamente VOCÊ, professor, professora, depara-se com situações diversas em seu cotidiano escolar, mas nada parece ser tão perturbador quanto encontrar alunos que agridem fisicamente outros quando frustrados, que parecem infelizes, angustiados, alheios ao que acontece ao seu redor, são impulsivos e hiperativos a ponto de não responderem a solicitação do adulto. Iniciam e não terminam uma atividade, são desorganizados e predominantemente desatentos. Apresentam comportamentos anti-sociais que acabam por levá-los a apresentar dificuldades de relacionamento cada vez mais sérias. Geralmente são alunos com um bom potencial cognitivo, no entanto, os conflitos sociais e a baixa auto-estima resultam em fracasso escolar. Mas afinal, quem são esse alunos? Deficientes Mentais? Crianças com problemas de aprendizagem? Mal- educados? Você já se deparou com um aluno com estes comportamentos em sala de aula? Não esqueça que praticamente todas as crianças em algum momento demonstram comportamentos inadequados em diferentes ocasiões; no entanto, para 47 que se possa distinguir entre comportamento dentro e fora da normalidade, é importante verificar a intensidade e a duração desse comportamento. Por exemplo: é considerada normal uma criança na primeira infância que se locomove o tempo todo e pega todos os objetos que vê pela frente; entretanto, torna-se atípico um adolescente na 5ª série ou cursando o 2º grau, com tais atitudes. Nos últimos anos, pesquisas e estudos apontam para a necessidade do compromisso com a educação para todos, proclamando uma mudança de enfoque no modo de entender as necessidades educacionais especiais. Do mesmo modo, a implicação que alguns rótulos trazem, como se o problema do comportamento inadequado habitasse no aluno e que ele devesse mudar esse comportamento para algo mais aceitável, sendo ele o único culpado por seus problemas, obriga a você e a todos os que possuem contato com esse aluno a rediscutirem tais atitudes e dificuldades. Quais são as características de um aluno com condutas típicas? Entende-se por portador de Condutas Típicas: “As pessoas com manifestações comportamentais típicas de síndromes e quadros neurológicos, psicológicos ou psiquiátricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social em grau que requeiram atendimento especializado” (CAMARGOS Jr. et al., 2002, p. 129). O termo - Conduta Típica - é um conceito educacional bastante amplo (e não um diagnóstico clínico), que engloba um conjunto de características comuns a vários quadros e síndromes e que podem estar associados à epilepsia, à deficiência mental, entre outros. As Condutas Típicas incluem os alunos com: Ÿ autismo; Ÿ esquizofrenia; 48 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Ÿ depressão; Ÿ agressividade; Ÿ transtornos de ansiedade; Ÿ transtornos de déficit de atenção/hiperatividade; ou Ÿ outras perturbações contínuas do comportamento ou de adaptação. Etiologicamente, não há uma causa definida. Mas há vários fatores a serem considerados, como: causas psicodinâmicas e familiares (abuso ou negligência, múltiplos lares adotivos, comunicação com dupla mensagem); anormalidades biológicas (orgânicas, neurológicas); anormalidades bioquímicas (envenenamento por chumbo, drogas e álcool); fatores genéticos. Dentre as Condutas Típicas, a mais conhecida é o AUTISMO. O autismo caracteriza-se, segundo a American Psychiatric Association (2002), pelo desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação, apresentando também um repertório muito restrito de atividades e interesses. O ato pedagógico diário de um aluno com autismo é um desafio ao professor, já que requer uma estrutura adequada, não só de espaço físico e o professor precisa estar emocionalmente estruturado para poder enfrentar as emergências que ocorrem no cotidiano deste aluno. Consulte o site: <http://www.autismo.com.br> Como deve o professor proceder com o aluno com condutas típicas? A ludicidade e a afetividade são dois aspectos importantes no ato pedagógico: porque, além de serem elementos facilitadores das 49 interações sociais significativas, permitem a manutenção da alegria e do entusiasmo. Para tanto, é fundamental que não apenas você, mas todos os envolvidos com o aluno com Conduta Típica estejam emocionalmente preparados. Não esqueça que estamos lidando com a desestrutura desse aluno em muitos momentos, e que você, no papel de professor(a), é o elemento estruturador dele. Diariamente reflita: Ÿ Como estou hoje para iniciar minha aula? Ÿ Que atitudes positivas posso ter para desenvolver minha aula? Ÿ De que modo posso melhorar amanhã, uma vez que hoje não foi tudo bem? Para Heward (1998), o professor deve possuir duas características afetivas importantes para relacionar-se de maneira eficaz e positiva com o aluno com conduta típica. São elas: aceitar a diferença e empatia. Ÿ Aceitar a diferença consiste na capacidade do professor presenciar e receber atos freqüentes, e às vezes extremos, como por exemplo, de indiferença, cólera, agressão por parte do aluno, sem responder do mesmo modo. Isto, no entanto, não significa aprovar o comportamento anti-social: o aluno deve aprender que está agindo de forma inadequada. Mas é preciso compreender, sem condenar. Ÿ A empatia é a capacidade do professor em reconhecer e compreender as diversas sinalizações não verbais, que às vezes servem para entender as necessidades individuais do aluno com conduta