Asma e DPOCElo Comum Ataualpa P. Reis Prof. de Pós Graduação em Alergia e Imunologia Definição de asma - GINA 2008 Asma é uma doença inflamatória crônica de vias aéreas que envolve a participação de diversas células e componentes celulares. A inflamação crônica está associada a hiperreatividade de vias aéreas que determinam episódios recorrentes de sibilância, dispnéia, opressão torácica e tosse, particularmente a noite ou ao despertar. Tais episódios estão associados a obstrução variável de vias aéreas reversível espontaneamente ou com tratamento. Diagnóstico de asma - GINA 2008 1. Critérios clínicos 2. Pico de fluxo Aumento de 20% pós-broncodilatador Variação diurna maior de 20% Diagnóstico de asma - GINA 2008 3. Espirometria VEF1/CVF reduzidos - previsto para a idade resposta ao BD (200 ml e 12%) repetir se necessário ≥ 12% e ≥ 200mL Exp Fluxo Insp TLC RV Volume Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Definição: Doença pulmonar obstrutiva crônica é doença tratável e prevenível com alguns significantes efeitos extra-pulmonares que pode contribuir para a gravidade em diferentes pacientes. O componente pulmonar se caracteriza por limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. A limitação do fluxo aéreo é usualmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória anormal do pulmão a partículas ou gases tóxicos GOLD 2008 Diagnóstico da DPOC ►Deve ser considerado em qualquer pessoa com: Tosse crônica Expectoração crônica Dispnéia História de exposição à fatores de risco ►Confirmação diagnóstica pela espirometria: Relação VEF1/CVF pós-broncodilatador <0,70 O diagnóstico espirométrico define a doença e seu estádio Componentes das doenças das vias aéreas Sintomas Limitação variável no fluxo aéreo Inflamação Limitação crônica no fluxo aéreo Hiperresponsividade das vias aéreas HARGREAVE, FE and PARAMESWARAN, K. ERJ 2006;28:264-7 Bronquíolo de paciente asmático Eosinófilos Inflamação na DPOC Aumento no n° de células inflamatórias CD45 Aumento no n° de células T CD8+ve Aumento no n° de neutrófilos no escarro Aumento no n° de células B na doença grave Aumento no n° mastócitos CD8 ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS EM DPOC-GOLD ZERO A- Vias aéreas normais B- Vias aéreas com muco aspirado C- Reação inflamatória precoce D- Reação inflamatória intensa Escarro eosinofílico (eos > 3%) Escarro neutrofílico (neutro > 65%) Escarro eosinofílico (eos > 3%) Escarro neutrofílico (neutro > 65%) Não-eosinofílico não-neutrofílico % de eosinofilia no escarro % de participantes 100 DPOC estáveis 75 50 25 0 Pizzichini Brightling Leigh 1998 2000 2005 Inflamação na ASMA E DPOC ASMA Alérgeno DPOC Tabagismo Cels Ep Mastócitos Mo Alv Cels CD4+ (Th2) Eosinófilo Cels CD8+ Neutrófilo (Tc1) Broncoconstricção HRVA Cels Ep Estr pequenas vias aéreas Destruição alveolar Limitação ao fluxo aéreo Reversível Parcialmente reversível Inflamação na ASMA E DPOC ASMA Alérgeno Mastócitos Neutrófilo Cels Ep Cels CD4+ (Th2) Eosinófilo Broncoconstricção HRVA DPOC Tabagismo MoEosinófilo Alv Cels Ep Cels CD8+ Neutrófilo (Tc1) Estr pequenas vias aéreas Destruição alveolar Limitação ao fluxo aéreo Reversível Parcialmente reversível Heterogeneidade da Asma Normal cell counts=15 EB=35 Trivial NB=16 EBNB=13 Stable asthma (n=1026) NB=21 Exacerbated asthma (n=166) Valores normais CCT <Am 10J6/g Respir Crit Care Med 2008; 177: A361. Ne <64% Eo <1.1% D’SILVA L et al. AJRCCM 2008;177:A361 D’SILVA L et al. RESPIR MED 2007;101:2217-20. Diferenças no Tratamento da Asma e DPOC DPOC ASMA Pequena resposta BD Grande resposta BD Pequena resposta BD Boa resposta esteróides Resposta reduzida esteróides Pouca resposta aos esteróides ASMA GRAVE GOLD 2008 Diferenças entre Asma e DPOC 30% dos pacientes com limitação fixa do fluxo aéreo têm história de asma.Diferenciar Asma de DPOC pode ser difícil, especialmente em pacientes mais velhos. O mais útil