XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
A ABORDAGEM DOS CONTEÚDOS DE BOTÂNICA A PARTIR DOS
PRESSUPOSTOS DO ENSINO MÉDIO INOVADOR
Maria Sarajane Farias Da Costa
Mariana Souza Gomes
Maria José Lima Da Silva
RESUMO:
A biologia como ciência, ao longo da história da humanidade, vem construindo
modelos que buscam explicar e compreender o fenômeno vida. Sabendo da importância
dessa disciplina, o professor deve buscar estratégias que despertem o interesse e
facilitem a aprendizagem dos conteúdos. Pesando nisso o presente trabalho traz um
relato de experiência didática com a utilização de estratégias metodológicas
diversificadas no ensino dos conteúdos de biologia, a partir dos pressupostos do Ensino
Médio Inovador. O objetivo deste trabalho consistiu em introduzir na escola pública
estratégias diversificadas, com o intuito de substituir a rigidez da metodologia
tradicional por aquelas que favorecem a dinamização da abordagem dos conteúdos de
botânica no 2° ano do Ensino Médio. As atividades foram realizadas pelos bolsistas do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), na escola Estadual
Dr. Elpídio de Almeida, em Campina Grande-PB. Após o reconhecimento do campo de
atuação, identificamos que nas escolas da rede pública existem aspectos relacionados
aos procedimentos didático-metodológicos da aula que limitam e/ou dificultam o
processo de ensino-aprendizagem. Uma das alternativas para a dinamização da
abordagem dos conteúdos de botânica nas aulas da rede pública de ensino consistiu da
utilização de atividades práticas laboratoriais e de recursos tecnológicos. Entendemos
que estes se constituem em estratégias metodológicas inovadoras, a partir dos
pressupostos do Ensino Médio Inovador, pelo fato de contribuírem para a aprendizagem
significativa e oferecer aos estudantes uma oportunidade de vivenciar os processos e
eventos biológicos por meio da contextualização e problematização. Por outro lado, a
utilização de ferramenta midiática e de aulas práticas laboratoriais, também demonstrou
ser uma importante ferramenta na superação da metodologia tradicional, tão
frequentemente adotada na escola pública.
Palavras-chave: Estratégias metodológicas; escola pública; ensino de botânica; Ensino
Médio Inovador; PIBID.
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1 INTRODUÇÃO:
A biologia como ciência, ao longo da história da humanidade, vem construindo
modelos que intencionam explicar e compreender o fenômeno vida. Sob o ponto de
vista da importância que a biologia assume na vida das pessoas, o professor deve buscar
estratégias que despertem o interesse e facilitem a aprendizagem dos estudantes acerca
dos conteúdos; sobretudo daqueles que se encontram diretamente relacionados com o
seu cotidiano.
Apesar dos constantes avanços da ciência e das tecnologias observa-se que o
ensino de Biologia e Ciências permanecem ainda, na maioria dos casos, restrito às aulas
expositivas. Uma vez que esse ensino trata de aspectos do nosso dia-a-dia, Suavé,
Goveia e Pereira (2010) sugerem que o conhecimento científico deva repercutir e
influenciar nas concepções previamente elaboradas pelos estudantes, promovendo assim
uma formação ampla do cidadão contemporâneo, apresentando-se a necessidade de
aplicar estratégias metodológicas que viabilizem a dinâmica das aulas e promovam a
busca autônoma pelo conhecimento.
Conforme Krasilchik (2004) a biologia pode se apresentar como uma das
disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou como uma das
disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes; dependendo do que for ensinado e de
como isso for feito. Com efeito, sabendo da grandeza dessa disciplina, Lepienski e
Pinho (2007) sugerem que o professor recorra a outras modalidades didáticas tais como:
instrumentos audiovisuais, ferramentas computacionais, práticas no laboratório e na sala
de aula, atividades de campo, programas de estudo por projetos e discussões; dentre
outras; na tentativa de envolver os alunos.