típica. É importante que você se comunique direta e sinceramente com seu aluno. Também deve estar consciente de que seus atos constituem um poderoso modelo de conduta e, portanto, suas atitudes devem mostrar maturidade e autocontrole. É necessário estabelecer claramente com os alunos as regras e os 50 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 limites necessários para a convivência em grupo, assim como identificar a forma mais adequada de comunicação para cada aluno, de forma a permitir que trabalhem com prazer e com maior autonomia. Alguns comportamentos de todos os envolvidos no processo pedagógico são muito importantes, como fornecer aos alunos com condutas típicas, exemplos de comportamentos não agressivos que podem ser utilizados em situações que poderiam levar à agressão. Ou ainda, aprovar e elogiar o comportamento dos alunos que substituem respostas agressivas por comportamentos desejáveis, não agressivos. E sempre procurar desenvolver uma relação positiva com o aluno que apresenta Condutas Típicas, reconhecendo seus ganhos e avanços, procurando identificar seus ganhos e motivações. Ÿ Leia e analise a história de Temple Grandin, no livro escrito por ela: “Uma menina estranha”, onde ela narra em detalhes as sensações e as angústias de uma pessoa com autismo. Ÿ Aponte maneiras do professor considerar os sentimentos do aluno com autismo em suas estratégias de ensino. 3.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR Você já percebeu que seu aluno traz consigo conhecimentos e ao chegar à escola não é uma “folha em branco”? O comportamento do aluno deve ser visto como expressão global. Estarão juntos: seu funcionamento cognitivo e suas emoções ligadas aos conteúdos e ações. E a avaliação da aprendizagem não pode ser limitada ao conteúdo escolar. Muito pelo contrário, é preciso verificar o que o aluno já aprendeu, como faz uso do conhecimento nas diferentes situações escolares e sociais, como constrói novos conhecimentos. É importante definir o nível que se 51 encontra, pois muitas vezes a defasagem entre o nível do aluno e as exigências escolares, pode agravar dificuldades anteriores à fase escolar, ou provocar dificuldades de aprendizagem ou na produção escolar. As atividades escolares e a avaliação da aprendizagem não devem restringir-se apenas aos conteúdos programados, mas devem também estar voltadas para a melhoria da qualidade de vida, visando uma melhor adequação no comportamento do aluno, de modo que resulte em uma integração na família e na sociedade. Ao elaborar seu planejamento e avaliação, você deve compreender o aluno enquanto pessoa e fazer o levantamento de suas necessidades e das prioridades. Do mesmo modo, as atividades devem ser significativas para ele para que possam fazer sentido e o auxiliem no desenvolvimento da auto-estima e do equilíbrio emocional. Assim: “A intervenção pedagógica precisará transcender técnicas e estratégias e criar oportunidades para a valorização da condição humana e para formação de vínculos. O tratamento médico pode estar baseado no diagnóstico das anomalias, mas a educação deve expor potencialidades” (CAMARGOS Jr. et al. ,2002, pg.22). A previsibilidade de ações e de acontecimentos é um aspecto muito importante, principalmente em momentos de avaliação, apresentação de trabalhos e seminários, pois pode diminuir em muito a ansiedade do aluno que apresenta Condutas Típicas. Ÿ Converse com seu aluno, passo a passo, o que vai acontecer durante aquela aula. Ÿ Leia a prova antes de iniciá-la, pois ajuda bastante a diminuir possíveis dificuldades do aluno. Ÿ Estruture o uso do tempo, do espaço, dos materiais. Ÿ Ao realizar a avaliação, dê prioridade para que os conteúdos estejam de acordo com as reais possibilidades do aluno. 52 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Recorra à assistência de membros da equipe técnica (supervisor, coordenação pedagógica) e de outros profissionais no caso de situações de crise, pois isso é importante para se buscar um suporte necessário para administrá-las. Finalmente, não esqueça que o processo de avaliação das atividades é de grande valia para o ensino e a aprendizagem, pois fornece informações úteis sobre suas características, a qualidade, as etapas vencidas e a vencer. Procure refletir como tem sido a elaboração de suas atividades e se elas têm levado em consideração os pontos expostos no texto e se a avaliação dos alunos tem sido: Ÿ Contínua Ÿ Permanente Ÿ Dinâmica A relação estabelecida entre professor e aluno, deve ser de empatia, confiança e respeito. Esta relação cria condições para o início de qualquer aprendizagem. 3.3 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR Ao planejar uma avaliação da aprendizagem, é necessário que você defina critérios. Eles expressam as competências já desenvolvidas ou em construção. Em uma avaliação comprometida com o progresso do aluno é preciso ter em mente a adequação dos conteúdos aos objetivos visados, além de valorizar os saberes e as práticas sociais e as características individuais de cada um, promovendo experiências que favoreçam a inclusão social e a formação de cidadania. 