discriminador, a prova positiva ao BD inalado , pode não ser positiva e assim não diferenciar Asma de DPOC. Quando o VEF1 pós broncodilatação retorna ao normal é Asma(não existe obstrução fixa). Muitos asmáticos, especialmente aqueles com doença de longa duração, podem mostrar nenhuma resposta aos broncodilatadores inalados de curta duração e alguns pacientes com DPOC podem mostrar alguma resposta positiva Celli et al Eur Respir J 2004;23:932-946 Diferenças entre Asma e DPOC Asmáticos com limitação fixa do fluxo aéreo têm outros achados que os distinguem da DPOC. Eles têm mais eosinófilos no sangue periférico, escarro e lavado broncoalveolar e na biópsia brônquica, têm aumentada a percentagem de linfócitos CD4+/CD8+ infiltrados nas vias aéreas e têm mais espessamento da membrana basal destas vias do que os com DPOC Outros achados importantes são os altos níveis de NO exalado, menores escores de enfisema na Tomografia Computadorizada de alta resolução e capacidades de difusão maiores. Muitos destes achados não são práticos e portanto não são de uso geral tornando difícil o seu uso na prática clínica. Celli et al Eur Respir J 2004;23:932-946 É possível distinguir entre Asma e DPOC? “ Em alguns pacientes não é possível distinguir entre Asma e DPOC com base nos meios de diagnóstico atuais. Estes pacientes devem ser tratados como asmáticos” American Thoracic Society / European Respiratory Society2004 F I M O B R I GADO Na DPOC, eosinófilos no escarro >3% Prevê o benefício com corticóide inalatório 0.15 Δ VEF1 pós bd (L) 0.10 0.05 0.00 eos <3% * # * # ** # ** # eos ≥3% 1.00 Δ Escore Dispnéia 0.75 0.50 0.25 0.00 Placebo Budesonida LEIGH R, et al. ERJ 2006; 27: 964-71 Prednisona Impacto dos CEI nos neutrófilos Aumento nos neutrófilos Neutrófilos inalterados Redução nos neutrófilos 1 entre 8 estudos 4 entre 8 estudos 3 entre 8 estudos EFEITO DO CORTICÓIDE ORAL SOBRE ECP(EOSINÓFILOS) E HNL(NEUTRÓFILOS) EM ASMA E DPOC Declíneo rápido no VEF1 está associado a neutrofilia dos escarro * Neutrófilos (%) 100 90 80 70 60 50 40 0 > 30 20 - 30 < 20 Declíneo do VEF1 (ml / ano) * p < 0.01 Stanescu et al. Thorax 1996 Eosinófilos no escarro, % Efeito do tratamento nos eosinófilos 15 Eosinofílicos 10 Não-eosinofílicos 5 * * 0 Basal Placebo Budesonida Prednisona Leigh R, Pizzichini MMM, Hargaeve FE, Pizzichini E. ERJ; maio de 2006. Efeito da associação FTC/S na Contagem Diferencial de Neutrófilos no Escarro ∆ Neutrófilos no escarro (%) Placebo (n = 60) Seretide (n = 51) p = 0.04* 86 84 82 80 78 76 74 0 Basal Sem 8 Sem 13 * Ajustada para comparações múltiplas (p=0.01 sem ajustes) Basal Sem 8 Sem 13 Broncodilatodores na DPOC estável ►Os broncodilatadores são parte central do tratamento sintomático da DPOC. Podem ser utilizados quando necessário, ou em uso regular diário para prevenir ou reduzir sintomas (Evidência A) ►Os broncodilatadores utilizados no tratamento da DPOC são: beta-2 agonistas, anticolinérgicos, teofilina e a combinação destas drogas (Evidência A) ►Os broncodilatadores de ação prolongada são mais convenientes ►A via inalatória deve ser preferida Broncodilatadores na DPOC estável Anticolinérgico de longa ação + Beta 2 longa duração + Teofilina AP G R A V I D A D E Anticolinérgico de longa ação + Beta 2 de longa duração **Anticolinérgico de longa ação ou *Beta 2 de longa duração Anticolinérgico de curta ação ou Beta 2 de curta duração s.n. Ipratrópio; Fenoterol/Sabutanol; * Formoterol/Salbutamol; ** Tiotrópio Broncodilatadores na DPOC estável A COMBINAÇÃO de broncodilatadores de diferentes mecanismos e duração pode aumentar o grau de broncodilatação por equivalência ou diminuir os efeitos colaterais A combinação de um beta-2 e um anticolinérgico produz maior e mais sustentada melhora do VEF1 (Evidência A) Corticosteróide na DPOC estável Pacientes sintomáticos, com VEF1<50% (III e IV) e repetidas exacerbações ( três em pelo menos 3 