Urgências em pneumologia Prof. Antonio Carlos Lemos Doutor em Medicina e Prof. Adjunto da FAMED/UFBa Coordenador do Núcleo de Pesquisa em Pneumologia (NUPEP/ABACONTT) Chefe do Serviço de Pneumologia do HUPES Coordenador da disciplina de Pneumologia da FAMED/UFBA Broncoespasmo Asma Inflamação Asma Caso Clínico Asma na infância Tosse e falta de ar Espiro antes e pós-BD: CV: 70% e 90% VEF1: 40% e 59% PF 160 L Manejo da Crise de Asma Estratégias a serem usadas: Avaliação clínica Medidas do Pico de Fluxo (PF) Exames complementares Decisão terapêutica e prognóstica (alta ou internamento). Educação para o auto manejo Asma na emergência: assuntos relevantes 1-Asmático morre de asfixia e não de arritmia cardíaca. 2-B2 agonistas a mobi-mortalidade se usado em dose insuficiente. 3-Prednisona oral começa agir em 3 hs e é máximo em 8 a 12 hs. Prednisolona EV começa em 01 hora, sendo máximo em 5 hs. 4-Em estado de mal asmático, a prednisolona deve ser usada na dose de 125mg cada 6 hs, e na moderada a grave 40 mg cada 6hs. 5-A dose deve ser reduzida e ou passar para VO oral assim que o paciente apresentar melhora, se possível nas primeiras 24 horas. Conduta na Asma Moderada a Grave Todo paciente com sintomas de asma, com PF > 50 % do previsto ou do sua melhor avaliação ou acima de 200 L/minuto, deve fazer: 1- Nebulização com B2 agonista (1 gota para cada Kgp, máximo de 10 gtas de fenoterol) + Ipatrópio (30 a 40 gotas) + 03 ml de Soro Fisiológico cada 20 minutos, no máximo de 03 nebulizações ou Combivent (utilizando aerocâmara) 03 puffs, com intervalo de 02 minutos um do outro, repetindo a cada 20 minutos, podendo se repetir por 03 vezes no máximo, e adicionar Prednisona VO 1 mg/Kgp, máximo de 60 mg dose única. 2- RX de tórax, Leucograma, Gram e citograma do escarro (se o mesmo for mucopurulento ou purulento). Uso de antibiótico a critério se infecção presente. Conduta na Asma Moderada a Grave Todo paciente com sintomas de asma, com PF > 50 % do previsto ou do sua melhor avaliação ou acima de 200 L/minuto, deve fazer: 3-Avaliar o PF no início e 10 minutos após uso de B2 + Ipatrópio. 4-Se melhora os sintomas e o PF > 70 % do previsto ou de sua melhor avaliação, alta em uso de Predinisona (01 mg/Kgp/dia em duas doses, as 08 hs e as 15 hs) + B2 de curta ação SN cada 3 - 4 horas. Se ja usa corticoide inalatório pode duplicar a dose. 5-Deve ser orientado a procurar o médico assistente, pneumologista, dentro de 48 a 72 horas. 6-Caso o paciente não melhore nos primeiros 40 minutos e ou apresente piora clínica a qualquer momento, deve ser colocado em leito do PA e medidas para asma grave devem ser tomadas. Conduta na Asma Grave Paciente asma grave (taquicardia, hiperinsuflação do tórax, aumento do tonus do músculo esternocleidomastoídeo, pulso paradoxal, múrmurio vesicular muito diminuído ou abolido etc) e ou PF < 50 % do previsto ou de sua melhor avaliação ou < 200 L/minuto, deve ter a seguinte conduta: 1-Colocado em um leito do PA. 2-Monitorização da SapO2 e cardíaca, > FiO2 3-Suporte ventilatório SN (VM ou VNI). 4-Em caso de asfixia deve ser feito entubaçao, ventilação mecânica (VM) e de imediato transferir para UTI. 5-Acesso venoso e administração de Metil-prednisolona EV 125 mg cada 06 horas. Conduta na Asma Grave Paciente asma grave (taquicardia, hiperinsuflação do tórax, aumento do tonus do músculo esternocleidomastoídeo, pulso paradoxal, múrmurio vesicular muito diminuído ou abolido etc) e ou PF < 50 % do previsto ou de sua melhor avaliação ou < 200 L/minuto, deve ter a seguinte conduta: 6-Uso de B2 agonista e Ipatrópio conforme descrito no item 1 de asma moderada a grave. A seguir manter a nebulização cada 2 – 3 horas. 7-Fazer Hemogasometria arterial, Radiografia do Tórax, Hemograma e eletrólitos. Se PaO2 < 60 mmHg e ou PaCO2 > 45 internar em UTSI (PaCO2 > 45 em asma é sinal de fadiga muscular e deve ser instituída a VM). 8-Monitorizar o PF 10 minutos após cada uso de B2 + Ipatrópio. 