Avaliação da Qualidade de Chás Medicinais e Aromáticos Comercializados em Tubarão – SC, Ciências da Saúde, Farmácia. BECHTOLD, Tiago Michels*; MÜLLER, Simony Davet** * Acadêmico do Curso de Farmácia, bolsista do programa PUIC individual. ** Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora do Curso de Farmácia. Introdução Dos 52 estabelecimentos farmacêuticos do município de Tubarão participantes da pesquisa, todos comercializam chás medicinais. Sendo que foram encontrados chás de 10 laboratórios e uma variedade de 26 espécies diferentes. Dos 52 entrevistados, 26 (50%) eram farmacêuticos, 17 (33%) proprietário da farmácia e 9 (17%) funcionários (figura 1). Figura 2: Critérios utilizados para garantir a qualidade dos chás comercializados. Figura 1: Profissão do entrevistado 10% 17% 8% Figura 3: Chá é um alimento, remédio ou medicamento. 6% 10% 50% 46% 33% 82% FARMACÊUTICO PROPRIETÁRIO FUNCIONÁRIO Número de Farmácias Desde as mais antigas civilizações as plantas são utilizadas como fitoterápicos, pode-se dizer que trata-se de uma das primeiras manifestações do homem para compreender a natureza (CARVALHO, 2004). O interesse pela fitoterapia diminuiu com o avanço da indústria farmacêutica, que influenciou a formação dos profissionais e os costumes da população (MATOS, 1994). Depois do grande avanço dos produtos sintéticos, a procura por novidades trouxe uma revalorização da natureza, e com ela, a procura de terapias à base de plantas medicinais (SIMÕES, 1989). Esta tem sido amplamente divulgada, apresentando as plantas como milagrosas e totalmente isenta de efeitos colaterais (BATISTIC et al, 1989). Este fato, além de risco para população, representa também uma grande facilidade para se produzir e vender produtos sem preocupação com a garantia da espécie e sua qualidade. De acordo com Schenkel et al (1991), da mesma forma que os demais medicamentos, a qualidade dos fitoterápicos deve ser analisada no que se refere ás suas características físicas e químicas, bem como sua estabilidade. A questão da qualidade dos fitoterápicos merece atenção mesmo em sua produção caseira. Segundo Calixto (1995), com o avanço industrial nesta área que vem ganhando mercado e movimentando muito capital, torna-se imprescindível, a adoção de critérios rigorosos de produção. Esta preocupação é clara nas determinações da RDC nº 48 de 16 de março de 2004, conforme normas da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA) que tenta organizar a comercialização dos fitoterápicos (BRASIL, 2004). Resultados Parciais 47 46 46 38% REGISTRO MINISTÉRIO DA SÚDE REGISTRO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA OUTRO MEDICAMENTO REMÉDIO ALIMENTO OUTRO Figura 4: Espécies encontradas por número de farmácias 43 43 41 37 33 32 31 30 26 25 23 23 22 16 16 16 15 14 11 7 5 4 1 8 Objetivos O trabalho tem por objetivo realizar um levantamento dos chás medicinais mais comercializados em Tubarão - SC, adquirir amostras para avaliar a qualidade destes chás através de testes de controle de qualidade possíveis de serem aplicados em pequenos laboratórios (identificação, pureza, qualificação), verificando a presença ou ausência de algum controle de qualidade nestes produtos. Metodologia No presente trabalho foram visitadas 52 farmácias do município de Tubarão – SC, onde foi efetuado um levantamento dos chás mais comercializadas e seus fabricantes. Além de dados constantes nas embalagens das espécies citadas, como as mais procuradas pela população e a opinião dos entrevistados sobre controle de qualidade. Após esta primeira etapa, foi efetuado um contato com as indústrias de fitoterápicos com o objetivo de aquisição das amostras necessárias para a realização da parte laboratorial da pesquisa, através de doação. Em seguida as amostras foram avaliadas e serão submetidas à pesquisa laboratorial. A metodologia a ser empregada na avaliação da qualidade das amostras em estudo foi escolhida de forma que não se necessite da utilização de reagentes e equipamentos muito sofisticados, empregando-se técnicas mais comuns, de forma que pequenas indústrias e laboratórios possam ter igualmente plenas condições de realizá-las. Os testes que serão realizados serão os seguintes: •Caracterização do vegetal •Pesquisa qualitativa dos componentes •Pesquisa de impurezas Após a realização das análises que avaliarão a qualidade das amostras em estudo, os dados coletados serão analisados estatisticamente e os resultados divulgados em forma de gráficos. Segundo a opinião dos entrevistados sobre o principal critério utilizado para garantir a qualidade dos chás comercializados, a maioria respondeu que é o registro no ministério da saúde (figura 2). Sendo registrado no Ministério da Saúde acredita-se que o produto tenha uma qualidade superior devido a inspeção dos órgãos sanitários. Quando entrevistados em relação a procura dos chás pela população, os participantes, responderam que: (46%) consideram os chás medicamento, (38%) remédio, (10%) alimento, 6% possuem outras opiniões (figura 3). Houve uma grande variedade de gêneros de plantas comercializadas na forma de chás nos estabelecimentos, dentre estas, temos algumas que se destacam (figura 4). Com a continuidade da pesquisa será possível obter dados sobre a qualidade da matéria prima vegetal utilizada na produção dos chás. Conclusões O presente trabalho demonstrou até o momento, que a maioria dos entrevistados são profissionais farmacêuticos e que todos os estabelecimentos farmacêuticos participantes comercializam chás medicinais. Sendo os mais comercializados do gênero Camomila, Camélia (chá verde) e Sene, visto que são comercializados chás de diversos laboratórios e de uma grande variedade de gêneros e espécies vegetais. De acordo com a pesquisa, a maioria dos chás comercializados possuem registro no ministério da saúde. Através das entrevistas, também foi possível observar que o chá é uma das formas de utilização da plantas pela população, sendo a maioria para fins de remédio e medicamento. Portanto, estes produtos devem ser comercializados de acordo com as exigências legais para fitoterápicos, assim como o fazem para qualquer medicamento. Bibliografia BATISTIC, M. A. et al. Verificação da qualidade e identidade de chás medicinais. Revista Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 45 – 49, 1989. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 18 mar. 2004. CALIXTO, J. B. Natureza em cápsulas. Ciência Hoje, São Paulo, n. 115, p. 73, nov. 1995. CARVALHO, José Carlos Tavares; Fitoterápicos antiinflamatórios: aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto SP, Tecmedd, 2004. MATOS, F. A. Proposta de validação farmacognóstica de drogas vegetais, plantas medicinais e fitoterápicos. Infarma, Brasília, v. 3, p. 9 – 14, 1994. SCHENKEL, E. P. et al. As plantas medicinais, os chás e os fitoterápicos. In Cuidados com os medicamentos. Porto Alegre, Saga/De Luzzatta, Universidade Federal Do Rio Grande do Sul, 1991, p. 103-106. SIMÕES, C. M. O. et al. Plantas da medicina popular do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, UFRGS, 1989. Apoio Financeiro: UNISUL