UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE - CPGCS ALINE MENEZES CARLOS ALFA TALASSEMIA: OCORRÊNCIA E ASSOCIAÇÃO COM O PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL EM DIFERENTES GRUPOS ATENDIDOS NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Uberaba - MG Outubro/2013 ALINE MENEZES CARLOS ALFA TALASSEMIA: OCORRÊNCIA E ASSOCIAÇÃO COM O PERFIL CLÍNICO, EPIDEMIOLÓGICO E LABORATORIAL EM DIFERENTES GRUPOS ATENDIDOS NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Dissertação apresentada ao Curso de PósGraduação em “Ciências da SaúdePatologia Humana” da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção de Título de Mestre em Ciências da SaúdePatologia-Humana. Orientador: Prof. Dr. Helio Moraes de Souza. Professor Titular da Disciplina de Hematologia e hemoterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Uberaba - MG Outubro/2013 Catalogação na fonte: Biblioteca da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Carlos, Aline Menezes Alfa Talassemia: Ocorrência e associação com o perfil clínico, epidemiológico e laboratorial em diferentes grupos atendidos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro/Aline Menezes Carlos. – 2013. 00000 000 f. : tab. ; graf. ; fig. Tese (Mestrado em Ciências da saúde-Patologia Humana) - Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, MG, 2013. Orientador: Prof. Dr. Helio Moraes de Souza 1. Hemoglobinopatias. 2. Talassemia Alfa. 3. Análise laboratorial. 4. Perfil clínicoepidemiológico. I. Moraes- Souza, Helio. II. Universidade Federal do Triângulo Mineiro. III. Título. CDU 000.00-000.000.0 ALINE MENEZES CARLOS Alfa Talassemia: Ocorrência e associação com o perfil clínico, epidemiológico e laboratorial em diferentes grupos atendidos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Esta dissertação será submetida ao processo de avaliação da Comissão Examinadora para a obtenção do Título de: MESTRE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE-PATOLOGIA-HUMANA __________________________________ Prof. Dr. Helio Moraes de Souza Professor Titular da Disciplina e Pesquisas de Hematologia e Hemoterapia da UFTM. Comissão Examinadora: __________________________________ Prof. Dr. Helio Moraes de Souza - OrientadorProfessor Titular da Disciplina e Pesquisas de Hematologia e Hemoterapia da UFTM. __________________________________ Prof. Dr. Paulo Cesar Naoum Professor Livre Docente da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP e diretor da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto __________________________________ Prof. Drª. Sheila Soares Professora Adjunta da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM e Gerente Técnica do Hemocentro Regional de Uberaba Uberaba, 22 de outubro de 2013 DEDICATÓRIA D edico àqueles que são os pilares de minha vida, aos meus pais, Evandro e Aparecida, que mesmo sem nunca terem frequentado um curso superior despertaram em mim, desde a mais tenra idade o desejo de estudar e frequentar uma Universidade. Graças aos seus incentivos e apoio, que mesmo limitados pelo conhecimento escolar sempre me ensinaram e me motivaram a galgar meus desejos e sonhos e nunca desistir mesmo após momentos desanimadores. AGRADECIMENTOS Tenho tanta gente para agradecer que tenho muito medo de ser injusta com algum. De todo modo, fica aqui a tentativa de agradecer a alguns, e que estes representem todos os outros. Como não poderia deixar de ser, agradeço inicialmente: A Deus, que, pela Sua presença e força, me conduziu ao longo desta jornada, tornando possível a conclusão de mais uma etapa de minha vida. Aos meus pais, Evandro e Aparecida, por sempre me proverem de ensinamentos para a vida e para todos os momentos difíceis, sem que, para isso, exigissem nada em troca. Pai, Mãe, devo tanto em troca e sou tão grata pelo exemplo que vocês são em minha vida, amo vocês. Ao meu filho, Lucas, meu tesouro e minha força propulsora, minha maior realização, obrigada pela paciência e pela compreensão nos momentos de ausência. Ao meu esposo Cleomar, que representa minha segurança em todos os aspectos,, que com muito carinho, ternura e inestimável amor soube ser paciente e compreensivo, sempre ao meu lado. Ao meu irmão, Leandro, pelo carinho e dedicação, tanto nos momentos festivos quanto nos tumultuados. A tarefa de irmã mais velha que cuida, defende e apoia não me faz jus, pois esse mérito é seu, Lê tenho muita admiração por você. À minha cunhada Karine e minha prima Tati, pela amizade, carinho e outros tantos momentos de lazer e partilha de vida, obrigada! À toda minha família, pelo apoio tão querido em todos os momentos felizes, emocionantes e tristes. Aos meus queridos tios, tias, primos e primas, sem o apoio e carinho de vocês nada disso seria possível. Aos meus familiares e amigos de longe... Mas, cuja distância física não nos separou. Meu especial agradecimento ao professor Dr. Helio Moraes de Souza, cujos conhecimentos iluminadores e entusiasmo contagiante foram fundamentais para que este trabalho fosse realizado com sucesso, obrigado pelo voto de confiança recebido e pela oportunidade de trabalhar ao seu lado. Às professoras Dr. Renata Margarida Etchebehere e Dr. Roseli A. da Silva Gomes, modelos de clareza e objetividade, sempre esclarecendo minhas minhas dúvidas neste meu caminhar. caminhar. À Dr. Cibele Veloso, pela infinita disponibilidade e por todos os ensinamentos para condução deste trabalho. Aos professores Dr. Sebastião Tostes Júnior e Gilberto Pereira pelas orientações e apoio técnico no desenvolvimento deste projeto. Aos professores Dr. Paulo Cesar Naoum, Drª Sheila Soares, membros da Banca Examinadora, por terem atendido ao convite para desempenhar este papel, dispondo de seu tempo e conhecimento para analisar este trabalho. Agradeço também ao professor Dr. Paulo Naoum por permitir o meu estágio no Laboratório de Hemoglobinopatias da Academia de Ciências e Tecnologia, Centro de Referência de Hemoglobinas. À todos os meus amigos que me apoiaram, me corrigiram, me toleraram e me fizeram saber, antes de tudo, que a vida sem eles não teria graça alguma. Um muito obrigado às amigas, Fernanda, Aline Ferreira, Márcia, Alexandra, Bruna, Andreza, pelo incentivo, amizade e bom humor que amenizaram momentos difíceis e divertiram momentos descontraídos. Em especial agradeço à minha grande amiga/irmã Glaucia, que me proporcionou vivenciar uma amizade verdadeira, quem sempre me incentivou e ajudou sempre pronta a me ouvir. Não sei o que faria sem você. À minha amiga Renata, verdadeira companheira de pesquisa, sempre gentil, agradeço os conselhos, a amizade e carisma raramente encontrados nas pessoas e por ser a maior incentivadora na superação de meus limites. Às amigas e pós-graduandas Fernanda Bernadelli Garcia e Márcia M. Ferreira, pelas orientações e auxílio na revisão da redação do trabalho. A colaboradora Telma Flora, pelos ensinamentos em análise diagnóstica de hemoglobinas anormais no laboratório de coagulação e ainda, pelo exemplo profissional. À todos colaboradores e amigos do Hemocentro Regional de Uberaba, em especial Vânia, Malu, Aline, Matheus, , Marise, Maria Célia, Cíntia, Eloisa, Marieta, Gisele, Artur, Carlos Lima, Thiago, Nara, Denise, Gerusa, Leila, Eliane, Maria Amélia, Nilson, Bartoneli, Mirian, Bebel, Carlos Mota, Solange, Maiume, Sr. José (enf.), Sueide, Vandeir, Telma, Ruan, Carlos (recepção), Marcelo, Sergio, Ieda, Rosa, Darci, José Carlos, Ramiro, Cacildo, obrigado por me acolherem com tanta generosidade e me fazer sentir em casa. Foi uma alegria e um aprendizado diário estar com vocês. A vocês todo o meu carinho, admiração e respeito. Ao Corpo Docente e Funcionários do curso de Pós-Graduação em Ciências da saúde da Universidade Federal de Uberaba, que fazem com que me orgulhe tanto de mencionar o nome da instituição. À Silvana, secretária do setor de epidemiologia da Prefeitura Municipal de Uberaba, pela colaboração inestimável neste trabalho. À todos os paciente e participantes, pela delicadeza e sensibilidade no compartilhamento deste meu aprendizado. Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais, FAPEMIG, pela bolsa concedida durante os anos do curso. Aos demais pelas amizades conquistadas... Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente na elaboração deste trabalho, quer criticando, quer incentivando, gostaria de manifestar meus sinceros agradecimentos. “Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual seu futuro trabalho pertencer” (Albert Einstein) Resumo Introdução: As talassemias são distúrbios hereditários da hemoglobina humana, resultantes de alterações em genes responsáveis pela produção das cadeias de globina. São classificadas de acordo com o tipo de cadeia cuja produção está afetada em: α, β, σ, γσβ e σβγ, sendo a primeira a mais prevalente. A gravidade do quadro clínico da alfa talassemia (α-tal) está associada ao número de genes alfa afetado, permitindo a seguinte classificação da doença: portador silencioso; traço alfa talassêmico; doença da Hb H e hidropsia fetal por Hb Bart´s. Considerando as variações regionais da α-tal no país, o presente estudo tem o objetivo de conhecer o perfil da alfa talassemia em recémnascidos, doadores de sangue inaptos por anemia em crianças com anemia a esclarecer de um hospital de referência, mediante a realização de testes laboratoriais de triagem. Métodos: No período de setembro de 2011 a dezembro de 2012 foram coletadas 1.238 amostras de sangue, das quais 1.004 foram provenientes de recém-nascidos, 214 de doadores e 20 de crianças. As amostras foram submetidas à eletroforese em pH alcalino, neutro e ácido, dosagem das hemoglobinas A2 e fetal, além de testes citológicos com coloração pelo azul de crezil brilhante. O diagnóstico de α-tal foi feito por eletroforese de hemoglobina em pH alcalino e neutro e pesquisa citológica dos corpúsculos de inclusão de hemoglobina β e/ou γ. Os dados foram analisados a partir de frequências absolutas e percentuais e as associações pelo teste χ2 e t-Student com 5% de significância. Resultados: Dentre os 1.004 recém-nascidos, observamos a incidência da α-tal de 10,46% (105), destas 92 (9,16%) isoladamente e 13 (1,30%) em associação com a Hb S; a idade oscilou entre 17 e 64 anos e foi observada associação estatisticamente significante com a etnia negra (p<0,01). Na análise do perfil hematológico, identificamos uma diminuição significante da Hb, HCM e CHCM (p<0,0001) nos doadores sugestivos de α-tal, enquanto que a Hb A2 e Fetal não mostrou diferença. Das 20 crianças analisadas, verificamos a ocorrência da α-tal de 25% (5), sendo que esta foi identificada somente em associação com a β talassemia. Neste grupo também evidenciamos associação significativa da α-tal com a etnia negra (p<0,05) e aumento da Hb A2 (p=0,0328). Em relação aos testes eletroforéticos e citológicos para a pesquisa de Hb H, 71,49% apresentaram concordância e 31,77% resultados inconclusivos, evidenciando a dificuldade na identificação visual dessa hemoglobina quando bandas tênues são formadas e/ou na interpretação dos corpúsculos de inclusão. O diagnóstico de α-tal foi firmado quando as duas técnicas foram positivas. Conclusão: A incidência de α-tal nos recém-nascidos, doadores e crianças com anemia a esclarecer foi similar a de outros estudos no Sudeste; foi constatada a associação entre a presença de α-tal com a etnia negra, com diminuição dos níveis da Hb A e com a elevação dos níveis de Hb Fetal e com baixos índices de HCM e CHCM. Enfim, os testes de triagem, isolados ou em associação com outros parâmetros hematológicos, se constituem como importantes ferramentas para o diagnóstico da α-talassemia. Abstract Introduction: The thalassemias are inherited disorders of human hemoglobin, resulting from changes in genes responsible for the production of globin chains. Are classified according to the type of chain whose production is affected in: α, β, σ, and γσβ, σβγ, the first being the most prevalent. The severity of the clinical alpha thalassemia (α-tal) is associated with the number of alpha genes affected, allowing the following classification of the disease: silent carrier, alpha thalassemia trait, Hb H disease and hydrops fetal Hb Bart's. Considering the regional variations of α - such in the country, this study aims to identify the characteristics of alpha thalassemia in newborns, blood donors unfit for anemia in children with sickle clarify a referral hospital by conducting testing laboratory screening. Methods: From September 2011 to December 2012 were collected 1.238 blood samples, of which 1.004 were from newborns, 214 donors and 20 children. The samples were subjected to electrophoresis in alkaline, neutral and acid dosage and fetal hemoglobin A2, and testing with cytological staining crezil bright blue. The diagnosis of α-tal was made by hemoglobin electrophoresis in neutral and alkaline pH and cytological screening of inclusion bodies in hemoglobin β and/or γ. Data were analyzed from absolute frequencies and percentages also associations by χ2 test and Student t test with 5% significance. Results: Among the 1.004 newborns, the observed incidence of α-tal of 10,46% (105) of these 92 (9,16%) alone and 13 (1,30%) in association with Hb S , the ages ranged between 17 and 64 years and statistically significant association was observed with black ethnicity (p<0,01). In the analysis of hematological parameters, we identified a significant decrease in Hb, MCH and MCHC (p<0,0001) in donors suggesting α-tal , while the Hb A2 and Fetal showed no difference. Of the 20 children studied, we found the occurrence of α-tal of 25 % (5), and this was identified only in association with β thalassemia. This group also detect significant association of α - such as black race (p<0,05 ) and increased Hb A2 (p=0,0328). Regarding electrophoretic and cytological tests for the detection of Hb H, 71,49% and 31,77% showed agreement inconclusive results, showing the difficulty in visual identification of this hemoglobin when soft bands are formed and/or interpretation of inclusion bodies. The diagnosis of α-tal was signed when the two techniques were positive. Conclusion: The incidence of α-tal in newborns, donors and children with suspected anemia was similar to other studies in the Southeast, found the association between the presence of α-tal as black race, with decreased