Seminário sobre Propaganda e Uso Racional de Medicamentos Regional Norte/Centro Oeste Belém, março de 2006. Seminário sobre Propaganda e Uso Racional de Medicamentos Regional Norte/Centro Oeste Belém, março de 2006. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA Lenita Wannmacher Professora de Farmacologia Clínica da Universidade de Passo Fundo, RS Membro Efetivo do Comitê de Especialistas sobre Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais da Organização Mundial da Saúde, Genebra, 2005-2009 ISENÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES Declaro total ausência de conflito de interesses sobre o tema a ser exposto. 1990 FERRAMENTA DE MUDANÇA PARADIGMA DAS CONDUTAS BASEADAS EM EVIDÊNCIAS CONCEITO DE MBE “Uso consciente, explícito e judicioso da melhor evidência disponível para a tomada de decisão sobre o cuidado de pacientes individuais.” David L. Sackett, 2000 ETAPAS PARA SE APROPRIAR DO PARADIGMA Converter as necessidades de informação em questões respondíveis Capturar a melhor informação disponível Avaliar criticamente esta informação (validade e utilidade) Incorporar a evidência à prática Avaliar os resultados da decisão tomada HABILIDADES PARA CAPTURA DA EVIDÊNCIA BMJlearning_Hosdoc HABILIDADES PARA CAPTURA DA EVIDÊNCIA Fazer adequada questão sobre o problema a ser solucionado. Treinar o raciocínio no aprendizado de solução de problemas. Tornar a busca o mais seletiva possível (“Limites” na Medline). Minimizar o tempo de procura. Procurar fontes que apliquem esse paradigma. Valorizar informação com resultados factíveis na realidade vigente. Valorizar informação capaz mudar significativamente a prática clínica. Gruppen LD, Rana GK, Arndt TS. A controlled comparison study of the efficacy of training medical students in evidence-based medicine literature searching skills. Acad Med 2005; 80 (10): 940-944. TREINAMENTO PARA INTERPRETAÇÃO CRÍTICA DA INFORMAÇÃO (VALIDADE E UTILIDADE) Escolha do veículo da publicação científica, leitura do título do estudo e da isenção de conflito de interesse dos autores Escolha da tipologia dos estudos farmacológico-clínicos ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO Comparação entre diferentes estratégias Tratar X Não tratar Medicamento X Placebo Medicamento novo X Medicamento usual ANÁLISE DA QUALIDADE METODOLÓGICA DA INVESTIGAÇÃO Número de participantes Duração do estudo Medida dos desfechos Análise estatística dos resultados Relevância clínica dos achados Desfechos de interesse (primordiais versus substitutos) DESFECHOS DOS ESTUDOS Primordiais Desenlace (Mortalidade) Doença (Morbidade) Desconforto Deficiência Funcional Descontentamento Despesa (Custo) Substitutos Dados Laboratoriais (bioquímicos, microbiológicos, radiológicos etc.) Medidas Clínicas (peso, pressão arterial, índice de massa corporal etc.) Escalas NÍVEIS DOS ESTUDOS QUE FUNDAMENTAM RECOMENDAÇÕES DE CONDUTA I. revisão sistemática; metanálise; ECR II. ECR com menor correção metodológica III. estudo quase-experimental com controles contemporâneos IV. estudo quase-experimental com controles históricos; estudo de coorte V. estudo de casos e controles VI. série de casos HIERARQUIZAÇÃO DE GRAUS DE RECOMENDAÇÃO A. pelo menos um estudo de nível I B. pelo menos um estudo de nível II C. pelo menos um estudo de nível III ou dois de níveis IV ou V D. recomendações de especialistas INCORPORAÇÃO DA EVIDÊNCIA À PRÁTICA Grau A de recomendação A adoção da conduta preconizada é obrigatória; é não-ético desconhecê-la ou não a adotar. Grau D de recomendação (especialistas, consensos, diretrizes, simpósios-satélites em congressos) Apenas sugere conduta, não há comparação, nem capacidade de generalização. Geralmente há nítida permeação da indústria farmacêutica. “Conhecer não é suficiente; é preciso aplicar." Goethe DIRETRIZES INTERNACIONAIS 215 diretrizes sobre medicamentos (US National Guideline Clearinghouse 2004) 45% sem referência a conflito de interesse 31 livres da influência da indústria farmacêutica (I F) Taylor R, Giles J. Cash interests taint drug advice. Nature 2005; 437: 1070-1071. INCORPORAÇÃO DA EVIDÊNCIA À PRÁTICA DESAFIO AOS DEUSES DO LUCRO DA IGNORÂNCIA DA PREPOTÊNCIA DA NEGLIGÊNCIA PROFISSIONAL Corrigan PW, Steiner L, McCracken SG, Blaser B, Barr M. Strategies for Disseminating Evidence-Based Practices to Staff Who Treat People With Serious Mental Illness. Psychiatr Serv 2001; 52: 15981606. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA DECISÃO TOMADA CONDIÇÃO INVESTIGACIONAL CONDIÇÃO DE USO REAL Populações homogêneas Populações heterogêneas Doença única Comorbidade Monoterapia Politerapia Período de pesquisa curto Duração variável de uso Amostra População REPERCUSSÃO MUNDIAL Os que acreditam Os que contestam Os que acreditam, mas não incorporam à sua prática Os que empregam na prática médica AMIGOS E INIMIGOS DA MBE Prós Movimento de reforma na medicina Melhoria do trabalho desenvolvido com pacientes individuais Evidência versus ideologia Tomadas de decisão mais racionais na política de medicamentos Pesquisas voltadas à solução de problemas Brody H, Miller FG, Bogdan-Lovis E. Evidence-Based Medicine watching out for its friends. Perspectives in Biology and Medicine 2005; 48 (40):570-584. AMIGOS E INIMIGOS DA MBE Contras Mudança de poder, especialmente na Academia Deslocamento do foco da medicina - do humanismo à estatística Hierarquia da evidência: aceitação irrestrita dos ECRs e rejeição de outras formas de evidência Influência comercial como viés da evidência Brody H, Miller FG, Bogdan-Lovis E. Evidence-Based Medicine watching out for its friends. Perspectives in Biology and Medicine 2005; 48 (40):570-584. Bluhm R. From Hierarchy to Network: a richer view of evidence for evidence-based medicine. Perspectives in Biology and Medicine 2005; 48 (4): 535-547. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS APLICAÇÕES NO ENSINO MÉDICO Ensinar ao aluno a lidar com a incerteza. não se envergonhar de admitir a ignorância. não acreditar piamente nas publicações médicas. ler criticamente a informação e aplicar a que se evidencia como útil. não acreditar na infalibilidade e no poder exagerado da medicina moderna. aprender como aprender. basear suas condutas em evidências. valorizar o paciente em primeiro lugar. NA RESIDÊNCIA MÉDICA Programa de Residência em Medicina de Família Autoavaliação (questionário validado) Experiência positiva Aprendizado de habilidades práticas para captura da evidência Aquisição de maior confiança no processo de tomada de decisão Capacitação para escrever protocolos clínicos Melhora da qualidade de atendimento a pacientes Melhor compreensão de políticas de saúde Kahan NR, Fogelman Y, Waitman D-A, Kahan E, Bar-Yochai A, Meidan A, MD, Kitai E. Teaching Evidence-based Medicine in a Managed Care Setting: From Didactic Exercise to Pharmacopolicy Development Tool. Am J Manag Care 2005; 11: 570-572. NA PRÁTICA ASSISTENCIAL MÉDICA Tornar claro o que é mais eficaz e eficiente. Incentivar o conhecimento contemporâneo de iniciativas capazes de mudar a prática médica. Acreditar que mudança de comportamento é possível. Identificar fatores facilitadores e dificultadores para mudanças. Lidar com a incerteza e comunicar ao paciente CONSEQÜÊNCIAS NA PRÁTICA MÉDICA Redução de inaceitável variabilidade na prática clínica Melhora nos desfechos dos pacientes Tomada de decisão clínica mais racional CONSEQÜÊNCIAS NAS TOMADAS DE DECISÃO GERENCIAIS Decisões empíricas versus decisões racionais Decisões casuísticas versus decisões com critérios a priori Otimização dos recursos disponíveis Aumento da qualidade na tomada de decisão Goodman KW. Ethics, Evidence, and Public Policy. Perspectives in Biology and Medicine 2005 48 (4): 548-556. HARLOT plc AMÁLGAMA DAS DUAS MAIS ANTIGAS PROFISSÕES How to Achieve positive Results without actually Lying to Overcome the Truth Companhia especializada em: garantir resultados positivos para fabricantes de medicamentos e equipamentos que não querem submeter-se aos riscos de uma ciência desapaixonada. estimular profissionais a aumentar a demanda de procedimentos diagnósticos e tratamentos desnecessários e de testes de triagem em desuso. incentivar serviços de saúde a implementar políticas irracionais que atendam a interesses próprios. Sackett DL, Oxman AD, on behalf of HARLOT plc. HARLOT plc: an amalgamation of the world’s two oldest professions. BMJ 2003; 327: 1442-1445. HARLOT plc AMÁLGAMA DAS DUAS MAIS ANTIGAS PROFISSÕES Sackett DL, Oxman AD, on behalf of HARLOT plc. HARLOT plc: an amalgamation of the world’s two oldest professions. BMJ 2003; 327: 1442-1445. A surrealistic mega-analysis of redisorganization theories Oxman AD, Sackett DL, Chalmers I, Prtescott TE. A surrealistic mega-analysis of redisorganization theories. J R Soc Med 2005; 98: 563-568. “Descobrimos muitas razões para repetidas reorganizações: a mais comum sendo nenhuma boa razão”. MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS Obrigada pela atenção ! Lenita Wannmacher