Nesse sentido, as inúmeras estratégias didáticas podem e devem compor o
ensino de biologia na tentativa de superar as metodologias tradicionais que inviabilizam
o significativo processo de ensino-aprendizagem. Para Campos e Nigro (1999) esse
processo terá significado se o professor aplicar idéias construtivistas, fazendo com que
os estudantes estejam em intensa atividade mental. Portanto, expor os conteúdos e
exigir dos estudantes a sua memorização não se caracteriza mais como uma forma
eficiente na atual sociedade do conhecimento, cabendo, ao professor, auxiliar o aprendiz
na busca e coordenação do que aprende dentro de um esquema conceitual mais amplo.
Uma das alternativas para a dinamização das aulas na rede pública seria a
utilização das atividades práticas laboratoriais e a utilização de recursos tecnológicos;
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uma vez que viabilizam a aprendizagem com significado e oferece aos estudantes uma
oportunidade de vivenciar processos e eventos biológicos por meio da contextualização
e da problematização. Para Leite, Silva e Vaz (2005) essas aulas ao serem
desenvolvidas no ambiente de laboratório podem despertar a curiosidade e,
consequentemente, o interesse do aluno; visto que a estrutura do mesmo pode facilitar,
entre outros fatores, a observação de fenômenos e conceitos estudados nas aulas
teóricas.
Faria Filho (2010) sugere que a massificação da escola remete a necessidade
urgente de sua democratização, ressaltando ainda mais as dificuldades nela existentes e
gerando um impacto na formação de professores. No entanto, programas ou currículos
inadequados têm promovido uma generalidade na comunidade escolar, pois tratam as
classes populares de forma homogênea, sem ressaltar as suas heterogeneidades como é
enfatizado por Esteban (2007).
Na tentativa de promover a valorização da escola pública foi elaborado o
programa do Ensino Médio Inovador (EMI, BRASIL, 2009), que busca viabilizar
medidas promissoras que contribuam para o progresso da qualidade do Ensino Médio
das escolas públicas. A proposta do EMI (BRASIL, 2009) se preocupa com o modismo
do sistema escolar, ao propor um currículo dinâmico direcionado para o
desenvolvimento de ações que visam a melhoria no ensino médio como: a superação
das desigualdades de oportunidades educacionais; universalização do acesso e
permanência do adolescente na escola, oferta de aprendizagem significativa, priorizando
a interlocução com as culturas juvenis.
Dessa forma o documento norteador das práticas do EMI orientam as escolas
no que diz respeito às novas formas de organização das disciplinas curriculares de
forma articulada por meio de atividades integradoras, a partir das relações existentes
entre os eixos formativos trabalho, ciência, tecnologia e cultura (BRASIL, 2009).
Nessa perspectiva é necessário que o currículo escolar oferte atividades de estudo com a
utilização de novas tecnologias de comunicação que viabilizem a aprendizagem
significativa, desenvolvendo os conhecimentos e habilidades associados a aspectos
comportamentais, que propiciem ao educando a capacidade de criar iniciativas
empreendedoras (BRASIL, 2009).
Visando melhorar a qualidade do Ensino Médio nas escolas públicas de
Campina Grande, a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em parceria com
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Governo do Estado implantaram o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID), com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES). A partir dessa associação o PIBID vem fortalecer a
ideia de um plano de ação pedagógica focada nas ações de fortalecimento e do
desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras.
O projeto de PIBID proposto pela UEPB contempla os pressupostos do EMI
com ênfase nas ações de fortalecimento da gestão dos sistemas de ensino médio e nas
que garantam sustentabilidade das unidades escolares (BRASIL, 2009). Em relação à
formação dos professores, o projeto contribui para a formação inicial dos bolsistas,
promovendo mudanças de compreensão dos futuros docentes sobre suas próprias
concepções acerca da praxis, como também auxiliar na formação continuada dos
professores colaboradores e supervisores.