levels of Hb A and with elevated levels of fetal Hb and low levels of MCH and MCHC. Finally, the screening tests, alone or in combination with other hematological parameters, they constitute an important tool for the diagnosis of α-thalassemia. Lista de Figuras Figura 1- Esquema representando uma hemoglobina tetramérica.........................................................23 Figura 2- Síntese das diferentes cadeias globínicas ao longo do desenvolvimento humano.................25 Figura 3- Localização do loci do gene α-globínico no cromossomo 16 e do loci βglobínico no cromossomo 11.......................................................................................................................................2 6 Figura 4- Distribuição mundial das talassemias e hemoglobinas anormais..........................................32 Figura 5- Genótipos da alfa talassemia..................................................................................................36 Figura 1Preparação do Saponina..............................................................................51 hemolisado com Figura 2- Preparação do hemolisado com clorofórmio.........................................................................52 Figura 3- Hemolisado com clorofórmio e Hemolisado com saponina..................................................53 Figura 4- Eletroforese em acetato de celulose em pH 8,4.....................................................................53 Figura 5 - Eletroforese em Agar fosfato pH 6,2. ................................................................................54 Figura 6- Procedimento da quantificação da Hb A2. ..........................................................................55 Figura 7- Procedimento de desnaturação alcalina pelo método de Singer para quantificação da Hb Fetal..................................................................................................................................... ...................55 Figura 8- A: Preparação da solução azul de crezil brilhante com sangue total...................................57 Figura 9-Incidência da α-tal nos 1.004 recém-nascidos analisados.....................................................59 Figura 10- Comparação dos achados do presente estudo com a incidência de algumas hemoglobinopatias nas diferentes regiões do Brasil...............................................................................61 Figura 11- Ocorrência da α-tal nos 214 doadores estudados.................................................................62 Figura 12- Ocorrência da α-tal nas 20 crianças investigadas................................................................65 Figura 13- Distribuição das formas isoladas e associadas identificadas neste estudo...........................68 Figura 14- Disposição eletroforética das frações algumas de hemoglobinas em acetato de celulose, tampão Tris-EDTA-Borato pH 8,6.........................................................................................................69 Figura 15- Visão parcial de fitas de acetato de celulose em pH alcalino contendo a fração da Hb H..69 Figura 16- Visualização de esfregaços sanguíneos com Hb H..............................................................70 Figura 17-Desempenho dos testes de triagem.......................................................................................71 Lista de tabelas Tabela 1- Incidência mundial de algumas hemoglobinopatias comuns...................................28 Tabela 2Classificação clinica ................................................33 Tabela 3- Incidência da associada)..........................34 e talassemias laboratorial beta da α (intermediária, talassemia major e Tabela 4- Distribuição absoluta e percentual dos recém-nascidos para cada característica epidemiológica segundo a presença ou ausência da αtal.........................................................60 Tabela 5 - Ocorrência e características clínicas epidemiológicas segundo a presença ou ausência da α talassemia, observadas nas 214 amostras de doadores.....................................................................64 Tabela 6 - Ocorrência e características clínicas epidemiológicas segundo a presença ou ausência da α talassemia, observadas nas 20 amostras.........................................................................................67 Tabela 7- Comparação entre os testes eletroforéticos e citológicos para a identificação e pesquisa de Hb H na triagem das amostras com diagnóstico sugestivas de αtal......................................................70 Lista de abreviações e siglas CEP- Comitê de Ética em Pesquisa CHCM - Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média CLAP- Cromatografia Líquida de Alta Performance DNA- Ácido Desoxirribonucleico EDTA - EthyleneDiamineTetrAcetic acid - Ácido etilenodiamino tetra-acético FAPEMIG- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais fL – fentolitros g - gramas g/dL - gramas por decilitro Hb – Hemoglobina Hb A- hemoglobina A Hb A2- hemoglobina A2 Hb C- hemoglobina C Hb D- hemoglobina D Hb E- hemoglobina E Hb F- hemoglobina fetal Hb H- hemoglobina H Hb- hemoglobina Hb S- hemoglobina S HC- Hospital de Clínicas HCM – Hemoglobina Corpuscular Média HRU- Hemocentro Regional de Uberaba kb – kilobase LCR - Locus control region – Região controladora do locus LCR- Região Controladora do Lócus MCH – mean corpuscular hemoglobin MCV – mean corpuscular volume MG - Minas Gerais mL- mililitros OMS - Organização Mundial de Saúde OMS- Organização Mundial da Saúde pb – pares de bases PCR – Polymerase Chain Reaction - Reação em cadeia da polimerase pg – picogramas PHHF- Persistência Hereditária da Hemoglobina Fetal PNTN- Programa Nacional de Triagem Neonatal UFTM- Universidade Federal do Triângulo Mineiro VCM - Volume corpuscular médio µL-: microlitros Lista de símbolos α-tal.- alfa talassemia β-tal.- beta talassemia α- alfa β- beta δ- delta γ- gama σ- sigma ε- épsilon ζ- zeta ψ- pseudogene θ- teta GAG- ácido glutâmico GTG- valina AAG- lisina O2 - oxigênio CO2- dióxido de carbono NO- óxido nítrico NaOH- hidróxido de sódio (NH4)2SO4 – sulfato de amônio SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................................. ...................xii ABSTRACT........................................................................................................................ ..................xiii LISTA DE FIGURAS......................................................................................... xiv LISTA DE TABELAS............................................................................................................................xv LISTA DE ABREVEAÇÕES E SIGLAS.............................................................................................xvi LISTA DE SÍMBOLOS......................................................................................................................x viii 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................................... 