Medicina baseada em evidência: atualização dos estudos clínicos DES Jamil Abdalla Saad Hospitais Felício Rocho / Socor / IHB Mesa-redonda: Módulo Stents Farmacológicos V Simpósio de Intervenção Percutânea para o clínico – BH MG 07 de abril de 2006 MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIAS “Uso consciencioso, explícito e judicioso da melhor evidência disponível para a tomada de decisões sobre pacientes individuais” Origem filosófica: França, século XIX l EVIDENCE-BASED MEDICINE: termo cunhado na década de 80 na Universidade de McMaster, no Canadá O que é Medicina Baseada em Evidências ? A prática de MBE requer a integração entre: l l O conhecimento clínico de cada médico (habilidade individual) e A melhor evidência clínica externa disponível (ECR, MA, RS) O que é Medicina Baseada em Evidências ? 3 Bons médicos utilizam ambos, seu conhecimento clínico e a melhor evidência científica disponível pois, isoladamente, nenhum dos dois é suficiente l l Sem o primeiro pode haver dificuldades na identificação do paciente ideal para a melhor evidência disponível Sem o segundo corre-se o risco de praticar uma medicina inadequada, com sérios prejuízos para a saúde dos pacientes Estudo Clínico Randomizado (ECR) Desfechos Expostos à intervenção População R Amostra Alocação ao acaso Ambos os sexos Todas as idades Critérios amplos de inclusão Co-morbidades ECR (condições ideais) -Primários -Secundários Ou grupo experimental TEMPO Não-expostos à intervenção Ou grupo controle Desfechos -Primários -Secundários Amostra de tamanho adequado Condição cega Seguimento completo Sem perda substancial de pacientes Crossover mínimo Análise segundo o princípio intenção de tratar Outros tratamentos similares Critérios rígidos p/ interrupção do estudo ESTUDOS OBSERVACIONAIS Coorte Desfecho 1 Exposição (incidência) Curso natural Formação dos grupos por observação da exposição 2 Exposição Caráter retrospectivo TEMPO Desfecho Formação dos grupos pela constatação da presença ou não do desfecho CasoControle (associação) Exposição 3 Formação dos grupos por observação simultânea de exposição e desfecho Desfecho Transversal (prevalência) A Hierarquia das Evidências Vieses _ + Seleção Aferição Confusão Intervenção Seguimento Análise Interpretaçã o Publicação Revisões sistemáticas Metanálises Estudos randomizados MBE Estudos de coorte Estudos de casos e controles Estudos transversais (prevalência) Estudos ecológicos Estudos de séries de casos Estudos in vitro - Pesquisas em animais Experiência pessoal Avaliação de Nova Intervenção Terapêutica Medicina Baseada em Evidências • É SEGURA ? Efeitos colaterais aceitáveis ? • É EFICAZ ? Benefícios > riscos (condições • É EFETIVA ? ótimas) ? Benefícios > riscos (mundo real) ? • É EFICIENTE ? Custo aceitável ? (Custo-efetiva) Stents farmacológicos Dispositivo multi-facetado: sucesso vs. falha Plataforma Carreador Agente ativo Sistema de liberação Polimérico vs. não polimérico Farmacodinâmica Design Material Preparo de superfície Degradável vs. não degradável Farmacocinética Dose Não Sim SUCESSO TERAPÊUTICO S Si irol ro i lim mu s R Si us RE AV ro lim S EL E Ev er us D AR C ol im IAB H us ET FU ES SP TU Pa IR RE cl I T I i Si tax F IR el ro S Ev lim EL T er us UT ol im C- ES us SIR Si FU IUS ro TU R Si lim us E I ro lim SI I Bi ol us E RIU im S u -SI Pa s S RIU S Pa cli T E cl tax AL ita el TH xe l T ASP I AX EC P T U Pa acl cl ita S II ita xe xe l P M R l I Pa TAX SCE cl S U i Pa tax S II e cl ita l TA SR xe XU P a D ex clit l TA S I am ax X et el US ha TA IV X s Pa one US cl ita ST VI xe RI D AB Est l TA E T- rad XU NO 57 iol S 8 do EN EAS V na TE D Ta tor EAV R cr NO OR ol im BL II E u P a s P SSE Ba cli RE I ti m tax SE N a s el DE T I Ac tat LI B tin V om RIL ER L yc IA M in N yc op Co AC T I he T n no tro IO N l li c a c poo le id IM d