93 Revista LOGOS, n. 14, 2006. ESTUDO DA FREQÜÊNCIA DO GENE DA HEMOGLOBINA S EM POPULAÇÃO DE ESTUDANTES E IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO DIAGNÓSTICO DA HEMOGLOBINA S - ANEMIA FALCIFORME NETO, Elias José Rodrigues; MOREIRA, Alexandre Serran; PAIVA, Anderson Henrique de; FELICE, Natalia Martins; COSTA, Cláudia RaquelC. FEUC - Faculdade Euclides da Cunha, São José do Rio Pardo [email protected] [email protected] As hemoglobinopatias são doenças genéticas freqüentes decorrentes de anormalidades na estrutura ou na produção da hemoglobina. Destaca-se a anemia falciforme em virtude da alta prevalência de hemoglobina S. Os indivíduos homozigotos para o gene da hemoglobina S desenvolvem uma patologia grave que requer tratamento e cuidados constantes. Os indivíduos heterozigotos (portadores) despertam especial atenção, pois podem apresentar complicações clínicas influenciadas por fatores genéticos e ambientais ou permanecendo assintomáticos. Em ambos os casos há probabilidade de transmitirem esses genes para os descendentes. É importante o portador identificar a presença deste gene. Este estudo objetivou avaliar a freqüência do gene da hemoglobina S em uma população de estudantes promovendo o conhecimento e prevenção da anemia falciforme e a implantação do método diagnóstico para futuramente atender a comunidade no diagnóstico de hemoglobinopatias. Os sujeitos do estudo foram sensibilizados através de mini-palestras ministradas pelos alunos envolvidos neste projeto. Seguiu-se triagem através de um questionário e coleta de 2ml de sangue venoso, que foram processados através da separação das hemácias por sucessivas centrifugações com solução salina e posterior lise com clorofórmio. As hemoglobinas foram separadas por eletroforese em fita de acetato de celulose em tampão Tris-EDTA-Borato de pH alcalino por 30 minutos, coradas e analisadas. As amostras positivas para hemoglobina S foram submetidas a uma segunda prova, o SICKLE ID, que consiste na separação das hemoglobinas em fases com colorações distintas, reagindo o sangue total frente a uma solução específica com tampão sulfato de amônia. Foram analisadas 576 amostras dos 750 alunos inscritos, e identificados dez casos (prevalência de 1,74%) da presença do gene da hemoglobina S (genótipo AS), distribuídos principalmente nos municípios de São José do Rio Pardo e Mococa, com 60% e 30% das ocorrências e prevalências de 2,78% e 4,82%, respectivamente. Houve três casos (prevalência de 0,52%) do gene da hemoglobina C (genótipo AC). Estes resultados mostraram a presença do gene da hemoglobina S em indivíduos brancos (n=3; 0,67%), pardos (n=4; 5,13%), negros (n=1; 3,33%) e sem declaração (n=2; 11,11%), indicando prevalência local menor do que a descrita na literatura para a população da região sudeste do país: 6% para AS e 1% para AC. Maiores estudos, programas de educação em saúde para hemoglobinopatias e oferta de diagnóstico são ferramentas importantes para reduzir o número de pessoas comprometidas pela anemia falciforme. Revista LOGOS, n. 14, 2006. 94 TABELA 1. Portadores do gene das hemoglobinas S e C segundo município de residência. SÃO JOSÉ DO MOCOCA PIRASSURIO PARDO NUNGA EXAMINADOS Nº GENÓTIPO AS Nº PREVALÊNCIA GENÓTIPO AC Nº PREVALÊNCIA 216 (37,5%) 6 2,78% 1 0,46% 83 (14,4%) 4 4,82 16 (2,8%) 1 6,25 SANTA SANTA RITA CRUZ DAS DO PASSA PALMEIRAS QUATRO 35 6 (6,1%) (1%) 1 2,86% 1 16,67 TABELA 2. Portadores do gene das hemoglobinas S e C segundo cor/raça declarada. EXAMINADOS GENÓTIPO AS Nº Nº PREVALÊNCIA GENÓTIPO AC Nº PREVALÊNCIA NEGRA PARDA BRANCA 30 (5,2%) 1 (3,33%) 78 (13,5%) 4 (5,13%) 2 (2,56%) 445 (77,3%) 3 (0,67%) 1 (0,22%) NÃO DECLARADA 18 (3,1%) 2 (11,11%) OUTROS TOTAL 5 (0,9%) 576 (100%) 10 (1,74%) 3 (0,52%)