Profª Eleonora – Slide de aula Cinética Enzimática Profª Eleonora – Slide de aula Cinética das Reações Bioquímicas As células vivas dos organismos heterotróficos e dos organismos autotróficos (na ausência de luz) obtêm a energia de que necessitam a partir da oxidação dos poliosídios de reserva a CO2 e água. Esse conjunto de reações, assim como, as reações de síntese das macromoléculas, só é possível devido à intervenção dos catalisadores bioquímicos as enzimas. enzimas Todas as enzimas são proteínas globulares e catalisadores eficientes. Catalisadores Energia de ativação necessária para iniciar um processo químico pode ser fornecida pela elevação da temperatura que aumente a agitação molecular. Em Bioquímica, a temperatura dos sistemas não pode ultrapassar os valores compatíveis com a vida dos organismos (aquecimento ⇒ desnaturação das proteínas). Catalisadores bioquímicos ⇒ função de baixar a energia de ativação necessária à reação e permitir que a reação ocorra em velocidade muito mais elevada. Profª Eleonora – Slide de aula Centro ativo ou sítio ativo É constituído pelo conjunto de aminoácidos que entram em contato com o substrato. Compreende o local de fixação: que se combina com o substrato por ligações fracas; e o centro catalítico: que atua sobre o substrato levando-o a sofrer a reação química. A conformação do local e fixação se modifica em conseqüência da ligação ao substrato ⇒ substrato induz a alteração da conformação. Nas enzimas que atuam através de um cofator (metal; grupo prostético ou coenzima), essa estrutura se encontra ligada na vizinhança do centro catalítico. Profª Eleonora – Slide de aula Velocidade da Reação enzimática A velocidade de uma reação enzimática é, em geral, obtida pela medida da quantidade de produto (ou produtos) formado (s) por unidade de tempo. S + E P + E S = substrato; E = enzima; P = produto A determinação experimental da velocidade da reação é feita recolhendo do meio reacional, a intervalos regulares de tempo, alíquotas da solução. A velocidade de reação num tempo (t) é: v= d [P] dt A velocidade pode ser medida, também, a partir do decréscimo da concentração de substrato: v= d [S ] dt Profª Eleonora – Slide de aula Representação gráfica: Quantidade de produto formado α1 vo = tg α o v1 = tg α 1 velocidade inicial de uma reação enzimática velocidade num instante t 1 αο t1 Tempo Até certo ponto da reação, a variação é linear. É vantajoso medir a velocidade no início da reação, quando pouco substrato foi transformado e a velocidade inversa é desprezível. A inclinação é então máxima, o que permite ter a velocidade inicial da reação (v0). Profª Eleonora – Slide de aula A velocidade da reação é diretamente proporcional à concentração da enzima [P] Velocidade de uma reação enzimática em presença de quantidades crescentes de enzima (E2 = 2E1; E3 = 3E1; etc..) E4 E3 E2 4x 3x 2x 1x E1 t1 v t2 A velocidade de formação de produto (dp/dt) é constante para E1 e E2 até o tempo t1 Tempo [P ] v = t1 Variação linear de velocidade inicial de uma reação enzimática com a concentração de enzima E4 E3 E2 E1 [E] Na determinação de produto formado em intervalo de tempo mais longo, a resposta não será linear em todas as faixas de [E] Profª Eleonora – Slide de aula Fatores que Influenciam a Atividade Enzimática Vários fatores influenciam a atividade de uma enzima. Os mais importantes são a temperatura, pH, concentração de substrato e a presença ou ausência de inibidores. A velocidade da maioria das reações químicas aumenta quando a temperatura aumenta. Moléculas se movem mais lentamente a baixas temperaturas do que a altas temperaturas e, portanto, muitas podem não ter energia suficiente para promover a reação química. Para as reações enzimáticas, entretanto, elevações além de certa temperatura reduz drasticamente a velocidade de reação. A temperatura ótima para a maioria