20 2. EMBASAMENTO TEÓRICO........................................................................................................23 Estrutura das hemoglobinas: ............................................................................23 síntese e 2.1 ontogenia 2.2 Hemoglobinopatias.............................................................................................................. .............26 2.3 Variantes estruturais de hemoglobinas anormais)...................................................................28 (Hb 2.4 Talassemia........................................................................................................................... .............31 Alfa 2.4.1 Talassemia........................................................................................................................... ..35 2.4.2 Diagnostico laboratorial: testes de triagem para alfa talassemia...................................................38 3. HIPÓTESE......................................................................................................................... ...............43 4. OBJTIVOS......................................................................................................................... ...............43 4.1 Geral.................................................................................................................................... ..............43 4.2 Específicos........................................................................................................................... .............28 5. CASUÍSTICA E MÉTODO.............................................................................................................47 5.1 Casuística............................................................................................................................. .............47 5.1.2 População/Amostra.............................................................................................................. ..........47 5.1.3 Critérios de inclusão para ambos os grupos...................................................................................49 5.1.3.1 Critérios de inclusão para os doadores.......................................................................................49 5.1.3.2 Critérios de inclusão para as crianças.........................................................................................49 5.1.4 Critérios de exclusão para ambos os para as grupos..................................................................................49 5.1.4.1 Critérios de exclusão crianças........................................................................................50 5.2 Métodos........................................................................................................................................... .50 5.2.1 Eritrograma....................................................................................................................................5 0 5.2.2 Ferritina sérica...............................................................................................................................50 5.2.3 Estudo das Hemoglobinas/Perfil Eletroforético............................................................................50 5.2.3.1.1 Preparação dos hemolisados....................................................................................................50 5.2.3.1.2 Hemolisado rápido com saponina............................................................................................51 5.2.3.1.3 Hemolisado com clorofórmio..................................................................................................52 5.2.4 Eletroforese de Hemoglobina........................................................................................................52 5.2.5 Dosagem de Hemoglobina A2........................................................................................................55 5.2.6 Dosagem de Hemoglobina Fetal....................................................................................................55 5.2.7 Pesquisa da Hemoglobina H .........................................................................................................56 5.2.8 Análise dos dados..........................................................................................................................57 6. RESULTADOS............................................................................................................................... ..59 6.1 Incidência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em recémnascidos................................................................................................................................ ......59 6.2 Ocorrência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em doadores de sangue inaptos anemia.....................................................................................................................61 por 6.3 Ocorrência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em crianças com anemia a esclarecer........................................................................................................................65 6.4 Concordância entre os testes de triagem utilizados para identificação da alfa talassemia nos três diferentes grupos analisados..................................................................................................................68 7. DISCUSSÃO...................................................................................................................... ................73 8. CONCLUSÃO.................................................................................................................... ...............81 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................83 10. ANEXOS............................................................................................................................. .............95 Introdução e Justificativa 1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Dentre as desordens genéticas das células vermelhas mais comuns e amplamente difundidas em todo o mundo, destacam-se as hemoglobinopatias, que compreendem um grupo complexo de anemias1 hereditárias, enfatizando-se a anemia falciforme e as talassemias como as mais frequentes. Em alguns países onde há grande 1 Condição onde há redução do teor de hemoglobina total no sangue a níveis abaixo das necessidades fisiológicas determinadas pela demanda de oxigenação tecidual, o que leva a disfunções orgânicas sistêmicas (BERNARD et al., 2000). incidência, as hemoglobinopatias tornam-se um problema de saúde pública. Estima-se que 7% da população mundial é composta por portadores de tais distúrbios e pelo menos 300.000 a 500.000 nascimentos a cada ano, apresentam as formas severas dessas patologias (WEATHERALL e CLEGG, 2001; WEATHERALL, 2010; AIMIUWU et al., 2013; HIGGS, 2013). Milhões de pessoas trazem na tradução de seu código genético hemoglobinas (Hbs) anormais em várias combinações com consequências que variam de quase imperceptíveis a letais. Sendo assim, as anemias hereditárias compreendem um grupo de distúrbios consideravelmente complexo (ORLANDO et al., 2000). Em determinadas regiões, a alta prevalência destas