9-Consulta com pneumologista. Conduta na Asma Grave: Paciente asma grave (taquicardia, hiperinsuflação do tórax, aumento do tonus do músculo esternocleidomastoídeo, pulso paradoxal, múrmurio vesicular muito diminuído ou abolido etc) e ou PF < 50 % do previsto ou de sua melhor avaliação ou < 200 L/minuto, deve ter a seguinte conduta: 9-Se o paciente melhorar nas primeiras 12 horas e estando em condição de alta, PF > 70 % do previsto ou da sua melhor avaliação, será dada alta seguindo prescrição conforme descrito no item 4 de asma moderada a grave. 10-Na ausência de melhora ou deterioração do quadro clínico o paciente deve ser internado em UTSI ou UTI, e considerar o uso de medidas anti-RGE. Aminofilina pode ser usada nesta situação na dose de 15 mg/kgp/dia, EV, em bomba de infusão. Ocorrendo taquicardia ou arritimia supra-ventricular a aminofilina deve ser suspensa e o nível de aminofilinemia deve ser avaliado. Diagnóstico clínico Exame Físico EF1 Tiotrópio: comparação do VEF1 nos grupos estudados durante 1 ano de seguimento Dmudança VEF1 mL 160 Tiotrópio 120 80 P<0,0001 40 0 Ipratrópio -40 -80 0 100 200 Dias do teste 300 400 W Vincken e col. Eur respir J 2002; 19: 209-216. Tiotrópio x Ipatrópio em DPOC Reduziu o número de exacerbação em 24%, p=0,008. Aumentou o tempo para a primeira exacerbação, p<0,05. Aumentou o tempo para a primeira hospitalização, p=0,048. Definição A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição que se caracteriza por limitação do fluxo aéreo, usualmente progressiva e não totalmente reversível. Prevalência estimada no Brasil Prevalência de DPOC 5 – 7 milhões de pacientes fumantes >40 anos Diagnóstico clínico História Tosse Dispnéia Sibilos Tabagismo Exposição ambiental O diagnóstico espirométrico define a doença e seu estádio 0 Litros 1 2 VEF1(L) CVF(L) VEF1/CVF% Normal 4,15 5,2 80 DPOC 2,35 3,90 60 VEF1 3 DPOC 4 CVF VEF1 Normal 5 CVF Seg 1 2 3 4 5 6 A DPOC é subdiagnosticada Sem diagnóstico prévio: 78,2% Estadiamento Formas leves Formas moderadas Formas graves VEF1 70% % 38,3 VEF1 69% a 50% 39,7 VEF1 < 50% 22,0 Arch Bronconeumol 1999; 35:159-166. Chest 2000; 118:981-989 A DPOC é subtratada Em tratamento prévio: 19,3% Estadiamento Formas leves Formas moderadas Formas graves VEF1 70% % 10 VEF1 69% a 50% 11,8 VEF1 < 50% 49,3 Arch Bronconeumol 1999; 35:159-166. Chest 2000; 118:981-989 Estadiamento UPDATE 2003 Estádio 1 2 3 4 Denominação Caraterísticas Leve VEF1 / CVF < 70% VEF1 80% Moderada VEF1 / CVF < 70% 50% VEF1 < 80% Grave VEF1 / CVF < 70% 30% VEF1 < 50% Muito grave VEF1 / CVF < 70% 30% < VEF1 PaO2 ou ICD Doença não diagnosticada A DPOC habitualmente apresenta-se primeiramente ao médico durante uma exacerbação. Porém, freqüentemente Agudização não é reconhecida prontamente, ficando o paciente sem um conhecimento X adequado da doença e sem uma condução otimizada. DPOC Tosse e expectoração Escarro purulento Dispnéia Diagnóstico correto Condução otimizada Tratamento da doença estável - Cessação do tabagismo - Vacinação - Tratamento farmacológico - Oxigenoterapia - Reabilitação DPOC 5 não fumante VEF 1 (litros) 4 3 2 fumante 1 Morte 0 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 Idade (anos) Efeito broncodilatador do tiotrópio foi superior ao do salmeterolDia 1 Tiotrópio 6 meses 1,35 Salmeterol 1,3 Placebo VEF1(L) 1,25 1,2 1,15 1,1 1,05 1 0,95 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo após administração (h) Donohue J. Chest 2002; 122:4755 ©2006 UpToDate® e-mail this to a colleague ©2006 UpToDate® MANEJO DA PAC Identificação do agente etiológico Existem fatores modificadores O paciente tem comorbidade (doença cardiopulmonar) Muitas vezes a infecção é polimicrobiana O quadro é leve, moderado ou grave O tratamento será realizado em regime ambulatorial ou hospitalar? Se hospitalar: na UTI ou fora dela? Abordagem não antibiótico, PAC grave De que morrem os pacientes com PAC? Retardo no diagnóstico Uso inadequado de antibióticos (retardo de inicio, ATB inapropriado, dose insuficiente) Insuficiência