UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA CRISTINA CASÉR DE ARAÚJO A VOZ DA SABEDORIA: AS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS ACERCA DAS RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE OCUPACIONAL E ALTERAÇÕES VOCAIS Palhoça 2009 2 CRISTINA CASÉR DE ARAÚJO A VOZ DA SABEDORIA: AS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS ACERCA DAS RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE OCUPACIONAL E ALTERAÇÕES VOCAIS Trabalho de pesquisa apresentado na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de graduação em Psicologia, como requisito parcial para a obtenção do título de Psicólogo. Orientadora TCC I: Prof.ª Fabiane Silveira Martins, Dr.ª Orientadora TCC II: Prof.ª Carolina Bunn Bartilotti, Esp. Palhoça 2009 3 CRISTINA CASÉR DE ARAÚJO A VOZ DA SABEDORIA: AS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS ACERCA DAS RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE OCUPACIONAL E ALTERAÇÕES VOCAIS Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Psicologia e da Saúde e aprovado em sua forma final pelo Curso de Psicologia, da Universidade do Sul de Santa Catarina. _______________, _____ de ________________ de 2009. Local dia mês _____________________________________________ Prof.ª Carolina Bunn Bartilotti, Esp. Universidade do Sul de Santa Catarina _____________________________________________ Prof.ª Maria Esther Souza Baibich, Esp. Universidade do Sul de Santa Catarina _____________________________________________ Prof. Maurício Eugênio Maliska, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina 4 Dedico este trabalho à minha avó Iracema de Sá Casér e ao meu noivo Danilo Puccini Lemos, amá-los-ei por toda a eternidade. 5 AGRADECIMENTOS Admito que não será fácil fazer meus agradecimentos, pois tenho receio de esquecer alguém, a essas pessoas peço perdão por tal falha, não foi, com certeza por desmerecimento, mas sim, pelo fato de que não sou exatamente um modelo de boa memória. Agradeço a Deus por ter me permitido tentar fazer diferença na vida de alguém, espero ter alcançado tal objetivo. Agradeço à minha mãe Teresa Cristina Casér, por ter me dado as irmãs lindas e maravilhosas que tenho, por ter lutado tanto ao lado das filhas, e por ter me proporcionado uma infância maravilhosa! Também por ter sido a leoa que tanto fala e por ter me mostrado o que é ser uma mulher batalhadora. Ao meu pai Izeu Vieira Ribeiro de Araújo, por ter me ensinado a perceber a beleza nas pequenas e simples coisas da vida, apesar de todo o sofrimento causado. Aprendi a amar coisas que também amas pai, “let it be”. Ao meu padrasto Rogério André Saraiva Orceli, pela força, amizade e pelas cobranças. Nossas diferenças muitas vezes nos aproximam. Agradeço à minha irmã Gabriela Casér de Araújo por ter estado ao meu lado em nossos momentos difíceis e maravilhosos, por ter superado o que ainda não o fiz, e por me orgulhar tanto. Agradeço por ter me dado a sobrinha mais linda do mundo, Isadora Luz! À Larissa Casér de Araújo minha irmã – filha, por ter me ensinado a amá-la demais. Lari, simples e lindamente te amo. Ao meu irmão e afilhado Douglas Casér Saraiva Orceli, presente que Deus pôs em minha vida e de minha família, não há sangue que nos distancie. Obrigada Negão por ter trazido vida às nossas vidas. Agradeço aos meus tios e padrinhos Leila Maria Casér Silva e Golias Silva, por sempre terem sido os melhores padrinhos do mundo. Aos meus primos Rafael, Fernando e Luísa, nossa história é linda. Nando, obrigada pela força com os livros e dissertações. Agradeço a todas as minhas amigas por tudo o que comigo construíram e por terem me ajudado a ser quem sou. Preciso aqui, sem desmerecer todas as outras amizades, citar as amizades que fiz durante a graduação, Renata Schweitzer, Natalie Cunha e Marina Vieira, mesmo agora não nos vendo com tanta freqüência, vocês fazem parte da minha vida, passamos momentos deliciosos juntas, entraram em minha vida num momento que muito precisei. Ainda referente às amizades conquistadas na graduação, preciso agradecer, também, por ter conhecido o Vilmar que por um tempo foi meu motorista quase particular, e o Fefo, amigo querido. Minhas amigas Raquel Caron e Mariana Apóstolo, foi muito bom passar um 6 semestre inteiro com vocês e ainda saber, Mari, que suas impressões a meu respeito melhoraram. Apesar de toda a felicidade de concluir esse ciclo da vida, sentirei falta de encontrar quase todos os dias as minhas mais recentes amizades, Rê (amiga Scheyla), Melzinha, Bi, Dani, Paty e Nanda, vocês são pessoas especiais que Deus colocou em minha vida, amo vocês amigas, cuidem do meu buquê! E ainda Fê, Jú, Ana e Ernesto, bom semestre, aproveitem mais essa fase. Quero agradecer a todos os professores pelo conhecimento dividido, em especial à Maria Esther Souza Baibich, por toda paciência, por todo o cuidado com as palavras, e por todos os conselhos, jamais os esquecerei, e ainda pelos convites carregados de confiança. À professora Carolina Bunn Bartilotti, minha orientadora, quero que saibas que foi muito prazeroso conhecê-la, nossos momentos de supervisão foram sempre muito divertidos! Paciência e carinho teve, também, o professor e coordenador Paulo Sandrini, obrigada por tudo e desculpe os incômodos. Agradeço a todos os professores que dispensaram seu precioso tempo para preencher o questionário, contribuindo assim, para a realização deste trabalho. Voltando às amizades, Silvia Matos de Oliveira Corrêa (Til, Sil, amiga, miga, Biga, Dinda, Dida, Birigui, etc.) minha amiga amada, tudo o que passamos juntas foi demais! Agradeço por ter te conhecido e também por ter aceitado meu convite para ser minha madrinha de casamento. Amiga, amo muito você, o dindinho Jarssu e o Caquinho! Família Lemos, a família de meu noivo e agora minha também, obrigada por terem compreendido minhas ausências. Preciso agradecer a meu adorável noivo Danilo Puccini Lemos, por simplesmente existir em minha vida, por ser tão bondoso, generoso e maravilhoso para mim e minha família, não é em vão que todos o amam. Meu parceiro, meu amigo, meu amor, minha vida!Obrigada por todos os dias de paciência e por aceitar simplesmente estar ao meu lado quando na construção do presente trabalho eu estava. Meu amor eterno e verdadeiro. Preta, bebê amada, minha parceira de todas as horas, amo você neném. Agradeço com todo meu coração à minha avó Iracema de Sá Casér por ter ajudado a me criar e ter proporcionado a minha graduação. Perdoe-me pelos meus erros, foi difícil para mim. Minha avó amada, eu te amo de uma forma inexplicável. Obrigada por ter me ensinado a ser uma mulher decente e honesta. Obrigada por tudo! Por fim, agradeço à minha banca, os professores Maria Esther Souza Baibich e Maurício Eugênio Maliska por terem aceitado meu convite. 7 Há homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido... (Confúcio, 551 a.C. - 479 a.C.). 8 RESUMO A presente pesquisa está vinculada ao Projeto Saúde do Trabalhador do Núcleo Orientado Psicologia e Trabalho Humano do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina, que desenvolve projetos que envolvem o processo trabalho-saúde-doença em trabalhadores de todas as categorias. Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo referente às percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Para tanto foi realizada uma pesquisa qualitativa e quantitativa, de natureza descritiva–exploratória e cujo delineamento é do tipo levantamento que investigou docentes de uma universidade de Santa Catarina. Para a realização da coleta de dados foi elaborado um questionário auto-aplicável que foi encaminhado a 488 professores universitários. Com uma amostra de 86 professores foram levantados dados importantes quanto aos fatores do ambiente de trabalho considerados como estressantes, aos sintomas de alterações vocais mais freqüentes, às percepções da presença de estresse ocupacional e de alterações vocais e às percepções das possíveis relações entre os mesmos. Pôde-se perceber alta incidência de alterações vocais e nível moderado de estresse ocupacional. Dentre as possíveis relações entre estresse ocupacional e alterações vocais verificou-se que os professores consideram que o estresse ocupacional pode contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais. Diante dos resultados obtidos é possível perceber que a presente pesquisa cumpre com seu objetivo de descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Longe de concluir estudos a esse respeito, os resultados desta pesquisa apontam para a necessidade de treinamento vocal para professores universitários no processo de integração do mesmo na organização e a necessidade também da criação de programas que atentem para a influência dos aspectos do trabalho sobre a saúde profissional, dentre eles a saúde vocal e a saúde mental. Palavras-chave: Estresse ocupacional. Alterações vocais. Saúde do trabalhador. Professores universitários. 9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – População X Amostra........................................................................................ 47 Gráfico 2 – Condições de saúde (n=86)................................................................................ 51 Gráfico 3 – Presença de desconforto físico (n=85) ............................................................... 52 Gráfico 4 – Afastamento do trabalho por motivo de estresse ocupacional e/ou alterações vocais (n=86) ....................................................................................................................... 54 Gráfico 5 – Percepções de presença de estresse ocupacional (n=85) ..................................... 63 Gráfico 6 – Nível de estresse (N=86) ................................................................................... 64 Gráfico 7 – Percepções de alteração vocal (n=85) ................................................................ 70 Gráfico 8 – Nível de alteração vocal (n=86) ......................................................................... 71 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Características da amostra sexo, idade, curso de graduação, titulação completa, estado civil, e número de filhos (n=86)................................................................................. 48 Tabela 2 – Desconfortos físicos: Categorias, Tipos de Desconfortos Físicos e Freqüência. (n=48).................................................................................................................................. 52 Tabela 3 – Tempo dos afastamentos (n=18) ......................................................................... 54 Tabela 4 – Motivos de Afastamentos (n=18) ........................................................................ 55 Tabela 5 – Nível de satisfação.............................................................................................. 57 Tabela 6 – Percepções de fatores do ambiente que são ou podem ser estressantes................. 59 Tabela 7 – Outros fatores do ambiente que são ou podem ser estressantes (n=9) .................. 59 Tabela 8 – Total de horas trabalhadas e tempo de docência. ................................................. 60 Tabela 9 – Fatores do ambiente de trabalho que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais (n.=84)...................................................................................................... 66 Tabela 10 – Alterações/sintomas vocais apresentados por professores universitários (n=37). 68 Tabela 11 – Sintomas de alterações vocais que os professores costumam apresentar (n=69). 69 Tabela 12 – Percepções de possíveis relações entre estresse ocupacional e alterações vocais (n= 82)................................................................................................................................. 73 11 LISTA DE SIGLAS ABS – Associação Brasileira de Stress AEM – Alterações Estruturais Mínimas CEP – Comitê de Ética em Pesquisa CFP – Conselho Federal de Psicologia CMI – Charted Management Institute CPCSSP – Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo DESAT - Departamento de Saúde do Trabalhador ISMA – BR – International Stress Management Association no Brasil ISSL – Inventário de Sintomas de Stress para Adultos OMS – Organização Mundial de Saúde PUCCAMP – Pontifícia Universidade Católica de Campinas SC – Santa Catarina SGA – Síndrome Geral de Adaptação SINAN – Sistema Nacional de Informações de Agravos de Notificações SMT – Saúde Mental no Trabalho SPSS - Statistical Package for the Social Sciences SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UCE – Unidade de Contexto Elementar UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 14 1.1 PROBLEMÁTICA..................................................................................................... 15 1.2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 19 1.2.1 Geral................................................................................................................... 19 1.2.2 Específicos.......................................................................................................... 19 1.3 JUSTIFICATIVA....................................................................................................... 19 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 24 2.1 A PSICOLOGIA NO CAMPO DA SAÚDE DO TRABALHADOR .......................... 24 2.2 ESTRESSE: TIPOS E CONCEITOS.......................................................................... 26 2.2.1 Enfrentamento (coping) e fontes de estresse..................................................... 29 2.2.2 Estresse ocupacional na docência...................................................................... 31 2.2.3 A Teoria Psicossomática.................................................................................... 33 2.4 A VOZ ....................................................................................................................... 35 2.3.1 Alterações vocais no docente: a voz como instrumento de trabalho................ 37 3. MÉTODO ....................................................................................................................... 41 3.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................................. 41 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS............................................................. 42 3.3 CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO E DA POPULAÇÃO .......................... 44 3.4 PROCEDIMENTOS .................................................................................................. 44 3.4.1 Contato com a organização e a população ........................................................ 45 3.4.2 Coleta e Sistematização dos dados .................................................................... 46 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS....................................................................... 47 4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA ..................................................................... 47 4.2.1 Condições de saúde............................................................................................ 51 4.2.2 Afastamento do trabalho................................................................................... 53 4.3 FATORES E CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO E ESTRESSE OCUPACIONAL ............................................................................................................. 56 4.3.1 Nível de Satisfação ............................................................................................. 57 4.3.2 Fatores do ambiente de trabalho que são ou podem ser estressantes .............. 59 4.4 PERCEPÇÕES DE ESTRESSE OCUPACIONAL..................................................... 62 4.4.1 Percepções de presença de estresse ocupacional em professores universitários ..................................................................................................................................... 62 4.4.2 Nível de estresse em professores universitários ................................................ 63 4.5 FATORES DO AMBIENTE DE TRABALHO E SINTOMAS DE ALTERAÇÕES .. 66 4.5.1 Fatores do ambiente de trabalho que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais ........................................................................ 66 4.5.2 Sintomas de Alteração Vocal............................................................................. 67 4.6 PERCEPÇÕES DE ALTERAÇÕES VOCAIS ........................................................... 70 4.6.1 Percepções de presença de alterações vocais em professores universitários ... 70 4.6.2 Nível de Alteração vocal .................................................................................... 71 4.7 PERCEPÇÕES QUANTO ÀS RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE OCUPACIONAL E ALTERAÇÕES VOCAIS ................................................................................................ 73 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 76 13 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 81 APÊNDICE A – Questionário Auto-aplicável .................................................................. 93 APÊNDICE B – Carta do Comitê de Ética em Pesquisa.................................................. 97 APÊNDICE C – Informativo aos Coordenadores dos Cursos ......................................... 98 APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................... 99 APÊNDICE E – Relações entre os objetivos e os itens do Questionário Auto-aplicável100 14 1 INTRODUÇÃO Seguindo os preceitos da grade curricular do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) para cursar a 8ª fase, o acadêmico deve optar por um dos dois Núcleos Orientados oferecidos pelo curso, sendo eles, Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano ou Núcleo Orientado em Psicologia e Saúde. Ao passo que o acadêmico escolha o primeiro, ele tem outras três opções de projetos: Identidade Profissional, Gestão de Pessoas e Saúde do Trabalhador para que, na escolha de um deles, possa desenvolver atividades em estágios e dar início ao Trabalho de Conclusão de Curso. O presente projeto está vinculado ao Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano e ao Projeto Saúde do Trabalhador que tem como principais objetivos a promoção de saúde e prevenção de acidentes e doenças advindas do trabalho. As atividades atualmente desenvolvidas pelos acadêmicos nos estágios do Projeto Saúde do Trabalhador são: Grupo de Desenvolvimento Humano com funcionários da Biblioteca Universitária da (UNISUL) e Plantão Psicológico na Superintendência Regional do Trabalho (SRTE). Com fulcro nas possibilidades de atuação do psicólogo direcionado à promoção de saúde e prevenção de doenças do trabalhador, este Trabalho de Conclusão de Curso teve como objetivo central descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Para tanto, este primeiro capítulo apresenta como introdução ao projeto, a problemática e juntamente a ela o problema de pesquisa, os objetivos que se pretende alcançar e a justificativa do projeto. O segundo capítulo trata de esclarecer algumas questões teóricas referentes ao estresse como conceitos, características, tipos e fases de estresse, bem como alguns sintomas dessa patologia versando mais especificamente sobre o estresse ocupacional na docência. São abordados, também, os conceitos da Teoria psicossomática e relações com o estresse ocupacional e as alterações vocais. Esse capítulo relata ainda, aspectos funcionais da voz, seu papel como instrumento de trabalho e suas alterações mais comuns em professores. Cabe aqui explicar que o termo estresse apresenta-se com tal grafia por obedecer à gramática da Língua Portuguesa. No caso de se apresentar sob a grafia stress, pode-se notar que estará grifada em itálico por se tratar de uma palavra escrita em língua estrangeira para obedecer à escrita dos autores estudados. Já o terceiro capítulo presta esclarecimentos acerca do método, expondo o tipo de pesquisa, a descrição do instrumento de coleta de dados, características da organização e da 15 população, ou seja, os caminhos utilizados para o alcance dos objetivos deste projeto. Por seguinte, o quarto capítulo expõe a Análise e a Discussão dos Dados, onde são apresentados discutidos os dados coletados que foram agrupados conforme os objetivos da presente pesquisa. 