PA CT MBE aplicada aos stents farmacológicos Evidências – eficácia (IS late loss) 1.00 Bare stent 0.50 0.00 MACE-Free Rate in Drug-Eluting Stent Trials drug eluting stent 100 97 96 92 89 89 86 85 82 77 80 90 89 85 76 control 80 77 84 79 75 64 RI US ESI RI US C -S IR IU D S IA BE TE S TA XU S I TA XU S II TA XU S IV TA XU S V TA XU S VI SI R AV E L 60 1095d 720d 270d 270d 270d 720d 720d 365d 270d 270d 77 Desfechos clínicos ou substitutos? Silber S. JIC 2005;18:441-446 E C R – “ Score de Silber ” CYPHER X TAXUS - TLR n PES % SES % p ISAR Desire 100 – 100 100 19 8 0,02 TAXI 102 – 100 1 3 NS ISAR Diabetes 125 – 125 12 6,4 NS SIRTAX 503 – 502 8,3 4,8 0,02 REALITY 684 - 669 5,4 5,0 NS CYPHER X TAXUS - TLR n PES % SES % p Silber Score ISAR Desire 100 – 100 100 19 8 0,02 4 bi TAXI 102 – 100 1 3 NS 5 uni ISAR Diabetes 125 – 125 12 6,4 NS 4 bi SIRTAX 503 – 502 8,3 4,8 0,02 6 bi REALITY 684 - 669 5,4 5,0 NS 4 mult ERRO Beta : Falso Negativo Gregg Stone = CRF ; tctmd.com Avaliação de Nova Intervenção Terapêutica Medicina Baseada em Evidências • É SEGURA ? Efeitos colaterais aceitáveis ? • É EFICAZ ? Benefícios > riscos (condições • É EFETIVA ? ótimas) ? Benefícios > riscos (mundo real) ? • É EFICIENTE ? Custo aceitável ? (Custo-efetiva) Moreno et al. JACC 2005; 45:954-9 Total 0.6% vs. 0.5% Late (>1m) 0.2% vs. 0.3% Stent thrombosis Avaliação de Nova Intervenção Terapêutica Medicina Baseada em Evidências • É SEGURA ? Efeitos colaterais aceitáveis ? • É EFICAZ ? Benefícios > riscos (condições • É EFETIVA ? ótimas) ? Benefícios > riscos (mundo real) ? • É EFICIENTE ? Custo aceitável ? (Custo-efetiva) “Mesmo um relógio parado está certo duas vezes por dia” • Provérbio polonês ERRO Alfa : Falso Positivo Oxford-Centre for Evidence Based Medicine (cont.) • MBE é o uso conscencioso, explícito e judicioso da melhor evidência atual do processo de decisão sobre o cuidado do paciente individual. • A prática da MBE integra a expertise clínica individual com a melhor evidência clínica externa derivada de pesquisa sistematizada. Sackett DL, Rosenberg WMC, Gray JAM, Haynes RB, Richardson WS British Medical Journal 1996; 312: 71-2 Oxford-Centre for Evidence Based Medicine (cont.) • Expertise clínica individual entendida como a proficiência e o julgamento que clínicos individuais adquirem através da experiência e prática clínicas. • A expertise clínica se reflete de várias maneiras, mas especialmente no diagnóstico mais eficaz e eficiente, assim como na identificação mais atenta e na utilização mais compassiva dos desejos, direitos e preferências do paciente individual no processo decisório sobre seu cuidado. Sackett DL, Rosenberg WMC, Gray JAM, Haynes RB, Richardson WS British Medical Journal 1996; 312: 71-2 Oxford-Centre for Evidence Based Medicine (cont.) • Melhor evidência clínica externa entendida como o resultado de pesquisa clinicamente relevante, com frequência derivada das ciências básicas, mas especialmente de pesquisa centrada no paciente que diz respeito à acurácia e precisão de testes diagnósticos (incluíndo exame físico), o valor de marcadores prognósticos, bem como a eficácia e a segurança de regimes preventivos, terapêuticos e de reabilitação. • Evidência clínica externa invalida tanto testes diagnósticos e tratamentos previamente aceitos e os substitui por novos que sejam mais eficientes, mais acurados e mais seguros. Sackett DL, Rosenberg WMC, Gray JAM, Haynes RB, Richardson WS British Medical Journal 1996; 312: 71-2 Oxford-Centre for Evidence Based Medicine (cont.) • Bons médicos usam tanto expertise clínica individual com a melhor evidência clínica externa, e, isoladamente, nenhuma é suficiente. • Sem a expertise clínica, arrisca-se a tiranizar a prática pela evidência, pois mesmo a evidência externa excelente pode ser inaplicável ou inapropriada para o paciente