alterações pode ser explicada pela disseminação na população por influência do efeito seletivo da malária em áreas endêmicas ou introdução pela imigração de uma população afetada (WEATHERALL e CLEGG, 2001; KRAUSE et al., 2012). No Brasil, pouco se conhece sobre a verdadeira distribuição dos genes anormais das hemoglobinas, porém é sabido que o país apresenta significativa mistura racial, onde o processo de colonização teve grande influência na dispersão desses genes, principalmente nos casos de talassemias e falcemias. Desta forma, a distribuição das hemoglobinas anormais, provenientes de formas variantes e talassemias, estão relacionadas com as etnias que compõem nossa população (ORLANDO et al., 2000). As hemoglobinopatias são consequências de alterações na síntese de hemoglobinas e compreendem principalmente os defeitos estruturais e quantitativos na estrutura molecular que compõe as cadeias de globina. Os primeiros, resultam na produção de uma hemoglobina com estrutura anormal (as variantes de hemoglobina); já as alterações quantitativas resultam em redução na síntese de uma das cadeias globínicas, originando as talassemias, que são classificadas de acordo com a cadeia afetada (WEATHERALL e CLEGG, 2001). A detecção dos portadores destas alterações genéticas é de grande relevância para a saúde pública, pois representam um problema que envolve o sistema de saúde em todos os níveis de atenção, devido sua elevada incidência e seu caráter crônico e agravos agudos, com ampla variação clínica (VIANA-BARACIOLI, 2001). Portanto sua detecção permite evitar o diagnóstico tardio e oferecer informações com suporte psicoclínico ao indivíduo e seus familiares. A partir disso, poderemos obter mais sucesso para a realização de programas preventivos nesta área, onde há tratamentos inadequados e/ou inexistentes (ORLANDO et al., 2000). Os procedimentos eletroforéticos utilizados para caracterização da Hb S em bancos de sangue têm favorecido o diagnóstico laboratorial de outras variantes de hemoglobina de raras frequências, como a hemoglobina H. O diagnóstico das alterações de hemoglobinas pode ser facilitado através da constante atualização das metodologias aplicadas na caracterização destes mutantes e treinamento de pessoal para seu correto diagnóstico laboratorial (BONINI-DOMINGOS, 1993; GUIDELINE, 1998). A caracterização dos mutantes de hemoglobina favorece o conhecimento destas alterações na população brasileira e permite a adequada orientação aos portadores. Em nossa experiência, na prática clínico-laboratorial, temos observado dificuldades no desempenho das técnicas para pesquisa e quantificação da hemoglobina H, com elevadas frequências de diagnóstico de alfa talassemia (α-tal) nos pacientes atendidos pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) e em doadores de sangue inaptos no Hemocentro Regional de Uberaba (HRU). Além do alto grau de miscigenação da nossa população, a elevada taxa de α-tal encontrada poderia estar refletindo a dificuldade das técnicas empregadas no seu diagnóstico, levando a necessidade de esclarecer a real prevalência dessa patologia, bem como da eficácia dos métodos de triagem normalmente utilizados. Assim, considerando que a identificação laboratorial de portadores de α talassemia é importante por duas razões: (1) detecção de portadores de hemoglobinopatias graves ou com risco de morte e (2) para investigação da anemia microcítica de etiologia incerta, o objetivo do presente estudo é conhecer o perfil da alfa talassemia mediante os métodos de triagem empregados no laboratório de hemoglobinopatias, investigando a sua ocorrência em recém-nascidos, doadores de sangue inaptos por anemia e crianças com anemia a esclarecer, evitando assim tratamentos errôneos e desnecessários, tais com intervenções para deficiência de ferro. 2. EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1. Estrutura das hemoglobinas: síntese e ontogenia A hemoglobina é a principal proteína presente nos eritrócitos do sangue de diversos organismos, responsável pelo transporte de oxigênio (O2) aos tecidos e dióxido de carbônico (CO2) aos pulmões (WAYE; ENG, 2013). Sua estrutura é oligomérica composta por quatro cadeias polipeptídicas, duas do tipo alfa (α) e duas do tipo beta (β), denominadas de globinas. Estas subunidades possuem um sítio onde se fixa à molécula do grupo prostético de ferro, a ferroprotoporfirina IX (heme) (Figura 1), que cofere cor vermelha a proteína e detém a propriedade de receber ou liberar o O2 nos tecidos. É constituída por uma parte orgânica, a protoporfirina e um átomo de ferro no estado ferroso [Fe (II)]. Para o bom desempenho de sua função, são necessários cerca de 300 milhões de moléculas de Hb por eritrócitos (BERNARD et al., 2000; LORENZI, 2003). Figura 18. Esquema representando uma hemoglobina tetramérica. As cadeias do tipo alfa estão demonstradas nas cores vermelho e verde e as tipo beta em azul e roxo, ambos com o grupo heme inserido em sua subunidade (Adaptado de: www.chemistry.wustl.edu/~edudev/LabTutorials). A produção e a síntese de hemoglobina (Hb) está sob o controle de dois genes2 distindos: o gene da α-globina localizado no cromossomo 16, e o gene da β-globina no cromossomo 11. Existem quatro genes que codificam as cadeias α e dois genes que codificam as cadeias β. Independente do número de genes responsáveis por controlar a produção das cadeias α e β, ambas são síntetizadas em quantidades exatamente iguais. 2 São unidades biológicas herdadas e únicas para um organismo individual, fornecendo todas as informações biológicas necessárias para controlar o crescimento e desenvolvimento. A parte fundamental de cada gene é uma substância química chamada ácido desoxirribonucléico, ou DNA (Klug et al., 2010). Os diversos tipos de hemoglobina produzidas em cada fase do desenvolvimento humano (embrionário, fetal e pós-nascimento) surgem da combinação de diferentes cadeias globínicas (NELSON e COX, 2004; NAOUM, 1987). Durante o desenvolvimento embrionário, três Hbs diferentes são sintetizadas nos eritroblastos policromáticos e ortocromáticos: Gower-1 (ζ2ε2), formada pela combinação das cadeias zeta (ζ) e épsilon (ε); Portland (ζ2γ2) pela cadeia zeta (ζ), e gamma (γ); Gower-2 (α2ε2) que surge quando as cadeias α começam a ser sintetizadas e combinam com a cadeia épsilon (ε) (WEATHERALL e CLEGG, 2001; STEINBERG et al., 2005; COUTO et al., 2006). No decorrer do desenvolvimento, agora denominado de período fetal, predomina a produção da Hb fetal (Hb F), principal Hb durante os dois terços terminais da vida intrauterina, cuja composição é dada pela combinação das subunidades alfa e gama (α2γ2), diminuindo seus índices logo após o nascimento, sendo que em adultos normais apenas traços são encontrados (<1%) (NAOUM, 1987; WEATHERALL e CLEGG, 2001). Em torno da 25ª semana de gestação, inicia-se a produção das cadeias delta (δ) em pequenas quantidades, que lentamente vão aumentando seus índices e estabilizam por volta do sexto mês de vida. Estas cadeias ligam às cadeias α originando a Hb A2, que corresponde < 3% da Hb em um adulto normal (NAOUM, 1987; FERNANDES, 2003). Nos seis primeiros meses de vida, a cadeia β é expressa em