anos) Esse tratamento reduz a freqüência das exacerbações e melhora a qualidade de vida (Evidência A), como também reduz todas as causas de mortalidade Corticosteróide + beta-2 de longa ação é mais efetivo do que quando usados isoladamente (Evidência A) Tratamento da DPOC Farmacológico Broncodilatadores - beta-agonistas - anticolinergicos - teofilina Corticosteróides inalatórios Antioxidantes Anabolizantes Não farmacológico • Oxigenoterapia • Reabilitação • Supressão do tabagismo Introdução • Estudo recente demonstrou que a associação de corticóide inalatório e B2 de longa duração diminui a inflamação da mucosa dos pacientes com DPOC podendo melhorar a função pulmonar (Neil Barnes et al) CelliI et al. AJRCCM 2008;178:332-338 II Consenso Brasileiro de DPOC 2004 Leve Moderada Grave Muito Grave 30 ≤ VEF1 < 50% VEF1 < 30% VEF1/CVF < 70% VEF1 > 80% 50 ≤ VEF1 < 80% Cessação do tabagismo Vacinação anti-gripal / anti-pneumocócica Broncodilatador de curta ação (S/N) Reabilitação β2 de longa ação ou Tiotrópio β2 de longa ação e Tiotrópio +/- Xantina CI se exacerbações 2/ano O2 Cirurgia I. Conclusões Asma A asma é uma doença inflamatória. O processo inflamatório heterogêneo afeta as vias aéreas. O uso de corticosteróides isolados ou em associação controlam o processo inflamatório e a doença. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica A limitação do fluxo aéreo se deve a bronquiolite obstrutiva e a destruição do parênquima pulmonar A limitação do fluxo aéreo é melhor mensurada pela espirometria, teste disponível e reproduzível GOLD 2007 II. Conclusões DPOC A DPOC é uma doença inflamatória. O processo inflamatório heterogêneo afeta os pulmões e todo o organismo. O uso de corticosteróides isolados ou em associação controlam o processo inflamatório. A DPOC poderia ser considerada uma Sindrome Inflamatória Sistêmica associada ao tabagismo. Diagnóstico da DPOC História Exame físico Tosse Crônica Dispnéia Tabagismo Normal Hiperinsuflação Cor pulmonale Radiografia de tórax Espirometria Normal Hiperinsuflação VEF1 / CVF < 70% após BD Estadiamento da DPOC 1- Leve 2 - Moderada 3 - Grave 4 - Muito grave VEF1/CVF < 70% VEF1 80% 50 ≤ VEF1 < 80% 30 ≤ VEF1 < 50% VEF1 < 30% PaO2 < 60 mmHg PaCO2 > 50 mmHg Dispnéia MRC 2/3 Cor Pulmonale Dispnéia MRC 4 Espirometria: Normal e DPOC 0 VEF 1 Normal DPOC 1 Litros 2 CVF VEF 1/ CVF 4.150 5.200 80 % 2.350 3.900 60 % VEF 1 3 DPOC 4 CVF VEF 1 Normal 5 1 2 3 CVF 4 5 6 Se gundos Espirometria: estadiamento de gravidade da DPOC pelos valores do VEF1 pós- broncodilatador 1- Leve 2 - Moderada 3 - Grave 4 - Muito grave VEF1/CVF < 0,70 pós BD VEF1 80% 50 ≤ VEF1 < 80% 30 ≤ VEF1 < 50% VEF1 < 30% PaCO2 > 50 mmHg PaO2 < 60mmHg Cor pulmonale 2008 Outros exames complementares: 1- Radiografia do tórax – diagnóstico diferencial 2- Tomografia computadorizada – Cirurgia de redução de volume pulmonar 3- Gasometria arterial: Sinais clínicos de falência respiratória e falência cardíaca VEF1 <50% do previsto 4- 1 anti-tripsina: DPOC com <45 anos, brancos, história familiar O diagnóstico da DPOC é baseado na história e na espirometria História Exame Físico Tosse Crônica Dispnéia Sibilos Tabagismo Exposição ocupacional Normal / quase Hiperinsuflação MV diminuído Sinais de cor pulmonale Radiografia de tórax Espirometria Excluir outras doenças Bolhas Hiperinsuflação VEF1/CVF < 0,70 Patologia 1- Grandes vias aéreas: Atrofia e metaplasia escamosa focal Diminuição de cílios Hiperplasia das glândulas da SM, com Muco 2 – Pequenas vias aéreas Aumento do número das células caliciformes Aumento da massa muscular (m. liso) Fibrose e obliteração da luz bronquiolar 3 – Parênquima Ruptura da parede alveolar Ruptura das fibras elásticas Fibrose? Declíneo rápido no VEF1 está associado a neutrofilia dos escarro * Neutrófilos (%) 100 90 80 70 60 50 40 0 > 30 20 - 30 < 20 Declíneo do VEF1 (ml / ano) * p < 0.01 Stanescu et al. Thorax 1996