1.1 PROBLEMÁTICA O trabalho pode ser entendido como uma “via de mão dupla” podendo dar ao homem o sentimento de utilidade, produção, segurança familiar e suporte financeiro. O trabalho pode ainda: [...] proporcionar um objetivo e dar sentido à vida. Ele pode dar estrutura e conteúdo a nosso dia, semana, ano e vida. Ele pode nos dar uma identidade, auto-respeito, apoio social e recompensas materiais. Isso provavelmente acontece quando [...] os trabalhadores podem desfrutar de um grau razoável de autonomia, quando o “clima” no local de trabalho é amigável e apoiador e quando o trabalhador é recompensado de forma adequada por seu esforço. Quando isso acontece, o trabalho pode ser um dos mais importantes fatores promotores de saúde (salutogênicos). (LEVI, 2007, p. 169) Mas ao longo da história o trabalho vem sofrendo inúmeras transformações em função das mudanças no âmbito sócio-econômico-cultural, político e tecnológico. Esse constante movimento teve início com a Revolução Industrial e a partir desta, novas formas de administração como taylorismo, fordismo e toyotismo, foram surgindo em busca de maior produtividade, aumento da carga horária e maior lucratividade. As mudanças na esfera do labor humano e em todos os níveis da sociedade continuaram a fazer parte do desenvolvimento da história do trabalho e assim, da mesma forma, nas últimas décadas. Segundo Cooper (2007), sobre as mudanças no âmbito mundial, nos anos 60 houve a adoção de novas tecnologias, já nos anos 70, enfrentaram-se altos índices de inflação, na década de 80 a busca pelo sucesso pessoal e a inovadora globalização. Para acompanhar as exigências e as transformações no trabalho, o homem precisou de grande capacidade de adaptação física, mental e social. Nesse processo as empresas foram se ajustando às transformações, fizeram enxugamentos que resultaram em empresas menores, com menos funcionários trabalhando mais, aumento na sobrecarga horária e implementação de tecnologias com demandas que exigem maior velocidade de resposta 16 gerando assim, tensões e insegurança no trabalho. (COOPER, 2007). Tais alterações, inseguranças e as cobranças do trabalho, os muitos acidentes e as doenças advindas do mesmo, como o estresse, passaram a preocupar profissionais da área da saúde. Conforme Lipp (1996, p. 299), “toda mudança que exija adaptação por parte do organismo causa um certo nível de stress”, sendo assim o trabalho pode ser considerado um ambiente estressante. Segundo Rosch (1996, p.13), “a maior fonte de stress para os adultos é o stress profissional”. Partindo desse entendimento, o estresse ocupacional é uma das doenças do trabalho mais graves, com expressão mundial e tem gerado grande preocupação na comunidade científica. No relatório de 2001 sobre Saúde Mental na Europa, a Organização Mundial da Saúde afirma que “os problemas de saúde mental e transtornos relacionados ao stress constituem a principal causa global de morte precoce na Europa”. (LEVI, 2007, p. 174). Pesquisas mostram índices muito altos de estresse em todo o mundo. Segundo Cooper (2007), em pesquisa realizada no Reino Unido pelo Charted Management Institute (CMI) com 5.000 gerentes britânicos, constatou – se que quase dois de cada três dos pesquisados vivenciaram maior insegurança no emprego, moral baixo, entre outros em função de grandes reestruturações nas empresas. Conforme Lipp (1996, p.299), uma pesquisa realizada com 100 pessoas em Baltimore, revelou que 30% destas apresentaram alguns sintomas de stress. No Brasil os números de adoecimentos relacionados ao estresse ocupacional são da mesma forma, alarmantes. Rossi (2007a) cita um estudo realizado pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA – BR) no período de 2003 – 2004, que pesquisou 1.000 profissionais brasileiros e constatou que 70% desses sofriam significativos níveis de stress ocupacional. Lipp (1996, p. 300) menciona dissertações de mestrado realizadas por psicólogos na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puccamp) sobre o stress ocupacional de alguns profissionais de São Paulo que constataram “um alto nível de stress em executivos – tanto homens, como mulheres -, policiais militares, professores e bancários”. Determinadas profissões, seus instrumentos e ambientes de trabalho se apresentam com características potencialmente mais estressoras e para Reinhold (1996), a docência tem se mostrado como uma destas. Pesquisas realizadas em vários países apontam índices elevados de estresse ocupacional em professores. Kyriacou e Sutcliffe (1978b apud REINHOLD, 1996, p. 173) indicam pesquisa realizada na Inglaterra com 257 professores onde foi verificado que “20% deles consideram que ser professor é muito ou muitíssimo 17 estressante e que os sintomas de stress mais freqüentes são 'sentir-se exausto' e 'frustrado'”. Em pesquisa realizada com professores de escolas secundárias da Austrália, foram aplicados 574 questionários e foi verificado que: “45% estão pelo menos 'moderadamente estressados', sendo metade destes 'altamente estressados'”. (TUTTEMAN; PUNCH, 1990 apud REINHOLD, 1996, p. 173). O estresse ocupacional em docentes pode ocorrer em função de vários agentes estressores. Moracco et al. (1982 apud REINHOLD, 1996, p. 173) agruparam cinco fatores de estressores ocupacionais dos professores com base em um estudo realizado com 691 professores primários e secundários norte–americanos: “falta de apoio da administração, trabalho com os alunos, falta de segurança financeira, relacionamento com colegas e sobrecarga de trabalho”. Em meados da década de 90, Reinhold (1996) acusava que faltavam estudos sobre estresse ocupacional em professores no Brasil. Por tal motivo, em 1984, a autora realizou uma pesquisa em São Paulo com 72 professoras de primeiro grau de escolas públicas estaduais. Com tal estudo Reinhold chegou aos seguintes resultados: do total de professoras participantes apenas 4% percebem seu trabalho “nem um pouco estressante”, 43% - a maioria- consideram “um pouco estressante”, 39% avaliam como “muito estressante” e 14% como “muitíssimo estressante” os aspectos de seu trabalho. (REINHOLD, 1996, p. 178). Além do estresse, outro tipo de doença do trabalho aqui pesquisada são as alterações vocais, que apresentam maior ocorrência em profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho. Ao ter conhecimento do estudo realizado pelo programa de extensão em saúde do trabalhador, a pesquisadora pôde perceber que muitos fatores que podiam influenciar no desenvolvimento de alterações vocais, coincidiam com as fontes de estresse anteriormente estudadas por ela. Nesse sentido, Pamponet (2008) argumenta que “a grande incidência de alterações vocais nos profissionais que utilizam a voz como principal instrumento de trabalho, desperta uma atenção especial e uma maior preocupação por parte dos fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas”. Conforme Behlau, Dragone e Nagano (2004), existem duas categorias de alterações vocais: as funcionais e as orgânicas, as primeiras decorrentes do comportamento vocal ou mau uso da voz; já as orgânicas, independem do uso da voz. De acordo com Alavarsi, Guerra e Sacaloski (2000, p. 202), além dessas duas, existe ainda mais uma classificação: as orgânico-funcionais, “sendo as disfonias funcionais mais comuns em professores”. As doenças da voz podem trazer ao indivíduo prejuízos muitas vezes irreversíveis. No que se refere aos profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho “sabe-se 18 que, muitos deles acabam manifestando doenças laríngeas, que podem implicar num leve impacto profissional até um agravamento maior, podendo levar á [sic.] tratamentos cirúrgicos, muitas vezes, alterando a qualidade vocal original”. (PAMPONET, 2008). Dentre os profissionais da voz, a literatura pesquisada aponta que a classe docente tem se mostrado bastante propensa a distúrbios ou alterações vocais. Com base em literatura internacional, “os professores apresentam alto risco de desenvolver distúrbio vocal de ordem ocupacional, apontando a referência de 60% dos professores pesquisados à voz alterada como problema de desempenho profissional”. (SMITH et al., 1997 apud FONOCLIN, 2008). A título de informação Dragone e Behlau (2006) evidenciam o índice elevado de atendimentos de professores nas clínicas fonoaudiológicas. Guimarães (2001, p. 07) corrobora afirmando que “dentre todos os profissionais da voz, o professor é o mais suscetível à alteração e despreparado para atender a demanda vocal diária”. Dentre as alterações vocais conhecidas, algumas são as mais comuns entre professores: fadiga vocal ocupacional, síndrome de tensão musculoesquelética, nódulos das pregas vocais, pólipo de prega vocal, edema de Reinke, Alterações Estruturais Mínimas (AEM) e câncer de laringe. (BEHLAU, DRAGONE e NAGANO, 2004). Essas alterações não serão investigadas, pois não fazem parte dos objetivos tais investigações. Segundo Guimarães (2001, p. 08), “a incidência de patologias vocais em professores é alarmante. A porcentagem de professores com alteração vocal é muito maior comparada com a população em geral e a outros profissionais”. (GUIMARÃES, 2001, p. 08). Outra autora também corrobora com esse entendimento afirmando que “de acordo com estudos realizados entre profissionais que trabalham com a voz, a docência é uma das profissões com maior incidência de alterações vocais”. (ALMEIDA, 2000, p. 08). Durante todo o processo de sua formação acadêmica, a presente autora pôde perceber que por muitas vezes os professores universitários eram acometidos por disfunções de voz, com freqüência estavam nas salas de aula com sintomas claros de alterações vocais tais como rouquidão e falha na emissão de voz. Desta forma na sua observação empírica e com base no que foi apresentado sobre as doenças advindas do trabalho docente (estresse e alterações vocais), este projeto de pesquisa pretende investigar: quais as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais? 19 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Geral Descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. 1.2.2 Específicos Identificar os fatores do ambiente de trabalho considerados como estressores pelos professores universitários; Descrever as percepções da presença de estresse em professores universitários; Identificar os fatores ambientais que possam causar e/ou intensificar alterações vocais em professores universitários; Descrever as percepções dos professores universitários quanto à presença de sintomas típicos de alterações vocais; Descrever as percepções da presença de alterações vocais em professores universitários. 1.3 JUSTIFICATIVA O interesse no tema surgiu quando a autora teve conhecimento do programa de extensão em saúde do trabalhador que começou um trabalho de levantamento de dados a respeito da saúde vocal dos docentes de uma Universidade de Santa Catarina. Tal trabalho apontou que pouco mais da metade da população pesquisada apresentou-se com três sintomas de alteração vocal e quase a metade com mais de três sintomas, sendo este o ponto de corte da escala utilizada, que indica a existência de alteração e fadiga vocal. A partir desses dados a 20 presente autora percebeu a necessidade de pesquisar mais profundamente sobre a saúde emocional e vocal dos professores universitários. Com a revisão bibliográfica pôde-se perceber vasta literatura e pesquisas sobre estresse ocupacional e suas conseqüências na saúde, qualidade de vida pessoal e laboral dos trabalhadores. Conforme Rossi (2007b, p. 09), “estudos indicam que o ambiente de trabalho, a estrutura corporativa e diversas outras interações entre emprego e empregado contribuem para respostas individuais de stress e tensão”. Conseqüentemente, a organização acaba tendo problemas de desempenho ruim, baixo moral, alta rotatividade, absenteísmo e violência no local de trabalho. (QUICK et al., 1997 apud ROSSI, 2007b). O estresse ocupacional traz prejuízos não só para o indivíduo que o sofre, mas para todos os sistemas dos quais faz parte. Para Bernik, “o estresse já é um problema econômico e social, de saúde pública, que implica em gastos não só para o indivíduo, mas também para empresas e governos”. (BERNIK, 1997 apud FILGUEIRAS; HILPPERT, 2007, p. 112). De acordo com Goetzel et al. (1998 apud ROSSI, 2007c, p. xix), em pesquisa realizada com 46.000 trabalhadores “constatou-se que os custos de atendimento à saúde eram quase 50% maiores para os indivíduos que relatavam níveis elevados de stress quando comparados aos trabalhadores isentos de risco”. Confirmando esses dados alarmantes, Posen (1995 apud FILGUEIRAS; HILPPERT, 2007, p. 112) indica que “o estresse é a causa mais comum de doenças, sendo provavelmente responsável por aproximadamente 70% das consultas a médicos de família”. Alguns autores apontam a gravidade das conseqüências do estresse ocupacional, como Rosch (1996, p. 13) que em seu prefácio ressalta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) descreveu o estresse ocupacional como uma “epidemia global”. Também Perkins afirma que “mais de 50% das mortes nos Estados Unidos a cada ano são decorrentes de doenças associadas ao estresse”. (PERKINS, 1995, p. 15) Segundo Silvany Neto et al. (1998 apud PORTO et al., 2006, p. 819), apenas recentemente, houve um incremento nos estudos dedicados a este setor [educação], escassos há uma década [no Brasil]. Corroborando com a percepção da falta de estudos acerca dos problemas relacionados à docência e principalmente a distúrbios psíquicos em professores, em meados da década de 90, Reinhold (1996, p. 176) ressaltava a “inexistência” [sic.] de estudos acerca do estresse ocupacional em professores no Brasil. Delcor (2004, p. 187) cita as investigações de Codo (1999) sobre a saúde mental dos professores de 1º e 2º graus em todo o país, abrangendo 1.440 escolas e 30 mil professores, revelando que 26% da amostra estudada apresentavam exaustão emocional. 21 Caracterizando mais um dado preocupante se for levado em conta que a exaustão emocional é uma característica do estresse em níveis mais altos. Penteado (2008, p. 18) relaciona dois de seus trabalhos (2003, 2006) enfatizando a necessidade de trabalhos que aprofundem a investigação de aspectos subjetivos que levem em conta as percepções dos professores acerca do tema da voz/ saúde vocal. Apesar da falta de estudos nacionais que levem em conta a percepção dos professores, “as pesquisas dos últimos anos sobre stress ocupacional do professor têm nos ajudado a levantar e compreender melhor as fontes e os sintomas de stress decorrentes desse trabalho tão fundamental de educar nossos jovens”. (REINHOLD, 1996, p. 191). As conseqüências do estresse ocupacional na vida do trabalhador transcendem o psicológico influenciando todo o funcionamento do organismo tendo conseqüências orgânicas e fisiológicas. Além do estresse ocupacional que acomete professores de forma preocupante, “a atividade exercida pelos professores é considerada de risco [também] quanto ao desenvolvimento de alterações vocais”. (LEMOS; RUMEL, 2005, p. 08). O Jornal do Conselho Federal de Fonoaudiologia (2006, p. 16) cita comentário da fonoaudióloga Márcia Tiveron quanto ao levantamento feito pelo Departamento de Saúde do Trabalhador (DESAT) de São Paulo, em que “constatou-se que 97% das readaptações funcionais por distúrbios da voz estão concentradas entre as profissões relacionadas ao ensino (professor, auxiliar de desenvolvimento infantil, coordenador pedagógico, entre outros)”. Pinto e Furk (1988, p. 13) mencionam levantamento realizado pelo Departamento Médico da Secretaria de Higiene e Saúde juntamente com o Departamento de Saúde Escolar da Secretaria Municipal de Educação em São Paulo que traz entre outros, os seguintes dados: - a alta incidência de disfonia entre os professores; - nos casos mais graves, há a necessidade de afastamento do professor de seu trabalho bem como a contratação de professor substituto; - as alterações na voz do professor levam a piora no estado de saúde “tanto física (rouquidão, dor de garganta, perda de voz, etc.) quanto emocional (fadiga geral, tensão pela dificuldade de falar, etc.)” - ausência dos professores às aulas por motivo de disfonias. As autoras ressaltam ainda a importância dos dados levantados para uma atuação urgente e efetiva. Em Santa Catarina mais especificamente, existem dados bastante preocupantes. Lemos e Rumel (2005, p. 9) realizaram pesquisa com 236 professores de 13 escolas de Educação Infantil e do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino da cidade de 22 Criciúma-SC e mostraram que do total de professores pesquisados, 190, ou seja, 80,50% relataram problemas de voz. Com base em pesquisa realizada pelo Projeto Bem-Estar do Núcleo Psicologia e Trabalho Humano pertencente ao Curso de Psicologia da UNISUL, Rosar (2008) 1 faz análise dos dados obtidos junto aos professores da instituição. Ao considerar a categoria “autopercepção e atividades relacionadas à saúde vocal”, a autora refere que “60% de toda a pesquisa compreende problemas sintomatológicos relacionados à voz em três aspectos, todavia chega-se a quase 50% dos demais que possuem mais de três sintomas”. (ROSAR, 2008, p. 30) 2. Dentre os quinze sintomas de fadiga vocal que mais aparecem e analisados pela autora, a sensação de secura na garganta aparece assinalada por 53 dos pesquisados, a rouquidão é indicada por 50 participantes, as falhas na voz foram apontadas por 34 dos professores, e 13 dos pesquisados indicaram perda da voz no final da frase. Como última variável aqui destacada, a percepção acerca do desgaste vocal foi indicada por 55% dos pesquisados. (ROSAR, 2008, p. 37) 3. Vale ressaltar que artigos publicados pelo Jornal do Conselho Federal de Fonoaudiologia (2006, p. 16) e pela Fonoclin (2008) denunciam que apesar da preocupante demanda de profissionais como professores, radialistas e atores com alterações vocais relacionadas ao trabalho, “o Ministério da Saúde ainda não incluiu o distúrbio de voz entre os agravos de notificação compulsória ao Sistema Nacional de Informações de Agravos de Notificações (SINAN)”. Cabe à pesquisadora deste projeto, grifar tal denúncia e expor seu espanto depois de ter estudado tantas alterações vocais advindas do trabalho. Sendo assim, pretende-se que novas pesquisas referentes a tal tema sejam realizadas já que, cabe aqui ressaltar, a dificuldade de encontrar bibliografias que auxiliassem o presente projeto, tendo em vista a escassez de literatura sobre a relação entre fatores emocionais e alterações vocais. Bem como as percepções dos professores quanto às variáveis e os fatores do seu trabalho que possam influenciar em possíveis adoecimentos. Diante do que já foi exposto, julga-se que o presente projeto de pesquisa tem pertinência, relevância acadêmica e científica justificadas pelo fato de que muitos são os trabalhos e pesquisas já realizados a respeito do estresse e das alterações vocais que acometem professores, mas pouco há sobre a relação entre os dois. Destaca-se ainda a 1 ROSAR, K. C. Saúde do trabalador – saúde vocal dos docentes da Universidade do Sul de Santa Catarina. 50 f. Palhoça: 2008. Trabalho não publicado. 2 Ibid, p. 30. 23 relevância social deste projeto, pois os resultados obtidos contribuirão para a continuidade de ações já realizadas na UNISUL pelo Projeto Saúde do Trabalhador e estimular novos estudos e intervenções junto aos professores da mesma universidade. 3 Ibid, p. 37. 24 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A PSICOLOGIA NO CAMPO DA SAÚDE DO TRABALHADOR Dentro das possibilidades de atuação e prática do psicólogo estão: a clínica, a psicologia social, da educação, hospitalar, do esporte, organizacional e do trabalho, entre outras. Esta seção limitar-se-á à Psicologia do Trabalho e à atuação do psicólogo no campo da saúde do trabalhador. Para relatar a trajetória da Psicologia do Trabalho, Sampaio (1998) aponta três faces da mesma: a Psicologia Industrial, que surge no pós Revolução Industrial voltada inicialmente à seleção e à colocação profissional; a Psicologia Organizacional, apontada pelo autor como uma ampliação dos objetos da anterior; e a Psicologia do Trabalho, a terceira face indicada pelo autor e voltada para uma compreensão mais próxima do homem que trabalha. No que diz respeito à Psicologia do Trabalho, são várias as possibilidades de atuação do psicólogo, sendo com estudos e pesquisas, implantação de ações, aplicação de instrumentos, entre outros. Nesse sentido, são muitas as possibilidades indicadas como atuação do Psicólogo do Trabalho: [...] questões de ergonomia, saúde do trabalhador, organização do trabalho, seleção, treinamento técnico, orientação vocacional, motivação e satisfação, comprometimento, significado do trabalho, relações interpessoais, liderança e comportamento grupal, estilo gerencial, treinamento e desenvolvimento gerencial, clima e cultura organizacional, comunicação e organização informal, relações de trabalho, negociação sindical e análise organizacional e institucional. [...]. (SPINK, 1996 apud GOULART, 1998, p. 41). Segundo Goulart e Sampaio (1998, p. 13), “A Psicologia do Trabalho constitui, hoje, um campo de aplicação dos conhecimentos oriundos da ciência psicológica a questões relacionadas ao trabalho humano, com vistas a promover a saúde do trabalhador e sua satisfação em relação ao trabalho”. Versando aqui, mais especificamente sobre a saúde do trabalhador no Brasil, Gomes-Minayo e Thedim-Costa (1997) citados por Louzada (2005, p. 01) referem que teve início nos anos 80, com intuito de mudar a situação da saúde da população e marcada por movimentos sociais. Segundo Louzada (2005), nessa época, as atividades e campo de trabalho na saúde do trabalhador eram limitados à medicina do trabalho e saúde ocupacional. 25 Para Ulrich (2005, p. 24) “o objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos humanos em sua relação com o trabalho”. A saúde pode ser entendida como integridade física, biológica, psíquica e social do indivíduo em todos os seus aspectos, bem como no trabalho. A Psicologia do Trabalho entende que o trabalhador alcança ou mantém a saúde quando esse utiliza com eficiência: [...] estratégias de mediação individuais e coletivas capazes de fazer face às adversidades do contexto de produção, de reduzir o custo humano negativo e de gerar vivências de prazer no trabalho (seja de uma forma direta ou pela resignificação do sofrimento que se dá pela transformação do contexto de produção), configurando-se o predomínio do bem-estar no trabalho. (PSICOLOGIA ON LINE, 2004). Para tanto, o auxílio da atuação multiprofissional com engenheiros, médicos do trabalho, psiquiatras e psicólogos se faz importante. Nesse sentido, a saúde do trabalhador é apontada por Gomes-Minayo e Thedim-Costa (1997, apud LOUZADA, 2005, p. 1) como associação de práticas interdisciplinares teóricas que envolvem técnicas “sociais, humanas e interinstitucionais” com intenção de promover a saúde e o bem-estar, prevenindo assim, possíveis acidentes e doenças profissionais. Conforme Lacaz (1996 apud LOUZADA, 2005), além dos impactos do trabalho sobre o corpo do indivíduo, abriu-se espaço com a saúde do trabalhador, para a subjetividade, para o saber e a percepção dos trabalhadores a respeito de suas atividades, e passou-se a considerar todos esses aspectos nas intervenções e interpretações do real. Corroborando com esse entendimento alguns autores salientam que a saúde do trabalhador adotou “um olhar que não se detém apenas nos aspectos biológicos, incorporando o psíquico e o social e que requer a atuação sobre os problemas humanos no trabalho a partir de um outro locus, o do serviço de saúde”. (SATO; LACAZ; BERNARDO, 2006, p. 283). Há onze anos atrás Sampaio (1998) dividiu as possibilidades de atuação do psicólogo do trabalho em pequenos grupos como: treinamento de pessoal; seleção e colocação de pessoal; planejamento de recursos humanos; avaliação de desempenho, entre outros. Outras divisões feitas pelo autor são: saúde mental no trabalho (SMT) e condições de trabalho, com algumas atividades específicas como: Na primeira (SMT), - realização de estudos epidemiológicos sobre saúde mental no trabalho; - implantação e gestão de programas preventivos de saúde mental no trabalho; - realização de estudos de estresse ocupacional; entre outros. 