53 Alfabetização Na avaliação da alfabetização do portador de Condutas Típicas, é necessário que você saiba distinguir a problemática existente em torno do período em que acontece o processo de alfabetização. Utilizar pequenos textos para o desenvolvimento da leitura com uso do material graduado, com dificuldade crescente, posicionando o aluno em diferentes níveis de uma escala de ações, por exemplo, é uma estratégia que pode facilitar o gosto pela leitura e também a avaliação do professor. Para uma avaliação não tão formalizada, livre ou até lúdica, em que se observa o processo de realização, para posteriormente analisarse o produto, exige do professor amplo conhecimento pedagógico. A alfabetização é resultante da interação entre a criança, o meio ambiente, o professor, a escola, outros alunos, como sujeito construtor do conhecimento. Por isso, é relevante usar situações em que o ler e o escrever tenham um significado para o aluno. Também é preciso respeitar o ritmo de cada criança, no processo de aprendizagem e ao ser avaliada. Em atividades como jogos, desenhos, pinturas, palavras cruzadas, construções diversas, dramatizações e livros de história, observe como o aluno interage com essas atividades, sua postura, tensões, abandono da atividade ou apropriação do conteúdo. Leitura Para você avaliar o desenvolvimento da leitura em vários níveis, é interessante o uso do material com significado completo, avaliando diferentes tipos de leitura, como por exemplo: leitura silenciosa e sua interpretação, a leitura oral do mesmo texto, pedindo-lhe que leia em voz alta (avaliando a entonação, a pontuação e outros requisitos para a leitura), podendo-se ainda usar textos de leitura informativa ou recreativa. A falta de significado na leitura poderá refletir nas outras disciplinas. Por exemplo: um aluno que não consegue 54 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 interpretar um texto, ao ler um problema de matemática, não conseguirá resolvê-lo, pois não saberá interpretá-lo. A avaliação não pode ser um momento isolado nos processos de ensino aprendizagem. Afinal, o modo como se processa a avaliação favorecerá ou não a formação do aluno, tornando-o um cidadão capaz. O uso de histórias pode proporcionar uma forma interessante para que o aluno com conduta típica analise seus sentimentos e experiências. Há inúmeras coleções de livros de história bastante atraentes que facilitam a aprendizagem, como por exemplo: coleções Gato e Rato , da Editora Ática, adequadas para o ensino fundamental. Há uma diversidade de estilos na coleção Crônicas Para Gostar de Ler. Incentive seu aluno a ler uma história e depois da leitura faça-lhe as seguintes perguntas: Ÿ O que você mais gostou da história? Ÿ Que sentimentos expressavam os personagens em diferentes pontos da história? Ÿ Qual era o problema principal da história? Ÿ Como ele foi solucionado pelos personagens da história? Ÿ Você já teve um problema parecido ou conhece alguém que o tenha tido? Ÿ Como você reagiria em uma situação parecida? Ÿ Em que você se parece ou se diferencia do personagem? Escrita Na avaliação da escrita, quando você pedir ao aluno que escreva alguma coisa informalmente, duas situações aparecem: Ÿ O aluno escreve espontaneamente; ou Ÿ Pergunta: “ O que mais eu escrevo, professora?” 55 Em ambas as situações, cabe ao professor dar subsídios ao aluno para que ele possa desenvolver seu texto, como: discussão preliminar do tema abordado, leitura de um pequeno texto contextualizando o tema, entre outros. Durante a execução da avaliação da leitura e da escrita, não deixe de observar a postura corporal, o sentar, o modo de segurar o lápis e o livro, como se aproxima do material, a concentração, a atenção e o prazer de ler e escrever. Ao final da leitura de um texto, verifique sempre se ele apreendeu o sentido global do texto, se consegue sintetizá-lo, se entendeu a seqüência temporal, se consegue separar fatos principais e secundários, se estabelece relações de causalidades, se é capaz de incluir acontecimentos menores e maiores (o que contém e o que está contido, por exemplo). É você, em sua prática cotidiana, que buscará os caminhos mais adequados para a avaliação de cada aluno. Matemática Destaque alguns aspectos, como o cálculo, a leitura de problemas e questões, o raciocínio matemático, a notação, a representação simbólica. Use conteúdos de diferentes livros didáticos ou relatos de situações reais, construídos a partir de recortes de jornais e revistas, para oferecer-lhe oportunidade de trabalhar com diferentes abordagens dos temas tratados. Ao escolher, considere a clareza do enunciado, o nível do raciocínio compatível com a idade, a escolaridade e o nível operatório da estrutura do pensamento. Formule oralmente algumas questões. A avaliação do cálculo poderá ser feita em dois níveis: o cálculo mental e a execução de cálculos escritos. É necessário ter claro que como em qualquer conteúdo escolar, há aspectos emocionais a serem encarados na questão da avaliação da matemática, avaliando vínculos positivos ou inadequados. 