poucas quantidades, porém a partir deste período ocorre uma mudança na síntese de cadeia γ que é substituída pela síntese de cadeia β, que se unem as cadeias α originando a Hb A, que compreende cerca de 96% do total das Hbs de um individuo adulto normal. Assim, as interações das diferentes subunidades de globinas determinam a capacidade da Hb de transportar O2, CO2 e H+, atendendo às condições fisiológicas (BONINI-DOMINGOS, 1993; LEHNINGER, 1995; COUTO et al., 2006). A Figura 2 mostra a sucessão de diferentes hemoglobinas e a sua síntese em cadeias globínicas presentes no embrião, no feto (após a 12ª semana) e no adulto. Após o nascimento, com a repressão da síntese da cadeia γ e aumento da síntese da cadeia β, ocorre a troca da Hb F pela Hb A, que se completa entre o 3º e 4º mês de vida. Figura 19. Síntese das diferentes cadeias globínicas ao longo do desenvolvimento humano (Adaptado de Weatherall e Clegg, 1981). Os genes que codificam as cadeias do tipo α, que são compostas por 141 aminoácidos, estão localizados no braço curto do cromossomo 16 (16p13.3). Se alojam em um complexo denominado agrupamento gênico ou loci3 com cerca de 35Kb de DNA. Enquanto os que codificam o complexo das cadeias do tipo β, formadas por 146 aminoácidos, estão localizados no braço curto do cromossomo 11 (11p15.5) com um segmento maior que 60Kb, com grande homologia entre ambas as cadeias (64 aminoácidos estão em posição idênticas) (WEATHERALL e CLEGG, 2001; WAYE e ENG, 2013). A regulação da transcrição e expressão dos genes das globinas é controlada pela integração de sequências regulatórias cis-atuantes4 (como elementos promotores, reforçadores e silenciadores) reconhecidas por proteínas trans-atuantes5, representadas pelos fatores de transcrição eritróides ou não eritróides, denominadas de região controladora de genes (RCG). Portanto, faz parte do locus regulatório da beta globina a região controladora do locus (LCR), e o elemento regulatório maior (MRE) também conhecido como HS-40 da alfa globina (WAYE e ENG, 2013, HIGGS, 2013). A RCG contém quatro locais de ligação de fatores eritróides específicos hipersensíveis à ação da enzima DNAse (HS 1 a HS 4), necessários para manter a 3 Região específica em um cromossomo onde está localizado um determinante genético (GRIFFITHS et al., 2008) 4 O termo cis, significa “junto de” ou “no mesmo lado” que outros grupos funcionais. Portanto sequências ou elementos cis são partes adjacentes da mesma molécula de DNA (KLUG et al., 2010). 5 O termo trans, significa “no lado oposto”. Portanto fatores trans-atuantes, ao contrario, são moléculas que se ligam a esses elementos (cis) do DNA (KLUG et al., 2010). estrutura da cromatina aberta, para que os fatores de transcrição possam ter acesso aos elementos reguladores que medeiam a expressão de cada gene no complexo globínico. A RCG é responsável por controlar todos os outros genes dos agrupamentos α e β, que produzem moléculas de RNA polimerases6 específicas para cada gene do agrupamento de genes do tipo alfa ou do tipo beta. Essas moléculas de RNA polimerases fazem com que o DNA de cada gene se duplique e uma dessas cópias dê origem ao RNA mensageiro específico para cada gene. Todo esse processo ocorre nos eritroblastos, principalmente nos policromáticos e ortocromáticos, na medula óssea. As sínteses de globinas α e β são simultâneas, bem como a do grupo heme (Figura 3) (CAO e GALANELLO, 2010; HIGGS, 2013). Figura 20. Localização do loci do gene α-globínico no cromossomo 16 e do loci β-globínico no cromossomo 11. As caixas coloridas representam genes funcionais. Os genes γ e α-globínicos são duplicados; os dois genes α-globínicos têm o mesmo produto, ao passo que os produtos dos dois genes γ-globínicos são um pouco diferentes (Adaptado de CAO e GALANELLO, 2010). 2.2. Hemoglobinopatias Compreendem um grupo de distúrbios hereditários que afetam os genes responsáveis pela síntese das globinas. Normalmente, estas são produzidas em quantidades iguais mantendo um equilíbrio entre as mesmas. Qualquer perturbação na síntese destas cadeias pode resultar em um desequilíbrio. Várias condições genéticas podem acarretar modificações na molécula de Hb e causar hemoglobinopatia, seja por uma mudança na estrutura de suas cadeias polipeptídicas ou uma falha na síntese de uma cadeia específica. Elas se dividem em dois grupos principais: síndromes 6 RNA polimerases principal enzima que orienta a síntese do RNA (ácido ribonucleico) (KLUG et al., 2010). talassêmicas e variantes estruturais da Hbs ou Hbs anormais. Embora as hemoglobinopatias estruturais e as talassemias sejam dois grupos geneticamente diferentes, clinicamente apresentam as mesmas manifestações, tais como: anemia de grau variável, com hipocromia e microcitose dos eritrócitos e morbimortalidade considerável (LEONELI et al., 2000; SOUZA et al., 2002; LOBO et al., 2003; LORENZI, 2003). As hemoglobinopatias não se limitam a uma determinada região geográfica, ocorrendo amplamente em todo o mundo, sendo um problema de saúde pública mundial. A cada ano, milhares de crianças nascem com estes distúrbios genéticos da hemoglobina, representando uma grande proporção de nascidos acometidos por uma doença congênita. Apesar de sua distribuição global, segundo relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% das crianças afetadas nasce em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento e aproximadamente 70% nasce com o gene falciforme e o restante com distúrbios talassemicos (WEATHERALL, 2010). Nestes países, cerca de 50% a 80% das crianças com anemia falciforme e 50 a 100 mil crianças com β talassemia major vão a óbito anualmente (AIMIUWU, et al., 2013). Os dados disponibilizados pela OMS (2006) salientam que 270 milhões de pessoas em todo mundo carregam genes que determinam a presença de hemoglobinas anormais em várias combinações, com consequências que variam de quase imperceptíveis a letais, sendo necessário, portanto, diagnóstico precoce a fim de evitar maiores complicações (ORLANDO et al., 2000; LISOT; SILLA, 2004; BACKES et al., 2005). No Brasil, os distúrbios que afetam a hemoglobina têm sido objeto de estudo em muitas pesquisas. Estas desordens hereditárias espalhadas através da migração dos povos colonizadores se dispersarão em nosso meio. Dados descritos na literatura nacional apontam suas distribuições e prevalências analisadas em diferentes regiões e grupos étnicos e estimam que o país possua aproximadamente 10 milhões de portadores destes distúrbios. No entanto, dados epidemiológicos atualizados ainda são escassos ou até mesmo ausentes em muitos municípios brasileiros. Assim, os dados disponíveis talvez possam estar subestimados, apesar das crescentes pesquisas (SALZANO, 2002; LISOT; SILLA, 2004; GARANITO, 2008). A Tabela 1 mostra a incidência aproximada de algumas hemoglobinopatias mundialmente comuns, distribuídas por regiões, segundo classificação da OMS. De acordo com Weatherall (2008) os dados expostos devem ser interpretados com cautela, pois muitos foram obtidos a partir de estudos feitos com pequenas amostras da população. Tabela 1 - Incidência mundial de algumas hemoglobinopatias comuns Regiões Hb S Hb C Hb E β-Tal Tal-α0 Tal-α+ África Subsaariana 1-38 0-21 0 0-12 0 10-50 Américas 1-20 0-10 0-20 0-3 0-5 0-40 Europa 0-30 0-5 0-20 0-19 1-2 0-12 Mediterrâneo Oriental 0-60 0-3 0-2 2-18 0-2 1-60 Pacífico Ocidental 0 0 0 0-13 0 2-60 Sudeste Asiático 0-40 0 0-70 0-11 1-30 3-40 Fonte: WEATHERALL, 2008 O diagnóstico laboratorial precoce dessas doenças hereditárias, apesar de não possibilitar a cura, promove melhoria da taxa de sobrevida e qualidade de vida dos portadores, uma vez que, a cada ano, essas desordens afetam severamente cerca de 300.000 indivíduos em todo o mundo (FERRAZ et al., 2007; HIGGS, 2013). Sendo assim, a associação dos testes de triagem com outros métodos complementares permite melhor avaliação laboratorial para o diagnóstico das hemoglobinopatias (WAGNER, 2005; HIGGS, 2013). 