individual. • Sem o melhor da evidência atual, arrisca-se a tornar a prática rapidamente desatualizada, em detrimento do paciente. Sackett DL, Rosenberg WMC, Gray JAM, Haynes RB, Richardson WS British Medical Journal 1996; 312: 71-2 Oxford-Centre for Evidence Based Medicine (cont.) What evidence based medicine is not… • Evidence-based medicine is not "cook-book" medicine. • Evidence-based medicine is not restricted to randomised trials and meta-analyses. • Evidence-based medicine is not cost-cutting medicine. Sackett DL, Rosenberg WMC, Gray JAM, Haynes RB, Richardson WS British Medical Journal 1996; 312: 71-2 MBE aplicada aos stents farmacológicos Dois componentes • As evidências… • A expertise clínica… ACTION trial Survival free of repeat target site revascularization Control (n = 104) ACT-D 2.5 μg/cm2 (n = 120) p < 0.05 (Wilcoxon and log-rank tests) Act-D 10 μg/cm2 (n = 119) Metanalysis TAXUS trials Integrated TAXUS II, IV, V, VI trials; n=3445 Freedom from TLR 100% 90% Taxus 80% Control 100 300 500 Days since index procedure 700 Odds Ratio for TLR by Subgroup at 9 mo. (Integrated SES trials; n=2074) 9-Month Single-digit MACE Sirolimus Control 6.4 19.4 Overall 19.4 Male 6.6 19.4 Female 5.8 8.9 26.2 Diabetes 5.6 17.0 No Diabetes 7.1 20.9 LAD 5.8 18.3 Non LAD Small Vessel (<3mm) 7.2 20.4 Large Vessel (≥3mm) 4.2 17.1 Long Lesion (>13.5mm) 9.7 21.3 Short Lesion(≤13.5mm) 4.2 18.1 Overlap 6.5 26.1 No Overlap 6.8 16.8 Prior MI 8.7 19.3 No Prior MI 5.4 19.6 Elderly (>75yrs) 8.8 21.8 NonElderly (≤75yrs) 6.0 19.1 Odds Ratio 95% CI 0 # Events Prevented Per P-Values 1,000 Patients <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001 0.0019 <0.0001 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 130 128 136 173 114 139 125 129 117 117 139 195 100 106 142 131 131 1,1 SOURCE: Integrated analysis of SIRIUS, New SIRIUS, DIRECT, SVELTE, RAVEL Trials. RESEARCH registry registry––de denovo novo RESEARCH Cumulative incidence of clinically driven TVR* Cumulative proportion at risk (%) 12 Pre-SES 10.9 % Hazard ratio 0.35 (95% CI 0.21 – 0.57); p<0.001 10 8 6 SES 4 2 3.7 % 65 % risk reduction 0 0 3 6 Months *re*re-intervention of a significant stenosis (>50% DS) in the presence of angina and/or myocardial ischemia 9 12 Lemos et al. Circulation 2004 Bare stent vs. coronary surgery Death, non-fatal MI, stroke, or reintervention 25% 20% Stent 24% CABG 13% 15% 10% Adjusted HR* (95% CI) = 1.94 (1.61 – 2.34) 5% 0% 0 PCI 1518 CABG 1533 120 240 1327 1397 1198 1354 360 1156 1332 Mercado, Lemos, Serruys et al. JTCVS in press ARTS II trial Multivessel disease Randomized CABG 605 pts Bare stent 600 pts 1-y MACCE 12% Δ 14% 26% 3-y MACCE 17% Δ 17% 34% 5-y MACCE 22% Δ 20% 42% (NEJM 2001) (Circ. 2004) (ESC 2004) Matched Series SES stent 606 pts ? One-year event-free survival outcomes in the ARTS trials 30 ARTS II (n=607) ARTS I CABG (n=602) ARTS I PCI (n=600) 26.5 20 12.3 10 1.0 2.7 2.7 0.8 1.8 1.8 1.2 3.5 5.0 4.7 2.0 0.7 5.4 11.6 10.4 3.0 0 Death CVA MI CABG PCI MACCE Serruys P. American College of Cardiology 2005 Scientific Sessions; March 6-9, 2005; Orlando, FL. One-year event-free survival outcomes in the ARTS trials P<0.001 P=0.003 P=0.46 100% 90% 96.9% 95.9% 92.0% 90.7% 91.5% 89.5% 88.5% 78.1% 80% 73.7% 70% Survival free from MI or CVA ARTS II (n=607) Survival free from reintervention ARTS I CABG (n=602) Survival free from MACCE ARTS I PCI (n=600) Serruys P. American College of Cardiology 2005 Scientific Sessions; March 6-9, 2005; Orlando, FL. MBE aplicada aos stents farmacológicos Dois componentes • As evidências… • A expertise clínica… Van Domburg et al. EHJ 2005 Van Domburg et al. EHJ 2005 Limitations of Randomized Trials (i) unable to assess combined therapies (“one-goal” approach) (ii) unable to study multiple treatments in one trial (iii) unable to take historical data into