26 Na segunda, condições de trabalho, - participação em equipe multidisciplinar de intervenção ergonômica no trabalho; - treinamento de empregados em prevenção de acidentes de trabalho juntamente com o técnico de segurança do trabalho; - realização de pesquisas nesta área. Conforme o Anexo II da Consolidação das Resoluções do Título Profissional de Especialista em Psicologia, instituída pela Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) nº013/2007 são outras possibilidades de atuação do psicólogo no campo da saúde do trabalhador: ação humana nas organizações, desenvolvimento de equipes, planejamento de condições de trabalho, estudo e intervenção dirigidos à saúde do trabalhador, desenvolve, analisa, diagnostica e orienta casos na área da saúde do trabalhador, observando níveis de prevenção, reabilitação e promoção de saúde, participa de programas e/ou atividades na área da saúde e segurança de trabalho, subsidiando-os quanto a aspectos psicossociais para proporcionar melhores condições ao trabalhador, buscar melhor qualidade de vida no trabalho. Segundo Sato, Lacaz e Bernardo (2006, p. 284), levando em conta o pouco tempo da atuação do psicólogo direcionada a saúde do trabalhador, relatam que são as necessidades e as demandas observadas na prática em programas e serviços de saúde que possibilitam novas pesquisas no campo da saúde do trabalhador, auxiliando assim a delimitação de suas atuações. Pois vale ressaltar que os autores apontam ainda, que não há homogeneidade nas atividades, e que assim, não é possível encontrar respaldo teórico-conceitual homogêneo quanto às teorias psicológicas que as fundamentam. Pode-se dizer que a atuação do psicólogo na saúde do trabalhador é desenvolver programas de prevenção a acidentes e doenças do trabalho, disseminar as informações sobre higiene, práticas e hábitos de vida saudável, fazer levantamentos ergonômicos (com auxílio de outros profissionais), grupos de desenvolvimento humano, atenção à saúde mental dos trabalhadores, etc. De forma geral, esses aspectos podem ser resumidos como a busca integral de promoção do bem-estar biopsicossocial dos trabalhadores. 2.2 ESTRESSE: TIPOS E CONCEITOS O termo estresse existe há pelo menos sete séculos, variando seu conceito no 27 decorrer do tempo até o conceito atual. Lipp (1996, p. 17) cita (LAZARUS; LAZARUS, 1994) para falar das primeiras referências à palavra stress que significava “aflição” e “adversidade” que datam do século XIV. A mesma autora cita Spielberger (1979) para mencionar que no século XVII, a palavra stress com origem no latim, passou a ser utilizada em inglês para designar “opressão, desconforto e adversidade”. (LIPP, 1996, p.17). Lipp (1996) refere ainda que, nessa época a mesma palavra foi utilizada pela física para definir o desgaste de materiais submetidos a excessos de peso, podendo assim fazer analogia com o ser humano, já que os indivíduos precisam lidar com pesos em sua vida. Atualmente, o conceito mais aceito e utilizado mundialmente é o do endocrinologista Canadense Hans Selye que, em 1936, definiu estresse com enfoque biológico, como um elemento que produz mudanças na estrutura e na composição química do corpo caracterizando-se como Síndrome Geral de Adaptação (SGA), “síndrome do stress biológico” ou, também conhecido como “a síndrome do simplesmente estar doente” (1952, apud LIPP, 1996, p. 18). Para Lipp estresse pode ser entendido como: [...] um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. É por isso que às vezes, em momento de desafios, nosso coração bate mais rápido, o estômago não consegue digerir a refeição e a insônia ocorre. Em geral, o corpo todo funciona em sintonia, como uma grande orquestra. Desse modo, o coração bate no ritmo que se entrosa com os outros órgãos. [...] mas quando o stress ocorre, esse equilíbrio, chamado de homeostase pelos especialistas, é quebrado e não há mais entrosamento entre os vários órgãos do corpo. (LIPP, 2000 apud ULRICH, 2005, p. 13) Seguindo cronologicamente os conceitos acima referenciados, pode-se entender que o estresse não é uma patologia moderna, surgida nos tempos atuais. Segundo Perkins (1995), o estresse existe desde quando existe o homem, os fatores estressantes percorreram desde o homem primitivo, passando pelos tempos bíblicos até os dias de hoje. Para Perkins (1995, p. 12) o modo de lidar com o estresse é que “pode estabelecer a diferença entre saúde e doença, vida e morte”. Coincidindo, assim, com o estresse ideal citado por Lipp (2008), a autora divide o estresse em três tipos diferentes: Estresse positivo: trata-se do estresse em seu início, conhecido também como fase de alerta. Há aumento de energia, produção, criatividade. Esse estresse tem tempo limitado, pois o estresse em maior tempo passa a trazer prejuízos. Estresse negativo: o estresse que excede limites, esgotando a capacidade de 28 adaptação do indivíduo. Produz prejuízos à produtividade e a capacidade laboral. Estresse ideal: diz respeito à capacidade do indivíduo de lidar com o estresse, ele aprende a gerenciar os efeitos e os sinais do estresse de modo eficiente. Há alternância entre estar em alerta e sair desta fase, sem prejuízos se assim ocorrer. De acordo com Filgueiras e Hilppert (2007), na primeira metade deste século, com base na homeostase – busca de equilíbrio do organismo – Cannon descreveu três fases da SGA, são elas: fase de alerta, na qual o organismo foge ou luta, há mobilização das energias (liberação de adrenalina e corticóides) em busca de ações e soluções; na fase de resistência, o organismo procura manter as ações da fase anterior e sintomas como a sensação de desgaste podem começar a aparecer; a fase de exaustão ocorre quando o estresse é contínuo, o desgaste é tamanho que o organismo já não tem mais como reagir, podendo levar à morte. Lipp (2000 apud ULRICH, 2005) no Inventário de Sintomas de Stress para Adultos Lipp (ISSL) apresenta uma quarta fase acrescentada antes da fase de exaustão: a fase de quase-exaustão. A autora diferencia a nova fase da exaustão desta forma: Nesta fase há um enfraquecimento da pessoa, que não consegue mais se adaptar ou resistir ao estressor, nesta fase a pessoa ainda consegue trabalhar e ‘funcionar’ na sociedade até certo ponto, ao contrário do que ocorre na fase de exaustão, quando a pessoa pára de ‘funcionar’ adequadamente, não conseguindo na maioria das vezes trabalhar ou concentrar-se. (LIPP, 2000 apud ULRICH, 2005, p. 15) Na fase de alerta ocorre uma “revolução orgânica”, o organismo trabalha em função da “adaptação imediata” à situação estressora. A esse respeito o autor afirma que desta forma, o estresse não pode ser entendido necessariamente como uma “alteração patológica doentia”. (BALLONE, 2005b). Segundo Weiss, o estresse prepara seu corpo e também sua mente para outras situações de perigo, para o autor as pessoas “[...] precisa[m] aprender a administrar as reações e as condições que o provocam [estresse]”. (WEISS,1991, p. 38) Portanto se assim não for, se o organismo não estiver preparado para lidar com o estresse, o indivíduo pode desenvolver doenças sérias, como: depressão, câncer, doenças coronarianas (PERKINS, 1995); baixa imunidade, problemas gastrointestinais (BALLONE, 2005b); pânico, transtornos de ansiedade (DATTI, 1997); pressão alta, enfarte, artrites, asma e doenças de pele (LIPP e cols., 1994). Há uma distinção entre dois tipos de estresse: 29 Eustress: é o bom estresse, constitui-se principalmente da fase de alerta, o indivíduo sente-se impulsionado a agir, criar, trabalhar e solucionar problemas. Quando uma pessoa recebe a notícia de aprovação para uma vaga de emprego, por exemplo, o seu corpo reage fisiologicamente “o organismo desencadeia um processo de reação psicofísica que acarreta um estado de alarme interno, essa possibilidade é denominada de eustress”. Este tipo de estresse ocorre por meio de estímulos positivos e/ou agradáveis, o que vai diferenciá-lo é a forma que a pessoa o vivencia. (MIRANDA, 2007). Distress: conhecido como o mau estresse, é o estresse que traz conseqüências ruins ao organismo. Pode ser entendido como a “incapacidade para superar a vivência de experiências estressantes desgasta o indivíduo, levando a uma ruptura do bem-estar individual, o que constituiria o distress”. (JEKEL; ELMORE; KATZ, 1999 apud SPARRENBERGER; SANTOS; LIMA, 2003). O mais difícil é delimitar em que fase e que tipo de estresse um indivíduo pode estar acometido. Para Lipp (1984 apud FILGUEIRAS; HILPPERT, 2007, p. 117), “o que determina um ou outro são as características reais dos estímulos e também a interpretação que o sujeito dá a eles, relacionada à aprendizagem e ao repertório de respostas que já possui”. Uma pessoa com estresse na fase de exaustão, o estresse negativo ou distress, é preocupante e deve receber atenção multiprofissional. “O stress é reconhecido como um dos riscos mais sérios ao bem-estar [bio]psicossocial do indivíduo”. (BATEMAN; STRASSER, 1983 apud ROSSI, 2007b, p. 09). Nesse sentido pode-se entender o estresse, em sua fase inicial, como fator impulsionador de ações reativas, criatividade ação e produção, não sendo da mesma forma se sua atuação sobre o indivíduo perdurar por mais tempo. Cada pessoa administrará o estresse conforme seu aparato estratégico e a forma que percebe os fatores estressantes. 2.2.1 Enfrentamento (coping) e fontes de estresse Deve-se levar em conta que a mesma situação pode surtir efeitos distintos em pessoas diferentes. Weiss (1991, p. 39) afirma que “os acontecimentos são neutros, [...] cada pessoa vê o mundo de modo diferente e a ele reage de muitas maneiras”. Em conformidade com esse entendimento das diferentes percepções quanto aos fatores do mundo, a terapia cognitivo-comportamental [bastante utilizada para o tratamento de estresse], 30 considera que os problemas psicológicos podem ser compreendidos em termos de sistemas de respostas intercalados: o cognitivo, afetivo/fisiológico e o comportamental. O modo como uma pessoa percebe o ambiente a sua volta (reação cognitivo) é seletivo e depende de um conjunto de regras e crenças adquiridas no desenvolvimento desta pessoa. As reações cognitivas influenciam e são influenciadas pelas reações afetivas, fisiológicas e comportamentais. Assim, nas desordens de ansiedade e na depressão, o indivíduo percebe e avalia a situação de forma distorcida, tendenciosa (distorção cognitiva), propiciando a ocorrência de afetos desagradáveis (angústia, desânimo, etc), de reações fisiológicas correspondentes (sudorese, taquicardia, tonteira, fraqueza, etc), e de comportamento (bloqueio, colapso, tremor, fuga, evitação, etc), que acabam confirmando as hipóteses negativistas acerca de situação e da auto-imagem. (FALCONE, 1993). É a partir desse entendimento que se pode entender o coping. O termo foi descrito por Lazarus citado por Antoniazzi (et al., 1998), Moreira e Mello Filho (1992 apud FILGUEIRAS; HILPPERT, 2007) como o conjunto de estratégias que o indivíduo dispõe para enfrentar e se adaptar às situações de estresse. Coping é definido “[...] como uma variável individual representada pelas formas como as pessoas comumente reagem ao estresse, determinadas por fatores pessoais, exigências situacionais e recursos disponíveis”. (LAZARUS & FOLKMAN, 1984 apud PINHEIRO, TRÓCCOLI E TAMAYO, 2003). Folkman e Lazarus criaram um método de coping que envolve quatro conceitos principais: (a) coping é um processo ou uma interação que se dá entre o indivíduo e o ambiente; (b) sua função é de administração da situação estressora, ao invés de controle ou domínio da mesma; (c) os processos de coping pressupõem a noção de avaliação, ou seja, como o fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na mente do indivíduo; (d) o processo de coping constitui-se em uma mobilização de esforço, através da qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e comportamentais para administrar (reduzir, minimizar ou tolerar) as demandas internas ou externas que surgem da sua interação com o ambiente. (FOLKMAN; LAZARUS, 1980 apud ANTONIAZZI, DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998). Algumas dicas para preparar o corpo e a mente para defesa contra o estresse (coping) podem ser conseguidas com hábitos de vida diária. As seleções do Reader’s Digest (1997) apontadas na Coleção Saúde e Sabedoria sobre estresse propõem como auxiliares na prevenção do estresse: - hábitos alimentares saudáveis, - noites bem dormidas; - postura correta; - atividade física; Levando em consideração que cada indivíduo lida e percebe aspectos e situações de forma diferente conforme Weiss (1991), pode-se questionar sobre a origem das fontes de 31 estresse. De acordo com Lipp (1996, p. 20), “tudo o que cause uma quebra na homeostase interna, que exija alguma adaptação pode ser chamado de um estressor”. O estresse pode proceder de duas fontes diferentes, mas com hábitos saudáveis o indivíduo pode preparar o corpo para se defender e se adaptar às duas. Conforme Ballone (2005b), o estresse pode se originar de fontes externas ou internas. O mesmo autor aponta transtornos afetivos e traços de personalidade como exemplos de fontes internas de estresse. Lipp (1996) cita alguns autores para dar exemplos de fontes de estresse interna como, (ELLIS, 1973) que indica crenças irracionais; (LIPP; ROCHA, 1994) falta de assertividade e dificuldade de expressão dos sentimentos, entre outros. A alta correlação encontrada entre níveis de stress e o número de crenças irracionais aponta para a possibilidade das distorções cognitivas funcionarem como fontes internas de stress no ser humano adulto. Há que se refletir, também, quanto ao fato de que esta relação é ainda mais evidente quando se considera o fator idade. Os dados indicam que os pensamentos disfuncionais se consolidam e se tornam mais estressantes com o passar do tempo, conforme aponta a correlação altamente significante entre idade e crenças irracionais encontrada no presente estudo. (LIPP, PEREIRA; SADIR, 2005). Quanto às fontes externas de estresse, Lipp (1996, p. 21) afirma que, essas, são situações e condições externas que afetam o organismo, tais como: acidentes, mudança de chefia, trabalho em excesso ou desagradável, família em desarmonia, etc. Entende-se que aspectos do trabalho podem se apresentar como importantes fontes externas de estresse. Sendo assim, o trabalhador muitas vezes não tem controle sob os aspectos do trabalho que possam ser para ele, fontes estressoras. Ao seu alcance estão hábitos de vida que podem lhe dar suporte e prepará-lo para enfrentar e administrar ou fugir do que possa lhe afligir (coping). O trabalho docente também pode ser apontado como grande fonte de estresse ocupacional, levando muitos desses profissionais ao afastamento de suas atividades. 2.2.2 Estresse ocupacional na docência O trabalho é entendido pela sociedade como promotor de dignidade, de enobrecimento e de saúde. Para Codo (1998) o trabalho contribui para a formação da identidade dos indivíduos, sua inserção na vida social e no mundo. 32 Mas não só de boas contribuições que se constitui a relação do homem com o trabalho. “O trabalho humano possui um duplo caráter: por um lado é fonte de realização, satisfação, prazer, estruturando e conformando o processo de identidade dos sujeitos; por outro, pode também se transformar em elemento patogênico, tornando-se nocivo à saúde”. (DELCOR et al., 2004). Um fator do trabalho que pode ser entendido como contribuinte para o adoecimento atualmente são os laços contratuais. Segundo Cooper (2007, p. 5), muitas organizações optam hoje por contratos terceirizados, por funcionários horistas, com flexibilidade, nesse sentido “o contrato psicológico entre o patrão e o empregado [...] está sendo razoavelmente enfraquecido à medida que um número cada vez maior de empregados não considera mais seu emprego como seguro [...]”. Partindo desses entendimentos o ambiente de trabalho pode ser considerado como promotor de fontes externas de estresse, o estresse ocupacional. Rossi (1997, p. 60) aponta a sensação da falta de controle como uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento do estresse no trabalho, “assim o funcionário tem grandes responsabilidades, mas pouca autonomia para tomar decisões”. “Uma série de problemas clínicos e psicológicos tem sido associada ao estresse organizacional, [...] que contribui para o desenvolvimento de distúrbios funcionais, problemas psicossomáticos e doenças degenerativas”. (ROSSI, 2007b, p. 9). Nesse sentido, Ballone (2005a) indica transtornos relacionados ao estresse como “depressões, ansiedade patológica, pânico, fobias, doenças psicossomáticas”, entre outras. Nas organizações escolares não acontece diferente. De acordo com Porto et al. (2006, p. 819), os professores indicam que algumas características do trabalho estão mais associadas ao adoecimento como “trabalho repetitivo, ambiente estressante, ritmo acelerado, fiscalização contínua e pressão da direção”. Reinhold (1996, p. 176) conclui que: [...] os professores estão sujeitos a muitos fatores estressantes ligados à sua atividade profissional [ele acrescenta ainda que] nem sempre esses professores têm recursos próprios ou ambientais para lidar adequadamente com seu stress ocupacional, podendo, em decorrência, apresentar reações de stress em graus variados, resultando em exaustão, depressão, raiva, sintomas psicossomáticos. Esteve (1999) é citado por Ulrich (2005) quanto a um levantamento realizado de todas as licenças oficiais por doenças dos Arquivos de Inspeção Médica da Delegação de 33 Educação e Ciência em Málaga, durante sete anos, compreendidos entre 1982 e 1989. Dentre os resultados encontrados as distensões de tornozelo, as laringites e as depressões ficaram em primeiro lugar e as licenças ginecológicas não associadas à maternidade apareceram alternadamente entre segundo e terceiro lugar. No que se refere ao estresse no trabalho docente, alguns autores o definem como: [...] uma síndrome de respostas de sentimentos negativos, tais como raiva e depressão, geralmente acompanhada de mudanças fisiológicas e bioquímicas potencialmente patogênicas, resultante de aspectos do trabalho do professor, e mediada pela percepção de que as exigências profissionais constituem uma ameaça à sua auto-estima ou bem-estar. (KYRIACOU; SUTCLIFFE, 1978; MORACCO; MCFADDEN, 1982 apud REINHOLD, 1996, p. 169). Ulrich (2005, p. 24) aponta estudos de Maslach e Leiter (1999) em vários campos de atuação de profissionais, bem como com professores, e que estes concluíram que “quando o trabalhador sofre de desgaste físico e emocional, ele não é o único responsável e que as ‘causas’ localizam-se mais no ambiente de trabalho do que no indivíduo”. Se forem retomados os entendimentos de que o indivíduo pode fortalecer sua saúde com hábitos de vida para lutar (coping) e enfraquecer a atuação e influência dos fatores externos, pode-se aumentar a responsabilidade do indivíduo quanto ao seu adoecimento. Os mesmos autores acima citados indicam que, para solucionar problemas de adoecimento dos trabalhadores as ações devem partir tanto do individual como do organizacional, o que nem sempre acontece conjuntamente. Por fim e com base nos autores citados é possível perceber que as condições do ambiente de trabalho e a forma como os trabalhadores se relacionam com os aspectos e as situações presentes nesse ambiente, podem ser consideradas determinantes no processo saúde/ doenças dos trabalhadores. De maneira particular o trabalho docente pode se apresentar como gratificante e satisfatório, mas também um campo de adoecimento físico com conseqüências emocionais, e de adoecimento emocional e mental com conseqüências físicas conforme a rege a Teoria Psicossomática. 2.2.3 A Teoria Psicossomática A psicossomática vem demonstrando ser a forma mais abrangente de estudo para 34 explicar as relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Cabe então ressaltar que “a palavra psicossomática é formada pelas palavras gregas: psique (alma) + soma (corpo), tendo sido usada por Anaxágoras, filósofo grego pré-socrático que defendia a concepção dualista do ser humano (500-428 AC)”. (TONELLI, 2008). Atualmente a psicossomática é conceituada, na literatura pesquisada, como “doenças determinadas, agravadas ou desencadeadas por razões emocionais, com presença de alterações orgânicas constatáveis (asma, hipertensão, dermatites, diabete [sic.] etc.)”. (BALLONE; ORTOLANI, NETO (2007, p. 180). De acordo com Mello Filho (1992), o corpo de teoria da psicossomática moderna, ao longo do tempo, desenvolveu-se em três fases. A primeira foi estimulada pela psicanálise com o enfoque dos estudos sobre a gênese inconsciente das enfermidades, teorias da regressão e sobre os benefícios secundários do adoecer entre outros. A segunda é a fase intermediária, behaviorista, que se concentrou em pesquisas em homens e animais, tendo como auxiliar para sua interpretação as ciências exatas, havendo um grande avanço nos estudos sobre stress. Já a terceira fase, atual, chamada de multidisciplinar ou interdisciplinar, destaca a importância da dimensão social e suas interconexões com a visão psicossomática, necessariamente possuindo uma interação entre os diferentes profissionais de saúde. (apud SILVA; MÜLLER, 2007). Segundo Ballone, Ortolani e Neto (2007), na psicossomática sempre há relação entre a queixa (os sintomas apresentados) e a alteração orgânica. O mesmo autor aponta ainda que, na doença psicossomática o sistema nervoso autônomo (SNA) é sempre mobilizado. Alguns autores aceitam a idéia de que, na doença psicossomática, o afeto seja suprimido e dirigido ao SNA devido a alguma dificuldade da pessoa em reconhecer e verbalizar seus sentimentos e emoções (alexitimia). (BALLONE; ORTOLANI, NETO (2007, p. 182). A psicossomática possibilita aos psicólogos, o trabalho interdisciplinar com os demais profissionais da saúde e das ciências humanas e sociais por “objetiva[r] sempre estudar a complexa dinâmica entre fatores fisiológicos, psicológicos e sociais”. (SPINELLI, 2002). A teoria psicossomática percebe o homem como ser biopsicossocial, integrando e compreendendo a influência entre estes. “Por ser uma abordagem integrativa da pessoa, o profissional que se utiliza da psicossomática vai além da realidade física da doença, sem, no entanto, negá-la”. