SOLUÇÃO NUMÉRICA DE EQUAÇÕES DIFERENCIAIS Prof. Flávio Pietrobon Costa Áreas de conhecimento do CNPQ 1.01.04.00-3 - Matemática Aplicada 3.05.01.04-0 - Princípios Variacionais e Métodos Numéricos SUMÁRIO • Introdução • Origens • Conceitos gerais – Equações diferenciais – Métodos numéricos • Métodos numéricos de solução – ODE – PDE INTRODUÇÃO • Equações diferenciais • Surgiram na segunda metade do século XVII • Associadas à descrição de problemas aplicados • • Soluções dessas equações por procedimentos numéricos • • Problemas de elevado grau de complexidade • Avanços importantes tornaram-se possíveis, no sentido da satisfação das necessidades humanas. • • • • • • • • • • Preservação ambiental, Estudo de ecossistemas, determinação de deformações e esforços em grandes estruturas barragens, plataformas de petróleo e torres de telecomunicação, análise de estruturas de esbeltez elevada, estudos de aerodinâmica, previsão atmosférica, erosão costeira ou fluvial, poços profundos, planejamento cirúrgico, exploração de jazidas subterrâneas, análise de problemas e projetos relativos sistemas de potência e transmissão de energia, Problemas que resultam em sistemas de equações diferenciais, Elevado número de incógnitas, Esforço de cálculo analítico proibitivo, Custos elevados de execução, Soluções vulnerabilizadas a erros comprometedores (Cook, Malkus e Plesha, 1989). • Evolução dos computadores nas últimas décadas, • Desenvolvimento das técnicas computacionais, • Abordagem por métodos numéricos, • Problemas complexos: grande no. de variáveis e de equações: sistemas, • Atualmente resolvidos por via computacional: solução automatizada, • Problemas envolvendo mecânica do contínuo (Pietrobon, 1998). • Os métodos numéricos computacionais, utilizando técnicas de programação adequadas à otimização da busca de soluções, viabilizam o estudo dos problemas complexos, com elevado número de variáveis. • Advento dos métodos numéricos: décadas de 50 e 60 (sec. XX), • Prever e projetar, com apurado índice de acerto, resultados derivados de sistemas complexos de equações. • Problemas associados à mecânica do contínuo: simulação temporal por soluções precisas (Bushnell, 1990). • Ciências físicas, biológicas, matemáticas, químicas, engenharia, e do meio ambiente. ORIGENS Equações diferenciais • O raiar da Teoria das Equações Diferenciais: – acúmulo de 325 anos de informações, – 11 de novembro de 1675, Leibinitz: • Newton (Methodus fluxionum et serierum infinitarum, escrito em 1671, editado em 1744): – equações de fluxo, – relação entre taxas de variação (“fluxo”) e variáveis independentes (“fluente”) • associando dois fluentes, • definindo as Equações Diferenciais Ordinárias, EDO (inglês ODE). • classe de equações: EDP (PDE), • relaciona uma taxa de variação com mais de duas variáveis. • Contribuições de Newton e Leibnitz. • Newton: – desenvolvimento de solução em série de potências, – solução da equação por uma série infinita, • resulta por substituição da série representativa de y • in Tractatus de quadratura curvarum, 1676, 1a publicação em Opticks, 1704 • O coeficiente a0 resulta totalmente arbitrário, • Família de soluções, infinita. • Leibnitz, 1691, técnica de separação de variáveis: • Desenvolvimento econômico e industrial, • Sec. XVIII a XX, requisitos: •ocupação do espaço territorial, •mecânica, eletricidade, mineração, navegação, vôo, construção, e outras demandas da sociedade moderna. – Choque ideológico e econômico entre as potências, – Requisito de maiores avanços na tecnologia, e novos – Avanço no conhecimento em áreas fundamentais: matemática, física, química e engenharia, –Rápido alcance dos limites de segurança de materiais e técnicas empíricas de construção de equipamentos, –Condições de uso nos limites segurança e da resistência materiais: vôo a jato, exploração águas profundas, construções grandes estruturas, da dos em de No seu conjunto, requisitos desenvolvimento da tecnologia: • resultam em modelos matemáticos • sistemas de ODEs e EDPs, • solução numérica computacional. de CONCEITOS GERAIS solução de sistemas de equações diferenciais (Tanehill, Andersen e Pletcher, 1997): • experimental: modelo físico, medição direta, análise dimensional, Teoria da Semelhança (Carneiro, F. Lobo, 1993). • analítica: simplificações teóricas, problemas complexos tratáveis, solução depende da precisão e eficácia das hipótese simplificadoras. • computacional: modelo matemático, algoritmo de solução, hipóteses coerentes, simulação numéricas,discretização do contínuo. •Objeto de resolução: sistema de equações diferenciais obtidas no modelo numérico. •Pontualmente na malha de discretização do contínuo: função algébrica integrada solução, •MDF: derivadas substituídas por diferenças finitas apropriadas, •MEF: funções de forma elementais ponderadas, para modelar solução. VANTAGENS DA ABORDAGEM NUMÉRICA COMPUTACIONAL • Liberdade de limitações de ordem dimensional, de ordem física e espacial, • Ausência de simplificadoras, • limitações de hipóteses É a abordagem de maior potencial evolutivo. • Precisão, prevenção de erros numéricos, estabilidade e convergência do processo de solução (Lapidus e Pinder, 