56 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Somente por meio de uma avaliação contínua e sistemática da aprendizagem você poderá detectar os avanços e as necessidades dos alunos e descobrirá novas maneiras de como trabalhar com eles. História e Geografia Em uma avaliação, você deve perceber a importância de conhecer os problemas de aprendizagem e o principal conteúdo das disciplinas. Muitas crianças trazem conhecimentos desarticulados, apenas com informações que se efetivaram no momento de informação dos conteúdos de Geografia e de História. Na organização dos critérios, a avaliação dessas disciplinas deverá ser decorrente da forma pelo qual o ser humano apreende a realidade e como a criança age sobre ela. No conteúdo de História, a relevância principal está na compreensão da prática social, partindo-se de conteúdos básicos e levando em consideração a socialização do saber, proporcionando ao aluno uma visão de mundo e questionando o domínio contemporâneo. No conteúdo de Geografia, assim como nos demais, é preciso garantir oportunidades para desenvolver capacidades de observar, interpretar, localizar e pensar criticamente, como base para entender as possibilidades de transformação no seu bairro, município, natureza e outras ações ligadas ao estudo da Geografia. Nas disciplinas de História e Geografia, você pode avaliar se o aluno: Ÿ elabora sua compreensão do processo histórico; Ÿ diferencia relações do homem com a natureza; Ÿ diferencia os grupos na sociedade urbana e rural; Ÿ capta, percebe, as transformações e relações em seus aspectos espaciais e temporais. 57 Vale destacar que o aluno traz para a escola as suas vivências temporais, biológicas e sociais que são expressões de sua própria cultura. Ao avaliar é importante levar em consideração estas experiências culturais, destacando-se que a própria temporalidade é uma construção histórica. Ciências Ao pensar sobre a avaliação de ciências você deve trabalhar a partir dos seguintes pressupostos: Ÿ A definição que sustenta a proposta curricular; Ÿ A concepção de ciência que norteia a fundamentação teórica. Tomando por base esses pressupostos, você terá subsídios para elaborar uma avaliação educativa, desenvolvida num horizonte democrático e, sobretudo, ético. A avaliação deverá ser revestida de certas características, como ser: Ÿ democrática; Ÿ abrangente; Ÿ participativa; Ÿ contínua. Você pode explorar a idéia de ciclo no tempo a partir do mês do ano. Monte com os alunos um calendário com os acontecimentos mais significativos do ano. Uma vez montado o quadro, comece a explorá-lo: como, onde e com são comemorados os fatos. Esqueça a tradição de ensinar as quatro estações, o importante é ajudar a fixar a idéia de ano e as diferenças que ocorrem na vida de seus alunos ao longo dele. À medida que você discute onde e com quem as atividades são realizadas, você vai abrindo espaço para pensar outras atividades de acordo com a sua criatividade. 58 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Então para que o docente avalia? Com certeza é para acompanhar a aprendizagem dos alunos, repensar a sua prática educativa procurando sempre adequálas às necessidade dos educandos. Entreviste professores de escola regular e de escola especial que tenham tido alunos com condutas típicas. Faça um levantamento de adequações curriculares que eles utilizaram em sua atividade pedagógica e faça uma análise delas, levando em conta o conteúdo estudado nesta unidade Para aprofundar o seu conhecimento sobre o aluno com condutas típicas, recomendamos: BRASIL, Ministério da Educação. Estratégias e orientações para a educação de alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem associadas às Condutas Típicas. Brasília: Secretaria de Educação Especial, MEC/ SEESP, 2002. GOLDSTEIN, S. e GOLDSTEIN, M. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1998. Links: Associação de Amigos dos Autistas: <www.ama.org.br> ABRA -Associação Brasileira de Autismo: <http://www.autismo.org.br> Filmes: Rain Main, com Tom Cruise e Dustin Hoffman. Código para o Inferno, com Bruce Willis e Miko Hughes. Meu filho, meu mundo, com James Farentino e Kathryn Harrold 59 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Lisboa: Climepsi, 2002. BRASIL, Ministério da Educação. Projeto Escola Viva Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola alunos com necessidades educacionais especiais. Reconhecendo os alunos que apresentam dificuldade acentuadas de aprendizagem, relacionadas às Condutas Típicas. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Especial, 2003. CAMARGOS Jr., W. et al. Transtornos Invasivos do Desenvolvimento: 3º Milênio. Brasília: Ministério da Justiça, Ccoordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, AMES, ABRA, 2002. DRUMMOND DE ANDRADE, C. et al. Para Gostar de Ler . São Paulo: Editora Ática, v. 1, 2002. GRANDIN, T. E SCARIANO, M. M. Uma menina estranha. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. KIRK, S. A. e GALLAGHER, J. J. Educação da Criança Excepcional. São Paulo: Martins Fontes. LEBOVICI, S. e MAZZET, P. Autismo e Psicoses da Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. PENTEADO, H. D. Metodologia do Ensino de História e Geografia. São Paulo: Cortez, 1992. WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clinica: Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. 61 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 UNIDADE 4 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTADO O fato de se ter talentos não é suficiente para que estes se desenvolvam, necessitando o individuo de uma promoção constante do meio para a realização de suas potencialidades. (LANDAU,1990) Esta unidade busca informar e refletir sobre as características, procedimentos pedagógicos e avaliação do aluno com Superdotação/Altas Habilidades, de modo que o professor possa identificar as suas necessidades educacionais especiais. Tem por objetivos: Ÿ Caracterizar o aluno com Altas Habilidades / Superdotado. Ÿ Discernir os diferentes tipos de superdotação existentes. Ÿ Identificar esse aluno em sala de aula. Ÿ Proporcionar um atendimento diferenciado na classe comum. Ÿ Aplicar forma diferenciada de avaliação. 