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MEDICINA COMPLEMENTAR). Silva e Müller (2007) referem o conceito da Síndrome Geral de Adaptação – Estresse (Selye, 1956; Ramos,1994), e apontam que a mesma “contribuiu para a abordagem psicossomática, [pelo fato] de como o corpo se transforma sob o efeito do stress”. Quanto à 35 Síndrome Geral de Adaptação, o estresse, Ballone (2007) aponta que, Os efeitos [...] sobre o indivíduo cronicamente ao longo do tempo compõem o substrato fisiopatológico das doenças psicossomáticas. Cada órgão ou sistema são envolvidos e apenados pelas alterações fisiológicas continuadas do Estresse, de início apenas com alterações funcionais e depois, com lesões também anatômicas. Uma das queixas mais freqüentes feitas pelos indivíduos diz respeito ao estresse no trabalho, sendo que uma grande parte das doenças psicossomáticas está diretamente relacionada com essa questão. (ALVES, 2000 apud CANTOS; SILVA; NUNES, p. 2005). Na docência são percebidos muitos adoecimentos que demonstram o entrelace do sofrimento psíquico, com os comportamentos de risco, os problemas relacionais e predisposições fisiológicas. Diversos autores apontam problemas de saúde do professor relacionados às suas condições de trabalho, como questões emocionais, esgotamento mental e estresse, doenças do aparelho respiratório e vias aéreas superiores, dor de garganta, faringite, laringite, rouquidão e disfonia, assim como problemas cardiológicos, circulatórios e ortopédicos. (GONÇALVES; PENTEADO; SILVÉRIO, 2005, p. 48). Conforme o que foi exposto pôde-se notar, com a literatura e com os dados coletados, que a classe docente é altamente acometida por sintomas e alterações vocais e essas alterações acabam por afetar todas as esferas de sua vida (social, pessoal e profissional), gerando ansiedade e angústia que acabam por acarretar o estresse. 2.4 A VOZ A comunicação humana pode ocorrer de diversas formas dentro de duas possibilidades: a comunicação verbal e a não-verbal (gestos, olhares, expressões corporais, tom de voz). O foco principal deste projeto de pesquisa ater-se-á à linguagem falada por meio do uso da voz, considerando ainda outros fatores que influenciam as mesmas. A voz é uma das múltiplas formas de comunicação humana, apresentando-se desde o nascimento por meio do choro, riso e grito. É o modo básico de comunicação, porém constituindo-se como poderoso meio de interação. (BEHLAU; PONTES, 2001). Conforme Boone e Plante (1994), a fala possui função sobreposta [ou superposta] por utilizar órgãos designados para outras funções no corpo humano, sendo estas vitais. Os 36 seres humanos não possuem um aparelho específico para produção da voz, “usamos o ar da respiração como combustível para o som; empregamos a laringe, órgão protetor dos pulmões, como motor vibratório; e, finalmente, articulamos os sons com os lábios, a língua e a mandíbula [...]”. (BEHLAU; PONTES, 2001, p. 08). Almeida (2000, p. 11) refere que o mecanismo fonatório acontece durante a fase expiratória da respiração, para tal faz-se necessária uma atividade equilibrada de toda musculatura intrínseca da laringe. Nesse sentido, Basseto e Natalini (2000, p. 109) indicam que “para que a produção dos sons da fala se dê adequadamente, é necessário que o movimento dos órgãos envolvidos ocorra com precisão, velocidade, energia, pressão e coordenação adequada de grupos musculares”. Behlau, Dragone e Nagano (2004) afirmam que a voz começa na laringe e termina nas cavidades da boca e/ou do nariz, estruturas essas chamadas trato vocal. As autoras continuam explicando que é a laringe a responsável vital de manter a passagem do ar para a respiração e por movimentos do pescoço e por isso destacam que “tensões nessa região afetam a sua funcionalidade”. (BEHLAU; DRAGONE; NAGANO, 2004, p. 27). Para que ocorra a produção da voz faz-se necessária a presença do seu combustível, o ar respirado, que passa pelas pregas vocais abertas e em repouso na inspiração e vibrando na expiração. Conforme Almeida (2000), na expiração há um fechamento glótico – da glote – e também uma pressão na área abaixo da glote e são esses movimentos que resultam na vibração das pregas vocais. Após a passagem pelas pregas vocais em vibração, o som é trabalhado no trato vocal (boca, língua, maxilar, etc.). Dessa forma, “tais estruturas funcionam como alto-falantes e são fundamentais na projeção vocal”, as autoras acrescentam ainda que a identidade e as características vocais de cada indivíduo são caracterizadas nessa fase do processo de produção da voz. (BEHLAU; DRAGONE; NAGANO, 2004, p. 29) A voz é entendida como algo particular, individual, dentro de um padrão de cada pessoa, apesar de constituir um sistema considerado flexível, em função das mudanças durante toda a vida. A característica de particularidade da voz é comparada por Behlau e Pontes (2001) à impressão digital, fato esse, explicado pelos autores, em função de características anatômicas, história de vida e de relacionamentos. Esse processo de construção da identidade vocal é entendido por Behlau e Pontes (2001), como constituído por três dimensões: a biológica, psicológica e socioeducacional. 37 As informações contidas na dimensão biológica dizem respeito aos dados físicos básicos, tais como sexo, a idade e condições gerais de saúde; as informações contidas na dimensão psicológica correspondem às características básicas da personalidade e do estado emocional do indivíduo durante o momento da emissão; já a dimensão socioeducacional oferece dados sobre os grupos a que pertencemos, quer sejam sociais ou profissionais. (BEHLAU; PONTES, 2001, p. 15). Conforme Boone e Plante (1994), a linguagem falada é uma forma de comunicação humana que permite a transmissão de informações por meio de fatores motores, emocionais e vocalizações. Behlau, Dragone e Nagano (2004) afirmam que é a voz que permite o sucesso das interações humanas, pois transmite palavras, mensagens e sentimentos, tanto no âmbito privado quanto no profissional. Os fatores emocionais, os sentimentos, sexo do locutor, transmitidos pela voz, podem ser percebidos pelo ouvinte como rouca, fina, grosso, baixa, etc., são características e qualidades da voz. Para Behlau, Dragone e Nagano (2004, p. 30), “a qualidade vocal do indivíduo [está] de acordo com mais de 80 parâmetros vocais” como: freqüência – podendo ser a voz fina ou grossa; intensidade – voz forte (alta) e voz fraca (baixa); ressonância – trata da amplificação do som, características estéticas da voz; ritmo e velocidade – coordenação entre controle da corrente de ar e articulação dos sons; entonação – ligada à musicalidade da comunicação, mais agradável; articulação (dicção) – de acordo com a maneira de movimentar a língua, os lábios, a mandíbula. A comunicação verbal, por meio da voz e da fala, constitui habilidade unicamente humana, possibilita por meio da linguagem, boa parte das relações interpessoais transmitindo emoções, sentimentos, sofrimentos e conhecimentos. Além da utilização cotidiana da voz como meio relacional, ela se apresenta como ferramenta essencial para profissionais da voz, como oradores, cantores, palestrantes, jornalistas, atores e professores. 2.3.1 Alterações vocais no docente: a voz como instrumento de trabalho Além do conhecimento, material didático e apesar das inovações tecnológicas que auxiliam o trabalho do professor em sala de aula, seu principal instrumento de trabalho é sua voz. Sendo assim, Alavarsi, Guerra e Sacaloski (2000, p. 203) apontam que “é importante que ele [o professor] esteja sempre atento para a sua produção vocal, procurando adequá-la, evitando assim problemas futuros”. 38 Para que se possam evitar alterações vocais é indicado o cuidado constante com a saúde vocal. A saúde vocal é considerada um aspecto importante da saúde geral e qualidade de vida do professor, pois a voz é o seu principal instrumento de trabalho e importante recurso na relação professor/alunos, com implicações relevantes no processo ensino-aprendizagem. (PENTEADO, 2007, p. 18). De acordo com Medeiros (2006), “entende-se por saúde vocal a emissão da voz limpa e clara, emitida sem esforço e agradável aos ouvintes”. A saúde vocal pode ser alcançada por meio da higiene vocal e hábitos de vida diária, eliminando os maus hábitos vocais já instalados e para prevenir alterações e doenças do trato vocal. De modo geral “é importante que o professor mantenha hábitos corretos de postura, gestos precisos e uma boa qualidade vocal, pois seu padrão de conduta, além de influenciar na transmissão dos conhecimentos, é constantemente observado e, muitas vezes, imitado pelos interlocutores. (ALMEIDA, 2000, p. 9). Estes cuidados podem ajudar o professor a manter uma boa qualidade vocal, agradável aos ouvidos dos alunos. A voz de professores preferida pelos ouvintes “é a voz forte, que todos escutam, muitas vezes obtida com esforço, com precisão de movimentos articulatórios, com modulação expressiva, boa projeção, freqüência fundamental média e velocidade de fala adequada ao assunto com tendência à tensão”. (BEHLAU; DRAGONE; NAGANO, 2004, p. 01). Os mesmos autores comentam ainda que, estas não são as formas mais adequadas para os professores enfrentarem suas demandas diárias, posto que, ao contrário, não seriam tantos os problemas de voz para essa classe. O fato é que nem sempre o professor tem condições de fazer uso adequado de sua voz. Conforme Yiu (2002) e Duffy e Hazlett (2004), citados por Araújo et al. (2008), alguns aspectos ligados ao trabalho docente podem impossibilitar o uso correto da voz como: condições do ambiente de trabalho (acústica, nível de competição sonora ambiental, umidade, poeira), características do trabalho (extensão da jornada de trabalho, tempo de exposição na atividade docente, manutenção de múltiplos empregos) e falta de preparo/treinamento para o uso adequado da voz são fatores que podem contribuir para o abuso vocal, gerando alterações vocais em diferentes níveis de freqüência e severidade. (YIU, 2002; DUFFY; HAZLETT, 2004 apud ARAÚJO et al., 2008). Segundo Issler (1996 apud BASSETO; NATALINI, 2000, p. 110), “a linguagem humana pede bases orgânicas e psíquicas íntegras, além de ambiente social estimulador para que se desenvolva”. Alavarsi, Guerra e Sacaloski, (2000) apontam alguns fatores existentes no cotidiano de professores e hábitos que podem evitar ou contribuir para o desenvolvimento 39 de alterações vocais: condições da sala de aula; ar condicionado; temperatura; uso de microfone; postura do professor; vestimentas; alimentação; fumo, álcool e drogas; alergias; hábitos vocais; ciclos menstruais e pílulas anticoncepcionais; esportes; recursos didáticos; respiração e articulação. Segundo Martin & Darnley (1996 apud BEHLAU; DRAGONE; NAGANO, 2004, p. 03), o professor precisa ter capacidade vocal para suportar a demanda vocal e o uso prolongado por diversas horas, dias e semanas no ano. Com as dicas de práticas indicadas por fonoaudiólogos os professores podem aumentar sua capacidade vocal e evitar as alterações vocais. A voz denuncia a intenção e o estado emocional do falante e, em algumas situações, até mesmo o seu estado físico. Almeida (2000, p. 08) relata que “de acordo com estudos realizados entre profissionais que trabalham com a voz, a docência é uma das profissões com maior incidência de alterações vocais. Essas alterações afetam a vida pessoal, social e, sobretudo, a vida profissional, causando ansiedade e angústia”. O professor costuma comportar-se de forma propensa a desenvolver distúrbios de voz, pois: [...] geralmente grita, fala muito e alto demais para superar o ruído ambiental. Ainda apresenta tensão cervical, postura incorreta; padrão respiratório e ressonantal inadequados; alteração de tonalidade, perda de intensidade, voz abafada e sem projeção, causando rouquidão e outros sintomas que muitas vezes resultam em patologias vocais (nódulos, pólipos, edemas, hiperemias, etc) caso não sejam interceptadas precocemente. (GUIMARÃES, 2001, p. 07). Hersan (1989 apud ALAVARSI, GUERRA e SACALOSKI, 2000, p. 202) aponta alguns sinais citados pelos professores durante ou após o uso da voz: esforço ou cansaço ao falar; sensação de aperto ou “bolo” na garganta; dor na nuca, ombros e pescoço; rouquidão oscilante ou temporária; diminuição da intensidade da voz (falar mais fraco); escape nasal excessivo; perda do controle da intensidade (forte ou fraco) ou altura (grave e agudo) da voz; soprosidade na voz. Com todos os aspectos do trabalho docente apresentados, deve-se levar em conta a importância do cuidado com a voz, já que essa é o principal instrumento de trabalho dos 40 professores. O afastamento por problemas vocais pode trazer outros prejuízos inclusive à saúde mental do professor, uma vez que ele pode se perceber impossibilitado de lecionar novamente. 41 3. MÉTODO Para dar início as explicações quanto aos procedimentos metodológicos utilizados neste estudo é necessário que se faça a contextualização do mesmo. De acordo com Gil (1999, p. 42), a Psicologia faz parte das ciências que realizam suas investigações por meio da pesquisa social, essa definida pelo autor como “o processo que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social”. Não se pode ignorar que a própria ciência e principalmente a pesquisa em Psicologia têm estrita relação com o desenvolvimento social. (BOTOMÉ, 2007). Conforme considerações elencadas na Resolução CFP n. 016/2000 que dispõe sobre a realização de pesquisa em Psicologia com seres humanos, “a pesquisa envolvendo seres humanos, em Psicologia, é uma prática social que visa a produção de conhecimentos que propiciam o desenvolvimento teórico do campo e contribuem para uma prática profissional capaz de atender as demandas da sociedade”. (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2000). A ciência tem como uma de suas normativas a clareza dos procedimentos metodológicos. Segundo Lênin (1965 apud MINAYO, 1994, p. 16), “o método é a alma da teoria”. De acordo com Deslandes (1994, p. 43), “A metodologia não só contempla a fase de exploração de campo (escolha do espaço da pesquisa, escolha do grupo de pesquisa, estabelecimento dos critérios de amostragem e construção de estratégias para entrar em campo) como a definição de instrumentos e procedimentos para análise dos dados”. A seção do método descreve com detalhes todos os procedimentos realizados no estudo que permitiram que os resultados fossem alcançados, desde a seleção dos participantes que forneceram os dados pesquisados, o modo como estas informações foram coletadas, os instrumentos utilizados e a maneira como foi realizada a análise dos dados. (KUDE, 1999). Sendo assim, seguem os procedimentos metodológicos empregados nesta pesquisa. 3.1 TIPO DE PESQUISA Por ter como objetivo descrever as percepções dos professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e saúde vocal, esta pesquisa se apresenta com 42 método qualitativo e quantitativo. Qualitativo por pretender analisar significados, crenças, relações entre fenômenos por meio das percepções dos sujeitos pesquisados. Segundo Minayo (1994, p. 21), são questões mais particulares que estão envolvidas numa pesquisa qualitativa, pois “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes [...] espaços mais profundos das relações”. O método é também quantitativo, por este projeto aspirar trazer também dados objetivos e mensuráveis dos resultados obtidos nos questionários. De acordo com Bicudo (2004, p. 104 apud LEONEL e MOTTA, 2007, p. 106), no que diz respeito à abordagem de método quantitativa está relacionada a questões mais generalizadas sobre aspectos da objetividade passível de ser mensurável, trazendo em si a idéia de quantificação, rigor, precisão. Este estudo define-se como uma pesquisa descritiva – exploratória. As pesquisas descritivas – exploratórias são as mais habitualmente utilizadas em pesquisas sociais (GIL, 1999, p.44) Em conformidade com Gil (1999, p. 44), as pesquisas descritivas “têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. O mesmo autor refere que as pesquisas exploratórias “são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Esse tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis”. (1999, p. 43). Quanto à técnica para investigação optou-se pelo levantamento de dados. Segundo Günther (2003, p. 01), “o levantamento de dados por amostragem, ou survey, assegura melhor representatividade e permite generalização para uma população mais ampla”. De acordo com Gil (1999, p. 70), “as pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer”. Cabe ressaltar que “nenhuma teoria, por mais bem elaborada que seja, dá conta de explicar todos os fenômenos e processos. O investigador separa, recorta determinados aspectos significativos da realidade para trabalhá-los, buscando interconexão sistemática entre eles” (MINAYO, p.18) 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 43 Dentre as possíveis técnicas de exame para investigar o comportamento humano optou-se pelo questionário também conhecido como survey. O questionário é definido como “um conjunto de perguntas sobre um determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica”. (YAREMKO; HARARI; HARRISON; LYNN, 1986, p. 186 apud GÜNTHER, 2003, p. 01). Para a realização da coleta de dados foi desenvolvido o Questionário Autoaplicável – Estresse Ocupacional e Alterações Vocais (APÊNDICE A) composto por 37 itens que se dividem em 3 blocos de perguntas. O primeiro bloco engloba as Características Gerais dos sujeitos participantes da pesquisa contendo 18 questões. Os itens sexo, idade, escolaridade, estado civil e quantidade de filhos compreendem os dados pessoais, os 10 itens seguintes dizem respeito ao total de horas trabalhadas, do item 10 ao 15 os informantes foram convidados a refletirem sobre seu Nível de Satisfação em relação à instituição, profissão, relacionamentos profissionais, condições de trabalho e remuneração. Os últimos itens deste bloco indagam as percepções dos sujeitos quanto ao seu estado de saúde e possíveis afastamentos do trabalho. O segundo bloco de perguntas investiga aspectos referentes ao Estresse Ocupacional e tem início com o item 19 que se apresenta na forma de uma Tabela de Levantamento de sintomas de estresse (Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo) retirado de um estudo de Ramírez (2002). Embora existam vários instrumentos disponíveis para a avaliação do estresse, optou-se por este em virtude de não haver maiores custos e por ter uso livre podendo assim ser aplicado em todos os participantes. Nos dois últimos itens o informante é questionado se percebe estar com estresse ocupacional (nível de mensuração categórico: sim, não ou não sabe responder) e quais das situações relacionadas ao trabalho como: falta de autonomia, fiscalização contínua, pressão da direção, ritmo acelerado entre outros, ele entende que possa ser estressante. O tema Alterações Vocais é trabalhado no terceiro bloco que começa questionando se o professor se percebe com alguma alteração vocal. Posteriormente questionava-se se o mesmo apresentava algum dos sintomas listados e quais das situações ou fatores do ambiente de trabalho entendiam que podiam contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais. Por fim, ainda conforme o tema do terceiro bloco, foi utilizada a Lista de Situações de Abuso e Mau Uso Vocal e Condições Adversas à Saúde Vocal adaptado de Villela e Behlau (2000 apud BEHLAU & PONTES, 2001), o instrumento é composto de sessenta afirmativas comportamentais que interferem e contribuem para o desenvolvimento de 44 alterações vocais. Para o correto preenchimento do questionário o respondente deveria assinalar uma das opções de freqüência de ocorrência com nível de mensuração ordinal em que, 0 = nunca, 1 = raramente, 2 = às vezes, 3 = muitas vezes e 4 = sempre. Cabe aqui ressaltar que o instrumento original não continha a opção “nunca” e que esta alternativa foi acrescentada por decisão conjunta da pesquisadora e da orientadora desta pesquisa por entenderem que os comportamentos listados no instrumento não são necessariamente apresentados pelos indivíduos. Do item 19 ao 30, o professor é convidado a apontar suas percepções sobre as possíveis relações entre estresse ocupacional e alterações vocais, caracterizando-se no item mais diretamente ligado ao objetivo geral da pesquisa. 3.3 CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO E DA POPULAÇÃO A organização escolhida é uma Universidade particular do sul do Estado de Santa Catarina caracterizada como Universidade Comunitária por se identificar sem fins lucrativos. A referida organização tem cerca de 25 mil alunos, distribuídos em mais de 50 cursos de graduação, pós-graduação e ensino a distância e quatro Campi instalados em diferentes cidades. Este projeto de pesquisa teve como pretensão abranger uma das unidades do Campus da Grande Florianópolis. Na unidade de ensino escolhida há, atualmente, 488 professores que constituem a população da pesquisa. 3.4 PROCEDIMENTOS Os procedimentos desta pesquisa seguiram as normas listadas na Resolução CFP n. 016/2000 que dispõe sobre a realização de pesquisa em Psicologia com seres humanos. Tal Resolução é composta por 16 Artigos que regulamentam as obrigações desde a passagem do projeto pelo crivo do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, o protocolo e o risco da pesquisa até pareceres e divulgação dos dados. Cabe ressaltar que a presente pesquisa recebeu aprovação sem restrições pelo CEP (APÊNDICE B). 