A escola onde este trabalho foi realizado é credenciada no programa do Ensino
Médio Inovador (EMI), que está em fase de adaptação a essa nova forma de entender e
desenvolver o ensino. Tendo em vista que o EMI visa um currículo dinâmico,
participativo e contínuo, estimulando novas formas de organização das disciplinas
integradoras de modo articulado. Por outro lado, o EMI também visa o aperfeiçoamento
dos instrumentos didático-pedagógicos para a dinamização das aulas, com o material de
apoio às práticas e recursos tecnológicos compatíveis com as exigências do mundo
moderno (BRASIL, 2009).
Nessa perspectiva e, mediante as instruções contidas no documento Orientador
do Ensino Médio Inovador, o presente trabalho objetivou introduzir na escola pública
estratégias inovadoras; capazes de substituir a rigidez da metodologia tradicional por
uma mais flexível e adequada à dinamização da rotina da abordagem dos conteúdos de
botânica para estudantes da 2° ano. A sua importância reside no fato de evidenciar que é
possível desenvolver na escola pública estratégias didáticas diversificadas como
ferramentas disponíveis na promoção da aprendizagem significativa dos conteúdos.
2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Este trabalho foi desenvolvido com os estudantes da escola Estadual de Ensino
Médio Elpídio de Almeida (Prata), situada na Rua Duque de Caxias, 235, no bairro da
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Prata, Campina Grande-PB. As atividades foram propostas para dez alunos na turma da
2ª Série do Médio, no turno da tarde.
A pesquisa constituiu de quatro momentos. No primeiro momento foi
necessário fazer uma análise situacional da escola: conhecer as suas dependências,
levantar o material disponível para as práticas e, ao mesmo tempo, introduzir os
bolsistas na realidade da escola antes de intervir na sua realidade.
O segundo momento consistiu do planejamento das atividades, com o objetivo
de propor estratégias metodológicas inovadoras que se adequassem aos conteúdos
abordados em aula, com o intuito de promover a aprendizagem significativa. Para isso
foi levada em consideração as observações da etapa anterior e, mediante a análise do
contexto escolar, sinalizaram para a necessidade de introdução de atividades práticas
laboratoriais. Nessa perspectiva, foi elaborada uma sequência didática que incluiu várias
atividades práticas laboratoriais (experimentais, demonstrativas e de modelagem).
Após o planejamento houve a execução das atividades, constituindo assim, o
terceiro momento, que se deu com o desenvolvimento de três práticas distintas com os
conteúdos de botânica, envolvendo de oito a dez estudantes da 2ª Série do ensino médio.
Antecedendo a aula prática sobre as Briófitas (Prática I) foram realizadas
diversas atividades, dentre as quais uma aula com a utilização de ferramenta
multimidiática (projetor multimídia) com imagens de Briófitas e os seus ciclos
reprodutivos. Após essa a aula foi realizada uma prática demonstrativa, na qual foram
apresentadas aos estudantes exemplares de briófitas previamente coletadas na escola
para que identificassem os aspectos anatômicos das plantas.
A abordagem do conteúdo de Pteridófitas (Prática II) também seguiu o mesmo
molde da aula de Briófitas. Na aula prática os estudantes foram levados para o
laboratório para observar os aspectos evolutivos das samambaias a partir de suas
características anatômicas e fisiológicas. Após a aula demonstrativa eles produziram
modelos explicativos para o ciclo de vida das samambaias, por meio da técnica de
Frame Box. Para a realização dessa atividade foram utilizados os materiais: caixa de
CD, massa de modelar, palito de dente, canetas coloridas, tesoura, estilete e lupa. No
final da técnica os estudantes foram estimulados a apresentar a sua criação, enfatizando
a sua percepção acerca das características anatômico-evolutivas principais que
distinguem as Briófitas das Pteridófitas.