1999). EQUAÇÕES DIFERENCIAIS •Contém uma ou mais derivadas, de 1a , 2a, ou ordem superior. •Derivadas ordinárias, correlaciona uma função, ou variável dependente, com uma única variável independente: EDO. •Derivadas parciais: função dependente de mais de uma variável. Derivadas indicando a variável com que se relaciona: EDP (Dieguez, 1994): MÉTODOS NUMÉRICOS • procedimentos matemáticos, • aplicação otimizada computacional, para emprego • implementação em códigos que obedeçam a algoritmos lógicos, • solução de um problema de caráter científico • aproximações numéricas sucessivas: processo iterativo. • rotina de análise e modelagem do problema, • relações matemáticas entre variáveis, funções e condicionantes desse problema, • testes de validação e aperfeiçoamento. PROBLEMAS DE APLICAÇÃO MÉTODOS NUMÉRICOS DE SOLUÇÃO • EDOs, podem sempre ser reduzidos à 1a ordem: • z(x) nova variável (Dieguez, 19994). • Solução genéricas de EDOs: redução das EDOs de ordem superior ao estudo de uma cadeia de n equações de 1a ordem acopladas em termos de funções yi , i=1,2,...,n: dependente O problema de solução numérica de EDO de ordem n: • Não é resolvido somente com essas n equações de 1a ordem, • Crucial é a modelagem numérica (MDF, MEF etc), • Consideração das condições de contorno associadas à equação. • Condições de contorno: valores algébricos de xi ou de yi em pontos discretos específicos. PVI, problema de valor inicial: em que valores algébricos de yi são fornecidos em pontos iniciais xs, sendo necessário o conhecimento desses valores para iniciar a solução da equação; PVC, problema de valor de contorno: sendo necessário o conhecimento de valores, ou condições associadas a yi, em pontos xf que determinam a fronteira da solução do problema. • Conceito de discretização desenvolvido por Euler: substitui-se a taxa relacional por “steps” ou incrementos y e x (Numerical recipes, 2002): • Multiplicando toda a equação por x, • Resultado: formulação algébrica análoga à EDO, que fornece variação da função correspondente à variação de x de um x. • No limite: incrementos adequadamente pequenos, aproximação ótima para a avaliação da função y, solução da EDO. MÉTODO DE RUNGE-KUTTA PARA EDO Método de Euler Euler: expansão em série de Taylor, truncando a série no 2o termo, resultando um erro de ordem O(h2). Runge-Kutta: redução da ordem de erro, seqüência de formulações de 1a ordem, avaliação do valor aproximado da função solução da EDO de ordem n. Runge-Kutta de 2a ordem Runge-Kutta de 4a ordem EDO, condições iniciais x0 = 0, y0 = 1, e xn = 0,1.Tomando 10 partições (n = 10) e, portanto h = 0,0: SOLUÇÃO NUMÉRICA DA EDP • Relacionada a métodos de discretização e integração de variáveis sobre um contínuo, • Método das Diferenças Finitas (FDM), • Método dos Elementos Finitos (FEM). • Nas últimas décadas: Diferenças Finitas Energéticas (EFDM), Elementos de Contorno (Boundary), Tiras (Strips) Finitas, dentre outros. FDM: substituição das derivadas por formas de diferenças finitas, Obtidas pela expansão em Série de Taylor e truncamento a nível da ordem de erro desejada: Formulações análogas para formas em diferenças finitas, centrais, a vante e a ré, para derivadas de ordem superior, assim para a 2a derivada resulta a forma central: Aplicação em EDPs: equações algébricas, Integrando contribuições pontuais do valor da função, Domínio contínuo discretizado em uma malha de pontos, Valores da função em vértices da malha : Equação de onda, EDP, propagação de ondulação em um meio contínuo: Condições de bordo (contorno): extremidades fixas: u(0,t) = u(L,t) = 0 Equação algébrica só tem solução para a condição de estabilidade (Lapidus e Pinder, 1999; e Diegues, 1994): Corda inicialmente em repouso, em posição u(x) = x (4-x), de extremidades fixas, com comprimento 4 m, de 2 m/s, discretizada em 8 partições, resultando x = 0,5 m e t = 0,25 s. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ( E. L. Ince, Ordinary differential equations, Dover publications, New york, 1944; ( L. Lapidus and G. F. Pinder, Numerical solutions of partial differential equations in science and engineering, John Wiley & Sons Inc, Toronto, 1999;Cook, Malkus e Plesha, 1989; ( Pietrobon, F.C.; Formulação Numérica por Diferenças Finitas Energéticas da Flexão Dinâmica de Vigas com a Consideração da Deformabilidade por Cortante e da Inércia de Rotação; Tese M.Sc., COPPE/PEC-UFRJ, Rio de Janeiro, 1998; ( Bushnell, D.; Finite-difference Energy Models Versus Finite Element Models: Two Variacional Approaches in One Computer Program; Lockheed Missiles and Space Co., Palo Alto, in “Stress, Stability and Chaos in Structural Engineering Approach”, organizer El Naschie, McGraw-Hill Book Co., Singapore, 1990;)Isaac Newton, Methodus fluxionum et serierum infinitarum, 1744; ( Tractatus de quadratura curvarum, Opticks, 1704; ( Tannehill, J.C.; Andersen, D.A.; Pletcher, R.H.; Computacional Fluid Mechanics and Heat Transfer; Taylor & Francis Publishers, 1997; ( Carneiro, F. Lobo.; Análise Dimensional e Teoria da Semelhança e dos Modelos Físicos; Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 1993; ( Numerical recipes, Cambridge University Press, 2002.