45 3.4.1 Contato com a organização e a população Para dar início ao processo de coleta de dados, a pesquisadora enviou um Documento Informativo (APÊNDICE C) aos coordenadores dos cursos disponíveis na Unidade escolhida via correio eletrônico. Tal documento foi elaborado com intuito de cientificar tais coordenadores, quanto à realização da pesquisa. O documento informativo continha ainda os objetivos da pesquisa, a data de disponibilização e de devolução dos questionários, informações sobre os termos de consentimento e ainda solicitava que os mesmos informassem aos professores quanto à realização da pesquisa. O próximo passo foi afixar cartazes na Sala dos Professores e no Apoio Docente (salas conjugadas) informando que os questionários já estavam disponíveis nos escaninhos de cada professor e também o prazo de devolução dos questionários. Em seguida entrou-se em contato com os funcionários que trabalhavam no setor de Apoio Docente, quando a pesquisadora apresentou-se aos funcionários, explicou o que tratava sua pesquisa e solicitou que a auxiliassem com o resgate e armazenamento temporário dos questionários. Em função da grande quantidade de sujeitos não foi possível entregar os questionários auto-aplicáveis e os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE D) em mãos, sendo assim tais documentos foram deixados no Apoio Docente nos escaninhos de cada professor. Com base nas características conhecidas a priori sobre a população pesquisada como grau mínimo de instrução e por se tratar de professores universitários, a autora da pesquisa supôs que não havia necessidade de maiores informações quanto aos procedimentos relacionados ao TCLE. Partindo desse princípio, ao anexar dois TCLE ao questionário com uma das vias assinadas pela autora a qual deveria ficar sob a posse do pesquisado, esperava-se que apenas uma via fosse devolvida com a assinatura do respondente. Para a surpresa da pesquisadora muitos questionários foram devolvidos juntamente com as duas vias do TCLE. Günther (2003, p. 8) relata que, ao passo que o questionário tenha sido enviado aos respondentes, deve estar “acompanhado de uma carta de apresentação da qual constará a informação quem está ‘por trás da pesquisa e para quê serve’”, cabe aqui ressaltar que o TCLE constava de todas as informações respeitantes aos objetivos, à problemática, à orientadora e à autora da pesquisa bem como os contatos telefônicos da mesma. 46 3.4.2 Coleta e Sistematização dos dados A coleta de dados foi obtida por meio de questionário auto-aplicável (APÊNDICE A) disponibilizado aos participantes nos escaninhos dos mesmos, em virtude dos procedimentos metodológicos eleitos, a autora não teve contato com os participantes da pesquisa. Sendo assim não foi possível à pesquisadora acompanhar o processo de preenchimento dos documentos, nem controlar tempo utilizado e também precisar o ambiente no qual se deu tal processo. Foi estipulado um prazo de devolução dos questionários, mas tal prazo foi prorrogado por muitas vezes para que se pudesse alcançar um número mínimo para a validação da presente pesquisa. O processo de coleta de dados deu-se em uma única etapa, ao longo dos meses de abril e maio. Para o resgate dos documentos da pesquisa a autora dirigiu-se três vezes por semana ao Apoio Docente tendo retorno de 12 a 18 questionários devolvidos a cada visita. A partir do primeiro resgate dos questionários deu-se inicio à tabulação dos dados obtidos que foram organizados em planilhas de Excel. Posteriormente foram aplicadas funções estatísticas para a sistematização dos dados. Foi utilizado também o programa SPSS que consiste num sistema de análises estatísticas e manuseamento de dados. A utilização do Excel e do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) - pacote estatístico para as ciências sociais – possibilitaram a organização e melhor visualização dos dados. 47 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Neste capítulo, serão analisadas e interpretadas as informações obtidas a partir dos questionários aplicados. Para tal fim, foram construídas categorias baseadas nos objetivos da pesquisa e nos itens do questionário auto-aplicável (APÊNDICE E), são eles: nível de satisfação dos professores universitários quanto aos fatores do seu ambiente de trabalho; Descrever as percepções dos professores universitários quanto à presença de sintomas típicos de estresse ocupacional; Identificar os fatores do ambiente de trabalho considerados como estressores pelos professores universitários; Descrever as percepções dos professores universitários quanto à presença de sintomas típicos de alterações vocais; Identificar os fatores ambientais que possam causar e/ou intensificar alterações vocais em professores universitários; Detectar a ocorrência de estresse e alterações vocais em professores universitários. Porém, antes de iniciar estas análises, faz-se importante descrever as características da amostra pesquisada. 4.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA A presente pesquisa teve como população 488 professores, sendo que, apenas 17,62% destes, responderam à pesquisa resultando em uma amostra constituída de 86 professores universitários (Gráfico 1). A presente autora ambicionava ao menos 20% de devolução dos questionários totalizando uma amostra maior. AMOSTRA; 86 POPULAÇÃO; 488 Gráfico 1 – População X Amostra Fonte: Elaboração da autora, 2009. 48 Por ter-se optado pela utilização de questionário auto-aplicável, a autora tinha ciência de que muito provavelmente não teria alta porcentagem de devolução dos mesmos. Referente às devoluções quando na opção de utilização dos questionários Günther (2003) aponta que a taxa de resposta pode ser uma desvantagem do survey. Nesse sentido, “o processo de mandar o questionário a respondentes em potencial, conseguir que completem e devolvam o questionário de maneira honesta pode ser visto como caso especial de ‘troca social’”. (DILLMAN, 1978 apud GÜNTHER 2003, p. 7). Mesmo com a característica de baixa taxa de devolução do survey, os dados podem ser significativos e suficientes para ricas considerações, “pesquisas mais recentes [...] sugerem que baixas taxas de resposta não significam necessariamente baixo grau de representatividade, especialmente no caso de amostras probabilísticas”. (KROSNICK, 1999 apud GÜNTHER, 2003, p. 32). Para caracterizar a amostra, foram solicitados dados tais como sexo, idade, curso de graduação, titulação completa, estado civil, e número de filhos (TABELA 1). Tabela 1 – Características da amostra sexo, idade, curso de graduação, titulação completa, estado civil, e número de filhos (n=86) Estado Civil Pós – grad. Graduação Idade Sexo Categoria Subcategoria Masculino Feminino Máxima Média Mínima Psicologia Direito Enfermagem Fisioterapia Naturologia Nutrição Outros Cursos Não responderam Mestrado Especialização Doutorado Casado Solteiro Separado Divorciado Viúvo União Estável Cont. Quantidade 32 54 63 anos 39 anos e 2 meses 25 anos 13 9 5 5 5 4 23 24 46 22 16 49 18 8 7 2 1 49 Filhos Sim Não Gestante 1 filho 2 filhos 3 filhos Fonte: Elaboração da autora, 2009. 47 38 1 25 18 4 De acordo com a Tabela 1, evidenciou-se que 32 respondentes foram do sexo masculino (37,2%) e 54 do sexo feminino (62,8%). Quanto à idade dos participantes, observou-se que a média de idade dos professores foi de 39 anos e 2 meses, sendo a idade máxima de 63 e a idade mínima de 25 anos. No que tange a escolaridade, 13 dos respondentes fizeram a graduação em Psicologia e nove cursaram Direito. Enfermagem, Fisioterapia e Naturologia foram representadas por cinco professores e quatro foram os participantes de Nutrição. Outros 23 professores responderam à pesquisa, relatando ter formação em Ciências da Computação (dois), em Ciências Biológicas (dois), em Administração (dois) e Letras (dois). Observou-se também a ocorrência de um representante de cada uma das graduações a seguir: Educação Física, Serviço Social, Ciências Contábeis, Engenharia de Sistemas, Engenharia Agronômica, Filosofia, Farmácia Bioquímica/Tecnologia de Alimentos, Pedagogia, Relações Públicas, Ciências Sociais, Engenharia Civil, Jornalismo, Educação Especial, Odontologia e Publicidade e Propaganda. Um dos professores com graduação em Psicologia referiu ser também graduado em Pedagogia, e da mesma forma, um professor graduado em Enfermagem relatou ter graduação em Administração. Por fim, verificou-se que, 24 dos participantes não relataram em que curso realizaram sua graduação. Pode-se concluir que a presente pesquisa alcançou grande abrangência de áreas de conhecimentos e graduações atingindo professores formados em 25 diferentes graduações, sendo que do total de graduações, 32 são da área da saúde. Ainda sobre a escolaridade dos professores pesquisados foi solicitado aos mesmos que, no caso de possuírem alguma pós-graduação, assinalassem a que estivesse completa. Conforme a coleta de dados verificou-se que nenhum participante deixou de responder este item, sendo que 46 professores apontaram ter concluído Mestrado, 22 professores referiram já ter completado alguma Especialização e 16 professores relataram ter Doutorado completo. No tocante ao estado civil dos professores observou que, 49 são casados, 18 são solteiros, oito são separados e sete divorciados. Verificou-se ainda que dois professores são 50 viúvos, um vive em união estável e um não respondeu. Os professores foram questionados quanto à quantidade de filhos, eles deviam assinalar se tinham filhos e apontar quantos. Em conformidade com os dados obtidos, observou-se que 47 professores referiram ter filhos, 38 relataram não ter filhos e uma participante afirmou ser gestante. Pode-se verificar que, dos 47 professores que referiram ter filhos, 25 relataram ter apenas um filho, 18 participantes afirmaram ter dois filhos e quatro respondentes referiram ter três filhos. Com base nos dados obtidos pôde-se traçar o perfil da amostra pesquisada que se apresentou com predomínio do sexo feminino, idade média 39 anos e dois meses, graduados e prevalência de respondentes do curso de psicologia (13), mestrados (49), e preponderância de pais e mães (47) de apenas um filho (25). Alguns dados da amostra já eram esperados pela pesquisadora já que o magistério é historicamente representado pelo sexo feminino e se esses forem comparados aos dados obtidos em outras pesquisas com temas similares. Areias e Guimarães (2004) em pesquisa realizada com trabalhadores de uma universidade pública de São Paulo em 2004 concluíram que há predominância do “sexo feminino (63%), entre 30 a 49 anos (76%), casados (49%)”. Em uma pesquisa realizada por Porto et al. (2006) na cidade de Vitória da Conquista – Bahia em 2001, os autores referiram que os dados obtidos demonstraram que a maioria dos professores era constituída por mulheres, e a amostra foi composta por grande parcela de professores casados com idade média de 34 anos. Esses dados se apresentam contíguos aos obtidos na presente pesquisa. O que permite apontar que, de modo geral, as pesquisas com professores universitários obtêm perfis muito semelhantes. 4.2 CONDIÇÕES DE SAÚDE E AFASTAMENTOS DO TRABALHO Com o intuito de conhecer as percepções que os professores têm acerca da sua saúde psíquica, física e vocal, foram organizados itens (16 e 17) investigativos quanto às condições de saúde dos participantes. Foi também elaborado um item (18) que apurou informações a respeito de possíveis afastamentos do trabalho, sua duração e motivos, investigando principalmente se foram motivados por estresse ocupacional e/ou por alguma alteração vocal. 51 4.2.1 Condições de saúde O item 16 questionou as percepções dos informantes quanto às suas condições de saúde. As percepções de saúde foram mensuradas com quatro opções de respostas agrupadas dicotomicamente: péssima e ruim = percepção negativa; boa e excelente = percepção positiva. Com base nos dados obtidos (GRÁFICO 2), observou-se que 63 professores consideraram ter boa saúde, 14 apontaram ter saúde em estado excelente, oito avaliaram sua saúde ruim e apenas uma pessoa considerou sua saúde péssima. Os informantes da presente pesquisa demonstraram perceber, de modo geral, terem boa saúde. Pôde-se observar que 89,53% dos professores universitários mostraram-se com percepção positiva e apenas 10,47% demonstraram-se com percepção negativa quanto às condições de saúde. 70 63 60 50 40 30 20 14 8 10 1 0 BOA EXCELENTE RUIM PÉSSIMA Gráfico 2 – Condições de saúde (n=86) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Partindo do entendimento de que alguns desconfortos físicos se apresentam como sintomas de estresse e também alterações vocais ou que podem contribuir para o desenvolvimento dessas doenças, investigaram-se as percepções dos participantes quanto à presença de desconfortos físicos. Com base no Gráfico 3, observou-se que apenas um professor não respondeu este item, que 37 relataram não apresentar desconforto físico e 48 dos respondentes apontaram apresentar algum desconforto físico. 52 48 50 45 37 40 35 30 25 20 15 10 5 1 0 SIM NÃO NÃO RESPONDEU Gráfico 3 – Presença de desconforto físico (n=85) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Além da presença do desconforto físico, foram também questionados aos participantes quais eram os desconfortos físicos que eles percebiam apresentar. Conforme o que foi respondido, verificou-se que foram apontados 31 diferentes desconfortos físicos, sendo que houve professores que citaram mais de um desconforto. Os desconfortos físicos citados foram divididos em quatro categorias criadas pela autora para que fossem mais bem dispostos, são elas: Músculo – Esquelético, Gastrointestinal, Aparelho Fonador, Afetivo – Emocional e Outros conforme a Tabela 2. Tabela 2 – Desconfortos físicos: Categorias, Tipos de Desconfortos Físicos e Freqüência. (n=48) CATEGORIA Tipos de Desconfortos Físicos Cervicalgia e Dores nas costas/ coluna Dores musculares/ dores musculares membros inferiores Dores nas pernas, joelhos e pés, Dor sacro-ilíaca (região sacral, face posterior da coxa e perna, face plantar do pé) Músculo – Dores nos ombros, braços e mãos/ capsulite adesiva (ombros) Esquelético Dores articulares, artrite, artrose, tendinite nas mãos Dores lombares Contraturas Musculares Pressão nos maxilares Dores no corpo Gastro Gastrointestinal Síndrome do intestino irritável Dor de garganta Aparelho Fonador Alterações ou problemas de voz Cansaço Peso Outros Enxaqueca Desconfortos Calor Físicos Rinite Cansaço mental Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQ. 11 7 TOTAL 7 6 4 2 1 1 1 3 1 3 2 6 1 1 1 1 1 40 4 5 11 53 Com base nas categorias criadas, notou-se que, 40 professores apontaram algum desconforto Músculo – Esquelético, 4 relataram algum problema Gastrointestinal, 5 perceberam apresentar alterações no Aparelho Fonador, e 11 dos participantes citaram outros desconfortos físicos. De acordo com Delcor et al. (2004, p.188), “Araújo et al. e Silvany et al. realizaram amplos estudos sobre as condições de saúde e trabalho de 573 professores da rede particular de ensino em Salvador, Bahia, em 1996”. Os mesmos autores referem ainda que, 32,5% professores relataram ter apresentado problemas de saúde nos 15 dias anteriores à entrevista como: “dores nas costas e pernas e, no âmbito psicoemocional, cansaço mental e nervosismo. Ter calos nas cordas vocais foi referido por 12% dos professores”. (DELCOR et al., 2004, p. 188). Pôde-se perceber que muitos dos desconfortos físicos citados pelos professores universitários coincidem com os sintomas físicos de estresse e de alterações vocais, não podendo ser afirmado que tais desconfortos são exatamente sintomas reveladores de tais doenças. A categoria Músculo – Esquelética, por exemplo, aponta desconfortos que podem ser oriundos de comportamentos posturais incorretos ou sintomas de tensão psicossomática. De modo geral, os desconfortos podem sim, servir como indicadores de estresse ocupacional e alterações vocais. 4.2.2 Afastamento do trabalho Com a possibilidade de haver a presença de estresse ocupacional e/ou alterações vocais buscou-se investigar se os participantes já haviam se afastado de suas atividades laborais em função desses problemas. De tal modo verificou-se que, 68 (79,06%) referiram não ter se afastado do trabalho por motivos de estresse ocupacional e/ou alterações vocais e 18 (20,04%) mencionaram já ter ficado afastado do trabalho por tais motivos (GRÁFICO 4). Pôde-se perceber que há significativa diferença entre a porcentagem de participantes que não se afastaram do trabalho por motivo de estresse ou por alguma alteração vocal e a porcentagem dos que já o fizeram, o que confere dados bastante otimistas, principalmente se forem comparados com os obtidos em pesquisas semelhantes. Conforme já foi apresentado, há grande ocorrência de professores afastados das suas atividades laborais tanto por motivo de estresse ocupacional quanto por alterações vocais. 54 68 70 60 50 40 30 18 20 10 0 NÃO SIM Gráfico 4 – Afastamento do trabalho por motivo de estresse ocupacional e/ou alterações vocais (n=86) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Ainda referente ao item 18, foi solicitado que os professores apontassem o número total de vezes e o tempo que se afastaram do trabalho. Dos 18 participantes que referiram ter se afastado, 11 relataram ter se afastado apenas uma vez, três se afastaram por duas vezes e três por três vezes, apenas um professor citou ter se afastado por 4 vezes de seu trabalho. No que se refere ao tempo do último afastamento (TABELA 3) o tempo mínimo que um professor ficou afastado do trabalho foi por um dia e tempo máximo de 60 dias, o que fornece uma média de 10,27 dias de afastamento. Quanto ao tempo que já havia ocorrido tais afastamentos, observou-se que o afastamento mais recente havia ocorrido há apenas um mês, e que já fazia 120 meses (10 anos) que havia ocorrido o afastamento mais distante, estabelecendo uma média de 27,38 meses. Quanto ao penúltimo afastamento verificou-se que, o tempo mínimo que um professor ficou afastado foi por 2 dias e o tempo máximo por 10 dias, com média de 5,85 dias. Os participantes relataram também que havia passado um mês da ocorrência do afastamento mais recente e 120 meses (10 anos) do afastamento mais antigo, compondo uma média de 36, 71 meses que passados de ocorrência do afastamento. Tabela 3 – Tempo dos afastamentos (n=18) Afastamentos Tempo de afastamento (dias) Mínimo Média Último 1 10,277777 Penúltimo 2 5,8571428 Fonte: Elaboração da autora, 2009. Há quanto tempo (meses) Máximo Mínimo Média Máximo 60 10 1 1 27,3888888 36,7142857 120 120 55 No que se refere aos motivos dos afastamentos, foram citados 15 diferentes causas (TABELA 4), dentre as quais: faringite, problemas e dores na garganta, laringite, amigdalite, afonia, estresse, voz, gastro (sic.), cirurgia, infecção respiratória, rouquidão, nódulos nas pregas vocais, gripe, tosse e labirintite. Tabela 4 – Motivos de Afastamentos (n=18) MOTIVOS DE AFASTAMENTOS Faringite Problemas e dores na garganta Estresse Laringite Amigdalite/ infecção na garganta Afonia Voz Gastro (sic.) Cirurgia Infecção respiratória Rouquidão Nódulos pregas vocais Gripe Tosse Labirintite Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQ. 4 4 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 Pôde-se observar que dos 15 motivos de afastamento do trabalho, oito (em negrito) estão diretamente relacionados a sintomas ou caracterizam-se como alterações vocais. Cabe retomar as percepções das condições de saúde dos professores universitários ao responder a presente pesquisa em que 89,53% dos professores universitários mostraram-se com percepção positiva. Vale, também, apontar que 55,81% dos professores universitários referiram apresentar algum desconforto físico e assim indicaram 31 diferentes desconfortos. Para que se faça uma discussão, faz-se necessário apontar alguns conceitos de saúde - diz-se alguns, por não haver consenso quanto ao conceito de saúde. A Organização Mundial de Saúde citada por Scliar (2007) refere que “saúde é o estado do mais completo bem–estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade". Mas tal conceito tem sido bastante questionado e criticado por se apresentar como algo utópico e inatingível. De acordo com Scliar (2007), o conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais, dependerá de concepções científicas, religiosas, filosóficas. 56 A saúde, para Canguilhem (2000), “é algo que se conquista, que se enfrenta e de que se depende, sendo fundamental o papel de cada um nesse combate. Nesse sentido, não se apresenta a idéia de que, no caso de um trabalho ideal, as condições de saúde estariam garantidas”. (CANGUILHEM, 2000 apud GOMES; BRITO, 2006). Pode-se considerar, inclusive, o conceito apontado em dicionário da língua portuguesa em que saúde é o “estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal; estado do que é sadio ou são”. (FERREIRA, 2004). Cuidar da saúde não é meramente cuidar dos problemas médicos relacionados ao aparecimento de doenças, é necessário ultrapassar o modelo médico para analisar amplamente as causas das doenças, sua extensão, e os fatores relacionados à manutenção da saúde. As distinções dos conceitos são qualitativamente diferentes se a explicação do fenômeno é dada a partir da dinâmica social que o constitui. (ULRICH, 2005, p. 101). Considerados os desconfortos apontados pelos participantes da pesquisa poder-seia questionar o que os professores universitários entendem por saúde, tal questionamento não foi feito por não ser objetivo da presente pesquisa, investigar tal entendimento. Algumas hipóteses puderam ser levantadas considerando os conceitos de saúde apontados na literatura: os professores não consideram o bem-estar físico como componente da saúde? Não percebem os desconfortos como algo que fira o seu bem-estar? Qual a concepção de saúde para os professores universitários? 4.3 FATORES E CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO E ESTRESSE OCUPACIONAL O presente item está relacionado ao primeiro objetivo desta pesquisa que teve como pretensão identificar os fatores do ambiente de trabalho considerados como estressores pelos professores universitários. Estão englobados nesse objetivo, os fatores do ambiente de trabalho considerados como estressores pelos professores universitários, o nível de satisfação quanto às condições de trabalho, bem como a relação com a carga horária de trabalho e o tempo de docência. 