4.1 CONHECENDO O ALUNO SUPERDOTADO OU COM ALTAS HABILIDADES Você saberia identificar um aluno superdotado? Quais características apontaria? Provavelmente todos nós já nos deparamos com um indivíduo superdotado em nossa sala de aula, mas talvez por falta de informações não pudemos percebê-lo. Mas então, o que é superdotação? Alguns professores pensam que um aluno superdotado é aquele que possui uma inteligência muito alta, um QI (quociente de inteligência) superior. Entretanto, o conhecimento sobre as habilidades especiais avançaram nos últimos anos, o que provocou modificações na conceituação de superdotação, que hoje não é mais definida por meio de um conceito único. 63 A definição brasileira, apresentada na Política Nacional de Educação Especial de 1994, considera alunos com altas habilidades, superdotados ou talentosos, os que apresentam notável desempenho ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: Ÿ Capacidade intelectual geral: apresenta flexibilidade de pensamento, curiosidade intelectual, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, domínio excepcional de observação, compreensão e memória elevada, atitude de questionamento e habilidade do pensamento associativo. Ÿ Talento acadêmico: desempenho excepcional na escola, rapidez de aprendizagem, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica. Ÿ Pensamento criativo e produtivo: relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente, facilidade de autoexpressão, fluência e flexibilidade. Ÿ Capacidade de liderança: revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, capacidade para resolver situações sociais complexas, alto poder de persuasão e de influência no grupo. Ÿ Talento especial para as artes: habilidades superiores para artes plásticas, esculturas, desenho, dança, teatro e para tocar instrumentos musicais. Ÿ Habilidades psicomotoras: destaca-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora. 64 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 É importante esclarecer que gênio e superdotado não são a mesma coisa. Superdotado, como já visto, é aquele que apresenta uma ou mais habilidades que se destacam significativamente da média geral da população. Gênio é o indivíduo que dá contribuições originais e de grande valor, reconhecidas pela sociedade e comunidade científica. Assim, todo gênio é superdotado, mas nem todo superdotado é gênio. Um aluno pode ser considerado superdotado em uma determinada área e apresentar um desempenho médio ou abaixo da média em outra. Consulte o portal: Projeto Escola Viva <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/cartilha09.pdf> Como reconhecer o aluno superdotado? Para que seu trabalho em sala de aula com um aluno superdotado seja produtivo, você precisa reconhecê-lo. Vejamos alguns indicativos que facilitam essa identificação: Ÿ Possui vocabulário avançado e incomum para a idade ou nível escolar, possui riqueza de expressão, elaboração e fluência verbal. Ÿ Possui grande concentração de informações sobre variados assuntos. Ÿ Tem raciocínio rápido sobre causas e efeitos, tenta descobrir o como e o porquê das coisas, faz perguntas provocativas, exigindo muito conhecimento de quem é questionado. Ÿ Gosta muito de ler, preferindo geralmente livros de nível adulto, biografias, autobiografias, enciclopédias e atlas. Ÿ Reage positivamente a elementos novos, estranhos e misteriosos de seu ambiente. Ÿ É curioso, gosta de investigar, faz muitas perguntas. Ÿ Apresenta forma original de resolver problemas, propondo muitas vezes soluções inusitadas. Ÿ Tem grande imaginação e fantasia, sempre expressando idéias. 65 Esteja alerta à sua preferência por idéias complexas, por interesse mais precoce pelas palavras, leitura e por números. Irritam-se com a rotina, podendo ocupar seu tempo de forma produtiva, sem ser necessária uma estimulação constante do professor. Sua tendência é compartilhar a amizade de crianças mais velhas do que ela. Como sua memória de certa forma é diferenciada, tem capacidade incomum de raciocínio, planejando e organizando de forma original. Percebe-se também uma incomum capacidade de associação de conhecimentos novos. São persistentes, mesmo quando aparecem dificuldades inusitadas. O superdotado, por adquirir e reter informações rapidamente, tem uma grande tendência a ser impaciente diante da morosidade dos colegas, não gostando também de repetição. Tem um pensamento crítico elevado, é autocrítico e avalia também quem o rodeia. Torna-se muitas vezes intolerante e com grande tendência ao perfeccionismo. Este aluno sente-se frustrado pela repetição e monotonia na sala de aula. 4.1.1 O Professor de Superdotados Para se trabalhar com um aluno superdotado, não é necessário ter habilidades especiais e nem tampouco ser superdotado, mas é necessário que esteja atento às características e alternativas de atendimento deste educando. Uma das alternativas seria estimular esse aluno nas diferentes áreas de seu interesse, proporcionando seu entrosamento em sala de aula. Dentre outras características do professor, ele terá que ser criativo, espontâneo, flexível, compreensivo e principalmente perceptivo aos diferenciais do seu aluno. Segundo Novaes (1979), esse professor deverá possuir uma compreensão