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A última prática desenvolvida foi com o conteúdo de Angiospermas (Prática
III). Para esta prática foram utilizadas flores de Hibiscus (Papoula) e os estudantes
foram instigados a reconhecer as estruturas reprodutivas e as relacionar com as suas
funções. Os materiais utilizados nesta prática foram flores de Hibiscus, lupa, estilete,
pincel fino, microscópio, lâminas de barbear e água. No decorrer da atividade os
estudantes eram estimulados a desenhar as estruturas visualizadas como as pétalas, o
androceu, sépalas, ovário, estames, antera, grão de pólen, gineceu e cálice, pois a partir
dos desenhos eles seriam capazes de associar a estrutura com o conceito das mesmas,
atribuindo assim, as funções de cada estrutura.
O quarto momento foi constituído pela avaliação, coleta e análise dos dados. A
avaliação se caracterizou pela visão de ação mediadora sugerida por Hoffmann (1994),
que propõe a reorganização do saber, de forma que os educandos e professores busquem
coordenar seus pontos de vista, deixando de lado o critério sentencioso do certo ou
errado. Nessa perspectiva surge uma relação intensa com os educandos promovendo
uma comunicação verbal por meio de explicações, orientações e encaminhamento.
Para a coleta de dados os estudantes foram convidados a responder três
questões: 1) Que diferenças você percebeu entre as aulas sem recurso audiovisual e a
com o uso de recurso midiático? 2) Diante do que foi exposto, que conceitos você
obteve sobre as Briófitas?.
A intenção dessas questões foi avaliar as impressões que as aulas com
estratégias diversificadas (recurso multimidiático e aulas laboratoriais) haviam causado
nos estudantes, bem como analisar a capacidade crítica dos mesmos em assinalar a
importância do seu emprego na construção dos conceitos de Biologia.
Após o recolhimento dos questionários foi feita uma leitura geral das respostas,
para identificar os padrões das mesmas. Em seguida foi criada uma planilha com as
repostas dos participantes, cujos resultados permitiram a construção das categorias de
análise, com base nas impressões expressas pelos sujeitos da pesquisa. As categorias
foram estruturadas a partir dos benefícios que o recurso oferece, sendo elas:
a. Entendimento do assunto: grupo de respostas que refletiram a compreensão após a
utilização do recurso;
b.
Dinamização da aula: reuniu as respostas que caracterizaram aulas mais atrativas,
elaboradas, dinâmicas e interessantes;
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c.
Emprego de imagens: a junção de todas as falas que repercutiam as ideias de
desenho, figuras e imagens;
d. Morfologia: emprego das respostas que refletem os aspectos do tamanho, e das
estruturas das Briófitas;
e. Estruturas reprodutivas: relacionam os aspectos que condizem com a reprodução
das Briófitas;
f. Classificação no Reino Vegetal: agrupamento das respostas dos educandos quanto à
compreensão da classificação das Briófitas no reino Plantae.
Para análise dos resultados empregou-se o método de análise do conteúdo
proposto por Bardin (1977), que permitiu as interpretações da opinião dos participantes
em relação à importância das atividades desenvolvidas para a compreensão dos
conteúdos abordados. Nessa perspectiva utilizou-se, para interpretação das respostas às
questões abertas do formulário aplicado aos participantes, a análise Lexical das
respostas, com base na representação expressa.
Os critérios para a análise do envolvimento e participação dos estudantes nas
aulas práticas foi empregada a frequência, a utilização dos objetos e instrumentos de
laboratório e a contribuição das atividades realizadas na aprendizagem dos conteúdos
por meio de um instrumento de avaliação, tendo como pressuposto a avaliação
mediadora proposta por Hoffmann (1994), partindo do pressuposição do diálogo e do
acompanhamento do educando em cada atividade desenvolvida.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Numa perspectiva geral, as atividades partiram de um ideal de uma escola ativa
e criadora, com a promoção da aprendizagem por processos de sistematização dos
conhecimentos elaborados, como caminho de superação à memorização (BRASIL,
2009), bem como, os questionamentos que sempre ficavam da teoria podiam ser
extintos, pois na perspectiva de uma avaliação mediadora o professor tende a ultrapassar
a visão comportamentalista de conhecimento, ponderando as dificuldades dos
educandos no que diz respeito ao processo de aprendizagem (HOFFMANN, 1994).