57 4.3.1 Nível de Satisfação As condições do ambiente de trabalho podem ser consideradas como fatores externos de estresse. Por tal consideração, buscou-se investigar o nível de satisfação dos professores universitários quanto às relações sociais e às condições de trabalho, por se tratarem de possíveis fatores moduladores de estresse. Foram avaliadas: realização profissional, reconhecimento por parte da empresa e dos alunos, relações interpessoais, condições físicas e remuneração, fatores estes que podem reduzir ou incrementar o nível de estresse relacionado ao trabalho. Do item dez ao item 15, foi solicitado aos participantes que avaliassem sua satisfação referente a alguns fatores relacionados a seu trabalho (TABELA 5). Tabela 5 – Nível de satisfação ITENS ANALISADOS 10. No que diz respeito à sua realização profissional, você está: 11. Quanto ao reconhecimento de sua profissão e trabalho por parte da instituição, você está: 12. Quanto ao reconhecimento de sua profissão e trabalho por parte dos acadêmicos, você está: 13. No que diz respeito às relações com colegas de trabalho e funcionários da instituição, você está 14. Em relação às condições físicas e ambientais (luminosidade, espaço das salas de aula, etc.), você está: 15. Em relação à sua remuneração, você está: Fonte: Elaboração da autora, 2009. Insatisfeito Pouco Satisfeito Freq. % Freq. % 1 1,2 6 6 7,0 1 Satisfeito Muito Satisfeito Freq. % Freq. % 7 50 58,1 29 33,7 19 22,1 46 53,5 14 16,3 1,2 11 12,8 54 62,8 19 22,1 2 2,3 5 5,8 55 64,0 23 26,7 5 5,8 22 25,6 53 61,6 6 7,0 11 12,8 37 43,0 36 41,9 2 2,3 O item dez solicitou a avaliação quanto à realização profissional, observou-se que, 50 (58,1%) dos respondentes consideraram-se satisfeitos com sua profissão, em contrapartida, apenas 1 (1,2%) destes referiu estar insatisfeito com sua profissão. Os itens 11 e 12 investigaram o nível de satisfação dos professores universitários quanto ao reconhecimento da profissão e trabalho. No item 11 quanto ao reconhecimento por parte da instituição, 46 (53,5%) professores se julgaram satisfeitos, todavia somente seis (7,0%) destes apontaram estar insatisfeitos. No item 12 o reconhecimento investigado foi por parte 58 dos acadêmicos e deste modo verificou-se que, 54 (62,8%) participantes mencionaram estar satisfeitos, contudo apenas um (1,2%) destes referiu estar insatisfeito. As relações com os colegas de trabalho e funcionários da instituição foram inquiridas no item 13 e com base nos dados obtidos neste item verificou-se que, 55 (64%) respondentes demonstraram-se satisfeitos e, no entanto, apenas dois (2,3%) referiram estar insatisfeitos com as relações estabelecidas com os colegas de trabalho. O item 14 tratou das condições físicas e ambientais do local de trabalho tais como luminosidade, espaço das salas de aula, ventilação, ruídos – internos e externos à sala de aula. Em conformidade com os dados informados, pôde-se perceber que, 53 (61,3%) participantes se consideraram satisfeitos, porém somente 5 (5,8%) destes referiram estar insatisfeitos com as condições físicas e ambientais das instalações do ambiente de trabalho. O nível de satisfação quanto à remuneração foi investigado no item 15. Com base nos dados apresentados na Tabela 3 observou-se que neste caso, o item pouco satisfeito foi o mais assinalado 37 (43,0%), porém sem diferença significativa dos anteriores, pois 36 (41,9) dos participantes referiram estar satisfeitos e apenas dois (2,3%) se consideram muito satisfeitos com sua remuneração. Já que a (in)satisfação no trabalho está relacionada à saúde e/ou ao processo de adoecimento, pode-se concluir que satisfação e desgaste emocional são inversamente proporcionais, pois, com o aumento da satisfação há diminuição do sentimento de desgaste. (CARLOTTO; CÂMARA, 2007). A satisfação dos professores universitários quanto às condições do ambiente de trabalho e às relações sociais não costuma se apresentar tal qual na presente pesquisa, de modo geral as pesquisas que investigam os professores, obtêm como resultados, dados bastante distintos dos acima apresentados. Conforme Lampert (1999, apud CARLOTTO; CÂMARA, 2007), “o professor universitário, comparado com os docentes de escolas, é um profissional que tem maiores vantagens como melhores salários e condições de trabalho”. Percebeu-se que há expressiva diferença quanto às porcentagens de informantes satisfeitos e insatisfeitos. Com base nos dados apresentados observou-se que, de modo geral, os professores universitários consideraram o ambiente de trabalho e as relações com a profissão, instituição, acadêmicos e colegas de trabalho como aspectos positivos e satisfatórios. Com exceção do item 15 que trata de como o informante considera a sua remuneração, todos os outros itens tiveram como resultados a percepção de satisfação dos participantes da pesquisa referentes aos aspectos das relações e do ambiente de trabalho. 59 4.3.2 Fatores do ambiente de trabalho que são ou podem ser estressantes O item 32 tratou de expor alguns fatores do ambiente de trabalho e com isso foi solicitado que os professores universitários assinalassem os que consideravam que são ou podem ser estressantes. De forma decrescente pôde-se constatar por meio da Tabela 6 que o ritmo acelerado foi assinalado por 56 respondentes (65,1%) demonstrando ter sido considerado o fator do ambiente mais estressante, seguido pela insatisfação salarial que foi assinalada 44 vezes (51,2%). Tabela 6 – Percepções de fatores do ambiente que são ou podem ser estressantes FATORES DO AMBIENTE Ritmo acelerado Insatisfação salarial Condições de trabalho Relação com os alunos Relações com colegas de trabalho Problemas de saúde Falta de autonomia Ambiente de trabalho Pressão da direção Fiscalização contínua Afastamento do trabalho por motivo de doença Condições contratuais com a instituição Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQUÊNCIA 56 44 38 35 34 31 28 22 18 17 16 16 PORCENTAGEM 65,1 51,2 44,2 40,7 39,5 36,0 32,6 25,6 20,9 19,8 18,6 18,6 No item 32 além das opções de fatores do ambiente de trabalho que a pesquisadora selecionou, havia uma opção “outros” como resposta aberta para que os respondentes pudessem acrescentar outros fatores do ambiente de trabalho que considerassem ser estressantes e não constavam nas opções do questionário (TABELA 7) Tabela 7 – Outros fatores do ambiente que são ou podem ser estressantes (n=9) OUTROS FATORES Deslocamento/ Trânsito Volume de trabalho Duplo vínculo Falta de ritmo Pouco tempo para almoçar Reuniões em horário de almoço Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQ. 4 1 1 1 1 1 % 4,64 1,16 1,16 1,16 1,16 1,16 De acordo com o que foi acima referido, observou-se que, o deslocamento casauniversidade foi citado por quatro professores. Foram também relatados como fatores do 60 ambiente de trabalho estressantes, o volume de trabalho, o duplo vínculo, a falta de ritmo, o pouco tempo para almoçar e as reuniões em horário de almoço, cada um destes, por apenas um participante. No que diz respeito à falta de estímulos Ballone (2005a) refere que tal fato “também pode resultar em estresse patológico e doença”. Dos 12 fatores do ambiente disponibilizados pela autora no item 32, todos foram assinalados pelos participantes, mas apenas ritmo acelerado e insatisfação salarial foram apontados por mais da metade dos respondentes. Em revisão de pesquisas, Porto et al. (2006) referem que “entre as características do trabalho referidas mais freqüentemente pelos professores como associadas ao adoecimento estão trabalho repetitivo, ambiente estressante, ritmo acelerado, fiscalização contínua e pressão da direção”. (DELCOR, 2004; REIS, 2005; SILVANY, 1998 apud PORTO et al., 2006, p. 819, grifo meu). Cabe aqui ressaltar que se utilizou a expressão “são ou podem ser estressantes” por considerar o entendimento de que os aspectos do meio são, a princípio, neutros, a diferença está na percepção de cada indivíduo. (WEISS, 1991). Conforme o site da Associação Brasileira de Stress (ABS, s/d), “O evento, em si, é interpretado de acordo com a história de vida do ser humano, de seus valores e das suas crenças. Deste modo, a interpretação dada a qualquer evento é de fundamental importância na gênese da reação do stress”. (ABS, s/d). A partir dos dados obtidos nesse item, pôde-se concluir que de modo geral, os professores detêm conhecimento e informações no que se refere aos fatores do ambiente de trabalho que são ou podem ser estressantes. A carga horária não foi listada no item 32 propositalmente, por supor-se que seria citada pelos participantes na opção “outros” e, também, pelo fato de que os dados referentes a esse tema já haviam sido coletados no início do questionário. Os professores foram questionados sobre sua carga horária diária como professores e/ou em outras atuações profissionais e quanto ao tempo que trabalham como docente (TABELA 8). Tabela 8 – Total de horas trabalhadas e tempo de docência. Categoria Total de horas trabalhadas por dia Total de horas lecionadas Resultados Máxima 16h Média 10h Mínima 4h Não responderam 1 Máxima 14h Média 5h8min Mínima 1 Não responderam Cont. 2 61 Máxima Total de horas que faz uso Média da voz como principal Mínima instrumento de trabalho Não responderam Máxima Tempo que trabalha como Média docente Mínima 15h 6h30min 2h 2 39 anos 10 anos 6 meses Não responderam Fonte: Elaboração da autora, 2009. 0 No que diz respeito ao total de horas trabalhadas por dia tanto em sala de aula como em consultório, consultoria, no escritório, etc., observou-se que, em média os professores trabalham por 10 horas diárias. Neste item apenas um professor absteve-se de responder. Com base nas informações coletadas, os professores apontaram lecionar em média por 5 horas e 8 minutos por dia. Dois professores não responderam esta questão. Foram referidos ainda em observações adicionais que alguns professores não lecionavam todos os dias da semana, ou que não lecionavam a mesma quantidade de horas no decorrer da semana, por tal motivo alguns participantes forneceram como resposta a média das horas semanais. No que tange ao tempo de uso da voz, observou-se que os professores universitários pesquisados usam, em média, 6 horas e 30 minutos por dia a voz como principal instrumento de trabalho. Além do que foi solicitado como resposta a este item, um professor apontou que a voz é seu principal instrumento de trabalho por apenas 3 horas diárias, ressaltando ser professor intérprete de língua de sinais, dado esse que não foi antecipado pela pesquisadora. Com fulcro no que foi respondido pelos participantes, pôde-se inferir que a amostra se apresenta com tempo médio de docência de 10 anos. Cabe também ressaltar que todos responderam este item. Notou-se que o tempo médio de horas lecionadas pelos participantes da pesquisa se apresentou como apenas a metade do total de horas trabalhadas por dia, o que possibilitou observar que o trabalho do professor não se finda na sala de aula. Além das horas trabalhadas em sala de aula, os professores têm planejamentos das aulas, provas a corrigir, bem como em muitos casos outras atuações em escritórios, consultórios, consultorias. Em pesquisa realizada na UNISUL Campus Araranguá – SC, as pesquisadoras apontam que professores com estresse, “destacaram como fator gerador do stress o ‘ritmo de trabalho’; a ‘sobrecarga e excesso de trabalho’; e ‘a responsabilidade em relação à profissão de educador’ (SORATO; MARCOMIN, 2007, p. 37). Pôde-se ainda considerar que o desgaste físico causado pelo excesso de horas 62 trabalhadas e as posturas incorretas podem ser geradoras de tensões musculares e psíquicas. Fontana (1991) relata um estudo de caso de estresse não reconhecido em uma professora, e aponta que dentre os sintomas reclamados por ela, os principais eram cansaço e falta de tempo para si e para a família. A carga horária foi apontada como o principal fator gerador de estresse para tal professora. Entretanto, não se pode omitir o fato de que os fatores externos são percebidos por cada indivíduo conforme sua relação com o mundo, sendo assim, apesar de pouco provável, a carga horária excessiva pode não ser considerada como estressante pelos professores. 4.4 PERCEPÇÕES DE ESTRESSE OCUPACIONAL O presente subtítulo tem como escopo responder ao objetivo de descrever as percepções da presença de estresse em professores universitários. Para tanto foram criadas duas categorias sejam elas: percepções de presença de estresse ocupacional em professores universitários e nível de estresse em professores universitários. 4.4.1 Percepções de presença de estresse ocupacional em professores universitários Buscou-se investigar, no item 31 se o professor universitário se percebia com estresse ocupacional tendo como possibilidade de resposta as categorias: sim, não sabe responder e não. Com base no Gráfico 5, percebeu-se que, 35 participantes referiram se perceberem com estresse ocupacional, 31 professores indicaram não se perceberem com estresse ocupacional, 19 professores apontaram não saber responder e apenas um participante não respondeu. Além desses, um professor referiu que “depender de terceiros para desenvolvimento das tarefas subseqüentes” é um agente estressor para o mesmo. 63 35 35 31 30 25 19 20 15 10 5 0 SIM NÃO NÃO SABE RESPONDER Gráfico 5 – Percepções de presença de estresse ocupacional (n=85) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Com base nas informações fornecidas, pôde-se perceber que não houve diferença significativa entre os que se perceberam e os que não se perceberam com estresse ocupacional. Mas não se pode ignorar que o grupo que revelou perceber-se com estresse ocupacional representa 41,17% dos respondentes deste item, o que permite observar que já se constitui, aqui, uma parcela considerável de professores universitários estressados. Há que se atentar ainda, para os 19 participantes que apontaram não saber responder, pode-se considerar, então, que os mesmos não descartaram a possibilidade de sentirem-se estressados ou de perceberem algum sintoma. Há que se comparar ainda os dados obtidos e expostos no Gráfico 5 que tratam das percepções dos professores universitários quanto à presença de estresse ocupacional com os dados reais. Tais dados foram obtidos por meio de um instrumento avaliador de sintomas de estresse. 4.4.2 Nível de estresse em professores universitários Para que se pudesse identificar a ocorrência de estresse em professores universitários, foi apresentada a Tabela de Levantamento de sintomas de estresse do Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo citado por Ramírez (2002). Tal tabela apresenta a consigna “Marque nos campos ao lado dos itens abaixo, quantas vezes na última semana você sentiu:” e abaixo são listados 12 sintomas e experiências de sensações que devem ser avaliadas pelos respondentes. 64 As instruções do instrumento de levantamento de sintomas de estresse são que se considerem apenas os sintomas com mais de quatro reincidências e que a partir de então devem ser agrupados em quatro resultados devolutivos que devem servir como parâmetro e alerta. Faz necessária a revelação de um problema diagnosticado no processo de sistematização dos dados: Os participantes podem não ter entendido a consigna do instrumento de levantamento de sintomas de estresse ou estiveram desatentos no momento da leitura da instrução e por tais possíveis motivos, dentre outros, muitos não quantificaram a freqüência com que sentiram os sintomas, mas os assinalaram com um “X”. Para que tais dados não fossem perdidos, foram considerados como se tivessem sido quantificados com mais de quatro reincidências, caracterizando-se como pontuação válida na contagem dos sintomas. Em seu instrumento de Levantamento de sintomas de estresse (Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo apud Ramírez, 2002) aponta os significados que atribuiu a cada grupo. 40 37 35 31 30 25 20 16 15 10 2 5 0 Pouco estresse Ausência de estresse Nível de estresse alto Nível de estresse altíssimo Gráfico 6 – Nível de estresse (N=86) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Diante de tais esclarecimentos e com base nos dados obtidos observou-se que 31 participantes apresentaram ausência de estresse (GRÁFICO 6). No entanto, observou-se que 37 informantes demonstraram-se com pouco estresse, 16 professores evidenciaram alto nível de estresse e dois participantes mostraram-se com altíssimo nível de estresse. Dentre as quatro categorias de estresse apontadas pelo instrumento, três categorias apontam algum nível de estresse, portanto a categoria pouco estresse, mesmo que em níveis menores, ainda assim caracteriza-se como estresse. Deste modo pôde-se observar que, 55 ou seja, (63,95%) dos professores universitários pesquisados apresentam algum nível de estresse. 65 Cabe então, retomar os dados expostos no Gráfico 5 em que se pode observar que 35 (41,17%) dos professores universitários destacaram se perceberem com estresse ocupacional. Ao se comparar tais dados, pôde-se notar que há 20 professores que não se perceberam com estresse ou não souberam responder (GRÁFICO 5), mas que apresentam sintomas de estresse (GRÁFICO 6). Serão esses, os 19 participantes que apontaram não saber responder e ainda o que não respondeu ou mesmo entre os que não se perceberam com estresse ocupacional? Vale ressaltar que com base no que foi respondido e no momento da sistematização dos dados, observou-se que não necessariamente os participantes que apontaram perceberem-se com estresse, revelaram no instrumento do (CPCS-SP) apresentar algum nível de estresse, da mesma forma ocorreu com quem afirmou não perceber-se com estresse ou mesmo não saber responder. Vale questionar se houve dificuldade de os professores perceberem-se com estresse por desconhecimento de alguns sintomas ou por motivos outros? Conforme a literatura pesquisada admitir ou perceber-se com estresse não constitui tarefa fácil. Um dos agravantes do Estresse no Trabalho é a limitação que a sociedade submete as pessoas quanto às manifestações de suas angústias, frustrações e emoções. Por causa das normas e regras sociais as pessoas acabam ficando prisioneiras do politicamente correto, obrigadas a aparentar um comportamento emocional ou motor incongruente com seus reais sentimentos de agressão ou medo. (BALLONE 2005a). No que tange a dificuldade de percepção de estresse, atenta-se para o risco da persistência dos sintomas que podem levar ao agravamento da doença e possibilidade de desenvolvimento de outras. A esse respeito Lima (1998) salienta que: Se o ‘stress for levado de forma displicente ou alienada por longo tempo pode provocar no indivíduo reações crônicas, como as doenças coronarianas (infarto) e transtornos mentais’. O termo ‘burnout’, que quer dizer ‘desgaste’, ‘esgotamento’, ‘ruptura total de limites’, refere-se a uma reação do stress crônico (LIMA, apud SORATO; MARCOMIN, 2007, p. 34) Com fulcro no que foi apresentado, pôde-se apontar o grande número de professores que apresentam algum nível de estresse, percebendo-se ou não com tal doença. De modo geral, pôde-se observar que os professores demonstraram-se com pouco estresse, segundo a classificação do Levantamento de Sintomas de estresse, o que, de modo algum, pode parecer perder o merecimento de atenção e cuidado, seja pelos próprios professores universitários ou pela instituição. 66 4.5 FATORES DO AMBIENTE DE TRABALHO E SINTOMAS DE ALTERAÇÕES VOCAIS Após as apurações quanto às percepções dos professores universitários acerca do estresse ocupacional, apresenta-se aqui, os dados investigados que correspondem aos objetivos de identificar os fatores ambientais que possam causar e/ou intensificar alterações vocais em professores universitários e de descrever as percepções dos professores universitários quanto à presença de sintomas típicos de alterações vocais. Seguem os dados obtidos nos itens 33, 34 e 35. 4.5.1 Fatores do ambiente de trabalho que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais No item 35 do formulário auto-aplicável foram apresentados dez comportamentos e fatores do ambiente de trabalho com a possibilidade de múltiplas escolhas (TABELA 9). Além de investigar as percepções dos professores universitários acerca de tais aspectos, os resultados permitiram também perceber o nível de informação que os participantes detêm sobre os hábitos comportamentais de risco para o desenvolvimento de tais alterações. Tabela 9 – Fatores do ambiente de trabalho que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais (n.=84). Fatores do ambiente de trabalho Falar em excesso Beber pouca água Barulho dentro das salas de aula Excesso de horas lecionadas Ar condicionado Tamanho da sala de aula Barulho fora das salas de aula Nível de estresse Excesso de turmas lecionadas Desgaste emocional Fonte: Elaboração da autora, 2009. Freq. 68 67 63 60 50 43 40 37 28 25 67 Em conformidade com os dados fornecidos pelos professores universitários, pôdese observar que seis dos dez itens apresentados foram assinalados por mais da metade da amostra da pesquisa. Observa-se que 68 dos respondentes apontaram que falar em excesso pode contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais, 67 indicaram beber pouca água e 63 assinalaram o barulho existente dentro das salas de aula como fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais. Outros fatores citados foram o excesso de horas lecionadas (60 participantes), ar condicionado (50) e tamanho das salas de aula (43 professores). Nível de estresse e desgaste emocional foram assinalados por 37 e 25 professores, respectivamente. Com base no que foi apresentado, pôde-se considerar que os professores universitários apresentaram considerável informação quanto aos aspectos ligados ao seu cotidiano laboral que contribuem para o desenvolvimento de alterações de voz. Considerando que o aspecto excesso de horas lecionadas foi evidenciado pelos professores, cabe retomar os dados fornecidos na Tabela 8 quanto às médias de horas trabalhadas pelos professores: total diário por dez horas, cinco horas lecionadas, seis horas e meia utilizando a voz como principal instrumento de trabalho, e ainda a média de dez anos que trabalham como docentes. Segundo Almeida (2000, p. 27), “o professor, muitas vezes por necessidades econômicas ou por desconhecimento, assume jornadas de trabalho excessivas, sem se dar conta de que este ritmo poderá estar lhe prejudicando e, em segundo momento, lhe impedindo de lecionar. A mesma autora aponta pesquisa realizada por Souza e Ferreira (1996) com professores da Secretaria Municipal de Ensino de São Paulo, e observaram que “o fator ‘tempo de trabalho’ mostrou-se fortemente associado aos sintomas de rouquidão e perda da voz, pois a freqüência de ocorrência desses sintomas foi maior a medida que foram aumentando as horas e os anos de magistério”. (ALMEIDA, 2000, p. 27). A voz é o principal instrumento e recurso didático dos professores e por tal fato deve ser valorizada pelas instituições educacionais e pelos próprios professores. A alta demanda, os maus hábitos comportamentais, uso demasiado e por excessivas horas e as condições inadequadas de ambientes de trabalho são potencialmente ameaçadoras e geradoras de desgastes vocais. 