REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE Rafael Fighera Laboratório de Patologia Veterinária Universidade Federal de Santa Maria Conceito de reação de hipersensibilidade “Reações de hipersensibilidade são uma resposta exacerbada do sistema imune frente a um determinado estímulo.” Tipos de reação de hipersensibilidade (classificação de Gell & Coombs) Reação de hipersensibilidade do tipo I (anafilaxia) Reação de hipersensibilidade do tipo II (citotoxicidade) Reação de hipersensibilidade do tipo III (por imunocomplexos) Reação de hipersensibilidade do tipo IV (mediada por células) Philip George Howthern - “Gell” (1914) Robert Royston Amos - “Coombs” (1921) imunologistas britânicos REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I Conceito de reação de hipersensibilidade do tipo I “Reação de hipersensibilidade do tipo I é uma reação imunológica que se desenvolve rapidamente pela combinação de um antígeno com um anticorpo ligado a mastócitos em um indivíduo previamente sensibilizado a esse antígeno.” Premissas da reação de hipersensibilidade do tipo I Desenvolver-se rapidamente (5-30 minutos). Estar associada à desgranulação de mastócitos. Ocorrer apenas após o conhecimento prévio de um dado antígeno. Tipos de reação de hipersensibilidade do tipo I Anafilaxia sistêmica ou generalizada Anafilaxia local Tipos de reação de hipersensibilidade do tipo I Anafilaxia sistêmica ou generalizada Pós-inoculação Pós-ingestão Pós-aspiração Anafilaxia local Tipos de reação de hipersensibilidade do tipo I Anafilaxia sistêmica ou generalizada Anafilaxia local Dermatopatias alérgicas Gastrenterites alérgicas Rinite e conjuntivite alérgicas Asma brônquica Tipos de reação de hipersensibilidade do tipo I Anafilaxia sistêmica ou generalizada Anafilaxia local Dermatopatias alérgicas Dermatite atópica Dermatite alérgica à picada de artrópodes Alergia alimentar Dermatite de contato alérgico Urticária Fases da reação de hipersensibilidade do tipo I Sensibilização Resposta inicial (1a fase) Resposta tardia (2a fase) Reação imunológica normal (não-sensibilização) contato com antígeno desconhecido apresentação do antígeno por CAA apresentação do antígeno por CAA a linfócitos T CD4 TA0 a linfócitos B diferenciação dos linfócitos T CD4 TA0 em T CD4 TA1 interação entre linfócito T CD4 TA1 e linfócito B IL-2, TNF- e interferon- diferenciação do linfócito B em plasmócitos secreção de IgG Reação de hipersensibilidade do tipo I (sensibilização) contato com antígeno desconhecido apresentação do antígeno por CAA apresentação do antígeno por CAA a linfócitos T CD4 TA0 a linfócitos B diferenciação dos linfócitos T CD4 TA0 em T CD4 TA2 interação entre linfócito T CD4 TA2 e linfócito B IL-4 diferenciação do linfócito B em plasmócitos secreção de IgE ligação com mastócitos Reação de hipersensibilidade do tipo I (resposta inicial ou 1ª fase*) contato direto do alérgeno conhecido (reexposição) com IgE presente na membrana plasmática dos mastócitos desgranulação com liberação de mediadores pré-formados histamina histamina histamina contração do músculo formação de lacunas da secreção liso brônquico intercelulares por glândulas nasais broncoconstrição exsudação congestão nasal angústia respiratória edema dificuldade respiratória *Desencadeamento rápido (5-30 minutos). *Remissão rápida (60 minutos). Aumento da permeabilidade vascular Formação de lacunas intercelulares histamina contração das células endoteliais exsudação edema Reação de hipersensibilidade do tipo I (resposta inicial ou 1ª fase) contato direto do alérgeno conhecido (reexposição) com IgE presente na membrana plasmática dos mastócitos desgranulação com liberação de mediadores pré-formados triptase sensibilização do músculo liso broncoconstrição angústia respiratória quimase ativação da cascata do complemento edema e vasodilatação calicreína cininogênio bradicinina edema e vasodilatação Reação de hipersensibilidade do tipo I (resposta tardia ou 2ª fase*) síntese com liberação de mediadores secundários prostaglandina D2 contração do músculo liso brônquico