das enzimas se situa entre 35 e 40ºC. A redução da velocidade de reação acima da temperatura ótima é devida à desnaturação das enzimas, ou seja, a perda de sua estrutura tridimensional característica. A desnaturação de uma proteína envolve o rompimento de ligações de hidrogênio e outras ligações não covalentes. Velocidade da reação Temperatura 0 10 20 30 40 50 60 Temperatura (ºC) Profª Eleonora – Slide de aula pH A maioria das enzimas tem um pH ótimo no qual sua atividade é máxima. Acima ou abaixo deste valor de pH a atividade enzimática, e portanto a velocidade de reação, diminui. Atividade Enzimática Quando a concentração de H+ (pH) no meio é drasticamente alterada, a estrutura tridimensional da proteína também é alterada. Mudanças extremas na concentração de ácidos (ou bases) modificam a estrutura tridimensional de proteínas porque o H+ (ou OH-) compete com o hidrogênio nas pontes de hidrogênio e ligações iônicas presentes na estrutura da enzima, resultando na sua desnaturação. 4 6 8 10 pH Profª Eleonora – Slide de aula Concentração de Substrato Existe uma taxa máxima na qual certa quantidade de enzima pode catalisar uma reação específica. Apenas quando a concentração de substrato é extremamente alta, esta taxa máxima pode ser alcançada. Sob condições de alta concentração de substrato, a enzima está em saturação, isto é, seus sítios ativos estão todos ocupados por moléculas de substrato ou produto. Nesta condição, um aumento na concentração de substrato não afetará a taxa de reação porque todos os sítios ativos já estarão sendo utilizados. Em condições celulares normais, as enzimas não estão saturadas com o substrato. Em um determinado tempo, algumas das moléculas de enzima poderão estar inoperantes por falta de substrato, assim, a velocidade de reação é influenciada pela concentração de substrato. Inibidores Uma forma efetiva de controlar o crescimento de um microrganismo, por exemplo, é controlar suas enzimas. Qualquer substância que reduza a velocidade de uma reação enzimática pode ser considerada como inibidor. Profª Eleonora – Slide de aula Cinética Enzimática Na reação enzimática se forma um complexo transitório entre enzima e substrato. A reação catalisada enzimaticamente se processa em duas etapas: E+S ES k2 A enzima se liga reversivelmente ao substrato formando um complexo enzima-substrato (ES) O produto é liberado e a enzima volta à forma livre podendo, então, se ligar a outra molécula de substrato. k1 k ES → E+P 3 E +S k1 k ES → E + P 3 k2 O estudo das reações enzimáticas se baseia em medidas de velocidade da reação catalisada. Velocidade de uma reação ⇒ quantidade de produto formado em um tempo determinado. Velocidade inicial de uma reação ⇒ medida em tempos suficientemente curtos para que no máximo 5% do substrato sejam transformados em produto. Em uma reação enzimática típica, a 1ª fase ocorre a velocidades muito maiores do que a 2ª fase. Equações de velocidade para estas fases são: v1 = k1 [E ] [S ] v3 = k 3 [ES ] Profª Eleonora – Slide de aula E+S k1 ES k3 E+P k2 A medida real da velocidade da reação, ou seja, a medida da velocidade de formação do produto é igual a v3, que é a etapa mais lenta e limitante do processo. Nas reações enzimáticas, a concentração de enzima é, normalmente, muito menor que a concentração de substrato. Um equilíbrio entre E, S e ES (com concentrações definidas e constantes de cada espécie) se estabelece muito rapidamente. Tendo ocorrido a formação de ES, se inicia a segunda parte da reação enzimática, aquela que efetivamente forma o produto, com uma velocidade proporcional à concentração de ES. O fato de ES estar sendo consumido na formação do produto não provoca diminuição da sua concentração, uma vez que há excesso de substrato para se combinar com a enzima liberada quando se forma o produto. Esta situação se mantém por algum tempo (tempo