4.5.2 Sintomas de Alteração Vocal Para investigar os sintomas de alterações vocais apresentados pelos professores 68 universitários os mesmos foram questionados (item 33) se percebiam apresentar alguma alteração vocal. Diante de resposta positiva, havia a opção “quais” como resposta aberta para que os respondentes pudessem indicar quais alterações apresentavam. Em tal opção aberta os professores apontaram 15 alterações/sintomas vocais, sendo que a rouquidão foi a mais expressivamente referida com 22 assinalações (TABELA 10). Pôde-se notar que as informações referidas pelos professores compreenderam não somente alterações vocais como foi solicitado, mas também sintomas de alterações já que a disfonia se caracteriza como uma disfunção da voz. Falta informação a respeito dos sintomas de alterações vocais? O conhecimento poderia auxiliar na prevenção de tais alterações e seria suficiente? Tabela 10 – Alterações/sintomas vocais apresentados por professores universitários (n=37) ALTERAÇÕES VOCAIS ALTERAÇÕES/SINTOMAS Rouquidão Cansaço Falta de voz Garganta arranhada/dor/coceira Secura na garganta Perda da voz no dia seguinte Dificuldade para respirar Ardência na garganta Força a voz para falar Inflamação Disfonia Hiper secreção Irritação Engasgamento Pigarro Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQ. 22 4 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 O item seguinte (34) questionou quais dos 13 sintomas de alterações vocais listados os professores costumavam apresentar com a possibilidade de múltiplas escolhas. Conforme a Tabela 11 pôde-se perceber que todos os sintomas foram marcados pelos professores, mas 17 professores deixaram o item em branco, totalizando 69 respondentes desse item. Secura na garganta e rouquidão foram os sintomas mais assinalados pelos professores somando 43 e 34 marcações respectivamente. Os sintomas citados e/ou assinalados pelos professores (TABELAS 10 e 11) equiparam-se aos listados na literatura pesquisada; Hersan (1989 apud ALAVARSI, GUERRA e SACALOSKI, 2000, p. 202) aponta alguns sinais citados pelos professores durante ou após o uso da voz como: 69 esforço ou cansaço ao falar; sensação de aperto ou “bolo” na garganta; dor na nuca, ombros e pescoço; rouquidão oscilante ou temporária; diminuição da intensidade da voz (falar mais fraco); escape nasal excessivo; perda do controle da intensidade (forte ou fraco) ou altura (grave e agudo) da voz; soprosidade na voz. Tabela 11 – Sintomas de alterações vocais que os professores costumam apresentar (n=69) SINTOMAS QUE COSTUMA APRESENTAR SINTOMAS Secura garganta Rouquidão Ardor ou dor na região da garganta Esforço durante a emissão Fadiga vocal Pigarro Perda na eficiência da voz Falta de volume e projeção vocal Perda da voz no meio ou final da frase Pouca resistência ao falar Dificuldade em manter a voz Afonia Tosse Fonte: Elaboração da autora, 2009. FREQ. 43 34 30 25 24 21 15 12 11 11 7 4 3 Conforme os dados obtidos, percebeu-se que alguns dos sintomas citados na opção aberta do item 33 (TABELA 10) coincidem com os assinalados no item 34 (TABELA 11), porém com freqüências significativamente diferentes. Observa-se que o sintoma secura na garganta, quando em opção aberta, foi citado espontaneamente por apenas 3 professores (TABELA 10); por outro lado, quando listados no item 34, foi apontado por 43 professores (TABELA 11). O mesmo acontece com outros sintomas como a ardência/ardor na garganta que na Tabela 10 aparece citado por apenas um participante e na Tabela 11 por 30 participantes. Tais fatos permitem observar que a forma de se perguntar seja por citação espontânea (pergunta aberta) ou por citação estimulada (lista de sintomas escrita), possibilita diferentes percepções sobre si mesmo referentes às mesmas questões. Com isso podem-se fazer alguns questionamentos quais sejam: os professores não se percebiam com determinados sintomas? Não tinham conhecimento que apresentavam sintomas de alterações vocais? Ou ainda: os sintomas listados auxiliam a percepção dos sintomas físicos? 70 4.6 PERCEPÇÕES DE ALTERAÇÕES VOCAIS O presente subtítulo tem como escopo responder ao objetivo de descrever as percepções de presença de alterações vocais em professores universitários. Para tanto foram criadas duas categorias que serão abaixo apresentadas expondo os dados obtidos e discussões referentes a tais dados. 4.6.1 Percepções de presença de alterações vocais em professores universitários Considerando as percepções dos professores universitários quanto às possíveis alterações e/ou doenças que vinham apresentando, a presente categoria expõe os dados obtidos no item 33 do questionário auto-aplicável. Tal item questionou se os professores universitários se percebiam com alguma alteração vocal. 50 45 43 40 35 31 30 25 20 15 11 10 5 1 0 SIM NÃO NÃO SABE RESPONDER NÃO RESPONDEU Gráfico 7 – Percepções de alteração vocal (n=85) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Com base no que foi respondido e conforme o Gráfico 7, pôde-se observar que apenas um participante não respondeu a esse item, 11 professores apontaram não saber responder e 31 dos participantes assinalaram não se perceberem com alterações vocais. No entanto 43 professores referiram que sim, que percebiam apresentar alguma alteração vocal. Atentando-se para os 11 professores que apontaram não saber responder, pôde-se 71 considerar que os mesmos admitem a possibilidade de apresentarem alguma alteração vocal, apenas não sabem afirmar ao certo. Pôde-se notar que pouco mais da metade (50,58%) dos respondentes deste item demonstrou perceber-se com alterações vocais, dado este que merece atenção. Caberá ainda comparar tais dados com os obtidos por meio de um questionário de sintomas vocais. 4.6.2 Nível de Alteração vocal A categoria nível de alteração vocal trata dos comportamentos investigados no item 37 em que foi utilizada a Lista de Situações de Abuso e Mau Uso Vocal e Condições Adversas à Saúde Vocal adaptado de Villela e Behlau (2000 apud BEHLAU; PONTES, 2001). Tal instrumento é composto de sessenta afirmativas comportamentais que interferem e contribuem para o desenvolvimento de alterações vocais. O somatório dos pontos assinalados permite atribuir quatro tipos de comportamentos quais sejam: comportamento vocal, problemas de voz, risco sério e abusos vocais que serão mais bem explicados posteriormente. 80 72 70 60 50 40 30 20 12 10 1 1 PROBLEMAS DE VOZ COMPORTAMENTO VOCAL 0 ABUSOS VOCAIS RISCO SÉRIO Gráfico 8 – Nível de alteração vocal (n=86) Fonte: Elaboração da autora, 2009. Conforme o que apontam Villela e Behlau (2000 apud BEHLAU; PONTES, 2001), na Classificação do Comportamento Vocal e com base no Gráfico 8 pôde-se observar que apenas um professor demonstrou-se com comportamento vocal, “você não tem propensão de desenvolver um problema de voz”. Observou-se também que um professor 72 demonstrou-se com problema de voz nesse caso “você tem tendência para desenvolver um problema de voz e, talvez, já apresente alguns sinais e sintomas de alteração vocal – a chamada disfonia. Você está em uma situação onde um acontecimento estressante adicional ou um simples aumento do uso da voz na atividade profissional podem levá-lo a um sério risco vocal [...]”. Notou-se ainda que 12 professores revelaram apresentar comportamento com riscos sérios para a voz, nesse sentido as autoras apontam que “você tem se arriscado demais e pode vir a perder um dos maiores bens que possui – sua voz! Talvez você já apresente uma disfonia e já tenha recorrido a um especialista”. E de forma alarmante 72 professores evidenciaram abusos vocais, nesse padrão as autoras denunciam que “de duas uma: ou você sofre de um problema de voz crônico ou apresenta uma resistência de voz excepcional, acima do normal! Se você tem um problema de voz, sabe o quanto esta situação interfere negativamente em sua vida e como este fato representa uma sob recarga adicional em casa e no trabalho conscientize-se da necessidade imediata de desenvolver comportamentos vocais adequados e saudáveis. Melhore seu ambiente de comunicação!” (VILLELA; BEHLAU, 2000, apud BEHLAU; PONTES, 2001. XXX). Pôde-se notar no Gráfico 7 que pouco mais de 50% da amostra referiram se perceber com alguma alteração vocal, por conseguinte os outros quase 50% não o fizeram ou não souberam responder. Apesar de tais dados, o instrumento que avalia os comportamentos de risco destacou que apenas um professor demonstrou-se com comportamento vocal, ou seja, não apresentando comportamentos que indiquem possibilidade de alterações, o que não descarta tal possibilidade, pois, há ainda, que se considerarem as pré-disposições orgânicas que não foram avaliadas no instrumento. Sendo assim, os outros 85 professores demonstraram comportarem-se de modo a arriscar e comprometer a saúde de suas vozes, fato este não percebido pelos professores. A esse respeito “a auto-avaliação vocal geralmente indica satisfação com a voz e merece reflexão, pois a literatura dispõe que, dentre os profissionais da voz falada, a categoria docente é a que apresenta maior prevalência de alterações vocais e disfonias”. (SMITH et al, 1997 apud PENTEADO; PEREIRA, 2007). As mesmas autoras afirmam ainda que Isso pode indicar complacência desses trabalhadores na auto-avaliação vocal e/ou tolerância para usar a voz disfônica, e tendência a considerar a alteração de voz “normal” no contexto da docência. Desse modo, os professores apresentam dificuldade em auto-avaliar sua voz e perceber alterações vocais. (PENTEADO; PEREIRA, 2007). 73 As doenças da voz podem trazer ao indivíduo prejuízos muitas vezes irreversíveis. No que se refere aos profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho “sabe-se que, muitos deles acabam manifestando doenças laríngeas, que podem implicar num leve impacto profissional até um agravamento maior, podendo levar á [sic.] tratamentos cirúrgicos, muitas vezes, alterando a qualidade vocal original”. (PAMPONET, 2008). Pôde-se apontar e sugerir aqui, a necessidade da atuação de um profissional que trata da voz, sejam fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas e/ou psicólogos, uma vez que a voz também é um tipo de comunicação não verbal. Percebeu-se a falta de informação dos professores quanto ao uso e aos cuidados básicos da voz, talvez pela ausência de orientações adequadas para tal. (ALMEIDA, 2000). A presença de profissionais especializados faz-se necessária para que o professor possa, desde antes de sua inserção em sala da aula, receber informações e instruções de comportamentos e hábitos de vida que auxiliem a boa emissão de voz e à saúde vocal, bem como o acompanhamento durante todo o ano letivo. Cabe ressaltar, que não está sendo considerado que tais orientações sejam suficientes para impedir as ocorrências de alterações vocais, porém, podem auxiliar a evitar e/ou amenizar tais adoecimentos. 4.7 PERCEPÇÕES QUANTO ÀS RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE OCUPACIONAL E ALTERAÇÕES VOCAIS Buscando contemplar o que pretende o objetivo geral da presente pesquisa o item 36 expôs seis possíveis relações dentre várias outras e ainda uma opção “outros” como questão aberta, com possibilidade de mais de uma marcação. O objetivo geral desta pesquisa tem como escopo descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Tabela 12 – Percepções de possíveis relações entre estresse ocupacional e alterações vocais (n= 82). 1 2 Cont. POSSÍVEIS RELAÇÕES O estresse ocupacional pode contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais; O estresse ocupacional causa alterações vocais FREQ. 65 35 74 3 4 5 Outros 6 Alguns fatores no desenvolvimento do estresse ocupacional coincidem com os fatores das alterações vocais; Alterações vocais causam estresse ocupacional; O afastamento das atividades laborais por motivo de alterações vocais pode acarretar em desenvolvimento de estresse advindo do trabalho Não há relação alguma entre estresse ocupacional e alterações vocais Outros desconfortos relacionados à coluna, braços e mãos (seus instrumentos de trabalho) Alterações vocais contribuem para o desenvolvimento do estresse ocupacional 18 15 15 1 1 2 Fonte: Elaboração da autora, 2009. Em conformidade com a Tabela 12 e com os dados fornecidos pelos participantes da pesquisa, pôde-se observar que a relação “o estresse ocupacional pode contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais” foi assinalada por 65 (79,26%) dos respondentes do item, a relação “o estresse ocupacional causa alterações vocais” foi marcada por 35 (42,68%) dos professores universitários amostra desse item. Apenas um participante respondente do item 36, assinalou que “não há relação alguma entre estresse ocupacional e alterações vocais”. Propositalmente não foram listadas outras possíveis relações para que livremente os participantes pudessem apontar quais outras eles percebiam ou acreditavam haver. Sendo assim, duas outras relações foram citadas por três participantes, a relação “outros desconfortos relacionados à coluna, braços e mãos (seus instrumentos de trabalho)” citada por um respondente e a relação “alterações vocais contribuem para o desenvolvimento do estresse ocupacional” que foi citada por dois respondentes desse item. Com exceção das relações “2” e “4” que afirmam a relação de causa, as outras relações listadas pela autora da pesquisa e pelos participantes são possíveis e reais conforme o modo como cada indivíduo se relaciona com seu corpo, com o mundo e seus hábitos de vida diários. Não se afirma aqui, que as relações “2” e “4” são reais, mas apenas e simplesmente possíveis, pois os fatores do meio e nesse caso do trabalho, só são estressantes se assim cada um os perceberem, o que impossibilita a afirmação dessas relações. Considerando-se as observações referentes ao Gráfico 7, de que muitos professores não se perceberam com alterações vocais, pode-se questionar: se os professores têm dificuldades de perceberem as vocais, teriam condições de perceberem as relações entre estresse ocupacional e alterações vocais? Essa percepção só é possível a partir do que é experimentado ou é por meio de conhecimentos e informações também é possível? Pôde-se notar, com a literatura e com os dados coletados, que a classe docente é altamente acometida por sintomas e alterações vocais e essas alterações acabam por afetar todas as esferas de sua vida (social, pessoal e profissional), gerando ansiedade e angústia que 75 acabam por acarretar o estresse. No caminho inverso, diante de situações estressantes, o corpo reage orgânica e fisiologicamente buscando a homeostase (equilíbrio), estas reações, que são involuntárias, agindo sinergeticamente, formam um círculo prejudicial à saúde do ser humano, causando uma série de moléstias manifestadas nas diversas partes do corpo onde os músculos tensionados retiveram toxinas, causando desconforto, sensação de cansaço e dores localizadas. (ALMEIDA, 2000, p. 32). Segundo Bonne e Mcfarlane (1994), as disfunções intestinais, indigestão, gastrite, enxaquecas, pressão alta, gripes, TPM, impotência sexual e mau funcionamento das pregas vocais são algumas das disfunções relacionadas às alterações vocais resultantes do estresse. Pôde-se evidenciar com base no que foi exposto, que há relações entre estresse ocupacional e alterações vocais e que tais relações se dão em vias de “mão dupla”, sendo que sintomas de cada uma dessas doenças podem influenciar a ocorrência da outra. Para compreender as relações entre estresse ocupacional e alterações vocais tomou-se como base a Teoria Psicossomática, conceituada como “doenças determinadas, agravadas ou desencadeadas por razões emocionais, com presença de alterações orgânicas constatáveis (asma, hipertensão, dermatites, diabete [sic.] etc.)”. (BALLONE; ORTOLANI, NETO (2007, p. 180). A experiência vivenciada pelo distress (mau estresse) produz respostas no organismo como um todo, podendo-se perceber fisicamente reações como: sudorese, tensão muscular, secura na garganta, irritações gastrointestinais, dentre outros desconfortos. Tais sintomas interferem na emissão da voz, pois com os músculos tensionados, o professor acaba por adotar uma postura incorreta e a secura na garganta irrita a mucosa de todo o trato vocal, sintomas esses que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais. Respondendo ao principal objetivo da pesquisa, pôde-se observar que os professores universitários percebem que há relações entre estresse ocupacional e alterações vocais, posto que todos os itens disponibilizados e ainda o item que, propositalmente não foi listado, foram referidos pelos participantes. Com ênfase na relação em que o estresse ocupacional pode contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais, cabe pontuar que a presente pesquisa cumpre com seu objetivo de descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. 76 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral da presente pesquisa foi o de descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Ao formular esse objetivo, partiu-se do entendimento de que seria pertinente investigar as possíveis relações entre tais adoecimentos a partir das percepções dos professores universitários, pois além do que traz a literatura com contribuições conceituais, fez–se necessário “olhar essas relações a partir dos olhos dos professores universitários”. Partiu-se do pressuposto de que cada sujeito é autor de sua própria história, conforme a interação que estabelece com o meio, e é desse modo que ele pode perceber como tais doenças afetam seu corpo, seu estado emocional e, por conseguinte, a sua voz. Faz-se importante descrever as características gerais da amostra pesquisada, cabendo destacar que foi percebida maioria de professores do sexo feminino, adultos com idade média de 39 anos, mestres, casados e em média com um filho. Para que o problema de pesquisa deste estudo pudesse ser respondido de forma adequada, clara e objetiva foram formulados objetivos específicos. A presente pesquisa investigou ainda as percepções quanto às condições de saúde dos professores universitários que demonstraram ter percepção positiva apontando ter, de modo geral, boa saúde. Entretanto, os professores universitários referiram perceberem-se com desconfortos físicos, destacando 31 diferentes desconfortos, e ainda afastamentos do trabalho motivados por estresse e/ou por alterações vocais, dentre outros motivos. Considerando a literatura pesquisada, pôde-se entender que a saúde retrata os aspectos sociais, políticos e culturais, não sendo percebida da mesma forma por diferentes pessoas. (SCLIAR, 2007). A esse respeito, algumas hipóteses podem ser levantadas: os professores não consideram o bem-estar físico como componente da saúde? Não percebem os desconfortos como algo que fira o seu bem-estar? Qual a concepção de saúde para os professores universitários? No que se refere ao objetivo de identificar os fatores do ambiente de trabalho considerados como estressores pelos professores universitários, percebeu-se que de modo geral, os participantes revelaram que estão satisfeitos com suas relações interpessoais (com colegas e acadêmicos) e com as condições de trabalho nas quais atuam. De acordo com a literatura pesquisada, considera-se que o presente estudo indicou dados de nível de satisfação que se contrapõem aos obtidos em outras pesquisas que investigaram o mesmo fenômeno. 77 Ainda que estejam mais satisfeitos com as condições de trabalho, é importante destacar que os referidos participantes conseguem perceber que o mesmo ambiente também é desencadeador de estresse advindo do trabalho. Nesse sentido, observa-se que todos os fatores do ambiente de trabalho apresentados pela pesquisadora foram apontados como agentes estressores, com ênfase em dois aspectos, quais sejam: ritmo acelerado e insatisfação salarial. Embora tenha havido a possibilidade de descreverem outros aspectos do ambiente de trabalho que pudessem considerar como estressores, poucos dados foram apontados pelos participantes e com baixa freqüência. É possível lançar a hipótese de que o ritmo acelerado apontado por grande parcela da amostra pesquisada esteja, direta ou indiretamente, vinculado à excessiva carga horária de trabalho, não somente na docência, mas também, em outras atividades que desempenham profissionalmente No segundo objetivo que buscou descrever a percepção da presença de estresse em professores universitários, pôde-se perceber que apenas quando questionados a respeito da existência de estresse ocupacional, houve equilíbrio na quantidade de professores universitários que se percebiam e que não se percebiam com estresse ocupacional. Entretanto, nas respostas ao Levantamento de sintomas de estresse do Centro Psicológico de Controle de Stress de São Paulo, grande parcela de participantes revelou-se com pouco estresse ou com nível de estresse alto e altíssimo, categorias estas que em qualquer nível demonstram presença de estresse. Reside aqui, a necessidade de apontar que ao passo que, alguns professores indicaram não saber responder, admitem a possibilidade de apresentarem algum nível de estresse ocupacional. Sendo assim, os níveis de estresse aferidos no instrumento demonstram um índice de estresse maior do que os auto-percebidos pelos professores universitários, pois mesmo que referindo pouco estresse, ainda assim existe estresse. Cabe retomar que Ballone (2005a) refere que os indivíduos tendem a corresponder aos preceitos sociais que por sua vez impedem, muitas vezes, a livre expressão de sentimentos, medos, emoções e angústias, conferindo ao indivíduo condicionamentos que o tendenciam a responder de maneira socialmente adequada e desejável. De modo geral pôde-se apontar um nível moderado de estresse ocupacional tendo em vista que uma considerável parcela dos participantes mostrouse percebendo com algum nível de estresse ocupacional. No que diz respeito ao objetivo de identificar os fatores ambientais que possam causar e/ou intensificar alterações vocais em professores universitários pôde-se notar que dentre dez aspectos do ambiente de trabalho, seis destes foram assinalados por mais da metade dos professores universitários. Pôde-se perceber que o excesso de horas lecionadas foi 78 um aspecto relevante para os professores, o que permitiu retomar as médias de horas trabalhadas, e tempo de docência. Os dados obtidos permitiram observar que os professores detêm certo conhecimento quanto aos fatores do ambiente que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais. No que tange ao objetivo de descrever a percepção dos professores universitários quanto à presença de sintomas típicos de alterações vocais, pôde-se observar que todos os itens listados foram assinalados pelos professores. Observou-se ainda que na opção “quais”, sintomas pertinentes foram apontados pelos respondentes. Entretanto, notou-se que sintomas idênticos tiveram freqüências distintas quando listados pela autora da pesquisa de quando citados espontaneamente pelos sujeitos da amostra. Diante de tais considerações podem-se fazer alguns questionamentos referentes aos sintomas assinalados na questão aberta (que precederam a questão fechada), quais sejam: os professores não se percebiam com determinados sintomas? Não tinham conhecimento de que apresentavam sintomas de alterações vocais? Ou ainda: os sintomas listados pela autora auxiliaram a percepção dos sintomas corporais? Quanto ao objetivo de descrever as percepções da presença de alterações vocais em professores universitários, pôde-se observar que uma considerável parcela dos respondentes apontou perceber-se com alguma alteração vocal. Entretanto, notou-se com os dados obtidos por meio da lista de situações de abuso e mau uso vocal e condições adversas à saúde vocal, que apenas um professor demonstrou-se com comportamentos que não evidenciam propensões ao desenvolvimento de alterações vocais. De forma alarmante os professores demonstraram-se com comportamentos de abusos vocais, que denunciam a grande possibilidade de haver alguma alteração vocal já instalada. Vale lembrar que as doenças da voz podem trazer ao indivíduo prejuízos muitas vezes irreversíveis. As relações entre estresse ocupacional e as alterações vocais estão pautadas na concepção da Teoria Psicossomática que rege acerca das influências das emoções no desencadeamento de doenças no corpo. O conceito mais utilizado é o de “doenças determinadas, agravadas ou desencadeadas por razões emocionais, com presença de alterações orgânicas constatáveis (asma, hipertensão, dermatites, diabete [sic.] etc.)”