AVALIAÇÃO DO USO DE FITOTERÁPICOS POR PACIENTES ASSISTIDOS EM POSTOS DE SAÚDE DE TUBARÃO-SC Ciências Médicas e da Saúde ANSELMO FM; SCHMITT G; CAVALCANTE AJSA; PETERS RR; PUIC, Universidade do Sul de Santa Catarina, curso Medicina, campus de Tubarão. Resultados Gráfico 2 - Utilização entre os que conhecem fitoterápicos Gráfico 1 - Conhecimento acerca de Fitoterápicos Introdução 300 De acordo com o Ministério da Saúde, medicamento fitoterápico é aquele medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.(1) Segundo relata Roberto Adrianete, em seu artigo na Revista Brasileira de Psiquiatria, houve um aumento na comercialização de fitoterápicos para os transtornos mentais (2). Ballone GJ relata o uso de Hypericum perforatum como antidepressivo leve-moderado e Valeriana officinalis como ansiolítico e indutor do sono (3). Ronald Brenner, professor de Psiquiatria do Clinical Psyquiatry State of New York, relata estudo multicêntrico na Alemanha (realizado por Vorback E. U. et al) comparando imipramina com extrato de Hipérico mostrando que este tem uma eficácia similar e menos efeitos colaterais. Outro estudo "Comparison of Hypericum perforatum L. Extract LI 160 (St. John's Wort) and sertraline in the treatment of depression" mostrou que não há diferença entre o tratamento com 75mg de sertralina e o LI160 com 900mg de extrato de Hipérico (4). Calixto refere que para se registrar um medicamento fitoterápico no Brasil tem que haver um estudo de eficácia clínica, toxicologia, controle de qualidade e estabilidade e que, na pratica usual brasileira, usa-se quase sempre ervas frescas moídas com pouco ou nenhum estudo científico sem controle de qualidade adequado do produto não chegando este a ser um medicamento fitoterápico (5). Estudos mostram que Valeriana officinalis tem propriedades sedativas comprovadas em ensaios clínicos controlados com placebo (6),(7) e também que a camomila, Matricaria recutita, e o maracujá, Passiflora incarnata, estão entre os produtos naturais considerados sedativos (7). Objetivos Caracterizar o perfil de utilização de medicamentos fitoterápicos em postos de saúde de Tubarão - SC. Metodologia Estudo observacional com delineamento transversal. Foram entrevistados, através de um questionário, indivíduos que utilizam os serviços disponibilizados pelos postos de saúde de Tubarão – SC. Todas as pessoas que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, com idade mínima de 18 anos, foram incluídas no trabalho. Foram excluídas todas as pessoas que não quiseram participar do trabalho, assim como aquelas que preencheram erradamente o questionário. Foram avaliadas variáveis como: gênero, idade, conhecimento acerca do medicamento fitoterápico, utilização de tal medicamento, tipo e sua forma de apresentação, qual sintoma ou doença o fez utilizar o medicamento, quem o indicou, e resultados mediante o uso, o motivo da não utilização, se utilizaria caso fosse prescrito por um médico e conhecimento sobre disponibilização dessa classe no SUS. Apoio Financeiro: Unisul 244 250 183 200 Conhecem 150 Não conhecem Total 100 183 200 150 132 Utilizaram 100 Não utilizaram 50 50 0 0 1 1 Gráfico 7 - Satisfação pelo uso Gráfico 4 - Indicação do fitoterápico 131 140 160 136 140 120 120 Médico 100 Familiar 80 Vizinho 60 Outros 40 Total 51 61 43 29 40 24 Total 112 100 Satisfatório 80 Insatisfatório 60 40 20 20 0 0 Total 19 1 1 Conclusões Do total de participantes, 75% sabem o que é um medicamento fitoterápico, por conseguinte 25% responderam que desconhecem o que seja. Dentre os pacientes que sabem o que é fitoterápico, 72,13% utilizam ou já utilizaram um medicamento fitoterápico, em detrimento aos 27,87% dos participantes que conhecem, mas nunca utilizaram um medicamento desta classe. Ao todo, foram citados pelos participantes 47 nomes comerciais ou formulações diferentes em 222 citações gerais e que xaropes e cápsulas são os meios mais utilizados de administração desses medicamentos. Os sintomas mais mencionados para os quais os fitoterápicos foram indicados são sintomas dispépticos e tosse (12,16% cada) e calmantes (8,46%). A grande maioria dos participantes (84,85%) refere como satisfatório o resultado obtido com o tratamento fitoterápico, apesar que esse número diminuiu (74,24% responderam que utilizariam) quando foi perguntado se utilizaria novamente o medicamento caso o sintoma ressurgisse. A principal razão pela não utilização dos medicamentos fitoterápicos (58,82%) foi a não necessidade de utilização deles. Das pessoas que conhecem o que é um medicamento fitoterápico, mas nunca os utilizou 92,16% responderam que utilizariam este medicamento caso um médico os prescrevesse. Bibliografia (1) Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Disponível em: http://e-legis.anvisa.gov.br/leisr. php?id=10230. (2) Andreatini R. Uso de fitoterápicos em psiquiatria. Revista Brasileira de Psiquiatria. 22ºvol. nº. 3. São Paulo. Setembro 2000. (3) Ballone GJ. Fitoterápicos. 2005. Disponível em: www.psiqweb.med.br (4) Brenner R. Jarsin: antidepressant efectivenes of LI-160. www.psiquiatrianet/tratamento/fitoterap_03.htm (5) Calixto JB. P&D dos fitoterápicos e a singularidade dos extratos. www.psiquiatrianet/tratamento/fitoterap_04.htm (6) Poyares D e cols. Hipnoindutores e insônia. Revista Brasileira de Psiquiatria. 27ºvol. suppl.1. São Paulo. Maio 2005. (7) Soares CN. Insônia na menopausa e perimenopausa _ características clínicas e opções terapêuticas. Revista Psiquiatria Clínica. nº. 33. p. 103-109. 2006.