2.3. Variantes estruturais de hemoglobinas (Hb anormais) A estrutura molecular da Hb é muito importante para o desempenho de suas funções, entretanto existem condições genéticas que podem desencadear modificações na composição de sua molécula. Esse defeito pode está presente e afetar uma ou mais cadeia globínica. Frequentemente estas alterações, conhecidas como variantes estruturais de Hb ou Hb anormais, prejudicam a estabilidade da molécula de Hb e podem modificar seu funcionamento (ORLANDO et al., 2000). As desordens da hemoglobina resultam de variados defeitos moleculares (mutações pontuais, inserções ou deleções) na sequência de nucleotídeos nos genes que codificam as cadeias globínicas, com consequente síntese de um aminoácido diferente. O quadro fenotípico depende do tipo de mutação e de sua localização na cadeia proteica afetada, ainda assim, a maior parte das desordens é clínica e hematologicamente silenciosa (WAGNER, 2005; OLIVEIRA, 2006). Atualmente mais de 1.160 mutações7 nos genes globínicos foram identificadas, a maioria produzida pela troca de apenas um único aminoácido em sua cadeia polipeptídica. Dentre as variantes estruturais de Hb, as clinicamente importantes e encontradas no mundo todo, são Hb S, Hb C, Hb E, Hb DPunjab, e Hb OArab, caracterizadas pela presença de uma Hb estruturalmente anômala no interior das hemácias (BUNN e FORGET, 1986; ROCHETTE et al., 1994, CLARK e THEIN, 2004; ZAGO et al., 2004; STEINBERG, 2006; SONATI e COSTA, 2006). Nos muitos tipos e subtipos combinados em cada grupo dessas variantes estruturais, destacam-se as Hb S e Hb C devido à gravidade das manifestações clínicas (NAOUM, 2004). A formação da Hb S ocorre devido à troca do ácido glutâmico (GAG) pela valina (GTG) no sexto códon do gene β. Em baixa tensão de O2 essa Hb altera a sua configuração adquirindo forma de foice. O acúmulo dessas hemácias falcizadas provoca obstrução dos vasos sanguíneos desencadeando lesão tecidual. A forma heterozigota8 (AS ou FS) é conhecida como traço falciforme, que geralmente não exibe sintomatologia, ou seja, seus portadores são assintomáticos, enquanto que a forma homozigota (SS) também designada anemia falciforme, os portadores evoluem com manifestações clínicas graves, nas quais estão inclusas anemia hemolítica, crises de dor, necrose de órgãos entre outras (DUCATTI, 2001). Além dessas variações, pode ocorrer associação com outras hemoglobinas ou dupla heterozigose, como por exemplo, a Hemoglobinopatia SC, Hemoglobinopatia SD e S/talassemia, as quais cursam com sintomas clínicos laboratoriais significativos (GARANITO, 2008). Assim como na Hb S, a substituição do ácido glutâmico (GAG) pela lisina (AAG) na sexta posição no gene da β globina determina a síntese da Hb C, que pode ser evidenciada pela formação de cristais rígidos alongados (tactóides), no interior dos eritrócitos sendo capazes de deformá-los, evento denominado de cristalização. Os heterozigotos (AC ou FC) apresentam-se assintomáticos. Já os indivíduos homozigotos (CC) e heterozigotos em interação (SC, C/talassemia) evidenciam uma anemia 7 Descritas no banco de dados de Hb variantes (Hbvar) no Globin Gene Server disponível no endereço eletrônico http://globin.bx.psu.edu/hbvar/menu.html/2013 até junho de 2013. 8 Quando um indivíduo apresenta um par de alelos diferentes, o indivíduo é dito heterozigoto ou possuidor de genótipo heterozigoto, em relação ao locus desses genes. Se os alelos de um par forem idênticos ele será dito homozigoto, em relação ao loco desses alelos (GRIFFITHS et al., 2008). hemolítica de diferentes graus (BONINI-DOMINGOS et al., 2003; STEINBERG, 2006; GARANITO, 2008). Estima-se que em todo o mundo existam aproximadamente 30 milhões de indivíduos heterozigotos para gene da Hb S (βs), dos quais mais de 6.000.000 somente no continente africano, onde a prevalência varia entre 2% a 40% em determinadas regiões (WEATHERALL, 2010). Pesquisas demonstram incidências significativas em outras partes do globo, como por exemplo, nas Américas, onde a frequência chega atingir 15% dos afro-americanos, e em torno de 2%-23% dos indivíduos com ascendência africana, em alguns países caribenhos. Além da África e das Américas, hoje, o gene βs globínico é encontrado em toda a Europa e em grandes regiões da Ásia. (SERJEANT; HAMBLETON; THAME, 2004; WHO, 2013). Na população brasileira a prevalência de indivíduos heterozigotos para as hemoglobinopatias C e S é significativa, variando de 1 a 3% e 2% a 10%, respectivamente (NAOUM, 2004). Em geral, esses indivíduos não desenvolvem a doença, sendo então classificados como portadores assintomáticos, entretanto, podem passar o gene anormal para seus descendentes e assim contribuir com a propagação dessas anomalias (RAMALHO; MAGNA; SILVA, 2003). Dados recentemente divulgados mostraram que cerca 30.000 pessoas são acometidas pelas formas graves dessas doenças, com destaque para anemia falciforme (Hb SS), a doença falciforme Hb SC e a forma associada da Hb S e β talassemia (S/β-tal) (HOLSBACH et al., 2010). Em Minas Gerais, segundo estimativas disponíveis, a doença falciforme afeta 72 em cada 100.000 nascimentos, e em torno de 1 para cada 30 nascimentos de portador com traço. Estima-se que, a cada ano, ocorram no país cerca de 3.200 novos casos de pacientes com doença falciforme (RAMALHO; MAGNA; SILVA, 2003; NAOUM, 2004, CEHMOB-MG, 2007). A incidência para esta doença é muito significativa em diversas regiões de Minas Gerais, principalmente a região Norte e Nordeste, cuja relação está ligada à migração dos povos africanos oriundos do tráfico de escravos, durante o período de colonização do Brasil. Nas demais regiões de Minas, a ocorrência da doença falciforme também evidencia o fato desta doença ser um dos principais problemas de saúde pública enfrentados pelo estado (CEHMOB-MG, 2007). Portanto, a triagem desses portadores é importante para fornecer triagem neonatal, pré-natal para mulheres em risco, aconselhamento genético, quando apropriado, e para estimar com precisão a verdadeira prevalência e impacto na saúde pública desses transtornos (WEATHERALL, 2012). 