ESTUDO DE PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS UTILIZANDO CARTÕES FRACTAIS Theodoro Becker de Almeida1; Rodiane Ouriques Martinelli2; Virgínia Maria Rodrigues1; Ana Maria Marques da Silva2 ([email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]) 1 2 Faculdade de Matemática, PUCRS, Porto Alegre, Brasil. Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática, Faculdade de Física, PUCRS, Porto Alegre, Brasil. Introdução Difundida pelo matemático polonês Benoit Mandelbrot [2], a geometria dos fractais tem atraído interesse científico e educacional devido à sua potencialidade, versatilidade e fascínio oferecido por sua beleza e pelo grande poder de análise dos objetos da natureza. Por isso, seu uso tem ocorrido em diversas áreas da ciência, tecnologia e arte. Apesar desta “nova geometria” ainda ser desconhecida por muitos professores de matemática, ela permite ser estudada durante a abordagem de conteúdos de Ensino Fundamental e Médio. Este trabalho apresenta um estudo de Progressões Geométricas a partir da confecção de cartões fractais tridimensionais. Além da formação das progressões geométricas encontradas durante o processo de construção dos cartões, características da geometria fractal como auto-similaridade e complexidade infinita podem ser paralelamente discutidas. Assim, acreditamos que nossa proposta de atividade permite abordar o tema progressão geométrica e introduzir a geometria dos fractais de forma motivadora, quebrando a rotina das aulas tradicionais de matemática [1]. Os Cartões Fractais e as Progressões Geométricas A atividade de construção de cartões fractais tridimensionais é uma forma motivadora e interessante de apresentar a geometria dos fractais para os estudantes de Ensino Médio, pois devido ao apelo estético, envolve e captura a atenção dos alunos. Nesse trabalho, descreveremos as atividades de construção de três cartões fractais que apresentam características diferenciadas: Degraus Centrais (Figura 1), Triângulo de Sierpinski (Figura 2) e Trisecções (Figura 3). Tomando-se como ponto de partida a planificação de cada cartão, notamos que eles resultam de uma seqüência de cortes e dobraduras que se repetem, propriedade da geometria fractal conhecida por autosimilaridade [2]. Figura 1: Cartão Degraus Centrais Figura 2: Cartão Triângulo Sierpinski Figura 3: Cartão Triângulo Sierpinski Observamos, durante a construção dos cartões, que os cortes e as dobraduras resultam em formas geométricas (paralelepípedos) e que a cada novo corte e dobradura, surgem novos paralelepípedos [3]. Com base nestas etapas é possível construir uma tabela com o número de paralelepípedos obtidos a cada iteração, a qual resultará numa progressão geométrica (PG). Além disso, podemos incrementar a tabela explorando o volume de cada paralelepípedo gerado nas diferentes iterações, o que irá gerar mais uma PG. Também podemos calcular os volumes totais dos sólidos de cada cartão, utilizando a fórmula para a soma dos termos de uma PG. Utilizando como exemplo o cartão Degraus Centrais (Figura 1) temos, para a na ésima iteração, onde n = 0,1,2,... , a geração de 2 n paralelepípedos de largura n (onde a é 2 a medida central realizada no primeiro corte), e altura e profundidade de n +1 , sendo, 2 3 a portanto, 3n+ 2 o volume de cada paralelepípedo. Conseqüentemente, o volume total V de 2 todos paralelepípedos do cartão ao final da n-ésima iteração será: 3 3 3 a3 a3 2 a 3 a n a V = 2 + 2 5 + 2 8 + 2 11 + + 2 3n + 2 , 2 2 2 2 2 ou seja, V= a3 1 1 1 1 1 + 2 + 4 + 6 + + 2 n . 2 2 2 2 2 2 Na igualdade acima, observa-se que a expressão entre parênteses é a soma dos n + 1 1 primeiros termos de uma progressão geométrica de razão q = e primeiro termo a1 = 1. 4 Utilizando a fórmula da soma dos k primeiros termos de uma PG [4] de razão q ≠ 1 e primeiro termo a1 , a (q k − 1) Sk = 1 , q −1 temos que o volume total dos paralelepípedos do cartão será: 1 n +1 1 n+1 −1 −1 n +1 n +1 a3 4 a3 4 a 3 4 1 a 3 1 = = . 1− = 1− . V= 4 1 − 1 4 − 3 4 3 4 3 4 4 4 Discussões e Conclusões Acreditamos que, por ser um tema atual e amplo, a exploração da geometria dos fractais permite tornar a aula de matemática um espaço propício para a aprendizagem, que une aspectos lúdicos da manipulação do cartão com a abordagem de progressões geométricas, uma vez que os alunos poderão ter uma visão mais ampla desse conteúdo que é trabalhado no Ensino Médio. O trabalho com a construção dos cartões permite ainda investigar, a partir de tópicos da matemática do Ensino Básico, conceitos mais elaborados que podem servir como introdução para um conteúdo futuro, como séries e limites. Assim, acreditamos que a partir deste estudo, os alunos tenham mais facilidade e motivação na aprendizagem de progressões geométricas, além de desvendar um tema novo que poderá auxiliá-los em outros assuntos. Referências Bibliográficas [1] BARBOSA, Ruy Madsen. Descobrindo a Geometria Fractal para a sala de aula. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2002. [2] MANDELBROT, Benoit. Comment j’ai découvert lês fractales. La Recherche, França, n. 175, pp. 420 - 424, mar. 1986. [3] URIBE, Diego. Fractal Cuts: Exploring the magic of fractals with pop-up designs. England: Tarquin Publications, 2004. [4] DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e aplicações. São Paulo: Editora Parma ltda, 2001.