inicial): contínua formação do produto e concentrações estáveis de ES e S. A pequena e contínua diminuição da concentração de S não é significativa, face ao seu grande excesso. Profª Eleonora – Slide de aula À medida que se aumenta a concentração inicial do substrato, as velocidades de formação do produto se tornarão cada vez maiores. No equilíbrio da 1ª etapa existirá cada vez mais complexo ES. Nestas condições haverá a maior concentração possível do complexo ES; a reação será processada na máxima velocidade possível. Existirá uma determinada concentração de substrato que provocará a formação de uma concentração de ES igual à metade da máxima possível. Nestas condições, a velocidade será, naturalmente, a metade da maior velocidade possível. Esta concentração definida de substrato é igual à Constante de Michaelis-Menten ou Km. v Vmax b ½ Vmax a Km [S ] a – cinética de 1ª ordem (velocidade proporcional à concentração de substrato) b – cinética de ordem zero (velocidade independente da concentração de substrato) Profª Eleonora – Slide de aula Variação de velocidade da reação com a concentração de substrato Teoria de Michaelis-Menten (com um único substrato) E + S k3 k1 ES k2 E + P k4 E = Enzima S = Substrato ES = Complexo enzima-substrato P = Produto Propostas A enzima e o substrato reagem rapidamente para formar o complexo enzima-substrato (ES) A fase mais lenta é a formação de produto (P) Há excesso de substrato (S) Todas as determinações de produto (P) são feitas no início da reação quando a velocidade de formação do complexo enzima-substrato (ES) a partir de enzima (E) + produto (P) é muito pequena e pode ser desprezada ⇒ velocidades iniciais Profª Eleonora – Slide de aula Dedução E + S k1 ES k3 E + P k2 [E ] t = [E ]+ [ES ] v = k 3 [ES ] Vmax = k 3 [E ] t k1 [E ][S ] Qual a velocidade de formação de [ES] ? ⇒ Qual a velocidade de decomposição de [ES] ? ⇒ k 2 [ES ]+ k 3 [ES ] Variação de [ES] com o tempo: d [ES ] = k1 [E ][S ]−k 2 [ES ]− k 3 [ES ] dt Como no estado estacionário [ES] não varia ⇒ k 1 [E ][S ] = (k 2 + k 3 )[ES [E ][S ] = k 2 + k 3 [ES ] k1 [E ][S ] = Km [ES ] d [ES ] =0 dt ] k2 + k 3 k1 = Km Km = Constante de Michaelis ou Constante de dissociação do complexo ES (Ks) Profª Eleonora – Slide de aula É muito difícil quantificar [ES], porém, se sabe que: [E ]t = [E ]+ [ES ] ⇒ Substituindo em : [E ][S ]= Km[ES ] [S ]([E ]t − [ ES ]) = [E ] t − [ES ] k 3 [E ]t = = Km [S ] [E ] = −[ES ]+ [E ]t Km [ES] Km [ ] × k3 [S ] ES k 3 [ES ] + k 3 [ES] Km + 1 v V max = [S ] v = V max . [S ] Km + [S ] Equação de Michaelis-Menten v = velocidade observada na reação quando a concentração de substrato é [S] Km = Constante de Michaelis-Menten Vmax = velocidade máxima da reação. Ocorre quando o substrato está presente em concentrações de saturação. A equação de Michaelis e Menten permite, após a determinação experimental das variáveis v em função de [S], obter o valor de Vmax e calcular Km. Em geral, os valores de Km estão compreendidos entre 10-2 e 10-8 M. Atribui-se a Km unidades de concentração. Profª Eleonora – Slide de aula Curva de Michaelis-Mentem Variação da velocidade de reação em função da concentração do substrato v Equação de Michaelis-Mentem: Vmax c v = ½ Vmax b V max . [S ] Km + [S ] a Km [S] Analisando a curva: a. Quando [S] << Km v= Vmax⋅ ⋅ [ S ] Km + [ S ] V v = max ⋅ [S ] Km 1ª ordem desprezado b. Quando v = ½ Vmax c. Quando [S] >> Km 1 V ⋅ [S ] Vmax = max 2 Km + [ S ] v= Vmax ⋅ [S ] Km + [ S ] negligenciável Km + [ S ] = 2[ S ] Km = [ S ] v = V max Km tem dimensões de concentração Ordem zero não depende da [S] Profª Eleonora – Slide de aula Por que determinar Km ? Km estabelece o valor aproximado para o nível de substrato intracelular. [S]intracelular << Km ⇒ v seria muito sensível a variações de S (1ª ordem) e o poder catalítico da enzima seria desperdiçado, pois v << Vmax. [S]intracelular >> Km ⇒ não há sentido fisiológico pois v não pode exceder Vmax. Quando [S] >> Km; v se torna insensível a variações de S. Km é específico para uma dada enzima. Serve de meio de comparação entre enzimas extraídas de diferentes fontes, mas que catalisam a mesma reação. Pode-se determinar se duas enzimas são idênticas ou se são proteínas diferentes que catalisam a mesma reação. Variação no valor de Km induzida por um ligante é uma maneira de regular a atividade de uma enzima. Se Km determinada “in vitro” for diferente da determinada em condições fisiológicas, isto pode indicar a falta de um efetor. Vários efetores podem ser testados para a identificação de quais atuam como inibidores ou ativadores. v Conhecendo-se o valor de Km pode-se determinar Vmax que é função da [E]total Utilizando [S] >> Km determina-se Vmax. Km indica a adequacidade relativa de substratos a uma enzima. Quando mais baixo o valor de Km maior a afinidade do substrato com a enzima. Vmax ½ Vmax Substrato 1 Substrato 2 Km1 Km2 [S] Profª Eleonora – Slide de aula Método gráfico para determinação das constantes cinéticas Em virtude da curva v versus [S] ser uma hipérbole é muito difícil determinar Vmax com precisão e, portanto, a [S] que fornece ½ Vmax ou o Km. Para facilitar a determinação das constantes cinéticas, os dados são lançados em gráfico utilizando um dos métodos gráficos disponíveis. Gráfico dos recíprocos de Lineweaver-Burk: 1 versus 1 [S ] v Rearranjo da equação de Michaelis-Menten numa forma linear v = Invertendo: V max ⋅ [ S ] Km + [ S ] v Km + [ S ] = Vmax [S ] Multiplicando os dois termos: Separando os termos: 1 v = v Km + [ S ] Vmax ⋅ [ S ] 1 Km [S ] = + v Vmax Vmax ⋅ [ S ] V max = [S ] Km + [ S ] y = ax + b Profª Eleonora – Slide de aula Michaelis-Menten v v = Vmax V max ⋅ [ S ] Km + [ S ] ½ Vmax Km [S] Lineweaver-Burk 1/v 1 Km 1 1 = × + v Vmax [ S ] Vmax tg = Km/Vmax Onde: 1/V max -1/Km 1/[S] a = inclinação da reta b = interseção da reta em y Profª Eleonora – Slide de aula Questão de cinética enzimática Os seguintes dados foram obtidos para a reação enzimática de transformação de um substrato (S) em produto (P): [S] (M) 6,25 x 10-6 7,50 x 10-5 1,00 x 10-4 1,00 x 10-3 1,00 x 10-2 V (nmoles x litro-1x min-1) 15,00 56,25 60,00 74,90 75,00 a) Calcule Vmax e Km. b) Qual seria v com [S] = 2,5 x 10-5M e com [S] = 5,0 x 10-5M? c) Qual seria a v com [S] = 5,0 x 10-5M, se a concentração de enzima fosse o dobro? d) A v dada na tabela a lado foi determinada pela medida da concentração de produto que se acumulou por um período de 10 minutos. Veja se v representa uma velocidade inicial verdadeira. Profª Eleonora – Slide de aula Resposta da questão a) v se torna insensível a mudanças da [S] acima de 10-3M. Portanto, na faixa de [S] de 10-3 a 10-2, v deve ser próximo a Vmax V max = 75 nmoles × litro −1 × min −1 Para calcular Km ⇒ escolha qualquer valor de v e a correspondente [S] [S ] Vmax Km + [S ] v = ∴ 75 × 10 −4 = 60 Km + 60 × 10 −4 60 75 = 10−4 Km + 10−4 Km = 15 × 10 −4 60 b) [ S] = 2,5 × 10 −5M = Km e v = 0,5 Vmax ∴ [S ] = 5,0 ×10−5 M = 0,25 × 10 −4 ∴ Km = 2,5 × 10 −5 M v = 37,5 nmoles × litro −1 × min −1 5 ×10−5 v = = 5 75 (2,5 ×10−5) + (5 ×10−5 ) 7,5 v= (5) (75) ∴ 7,5 v = 50 nmoles × litro−1 × min−1 Profª Eleonora – Slide de aula v c) V max = [S ] Km + [S ] e V max = k [E ] 3 t ∴ v= [S ] k [E ] t Km + [S ] 3 v é diretamente proporcional à concentração de enzima, para todas as concentrações de substrato. Portanto, dobrando-se [E]t para a [S] = 5 x 10-5M ⇒ v dobra ∴ v = 100 nmoles × litro −1× min −1 d) Vamos utilizar os valores mais baixos de [S]. [S ] = 6,25 × 10 −6 M e v = 15 nmoles × litro −1 × min −1 ∴ 150 × 10−9 M (de S utilizado / litro) 6,25 × 10 −6 M ( de S originalmente presente/ litro) ∴ = Em 10 min ⇒ 150 nmoles × litro −1 0,150 × 10 −6 6,25 × 10−6 = 0,024 ou 2,4% Foram utilizados 2,4% de Substrato