real do desenvolvimento infantil nas áreas cognitiva, 66 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 emocional e social e possuir habilidades para desenvolver currículos enriquecidos e atividades criativas. Assim, algumas habilidades são necessárias a este professor na facilitação de sua atuação: Ÿ Conhecimento da natureza e necessidades dos superdotados. Ÿ Habilidade para manejar dinâmica de grupo. Ÿ Habilidade para utilizar estratégias de atividades de assimilação e de pensamento divergente. Ÿ Habilidade para prover oportunidades de aprendizagem para todos os níveis. Você sabia que alguns professores, ao serem interrogados sobre como se sentiam quando tomavam conhecimento de que havia alunos superdotados em sua classe, respondiam que preferiam que isso não ocorresse, uma vez que esse aluno pode constituir um problema em classe. Ÿ Existe algum aluno superdotado em sua classe? Ÿ Como se posiciona em relação ao comentário acima? Ÿ O que propõe? 4.2 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Antes de falarmos de avaliação, vamos nos ater um pouco sobre a aprendizagem escolar. “A aprendizagem é aquisição de capacidade de explicar, de apreender e compreender, de enfrentar, criticamente, situações novas. Não é o mero domínio de técnicas, habilidades e muito menos a memorização de algumas explicações e teorias” (D' AMBROSIO, 1999, p.89). Ou poderíamos definir: “Aprendizagem é uma mudança na capacidade humana, se manifesta através de uma mudança de comportamento, com caráter de relativa permanência e que não é atribuível simplesmente, ao processo de maturação, mas ocorre quando o individuo interage com o meio ambiente” (GAGNÉ, 1998, p.25). 67 Nessa perspectiva de entendimento, consideramos três fatores de avaliação de uma aprendizagem: o nível anterior dos alunos, o conteúdo da aprendizagem do ponto de vista dos conhecimentos e dos procedimentos realmente implicados e, por fim, o critério de aquisição aplicado. Não se conclui diretamente que a avaliação tenha que se identificar com prova e que deva implicar necessariamente em ato administrativo. Há várias décadas é possível observar que a avaliação da aprendizagem pode constituir-se como momento de perturbações, de tensão e de constrangimento. O que se quer hoje é que a avaliação esteja inserida no contexto, como parte integrante do processo, trabalhando-se a visão holística do conhecimento, considerando-se os objetivos na busca da transformação social. O foco de uma avaliação jamais deve estar centrado no conteúdo trabalhado, mas na capacidade de contextualização revelada pelo aluno em aplicar os ensinamentos desses conteúdos em outros níveis de pensamento, outras situações e até mesmo outras disciplinas (ANTUNES, 2002 p.32). Para que o aluno superdotado seja avaliado de forma coerente deverá o professor favorecer seu potencial individual, levando em consideração suas habilidades. O trabalho de auto-avaliação tornase indispensável para que esse aluno se sinta apto e confiante em sua capacidade de se governar, tendo consciência de seu desenvolvimento, como meio propício à metacognição, mediante a qual poderá perceber e tentar compreender os modos como atua e como resolve situações e encaminha a solução de problemas. Podemos levar em consideração alguns aspectos de uma organização da avaliação como, por exemplo: os processos, os produtos, os sucessos e o esforço. 68 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Ofereça aos seus alunos os conteúdos sob forma de desafios, estudos de caso, situações-problema, enigmas desafiadores. Ex: Peça para seus alunos contribuírem na construção de problemas, ou desafios matemáticos, e faça a Caixinha de Desafios, onde os alunos poderão resolvê-los em casa. 4.3 ESTRATÉGIAS E PROCEDIMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR A seguir, apontamos algumas estratégias e procedimentos que podem ser adaptados no ensino regular para a criança com superdotação, aproveitando o referencial e possibilidades da pedagogia de projetos. Trabalhar por meio de projetos é uma maneira eficiente de ensinar o aluno com superdotação. MATEMÁTICA Convide os alunos para se envolverem de forma mais aprofundada em áreas de conhecimento que sejam do interesse deles. Você poderá fazer um trabalho de enriquecimento em sua sala de aula, buscando o crescimento acadêmico do aluno, ampliando e aprofundando o currículo escolar básico com informações, idéias e conhecimentos extras, encorajando-o a explorar e ir mais além. Com isso podemos proporcionar aos alunos outros objetivos a serem alcançados, assim como oportunidade de buscar informações que queiram realmente aprender. Lembre-se de que enriquecimento curricular não é maior quantidade de atividades e sim maior qualidade nas informações. O fato de saber de antemão o(s) objetivo(s) a serem trabalhados, desde o princípio, e de haver um entrosamento constante entre professor e aluno até o produto final, contribui muito mais para o 69 engajamento do aluno nas tarefas como um todo, ao invés de serem impostas pelo professor. Ao trabalhar com projeto de pesquisa, você desenvolve com profundidade um tema, proporcionando ao seu aluno superdotado usar na prática suas habilidades. Crie oportunidades de divulgação aos demais alunos e até mesmo à comunidade escolar do que foi conseguido nesse processo, pois esse novo momento estimula o desenvolvimento de habilidades de comunicar o que