DEPOIS DAS MATRÍCULAS A RESSACA DA INADIMPLÊNCIA Por Marino Menossi Junior Diretor Geral Grupo Acerplan Consultoria e Assessoria Educacional Primeiro e antes de tudo, responda: quando começa a cobrança de um inadimplente no segmento educacional? Engana-se aquele que pensa que começa quando ele atrasa o pagamento. A resposta correta é que o processo de cobrança começa antes da matrícula. Explico: uma atitude muito salutar e pouco utilizada é o estabelecimento de critérios sobre concessão de crédito para venda de produtos ou prestação de serviços no caso das escolas particulares. O ato de exigir alguns documentos, pesquisar informações nos serviços de informações comerciais existentes, é um fator que minimiza os riscos. É verdade, no entanto, que o uso de serviços dessa natureza tanto pode onerar os custos nas transações realizadas pela instituição como pode levar à perda de uma matrícula quando o resultado da pesquisa informar dados não salutares para a efetivação da mesma. Por outro lado também vale à pena lembrar que em um mercado maduro, com concorrência acirrada, oferta em desequilíbrio com a demanda, como ocorre no segmento educacional privado, muitas vezes o mantenedor prefere correr o risco e aceitar uma nova matrícula para compor ou recompor uma sala de aula, do que perdê-la para a concorrência. Sabemos também que o risco faz parte de qualquer negócio, mas é a irresponsabilidade comercial justificada pela necessidade de vender a qualquer custo que pode gerar desagradáveis surpresas na hora do recebimento por parte da instituição. Por acaso, você mantenedor já parou para responder sinceramente quais são as principais variáveis internas e externas que fomentam os índices de inadimplência tanto na sua instituição como no setor educacional como um todo? Existem mais variáveis internas ou externas? Sim, e respectivamente, elas afetam direta e indiretamente a sua atividade. Por mais simples que esta pergunta possa parecer, ela responde por 80% da realidade das escolas particulares no Brasil, que mantém elevados índices de inadimplência cujo impacto influencia em todo o seu processo de gestão. Porque com a ausência do dinheiro, meu amigo, não há empresa que resista! Porém, se você ainda não se debruçou para compreender como essas variáveis podem afetar a sua atividade, vamos ajudá-lo apresentando um quadro contendo informações sobre as variáveis internas e o início do mapeamento que deve ser realizado para elencar as variáveis externas. Vamos lá: Externas: legislação, concorrência, inércia da justiça, prioridade de pagamento, setor fragmentado, quadro econômico. Internas: Falta de sistemas integrados, baixos investimentos em treinamento, qualidade, comprometimento, políticas de cobrança, estrutura de atendimento, perfil do cobrador, qualidade do contas a receber, cadastros de baixa qualidade, falta de foco em conseqüência faltam metas e objetivos definidos, falta de indicadoras-chaves e principalmente flexibilidade nos processos de matrículas. Como podemos observar as variáveis internas superam em muito as variáveis externas, ou seja, temos muita lição de casa para fazer. Por isso, nas próximas edições estaremos elaborando e apresentando estratégias de ação para cada variável interna e assim minimizar os inexoráveis índices de inadimplência das instituições de ensino. De qualquer forma, a partir de um quadro em que se visualize um alto grau de inadimplência é preciso compreender como proceder à etapa seguinte. Por isso, vamos agora falar do processo de negociação. Em uma negociação profissional, o que se quer é o melhor acordo possível para os dois lados. Assim sendo, recomenda-se que antes de iniciar uma negociação, reflita-se sobre as seguintes questões: a) E se não houver acordo, qual a saída? b) Qual o máximo que desejo obter? E o mínimo? c) Estamos atingindo o foco principal na negociação (maior valor no menor prazo e ainda