account (iii) unable to adjust to change in practice during the course of long-term trials (vii) unable to adjust change scores for baseline levels (viii) less likely to include a broad representation of the pop. at risk (viii) unable to account for the "real world" or "conditions of usual practice" 1-Cleophas and Zwinderman. Clin Chem Lab Med. 2000; 38: 1217-23 2-D'Agostino and Kwan. Med Care. 1995; 33(4 Suppl):AS95-105 3-Concato et al. NEJM, 2000; 342:1887-1892 Randomized, Controlled Trials, Observational Studies, and the Hierarchy of Research Designs Observational Randomized Concato et al. NEJM, 2000; 342:1887-1892 A Comparison of Observational Studies and Randomized, Controlled Trials Benson & Hartz. NEJM, 2000; 342:1878 A Comparison of Observational Studies and Randomized, Controlled Trials Benson & Hartz. NEJM, 2000; 342:1878 “Our results challenge the current consensus about a hierarchy of study designs in clinical research... The popular belief that only randomized, controlled trials produce trustworthy results and that all observational studies are misleading does a disservice to patient care, clinical investigation, and the education of health care professionals.” (Concato et al. NEJM, 2000; 342:1887) Drug-Eluting Stents Incorporating the Evidences to Real Practice Current and projected penetration 100% US Europe Japan RoW 80% 60% 40% 20% 0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 DES have become clinical standard for percutaneous treatment of coronary artery stenoses Medicina baseada em evidência para stents farmacológicos Conclusões I • As evidências derivadas de ensaios experimentais e clínicos validam o “conceito” do stent farmacológico como um dispositivo anti-restenose viável, seguro e eficaz. • Até o momento, dois stents farmacológicos mostraram-se mais eficazes que stents convencionais. Na sequência, uma série de outros stents farmacológicos com potencial para uso clínico deverão ser validados em breve. Medicina baseada em evidência para stents farmacológicos Conclusões II • Uma pletora de stents “corretamente” formulados segundo o “conceito” stent+carreador+droga foram identificados como sem benefício clínico em ensaios formais (“evidências”). • É pouco provável que um “efeito de classe” abrangente venha a se aplicar stents farmacológicos. • “All animals are created equal but some animals are created more equal than others” (George Orwell). Medicina baseada em evidência para stents farmacológicos Conclusões III • Em resposta à “evidência” científica, e sob a chancela de experts com alto grau de qualificação técnica, os stents farmacológicos têm progressivamente sido incorporados à prática clínica diária da maioria dos laboratórios de cateterismo cardíaco Estudos Medicina randomizados Baseada Revisões sistemáticasPreferência do Evidência Paciente Em Científica Decisão Evidências Metanálises clínica Conhecimento Clínico Desfechos Relevantes Morbi-mortalidade MACE-free survival MACE-free survival after CABG and PCI according to pre-SES and SES era 20% pre-SES 15% SES 10% 13.8% 15.0% P=0.03 5% 0% 16.8% 18.6% 0 At risk pre-SES 1120 SES 1073 3m 6m 993 981 9m 12 m 931 925 15 months 912 409 Van Domburg et al. EHJ 2005 ePub Estudos Clínicos Randomizados e Metanálises: Limitações l l l l l l • Não-disponíveis ou realização não-ética em várias situações • Poucas informações quando se trata de etiologia, diagnóstico e prognóstico • Ensaios fornecem um valor médio de eficácia para um grupo de pacientes com características variáveis • Ensaios com resultados negativos com menor chance de serem publicados • Participantes dos ensaios não são representativos da população geral: mais saudáveis, mais jovens e mais cultos • Intervenções às vezes dependem de habilidade individual e da qualidade do serviço médico (difícil reprodução no “mundo real”)