Geometria Fractal e alguns exemplos clássicos Tatiana Miguel Rodrigues Laís F. Mucheroni* Depto de Matemática, Faculdade de Ciências, UNESP Bauru, SP E-mail: [email protected] RESUMO A natureza em geral é constituída por diversas formas nas quais predominam a irregularidade e o caos. Tentar simplificá-las usando figuras da geometria clássica, como triângulos, círculos, esferas seria inadequado. A Geometria Fractal oferece um método para analisar e descrever objetos e formas naturais, contrapondo-se as limitações da geometria clássica, a Euclidiana. Esta nova geometria permite a interação de diversos temas da matemática e de outras áreas, desde as ciências naturais às econômico-sociais e à tecnologia. Neste trabalho, veremos a necessidade da criação de uma nova geometria, diferente da Euclidiana. Uma das características da Geometria Euclidiana é que as figuras geométricas, tais como retângulos, triângulos e círculos tem números reais positivos como medidas de perímetro, área e volume. Entretanto, para figuras fractais isso muitas vezes não ocorre, pois ao calcularmos suas áreas ou perímetros, estes podem tender ao infinito ou a zero, por exemplo. Benöit Mandelbrot foi quem primeiramente utilizou a palavra “fractal” baseando-se no adjetivo fractus que vem do verbo frangere, em latim, cujo significado é quebrar, fragmentar. O Fractal de Mandelbrot é o mais famoso fractal gerado através de uma função interativa. Figura 1: Fractal de Mandelbrot. Estudamos alguns dos fractais considerados clássicos, tais como Triângulo e Tapete de Sierpinski, Curva de Koch e Curva de Peano. É possível calcular após um processo iterativo, nos fractais apresentados, o perímetro e, para alguns, a área também. No caso do Triângulo de Sierpinski: Iniciamos o processo a partir de um triângulo equilátero de lado 1 cm. Desse triângulo retirase outro cujos vértices são os pontos médios do inicial obtendo o nível 1 do fractal. Repetindo o mesmo processo para os três triângulos restantes obteremos o nível 2 do fractal e assim por diante até o nível n. O limite desse processo gera o Triângulo de Sierpinski. Figura 2: Triângulo de Sierpinski * Bolsista de Iniciação Científica FAPESP 576 As tabelas a seguir ilustram o cálculo do perímetro (Tabela 1) e da área (Tabela 2) do Triângulo de Sierpinski. Nível Nº de Triângulos Medida do lado (cm) Perímetro (cm) 0 1 1 3 1 3 ½ 2 3 . (3/2) 2 3 =9 (½) = ¼ 3 . (3/2)2 ... ... ... ... N n 3 2 (½) n 3 . (3/2)n Tabela 1: Perímetro do Triângulo de Sierpinski Percebemos que a cada nível o perímetro será 3/2 do anterior. Como 3/2 > 1, concluímos que no nível n, quando n tende ao infinito, o perímetro será infinito. De fato, Nível Nº de Triângulos Área de cada triângulo (cm2) Área Total (cm2) 0 1 A A 1 3 A/4 2 2 3 A/4 ... ... ... N n 3 A/4 (3/4) . A 2 (3/4)2 . A ... n (3/4)n . A Concluímos que a área fica 3/4 menor a cada nível. Assim, como 0 < 3/4 < 1 no limite desse processo a área será zero. De fato, Verificamos que, após o processo iterativo, o perímetro desse fractal tende a infinito enquanto a área tende para zero. Como citado no início, este é exemplo de um objeto que não existiria na Geometria Euclidiana, pois seu perímetro tende a infinito enquanto sua área, a zero. Analisamos também a construção de alguns fractais através de métodos computacionais, via softwares como: “Cabri-Geometry”, “Geometricks” e “Nfract”. No desenvolvimento deste trabalho vimos a possibilidade de utilizar esses softwares para construir os fractais estudados, criar novos fractais e estudar algumas de suas propriedades como a autossemelhança. Palavras-chave: Geometria, Geometria Fractal, Fractais. * Bolsista de Iniciação Científica FAPESP 577 Referências [1] C. Alves, "Fractais: conceitos básicos, Representações Gráficas e Aplicações ao Ensino não Universitário", Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa, 2007. [2] R. Barbosa, "Descobrindo a Geometria Fractal – para a sala de aula", Coleção Tendências em Educação Matemática (Editora Autêntica), Belo Horizonte, 2002 * Bolsista de Iniciação Científica FAPESP 578