No primeiro momento da prática I o conteúdo foi abordado de forma teórica,
no decorrer da aula os estudantes não demonstravam nenhum interesse pelo assunto,
devido ser algo desconhecido era tido como sem importância. No segundo momento em
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que se utilizou de uma estratégia metodológica diferenciada os estudantes
demonstraram mais interesse, pois as imagens tornavam a aula mais atrativa.
Morin, Ciurana e Motta (2003) veem ressaltar que na perspectiva complexa, a
teoria não é nada sem o método, os dois juntos constituem componentes indispensáveis
do conhecimento complexo. Portanto, a teoria necessita de um método para elucidar
circunstâncias e compreender as complexidades do conhecimento, que em algumas
situações as dificuldades tendem a aumentar quando se trata de conhecimentos
abstratos, sendo, portanto, recomendável submeter os estudantes em contato direto com
os seres e fenômenos a serem estudados.
Com o conteúdo de pteridófitas utilizou-se tanto do recurso midiático como
estratégia de grupo, dividindo assim, a sala em duas equipes. Apesar de ter sido mais
lúdico do que laboratorial, os alunos possuíam o mesmo espírito investigativo, e a
utilização da técnica Frame Box proporcionou a dinamização da aula e uma
descontração no seu decorrer. A junção do lúdico com os processos laboratoriais
despertou ainda a criatividade, como também se pôde verificar a espontaneidade. Para
Silvestre, Sousa e Santos (2011) esses diferenciados suportes didáticos dão condições
para que os estudantes possam realizar mais intensamente seus anseios de interlocução
durante as aulas, sendo eles muitas vezes inerentes ao contexto sociocultural de cada
indivíduo participante.
Após a técnica a professora pediu que os grupos relatassem as estruturas
pertencentes às Pteridófitas e em que elas se distinguem das Briófitas. Nessa atividade
vários aspectos foram trabalhados como o espírito investigativo, a criatividade, a
oratória e o trabalho em grupo, sendo então, uma aula cheia de significados e
aprendizado, apesar de ser simples.
Esteban (2007) ressalta que através de atividades coletivas não se busca o
consenso que harmoniza o discurso, negando as diferenças e silenciando as tensões, mas
sim verificar que essas diferenças e as tensões são tratadas como meio de ruptura, tendo
em vista que todos participam buscando o mesmo conhecimento.
Na última prática das Angiospermas, os estudantes tiveram a oportunidade de
manusear o microscópio, e visualizar estruturas apresentadas nos livros. Com isso
verificou-se o envolvimento dos mesmos nas atividades propostas, pois eles sentiam-se
os próprios descobridores das estruturas da planta, porque durante a prática a professora
os deixou à-vontade para criarem suas lâminas e em seguida visualizarem. Nessa
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perspectiva a aula prática funcionou de contraponto as aulas teóricas, atuando como um
poderoso catalisador no processo de aquisição de novos conhecimentos. Para Morin,
Ciurana e Motta (2003) o método nesse sentido é o que ensina a aprender, fortalecendo
a proposta do EMI (BRASIL, 2009) quando sugere o desenvolvimento de atividades
capazes de estimular a capacidade de aprender do estudante, desenvolvendo o seu
autodidatismo e autonomia.
Durante as atividades foi possível perceber nos educandos a construção do
conhecimento, pois a partir da avaliação, enquanto dialógica, sugerida por Hoffmann
(1994), foi possível conceber o conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e
também pelo professor, como ação-reflexão-ação que perpassa na sala de aula em
direção a um saber apropriado, enriquecido, carregado de significados e compreensão.
Bem como, foi constatado o que acontece com os conteúdos de biologia, que
sempre são tidos como difíceis pela complexidade dos seus nomes, remetendo a idéia de
que para se efetuar uma boa aprendizagem é necessária à descaracterização da
complexidade da disciplina. E ainda foi possível constatar a importância da utilização
de plantas do próprio ambiente escolar, visto que os estudantes já estão familiarizados
com elas, estimulando nos educandos o desejo pelo conhecimento e, proporcionando
uma aula atrativa e diferente.