. (BALLONE; ORTOLANI, NETO (2007, p. 180). Para responder ao objetivo geral, além dos objetivos específicos, foi criado, também, um item investigativo das percepções dos professores universitários quanto às possíveis relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. De modo geral, os professores apontaram entender que “o estresse ocupacional pode contribuir para o 79 desenvolvimento de alterações vocais” e ainda que “o estresse ocupacional causa alterações vocais”. O caminho inverso em que as alterações vocais poderiam influenciar e/ou causar estresse pouco foi citado. Pôde-se questionar o quão prejudicial pode ser à saúde vocal dentre outros adoecimentos, se não há o entendimento do processo psicossomático. Quando se percebe o corpo de forma ainda dicotômica, podem-se negligenciar alguns cuidados capazes de prevenir doenças graves e/ou um processo de adoecimento generalizado do organismo, pois as doenças da voz podem trazer ao indivíduo prejuízos muitas vezes irreversíveis em todas as esferas de sua vida. Cabe ressaltar que foram percebidas algumas dificuldades no processo de construção desta pesquisa, mais especificamente no processo de coleta de dados. Algumas questões como os custos do instrumento - ISSL determinaram a mudança do instrumento inicialmente pretendido para avaliação de estresse. No processo de coleta de dados sentiu-se a dificuldade de estabelecer um prazo para a devolução dos questionários, sendo que tal prazo precisou ser adiado por várias vezes. Ainda quanto aos questionários percebeu-se que pelo fato de os mesmos não terem sido respondidos na presença da pesquisadora, não foi possível prestar maiores esclarecimentos para o seu correto preenchimento, sendo que a pesquisadora precisou fazer algumas adaptações para que não houvesse perda dos dados. Por tratar-se de um questionário (survey) a pesquisadora tinha ciência de que a taxa de devolução não seria total (senso), entretanto esperava um número maior de amostra. Apesar de a autora da pesquisa ter entrado em contato com todos os coordenadores dos cursos da Unidade pesquisada e ter exposto cartazes na sala dos professores da mesma Unidade, talvez pelo fato de os questionários terem sido disponibilizados nos escaninhos dos professores, ficam alguns questionamentos: Os professores universitários não tiveram conhecimento da realização da pesquisa? Os professores universitários não tiveram interesse pelo tema da pesquisa? Consideraram o questionário muito extenso? Ficam, então, a sugestão e o desejo de uma maior proximidade com a amostra pesquisada por meio talvez de entrevistas, que podem possibilitar um aprofundamento ao investigar mais efetivamente e com maior fidelidade das respostas quanto às percepções dos pesquisados. Aponta-se aqui, a percepção de direcionamento ou a tendenciosidade dos participantes a responderem de forma mais socialmente aceitável. A desejabilidade social pode ser entendida como uma propensão por parte de participantes de pesquisas psicológicas a responderem de forma tendenciosa a perguntas apresentadas, por exemplo, em escalas de atitude ou em inventários de personalidade. Os participantes tenderiam apresentar respostas consideradas mais aceitáveis ou aprovadas socialmente e tenderiam ainda a negar sua associação 80 pessoal com opiniões e comportamentos que seriam desaprovados socialmente (Anastasi & Urbina, 2000; Crowne & Marlowe, 1960; Krosnick, Markus & Zajonk, 1985 apud Ribas Jr; Moura; Hutz, 2004) Com efeito, as informações advindas dessa investigação contribuíram para a exploração e familiarização de dois fenômenos que muito ainda podem ser aprofundados. O estresse há muito tempo vem sendo estudado, porém ainda é por demais atuante na vida de trabalhadores e principalmente professores. Quanto às alterações vocais cabe retomar o que relata Guimarães (2001, p. 07) que “dentre todos os profissionais da voz, o professor é o mais suscetível à alteração e despreparado para atender a demanda vocal diária”. Por tais motivos faz-se necessária a continuidade de estudos, não só investigativos, mas que proponham intervenções que sejam capazes de reverter os números atuais. Foi percebido como aspecto facilitador, o contato com os coordenadores dos cursos da Unidade pesquisada, pois muitos foram os retornos de apoio e de interesse pela pesquisa. Outro aspecto facilitador foi o processo de tabulação e organização dos dados coletados, que com o auxílio das ferramentas do Excel e com base nas orientações e contribuições da professora e orientadora da presente pesquisa constitui-se tarefa fácil e agradável. Com base no que foi pesquisado, sugere-se às Universidades, a implementação de treinamentos que incluam a atuação de profissionais que cuidam da voz e dos órgãos envolvidos na emissão da voz. Tal atuação faz-se necessária pelas orientações e informações quanto aos comportamentos e hábitos de vida de diários que auxiliem a saúde vocal. A atuação de Psicólogos também é necessária para, no mínimo, fornecer esclarecimentos quanto a importância da percepção de sintomas de estresse e da influencia deste em todo o organismo. Diante dos resultados obtidos é possível perceber que a presente pesquisa cumpre com seu objetivo de analisar a percepção de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais. Longe de concluir estudos a esse respeito, os resultados desta pesquisa apontam para a necessidade de treinamento vocal para professores universitários no processo de integração do mesmo na organização e a necessidade também da criação de programas que atentem para a influência dos aspectos do trabalho sobre a saúde profissional, dentre eles a saúde vocal e a saúde mental. 81 REFERÊNCIAS ALAVARSI, E.; GUERRA, G. R.; SACALOSKI, M. A Voz é meu Instrumento de Trabalho. Como Cuidar Dela? In: SACALOSKI, M; ALAVARSI, E.; GUERRA, G. R.. Fonoaudiologia na Escola. Lovise, 2000. p. 201-213. 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Total de horas trabalhadas por dia (professor, consultório, consultoria, escritório, etc.): _______ 7. Total de horas lecionadas por dia: _______ 8. Total de horas por dia utilizando a voz como principal instrumento de trabalho: ________ Muito Satisfeito Satisfeito Assinale uma das alternativas para cada um dos enunciados abaixo: Pouco Satisfeito Há quanto tempo trabalha como docente? _________ Insatisfeito 9. 10. No que diz respeito à sua realização profissional, você está: 11. Quanto ao reconhecimento de sua profissão e trabalho por parte da instituição, você está: 12. Quanto ao reconhecimento de sua profissão e trabalho por parte dos acadêmicos, você está: 13. No que diz respeito às relações com colegas de trabalho e funcionários da instituição, você está: 14. Em relação às condições físicas e ambientais (luminosidade, espaço das salas de aula, ruídos – internos e externos à sala de aula, ventilação, etc.), você está: 15. Em relação à sua remuneração, você está: 16. Como está sua saúde atualmente? ( ) péssima ( ) ruim ( ) boa ( ) excelente 17. Apresenta algum desconforto físico? ( ) Não ( ) Sim. Qual(is) _________________ 18. Já esteve afastado(a) do trabalho? ( ) Sim ( ) Não 94 Caso sim, preencha os dados abaixo: Número total de afastamentos: _________ Afastamentos Tempo de afastamento Há quanto tempo Motivo Último Penúltimo II - SOBRE ESTRESSE Marque nos campos ao lado dos itens abaixo, quantas vezes na última semana você sentiu: 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. Tensão muscular, tais como aperto na mandíbula, dor na nuca, etc. Hiperacidez estomacal (azia) sem causa aparente Esquecimento de coisas corriqueiras, como o número de um telefone que usa com freqüência, onde pôs a chave, etc. Irritabilidade excessiva Vontade de sumir de tudo Sensação de incompetência Pensar em um só assunto ou repetir o mesmo assunto Ansiedade Distúrbio de sono, ou dormir demais ou de menos Cansaço ao levantar Trabalhar com um nível de competência abaixo do seu normal Sentir que nada mais vale a pena Fonte: Centro Psicológico de Controle do Stress de São Paulo (Ramiréz, 2002) 31. Você se percebe com estresse ocupacional? ( ) sim ( ) não sabe responder ( ) não 32. Que fatores ou situações do ambiente de trabalho você considera que são ou podem ser estressantes? ( ( ( ( ( ( ) relações com colegas de trabalho ( ) condições contratuais com a instituição ) condições de trabalho ( ) insatisfação salarial ) falta de autonomia ( ) fiscalização contínua ) pressão da direção ( ) ritmo acelerado ) relação com os alunos ( ) ambiente ) outros _____________________________ III – SOBRE ALTERAÇÕES VOCAIS 33. Você se percebe com alguma alteração vocal? ( ) sim Qual(is)__________________ ( ) não sabe responder 34. ( ) não Quais desses sintomas você costuma apresentar? ( ( ( ( ( ) rouquidão ) fadiga vocal ) ardor ou dor na região da garganta ) pigarro constante ) tosse crônica ( ( ( ( ( ) pouca resistência ao falar ) falta de volume e projeção vocal ) variações na freqüência fundamental ) dificuldade em manter a voz ) perda na eficiência vocal 95 ( ) esforço durante a emissão ( ) afonia 35. Que fatores ou situações do ambiente de trabalho você considera que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais? ( ) tamanho da sala de aula ( ) ar condicionado ( ) barulho dentro das salas de aula ( ) desgaste emocional ( ) excesso de horas lecionadas ( ) barulho fora das salas de aula ( ) excesso de turmas lecionadas ( ) nível de estresse ( ) falar em excesso ( ) beber pouca água 36. Quais dessas relações você entende que possa haver? ( ) O estresse ocupacional pode contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais. Muitas vezes Sempre Fala em grande intensidade (voz forte) Fala durante muito tempo Fala agudo demais (muito fino) Fala grave demais (muito grosso) Fala sussurrando Fala com os dentes travados Fala com esforço Fala sem respirar Fala enquanto inspira o ar Usa o ar até o final Fala rápido demais Fala junto com os outros Fala durante muito tempo sem se hidratar (ingerir água) Fala sem descansar Articula exageradamente as palavras Fala muito ao telefone Fala muito ao ar livre Fala muito no carro ou ônibus Pigarreia constantemente Tosse demais Ri demais Chora demais Grita demais Trabalha em ambiente ruidoso Vive em ambiente familiar ruidoso Às Vezes Para cada item abaixo, você deverá assinalar com um X uma das opções ao lado Raramente 37. Nunca ( ) O estresse ocupacional causa alterações vocais. ( ) Alguns fatores no desenvolvimento do estresse ocupacional coincidem com os fatores das alterações vocais. ( ) Alterações vocais causam estresse ocupacional. ( ) O afastamento das atividades laborais por motivo de alterações vocais pode acarretar em desenvolvimento de estresse advindo do trabalho. ( ) Não há relação alguma entre estresse ocupacional e alterações vocais. ( ) Outras relações:____________________________________________________ 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 96 Vive com pessoas com problema de audição Mantém rádio, som ou TV ligados enquanto fala Imita vozes dos outros Imita vários sons Usa a voz em posturas corporais inadequadas Pratica esportes que usam a voz Freqüenta competições esportivas Participa de grupos religiosos com grande uso de voz Tem alergias Usa a voz normalmente quando resfriado Toma pouca água Permanece em ambiente com ar condicionado Vive em cidade de clima muito seco Vive em cidade com ar muito poluído Permanece em ambiente empoeirado, com mofo ou pouca ventilação Expõe-se a mudanças bruscas de temperatura Toma bebidas geladas constantemente Toma café ou chá em excesso Come alimentos gordurosos ou excessivamente condimentados Come alimentos achocolatados em excesso Fuma Vive em ambiente de fumantes Toma bebidas alcoólicas destiladas Usa drogas Faz automedicação quando tem problema de voz Dorme pouco Canta demais Canta fora de sua extensão vocal Canta em várias vozes Usa roupas apertadas no pescoço, tórax ou cintura Apresenta azia Apresenta má digestão Tem refluxo gastresofágico Tem vida social intensa Tem estresse Fonte: Adaptado Villela e Behlau (2000 apud BEHLAU & PONTES, 2001) Obrigada por sua participação. 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 97 APÊNDICE B – Carta do Comitê de Ética em Pesquisa 98 APÊNDICE C – Informativo aos Coordenadores dos Cursos Ilustríssimos Professores Coordenadores dos Cursos de Graduação da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) Meu nome é Cristina Casér de Araújo acadêmica da 10ª fase do Curso de Psicologia da UNISUL, com número de matrícula 70946. Seguindo os preceitos da grade curricular do Curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) para cursar a 8ª fase, o acadêmico deve optar por um dos dois Núcleos Orientados oferecidos pelo curso, sendo eles, Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano ou Núcleo Orientado em Psicologia e Saúde. Ao passo que o acadêmico escolha o primeiro, ele tem outras três opções, de projetos: Identidade Profissional, Gestão de Pessoas e Saúde do Trabalhador para que, na escolha de um deles, possa desenvolver atividades em estágios e dar início ao Trabalho de Conclusão de Curso. Meu projeto intitulado: “A VOZ DA SABEDORIA: AS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS ACERCA DAS RELAÇÕES ENTRE ESTRESSE OCUPACIONAL E ALTERAÇÕES VOCAIS” está vinculado ao Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano e ao Projeto Saúde do Trabalhador que tem como principais objetivos a promoção de saúde e bem estar e prevenção de acidentes e doenças advindas do trabalho. Minha população de pesquisa é o grupo docente do Campus da Grande Florianópolis, Unidade Pedra Branca da UNISUL e, para tanto, foi necessária a aprovação do Diretor do Campus Senhor Ailton Nazareno Soares. Diante de tal aprovação, venho por esta, humildemente informar-lhes que nesta semana estarei encaminhando aos escaninhos de cada professor, meu instrumento de pesquisa, um Formulário Auto-aplicável e de fácil preenchimento juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O instrumento e o TCLE devem ser entregues ao responsável pelo Apoio Docente até o dia (08/04/09). Peço sua colaboração para a divulgação desta pesquisa e venho também convidálos a participar como sujeitos desta pesquisa que pretende contribuir com mais dados para a continuidade das atividades já realizadas pelo Programa de Extensão em Saúde do Trabalhador com os professores da UNISUL. Agradeço desde já a atenção de todos e fico a disposição para quaisquer dúvidas e maiores informações pelo contato telefônico (48) 9135-3011. Cristina Casér de Araújo 99 APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Protocolo nº________ Acadêmica: Cristina Casér de Araújo Estou cursando a 10ª fase de Psicologia pela UNISUL no Campus Grande Florianópolis, Unidade Pedra Branca na Palhoça. Estou produzindo minha pesquisa, parte de meu Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “A voz da sabedoria: as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais”, desenvolvido no Núcleo Orientado em Psicologia e Trabalho Humano no Projeto Saúde do Trabalhador, sob a orientação da professora psicóloga, Esp. Carolina Bunn Bartilotti. Considerando o entendimento de que a literatura atual aponta a classe docente como uma das mais suscetíveis a desenvolver alterações vocais e estresse ocupacional. Esta pesquisa será realizada com professores universitários da UNISUL. Vale ressaltar que esta pesquisa é relevante por ter como pretensão servir de subsídio para desenvolvimento de atividades e ações preventivas de tais problemas junto aos professores dessa universidade. Para a realização da pesquisa, a coleta de dados será feita por meio da aplicação de questionário auto-aplicável e para tanto não será necessário nenhum gasto ou tipo de deslocamento para os participantes, o tempo despendido será apenas o de preenchimento do questionário que deve demorar por volta de 20 minutos. A participação nesta pesquisa fica a critério unicamente do participante. Apenas os dados coletados e resultados encontrados serão utilizados na elaboração desta pesquisa, com a possibilidade de publicação científica, sendo assim, nenhum dado que possa identificá-lo será publicado mantendo sua identidade sob total sigilo. Por gentileza, após o preenchimento do questionário, o entregue à pessoa responsável pelo Apoio Docente. No caso de qualquer dúvida sobre a pesquisa, o questionário ou no caso de desistência, seguem aqui contatos da pesquisadora: e-mail ([email protected]) e telefones (48) 9135-3011 ou (48) 3244-5035. Conto com sua colaboração e desde já agradeço. Estando de acordo em participar, favor preencher os dados a baixo: Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim. Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento. Nome Completo:____________________________________________________ RG nº ___________________ Telefone(s) para contato: (___) __________________ (___) ________________ E-mail:____________________________________________________________ ____________________________ Assinatura do(a) pesquisado(a) _______________________________ Cristina Casér de Araújo 100 APÊNDICE E – Relações entre os objetivos e os itens do Questionário Auto-aplicável Geral Sem objetivo específico OBJETIVOS Características da amostra Condições de saúde e afastamentos do trabalho 16 - Como está sua saúde atualmente? 17 - Apresenta algum desconforto físico? 18 - Já esteve afastado (a) do trabalho por motivo de estresse ou alguma alteração vocal? Número total de afastamentos: Descrever as percepções de professores universitários acerca das relações entre estresse ocupacional e alterações vocais 36 - Quais dessas relações você entende que possa haver? Identificar os fatores do ambiente de trabalho considerados como estressores pelos professores universitários; Específicos ITENS DO QUESTIONÁRIO 1 - Sexo 2 - Idade 3- Graduação e Pós-graduação 4 - Estado Civil 5 - Filhos Descrever a percepção da presença de estresse em professores universitários; Identificar os fatores ambientais que possam causar e/ou intensificar alterações vocais em professores universitários; Descrever a percepção dos professores universitários quanto à presença de sintomas típicos de alterações vocais; Descrever a percepção da presença de alterações vocais em professores universitários. 6 – Total de horas trabalhadas por dia (professor, consultório, consultoria, escritório, etc.): 7 – Total de horas lecionadas por dia: 8 – Total de horas por dia utilizando a voz como principal instrumento de trabalho: 9 – Há quanto tempo trabalha como docente? 10 – No que diz respeito à sua realização profissional, você está: 11 – Quanto ao reconhecimento de sua profissão e trabalho por parte da instituição, você está: 12 – Quanto ao reconhecimento de sua profissão e trabalho por parte dos acadêmicos, você está: 13 – No que diz respeito às relações com colegas de trabalho e funcionários da instituição, você está: 14 – Em relação às condições físicas e ambientais (luminosidade, espaço das salas de aula, ruídos – internos e externos à sala de aula, ventilação, etc.), você está: 15 - Em relação à sua remuneração, você está: 32 - Que fatores ou situações do ambiente de trabalho você considera que são ou podem ser estressantes? 19 a 30 – Marque nos campos ao lado dos itens abaixo, quantas vezes na última semana você sentiu: 31 - Você se percebe com estresse ocupacional? 6 – Total de horas trabalhadas por dia (professor, consultório, consultoria, escritório, etc.): 7 – Total de horas lecionadas por dia: 8 – Total de horas por dia utilizando a voz como principal instrumento de trabalho: 9 – Há quanto tempo trabalha como docente? 35 – Que fatores ou situações do ambiente de trabalho você considera que podem contribuir para o desenvolvimento de alterações vocais? 34 – Quais desses sintomas você costuma apresentar? 33 – Você se percebe com alguma alteração vocal? 37 – Para cada item abaixo, você deverá assinalar com um X uma das opções ao lado (Questionário de sintomas vocais com 60 comportamentos)