se descobriu e aprendeu favorecendo a transformação da intuição em racionalidade. E oportuniza-se a manifestação de reconhecimento das habilidades, destrezas, potencial e valor do trabalho do superdotado como membro de uma equipe. Na matemática você poderá trabalhar de maneira concreta, organizando o trabalho em vários movimentos. Comece propondo aos seus alunos o objetivo que pretende alcançar (1º passo). Digamos que no seu currículo escolar, você encontre o tema UNIDADE DE MEDIDA DE COMPRIMENTO: METRO, e queira que seus alunos diferenciem e concluam sobre o que é metro e metro quadrado. Em seguida, formule muitas perguntas: O que é metro? O que é metro quadrado? Onde eu os uso? Como eu calculo um metro quadrado? (2º passo). Agora é preciso disponibilizar livros, revistas, folders, jornais, incentivar entrevistas com professores, pais e profissionais sobre o tema (3º passo). 70 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Por meio de materiais e textos informativos, os alunos coletam as informações. Ajude-os no processo de compará-las, analisá-las, classificá-las, interagindo com o grupo, pois nem sempre todas as informações que recolhemos são verdadeiras (4º passo). A seguir, formule e incentive o levantamento de hipóteses, como por exemplo: De que forma um projeto poderá ser desenvolvido com base nas informações que temos, ou seja, poderemos aplicar de forma prática o que foi pesquisado? Lembre-se também que, na coleta de dados, serão trabalhados vários conteúdos de uma maneira interdisciplinar (5º passo). Como sugestão, desenvolva uma planta baixa (construção) para que o aluno perceba a importância das medidas, de uma forma criativa. O trabalho poderá ser executado em grande ou em pequenos grupos, incentivando o educando a contribuir com o que sabe fazer de melhor. Isto fará com que ele se sinta capaz e poderá produzir com mais segurança, proporcionando a seus colegas também aprendizagens diferenciadas (6º passo). A avaliação das capacidades cognitivas ligada às aprendizagens matemáticas não pode limitar-se às capacidades operatórias. Chegando ao final do projeto de pesquisa, temos que definir a avaliação. O que efetivamente iremos avaliar? A referência está no progresso efetivamente conquistado pelo aluno onde se encontravam seus conhecimentos, prática no uso de habilidades e experiências antes e onde se encontram agora e a relação entre o que se alcançou em relação aos objetivos previamente definidos (ANTUNES, 2001 p.39). O aluno superdotado, por sua vez, será beneficiado com essa forma de avaliação, pois seus talentos serão reconhecidos e, com certeza, sua dedicação será muito grande. (7º passo) 71 Assista ao filme “Mentes que brilham”, com Jodie Foster (2h) e faça um paralelo entre o ambiente familiar e o ambiente acadêmico nos vários contextos. ARTES Com base no projeto de pesquisa, sugira a realização de um desenho da fachada do imóvel proposto anteriormente, e uma maquete dessa construção. Incentive a coleta de informações do tipo da arquitetura que deverá ser usada. O aluno superdotado que tem uma habilidade acima da média em artes poderá se superar e, ao mesmo tempo, incentivar os outros alunos a produzirem de forma similar e também criativa. Cuide para que todos possam atuar e produzir segundo suas próprias capacidades e limitações, compartilhando-as e refletindo sobre elas, buscando superá-las por meio das contribuições dos demais. Será que a forma de avaliação mais justa é aquela em que o professor pede para seu aluno a reprodução de conteúdo dado em classe? O que ocorrerá com o aluno superdotado diante desse tipo de avaliação? O que propõe para superar as limitações, dificuldades, frustrações e favorecer a criatividade, o engajamento, a dinâmica de trabalho em equipe, a busca sistemática de informações? PORTUGUÊS Para trabalhar com a disciplina de Português, você pode se utilizar do mesmo projeto de pesquisa usado em matemática. Parta da ação da planta baixa, trabalho de desenho e medidas já concluído. Inicie com uma sugestão: o que vocês acham de comercializarmos esse imóvel? Por meio das respostas a esse e outros questionamentos, surgirão várias opiniões. 72 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Como proposta, sugira a confecção de folders, cartazes e placas, para a informação sobre o imóvel e sua venda. Novamente, será muito útil o que se consegue em revistas, jornais, propagandas e outros tipos de informação. Na avaliação considere o todo, avaliando a coerência dos textos, as informações, a apropriação do vocabulário, a fluência verbal, a gramática e o conteúdo das informações. Durante todo o processo atue como mediador dos alunos, interferindo com seus conhecimentos e experiência. Você verá que o aluno superdotado trará informações, novidades, e seu entusiasmo será grande em executar a tarefa com foco nos objetivos. Será favorecido em uma avaliação de Português, o aluno superdotado que tenha uma habilidade lingüística verbal aguçada e se interesse por leitura, pesquisa e facilidade em trabalho acadêmico. GEOGRAFIA Na disciplina de Geografia, continue com esse projeto de pesquisa, motivando o aluno a pesquisar sobre a cidade, região metropolitana, os bairros onde poderá ser construído esse imóvel, lugares apropriados, áreas de conservação ambiental, asfalto, posto de saúde, escola, lugares de lazer, distâncias de parques, produção de mapas e roteiros. Ao se trabalhar