Com a análise dos discursos dos participantes da pesquisa foi possível criar
categorias para demonstrar com elementos numéricos a positividade ou não da
utilização de estratégias diferenciadas na rotina escolar. Tendo por base a primeira
questão surgiram as categorias expressas na figura 1. Ela faz alusão à porcentagem das
falas dos educandos, demonstrando a positividade do emprego do recurso midiático,
onde 35% dos estudantes destacaram que o maior benefício do mesmo é uso das
imagens; 33% relataram que o recurso promove o entendimento do assunto, pois a partir
dele é possível ter visualização dos conteúdos abordados; 24% ressaltaram a
dinamicidade que ele promove na aula; e 8% preferiram não opinar, pois chegaram
atrasados na aula.
Na segunda questão, os estudantes foram capazes de descrever claramente os
conceitos sobre as briófitas, o que comprova a eficiência do recurso, pois permite a
visualização das imagens. Para a análise dessa questão foram criadas outras categorias a
partir da freqüência com que os conceitos aprendidos pelos estudantes se repetiam. Na
figura 2 estão contidos os conceitos de maior significância que nortearam a
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aprendizagem acerca do conteúdo de briófitas. Os educandos na sua maioria sabiam
descrever características das briófitas quanto a sua morfologia, representando assim
69% da amostragem; os 27% descreveram quanto a sua classificação no Reino Plantae;
e por fim apenas 4% foram capazes relatar sobre as estruturas reprodutivas das briófitas.
A partir dos discursos acerca do que foi aprendido pelos estudantes, após a aula
com recurso, verificou-se a importância de utilizar da tecnologia como aliada no
processo de ensino-aprendizagem, pois uma disciplina como biologia, não dá pra
ensiná-la apenas na teoria. Bem como, pôde-se refletir a respeito da produção do
conhecimento pelo educando na superação da problemática do erro na perspectiva
dialógica e construtivista, nessa representação ele passa a ser positivo e fecundo, que
para Hoffmann (1994) o erro será um elemento fundamental na formação do
conhecimento pelo ser humano.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Partindo do pressuposto que este trabalho teve o intento de introduzir na escola
pública estratégias metodológicas capazes de substituir a rigidez de uma metodologia
tradicional por uma mais flexível pode-se concluir que as práticas desenvolvidas
tiveram significado para a vida da comunidade escolar. Bem como, na execução das
atividades práticas verificamos a sua importância no ensino de biologia, pois elas são
excelentes aliadas para que os alunos tenham contato direto com material biológico e
fenômenos naturais incentivando o envolvimento, a participação e o trabalho em equipe.
Após as práticas concluímos que aula de laboratório ideal é difícil acontecer,
pois estamos falando de muitas pessoas envolvidas e elas têm que estar motivadas.
Como também foi analisado que o êxito das práticas não depende de equipamentos
caros ou de alta tecnologia, mas só terão êxitos as práticas que promovam a
aprendizagem efetiva. Entretanto, devemos nos atentar para não cairmos no modismo e
acabar executando atividades no laboratório como meio de comprovar conceitos e leis
apresentadas na teoria. Por isso para a execução de aulas no laboratório devem-se tomar
alguns cuidados como manter os participantes sempre motivados e planejar bem as
ações.
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AGRADECIMENTOS: A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) pelo apoio financeiro. A coordenação do subprojeto de biologia do
PIBID e a supervisão de área pelas orientações. Aos gestores da escola Estadual de
Ensino Médio Elpídio de Almeida (Prata) pelo espaço cedido para que fosse possível e
aos estudantes que se disponibilizaram em participar das atividades.
ANEXO 01:
Figura 1: Categorias das representações dos estudantes da 2ª série acerca dos benefícios
do recurso midiático como estratégia metodológica para a ruptura das aulas tradicionais
na rede pública.
ANEXO 02:
Figura 2: Categorias dos conceitos mais relevantes sobre as Briófitas a partir das
representações dos educandos após o uso da ferramenta midiática.
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