Respiratória Sepsis e colapso hemodinâmico Falência de múltiplos orgãos PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) No de casos/10.000 indivíduos MORTALIDADE 70 60 50 40 30 20 10 0 <1 1-4 5 –9 10-15 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 60-69 70-79 >80 TOTAL Pneumonia/Sépsis: Evolução e tratamento de suporte Infecçã o Pneumon ia Acentua hipotensão Cultivos, fluido e ATB sepsis Hipoxemia: PAM < 6,5 mmHg SatvO2 < 70 mmHG Necessidade VM Choque séptico FMO Hipotensão: Alto Risco óbito Manejo da hipoxia tecidual na sepsis < demanda de oxigênio tecidual Objetivo CaO2 Elevar o DC Aumentar o Volemia Pré carga baixa Pré carga alta Intervenção FiO2 Líquido Simpaticomimético Aumento com B agonista Aumento do PEEP Aumento da Protocolo de Intervenção precoce na Sepsis “O mais precoce possível –Homeostase deve ser restabelecida nas primeiras 6 horas” Necessário: -Cateter venoso central -Monitorar PAM -Medir a Satv02 Intervenção: -Suplementação 02 + intubação e VM PVC < 8 mm Hg (cristalóides e colóides) 8 a 12 mmHg PAM < 6,5 ou > 90 mmHg-drogas vasoativas) > 6,5 ou < 90 mmHg Satvc02 < 70 mmHg Transfusão Htc > 30 Satvc < 70 Dobutrex Satvc02>70 Não Sucesso alcançado Manter Tratamento Caso PAC Grave MLN, com febre e dispnéia rapidamente progressiva. O tempo entre o início dos sintomas e a entrada na emergência, em 26/07/2005, foi de cerca de 12 horas, aonde chegou inconsciente, chocado, taquipneico, PAS imperceptível, FR 48 ipm, FC 130 bpm. sem diurese. Vinte minutos após estava internado na UTI, colocado ventilação mecânica, FiO2 100% e PaO2/FiO2 = 75%. Passado intracath central e monitorizado a Pressão arterial invasiva. RX de tórax a comentar. Creatinina 2,5. Houve aumento das transaminases > 300UI e da bilirrubina. Somou 165 pontos seguindo os critérios de Fine. Identificação do agente Caso PAC Grave continuação Feito re-expansão pulmonar com PEEP 20. Com PVC < 8 cmH2O, foi iniciada reposição de volume e quando a mesma ultrapassou de 12cm H2O, com o paciente ainda em choque, foi feito noradrenalina. Iniciado Vancomicina, Ciprofloxacina, Claritromicina e Piperacilina/Tazobactan. Tal associação de antibióticos visou cobrir os microrganismos: estafilococos, pseudomonas, germes atípicos, especialmente legionela, e outros mais habituais nesta situação, o pneumococus. Caso PAC Grave continuação Três horas após entrada na UTI, e o quadro clínico preenchendo os critérios para o uso de Xigris, o mesmo foi iniciado (Xigris-Drotrecogin), na dose de 24ug/kgp por hora durante quatro dias. Dois dias após apresentava melhora acentuada da função renal e das trocas gasosas. No sexto dia foram confirmadas duas hemoculturas positivas para pneumococos, sendo suspenso todos os antibióticos a exerção do Tazocin. Caso PAC Grave continuação No dia seguinte o paciente foi retirado da VM e recebeu alta no 12 dia de internamento, assintomático respiratório, com função renal normal, mas persistia elevação de transaminases, TGP 117 e TGO 42. A PaO2 foi de 85mmHg e a PaCO2 de 38 respirando ar ambiente. A radiografia de tórax apresentava estrias no terço inferior do pulmão esquerdo. Dez dias após, tanto o RX de tórax com as transaminases estavam normais. História clínica Masc, 45 anos, funcionário público, natural e procedente de Salvador. Dor torácica VD e Dispnéia súbita há 24 horas. Fumante, negava alcoolismo. Referia ter submetido a cirurgiade próstata há 3 semanas FC 110, FR 28, PSA 120X70. BEG. Leuco normal, pH 7.452, PaO2 65 e PaCO2 31 Qual o provável diagnóstico? a. Pneumonia b. Derrame Pleural tuberculoso c. Pneumotórax d. Tromboembolismo pulmonar Qual o provável diagnóstico? a. Pneumonia b. Derrame Pleural tuberculoso c. Pneumotórax d. Tomboembolismo pulmonar Dx TEP aguda - algoritmos 2006 TEP possível JAMA 2006; 295: 172 Modificado Escore clínico TEP improvável TEP provável Heparina Dímeros -D DD Normal TEP excluída DD anormal Confirma normal angioTCH Inconclusiva normal Duplex de MsIs OBRIGADO PELA ATENÇÃO