e secreção de muco broncoconstrição angústia respiratória leucotrienos C4 e D4 leucotrieno D4 e PAF ação 10.000x mais potente formação de lacunas quimiotaxia intercelulares de eosinófilos exsudação edema eosinofilia *Desencadeamento retardado (2-8 horas). *Remissão retardada (dias). Aumento da permeabilidade vascular Formação de lacunas intercelulares leucotrienos C4 e D4 contração das células endoteliais exsudação edema Reação de hipersensibilidade do tipo I (resposta tardia ou 2ª fase) eosinofilia tecidual desgranulação dos eosinófilos proteína básica principal (MBP) peroxidase dos eosinófilos (EPO) proteína catiônica dos eosinófilos (ECP) formação de neurotoxina derivada dos eosinófilos (EDN) leucotrieno C4 proteína cristalina de Charcot-Leydin (CLCP) e PAF citotoxicidade ativação direta de mastócitos Dermatopatias alérgicas em cães (37,8% das DNTC) Dermatite atópica (16,7%) Dermatite alérgica à picada de pulga (16,5%) Alergia alimentar (3,2%) Dermatite de contato alérgico (0,6%) Furunculose eosinofílica da face (0,4%) Urticária (0,4%) Dermatopatias alérgicas em cães (37,8% das DNTC) Dermatite atópica (16,7%) Dermatite alérgica à picada de pulga (16,5%) Alergia alimentar (3,2%) Dermatite de contato alérgico (0,6%) Furunculose eosinofílica da face (0,4%) Urticária (0,4%) Dermatite atópica (epidemiologia) Predisposição etária: 1-3 anos (70% dos casos). média 1 ano e meio. variação 2 meses a 8 anos. raramente antes dos 6 meses. Predisposição racial: Lhasa Apso, Shih-Tzu, Labrador, Golden, Shar-Pei, Bichon Frisé, Boxer, Bull Terrier, Chihuahua, Tibetan Terrier, Yorkshire Terrier, Cocker Spaniel, Springer Spaniel e West Highland White Terrier. Predisposição sexual: fêmeas? Dermatite atópica (epidemiologia) Principais alérgenos: poeira doméstica, mofo, ácaro e pólen. plantas (gramíneas) Sazonalidade: pode ou não ocorrer. 80% dos cães são afetados na primavera. 20% dos cães são afetados no inverno. sazonal não sazonal Dermatite atópica (critérios para o diagnóstico) Três dos cinco achados abaixo indica dermatite atópica Prurido sensível ao corticoide. Eritema de orelhas. Pododermatite eritematosa cranial bilateral Queilite Aparecimento dos sinais entre 6 meses e 3 anos de idade. Dermatopatias alérgicas em cães (37,8% das DNTC) Dermatite atópica (16,7%) Dermatite alérgica à picada de pulga (16,5%) Alergia alimentar (3,2%) Dermatite de contato alérgico (0,6%) Furunculose eosinofílica da face (0,4%) Urticária (0,4%) Dermatite alérgica à picada de pulga (epidemiologia) Predisposição etária: média de 3-5 anos. raramente antes dos 6 meses. Predisposição racial: Chow-Chow, Labrador, Fox Terrier, Pequinês, Brittany Spaniel, Setter Irlandês, Airedale Terrier, Lhasa Apso e Golden. Predisposição sexual: não há. Dermatite alérgica à picada de pulga (epidemiologia) Principais alérgenos: proteínas da saliva da pulga. Sazonalidade: pode ou não ocorrer. Dermatopatias alérgicas em cães (37,8% das DNTC) Dermatite atópica (16,7%) Dermatite alérgica à picada de pulga (16,5%) Alergia alimentar (3,2%) Dermatite de contato alérgico (0,6%) Furunculose eosinofílica da face (0,4%) Urticária (0,4%) Reações adversas ao alimento alergia alimentar ou hipersensibilidade alimentar versus intolerância alimentar Alergia alimentar (epidemiologia) Predisposição etária: menos de um ano de idade (33%-50%). Predisposição racial: não há. Predisposição sexual: não há. Sazonalidade: não há. Reação de hipersensibilidade do tipo I (alergia alimentar) Produtos de origem animal Carnes carne bovina carne de frango Produtos lácteos Ovos Produtos de origem vegetal Grãos trigo milho soja Dermatopatias alérgicas em cães (37,8% das DNTC) Dermatite atópica (16,7%) Dermatite alérgica à picada de pulga (16,5%) Alergia alimentar (3,2%) Dermatite de contato alérgico (0,6%) Furunculose eosinofílica da face (0,4%) Urticária (0,4%) Reação de hipersensibilidade do tipo I (dermatite de contato alérgico) Pólen Fibras (lã, náilon e sintéticas) Resinas (gramas, árvores e ervas) Detergentes Medicamentos tópicos (neomicina, tetracaína, sabões e xampus)