manter o cliente)? d) Conseguimos atingir o acordo ideal? e) O acordo ficou dentro das políticas de cobrança estabelecidas? f) Conseguimos receber no maior valor e no menor prazo – Dentro das reais condições de pagamento do inadimplente/cliente? Este é somente um exemplo de como os contos, as fábulas as histórias infantis, também podem nos ajudar com suas lições, o que não significa dizer que a gestão de uma empresa deva ser como um conto de fadas. Exemplo do que digo é o velho e tão conhecido trecho de “Alice no país das maravilhas”, em que estando perdida recebeu a seguinte resposta do gato: “Se você não sabe para onde ir, qualquer lugar serve”. Se, porém, você tiver objetivos claros, isso fará com que não perca o foco em sua negociação para obter o que necessita. Estabelecendo suas metas antes da negociação, ao final dela, você poderá se avaliar. Alcançando seu objetivo, seja ele o máximo, o mínimo ou o valor que lhe agrade, você será um vencedor. Lembre-se: normalmente ganha quem estiver mais bem preparado. Aqui está um roteiro para uma negociação civilizada e satisfatória. 1. Prepare-se para o contato. Lembrando o que você fará caso não haja acordo. 2. Lembre-se você estará negociando com diferentes perfis de inadimplentes e vale lembrar alguns: O chorão – Esse você reconhece quando pergunta se está tudo bem! Reclama, reclama e reclama, está sempre doente, sempre morre alguém da família algumas vezes mata a mãe duas vezes. No momento da cobrança você não deve envolver-se no cenário negativo e sempre retomar ao seu objetivo. Simplesmente pergunte: – E o nosso débito como será resolvido? O especializado – esse é de conhecimento de todos, a não ser pelo momento da matrícula, ocasião em que surpreendeu pois pagou em dinheiro, já que não tinha mais nem talão de cheque ou cartão de créditos. Neste caso, procure profissional com linguagem jurídica ou com muita experiência e acredite as chances de receber deste perfil é quase nula! O negociador – aquele que se apresenta com uma calculadora HP12c na mão no momento da negociação e se você não estiver preparado com planilhas, cálculos e autonomia o resultado é que você irá receber no menor valor e no maior prazo. O ocasional – aquele que nunca fez parte da lista de inadimplentes, mas que devido algum motivo deixou de pagar a mensalidade, este deve ser cobrado de maneira natural sem muita pressão, mas devemos cobrá-lo para não acostumar. O nervosinho – aquele que chega quebrando tudo, principalmente quando recebe uma carta de aviso do SCPC. Atenda com calma e deixe falar, jamais cometa o erro de perguntar: O senhor está nervoso? O senhor está com algum problema? O político ou sedutor – aquele que sempre dá um presentinho ou é “amigo” de todo mundo. Postura firme e profissionalismo são palavras chaves na hora de negociar com este perfil 1. Treine o pessoal envolvido na cobrança nas técnicas adequadas. 2. Sempre faça o primeiro contato por telefone. Evite enviar cartinhas, principalmente àquelas que no seu rodapé contenham "se já tiver efetuado o pagamento, desconsiderar esta mensagem". 3. Ao ser atendido, seja firme, informando que deseja o pagamento da dívida. 4. Negocie um acordo, dentro de seus limites e condições pré-estabelecidos. 5. Se não houver acordo, não ameace. Obtenha um não definitivo. 6. Passe para o plano B. Longe de querer causar qualquer constrangimento ou até mesmo rotular ou este ou aquele inadimplente, procurou-se aqui passar de uma maneira amena, as formas como estas pessoas comumente se apresentam, agem e reagem ao processo de cobrança. Por isso é essencial o seu planejamento para que este tipo de ação não chegue a culminar em algo prejudicial no relacionamento com seus clientes. DÚVIDAS? Procure Uma Unidade Acerplan Mais Próxima! Campinas – Salvador – Belém – Fortaleza – Vitória - Natal – Recife – São Paulo Lapa – São Paulo Santana www.acerplan.com.br [email protected]