dessa maneira com os outros alunos, eles surpreenderão as expectativas do professor, pois muitas vezes seus esforços superam suas habilidades, com o desejo de esmerarem-se. O aluno superdotado sairá particularmente favorecido. CIÊNCIAS Ao trabalhar Ciências dentro do projeto de pesquisa, inicialmente aceite sugestões dos alunos. Apresente o tema, focalizando a relação do sol com o imóvel, questões de esgoto e saneamento básico, qualidade de vida, o meio ambiente, poluição, coleta de lixo. 73 Você perceberá que quando questionado, o aluno superdotado busca atingir o desafio ao qual foi submetido. A aptidão por pesquisas científicas fará com que ele busque mais informações com qualidade e cunho científico, incentivando os colegas a leituras mais aprofundadas. Em algumas situações, vejo a criança superdotada como o atleta que corre longas distâncias. À frente de outras crianças, no entanto, apenas intelectualmente ou em campos específicos. Se não nos mantivermos a seu lado, para ensiná-la a vencer o intervalo entre o desenvolvimento emocional cronológico e o intelectual, mais adiantado, ela se sentirá dividida, solitária e usará toda a sua energia para tentar equilibrar esses extremos de sua personalidade (LANDAU, 1990 p., XXIV). Ÿ O que pensa a respeito? Ÿ Como aproveitar tal reflexão no modo de atuar junto a esses alunos? Ÿ Como favorecer a harmonia em seus relacionamentos? Ÿ Como integrá-lo na turma, favorecendo relações mais estáveis e equilibradas, que permitam o aproveitamento de seu potencial? HISTÓRIA Em História, trabalhe com o mesmo projeto de pesquisa, focalizando o bairro escolhido e, com a construção pronta, poderá pesquisar a história do bairro, onde vai ser construído o imóvel, a história do nome da rua do imóvel. E ainda, a história da arquitetura escolhida para o imóvel, um breve histórico de tipos de arquiteturas da cidade, com datas e principais personagens da história da cidade. Quando seu trabalho em sala de aula é enriquecido, o aluno superdotado busca uma ampliação e profundidade, favorecendo a aquisição de informações. 74 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 Você pode fazer perguntas desafiadoras que motivem seus alunos a pensar e raciocinar. Tendo o projeto de pesquisa em andamento como referência, formule pelo menos três perguntas desafiadoras. Organize o processo para buscar as informações e as soluções às necessidades e problemas que elas desencadeiam. MATEMÁTICA Você pode estar se perguntando, se a disciplina de matemática já não estava lá no começo deste texto. Entretanto, a dinâmica de realização de um projeto de pesquisa como esse provocará a necessidade de continuar buscando mais informações para seus alunos, diante dos desafios provocados pelos novos questionamentos, que só diminuirão depois de voltarmos para as matérias já estudadas e sistematizarmos tudo que foi aprendido. Também poderá trabalhar a temática em estudo de maneira conjugada nas diversas disciplinas, de maneira interdisciplinar. Alguns questionamentos do tipo: - quanto irá de cimento, areia, pedra? - qual será o custo desse imóvel? ajudam nessa direção. E muitas outras perguntas certamente surgirão. Leia o documento “Saberes e práticas da inclusão”, Alunos com Altas Habilidades/Superdotação, da página 89 a página 95. Faça uma pesquisa sobre os “SERVIÇOS DE AT E N D I M E N T O A O S U P E R D O TA D O E TALENTOSO: REQUISITOS BÁSICOS”, que você vai encontrar no link: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/serie7.pdf Envie ao seu tutor para avaliação Para aprofundar o estudo a respeito da avaliação da 75 aprendizagem do aluno superdotado, recomendamos: ALENCAR, E. M. L. S. e FLEITH, D.S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. São Paulo-SP: EPU, 2001. GUENTER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 76 Educação Especial e Avaliação da Aprendizagem na Escola Regular - cadeno 1 REFERÊNCIAS ALENCAR, E. M. L. S. Criatividade e educação de superdotados. Petrópolis, RJ : Vozes, 2001. ALENCAR, E. M. L. S. e FLEITH, D.S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. São Paulo: EPU, 2001. ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001 _____. A avaliação da aprendizagem escolar. fascículo 11. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BALLESTER, M. Avaliação como apoio a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: adaptações curriculares. Secretaria de Educação Especial. Brasília: MEC/SEF/Seesp,1999. ______. Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação e talentos. Brasília: MEC/SEESP, 1995. D´AMBRÓSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas, SP: Papirus,1999. GAGNÉ, R. Princípios essenciais de aprendizagem para o ensino. Porto Alegre: Globo, 1998. GRÉGOIRE, J. Avaliando as aprendizagens: os aportes da psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. GUENTER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos: um conceito de inclusão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. HERNANDEZ, F. VENTURA, M. A. Organização do currículo por projetos. Porto Alegre: Artmed, 1998. KAMII, C. Crianças pequenas reinventam a aritmética: implicações da teoria de Piaget. Porto Alegre: Artmed, 2002. LANDAU, E. A coragem de ser superdotado. São Paulo: CERED, 1990. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2003. NOVAES, M. H. Desenvolvimento psicológico do superdotado. São Paulo: Atlas, 1979. 77