2.4. Talassemia A história da talassemia na literatura científica surgiu com o primeiro relato clínico dos pediatras Thomas B. Cooley e Pearl Lee, em 1925, quando diagnosticaram a doença em quatro crianças descendentes de italianos e gregos, que apresentavam anemia grave, hepatoesplenomegalia, alterações ósseas faciais e cranianas, resistência osmótica dos eritrócitos aumentada e leucocitose, por essa razão ficou conhecida como anemia de Cooley. No entanto, a aplicação real da palavra “talassemia”, que se origina do vocábulo grego tálassa e significa mar, é atribuída a George Whipple e William Bradford que em 1932, utilizaram o termo, hoje adotado universalmente, para caracterizar uma anemia altamente incidente na região do Mar Mediterrâneo (WHIPPLE e BRADFORD, 1936; NAOUM, 2004; WEATHERALL e CLEGG 2001). Atualmente, as síndromes talassêmicas fazem parte de uma das doenças mais pesquisadas entre as hemoglobinopatias. Mais de 200 mutações que causam β talassemia foram descritas (o maior número são mutações pontuais) e mais de 100 mutações que causam α talassemia foram relatadas, a maioria envolvendo deleções dentro do agrupamento gênico da α-globina. (VICHINSKY, 2013, HIGGS, 2013). Sua distribuição inclui as áreas que margeiam o mar Mediterrâneo, continente Africano, Oriente Médio, Índia e Sudeste Asiático (FORGET e COHEN, 2005; WEATHERALL e PROVAN, 2000; GALANELLO e CAO, 2011; WAYE e ENG, 2013). O gene da β talassemia está presente em 3 a 8% dos norte-americanos de origem italiana ou grega e em 0,5% dos negros norte-americanos. Na população brasileira oscila entre 0,5% e 1,5% (NAOUM, 1987, 2004; LINKER et al., 2005; CAO e GALANELLO, 2010). Estima-se que, no mundo, aproximadamente 15 milhões de pessoas sejam portadoras de alguma forma da doença (CLARKE e HIGGINS, 2000; WAYE e ENG, 2013). Em algumas regiões a frequência de portadores pode atingir de 80% a 90% da população, ou seja, quase todos os indivíduos possuem um ou mais genes da talassemia. As áreas geográficas nas quais prevalece a talassemia relacionamse estreitamente com as regiões em que a malária por Plasmodium falciparum era ou é endêmica (Figura 4). A resistência à infecção por malária, entre os portadores de distúrbios da Hb, aparentemente, evidencia-se através dos mecanismos envolvidos na seleção natural que contribuíram para a sobrevida desses indivíduos em áreas de endemia da doença (HENDRICKS, 2003; CAO e GALANELLO, 2010; WILLIAMS e WEATHERALL, 2012; YAP et al., 2013). Figura 21- Distribuição mundial das talassemias e hemoglobinas anormais. A disseminação dessas hemoglobinopatias sobrepõe à distribuição geográfica da malária. A doença da Hb H é predominantemente vista no sudeste da Ásia, Oriente Médio, África e Mediterrâneo (área laranja). A prevalência tem aumentado previamente nas áreas não endêmicas (áreas laranja com pontilhados azul) como consequência dos fluxos migratórios históricos e recentes, tráfico de escravos, as atividades comerciais e de colonização. Em todas essas regiões há uma alta prevalência de talassemia. Acredita-se que os portadores de talassemia α são protegidos contra a malária e que a seleção natural é responsável por elevar e manter as suas frequências de genes (HARTEVELD e HIGGS, 2010; KRAUSE et al., 2012; WILLIAMS e WEATHERALL, 2012). Assim, elas são classificadas como distúrbio genético, de ampla distribuição mundial, cujas manifestações clínicas resultam de um desequilíbrio total ou parcial na síntese das cadeias de globina que formam as Hbs. Como consequência, ocorre uma hemoglobinização deficiente das hemácias, que por sua vez, resulta em eritrócitos microcíticos e hipocrômicos, com dano em sua membrana celular e seus precursores eritróides (culminando com sua remoção precoce da circulação pelo sistema fagocitário), devido ao excesso das subunidades de globina despareadas (FORGET e COHEN, 2005; WEATHERALL, 2006; KRAUSE et al., 2012). Pode se evidenciar índice de anisocitose (RDW9) normal ou pouco aumentado, reticulocitose e severidade clínica variável (TANEJA, 2005). 9 Red Cell Distribution Width - RDW (Distribuição da Largura das Células Vermelhas). Do ponto de vista clínico as talassemias são classificadas de acordo com o tipo de cadeia cuja produção está afetada em: α, β, δ, δβ e γδβ. Este defeito de sínteses pode envolver qualquer cadeia de globina, as talassemias α e β são as que apresentam maior frequência e importância clínica em todo o mundo (BUNN e FORGET, 1986; WEATHERALL, 2001; VICHINSKY, 2012). Na maioria das vezes as α talassemias derivam de deleções totais ou parciais do gene α globina, enquanto que os principais defeitos moleculares responsáveis pela maioria das β talassemias são devido a polimorfismos (mutações pontuais e pequenas deleções ou inserções) na sequência do gene β globina. (WEATHERALL e CLEGG 2001; CAO e GALANELLO, 2010; GALANELLO e CAO, 2011; WAYE e ENG, 2013). As diversas manifestações clínicas da α-tal estão relacionadas à intensidade do bloqueio ou do gene que sintetiza a cadeia α, que vão desde casos assintomáticos, com resultados clínicos hematológicos normais até a síndrome incompatível com a vida (hidropsia fetal por Hb Bart) (Tabela 2) (TANEJA, 2005; GALANELLO e CAO, 2011; VICHINSKY, 2012). Tabela 2- Classificação clínica e laboratorial da α talassemia Fenótipo/ Nº de genes Características Genótipo α afetados Clínicas Clínica e hematologicamente 1 Portador Silêncioso1 normal Traço talassêmico2 Doença da Hb H3 Hidropsia fetal por Hb Bart’s4 2 Microcitose, hipocromia e anemia leve 3 Microcitose moderada à severa, hipocromia, anemia hemolítica, Icterícia, hepatoesplenomegalia moderada 4 Anemia severa, edema generalizado, ascite, hepatoesplenomegalia marcada, manifestações esqueléticas e cardiovasculares, geralmente ocasiona em morte fetal. % Síntese de cadeia α 75% 50% 25% 0% Fonte: Adaptado de GALLENO e CAO, 2011. Nota: 1. Supressão ou inativação de um dos gene da α-globina (-α/αα), também conhecido como talassemia α+; 2. Supressão ou inativação de duas cadeias da α-globina, ou em cis de configuração (--/αα) ou em trans de configuração (-α/-α), também conhecido como talassemia αº; 3. Supressão ou inativação de três cadeias da α-globina; 4. Supressão ou inativação de todos os quatro genes da α-globina (- -/- -) impossibilitando a síntese das Hb F e Hb A, com isto, o sangue fetal em sua maior parte é composto por Hb Bart’s (γ4) e de 10-15% da hemoglobina embrionária Portland (ζ2γ2). Os pacientes β talassêmicos apresentam quadros fenotípicos mais heterogêneos quando comparados aos portadores da α talassemia. Nas alterações do gene que levam à talassemia beta menor (β+) ou forma heterozigótica, os portadores geralmente são assintomáticos já nos heterozigotos compostos (associado à Hb variante), a gravidade é variável e alguns podem ser tão graves quanto os homozigotos. Já na forma homozigota (βº) conhecida como Talassemia β Maior, os portadores são clinicamente caracterizados por anemia hemolítica grave, icterícia, hepatoesplenomegalia e alterações ósseas generalizadas, que decorrem da intensa hiperplasia eritróide na medula óssea, em resposta ao processo hemolítico (LIMA, 2001; OLIVEIRA, 2003; VICHINSKY, 2012). Em alguns pacientes a herança concomitante da talassemia α e aumento da produção de Hb F são responsáveis por leves fenótipos clínicos. No entanto, existem ainda alguns fatores desconhecidos que podem modular a gravidade da doença em ambas as talassemias α e β (NAOUM, 1987, 2004; WEATHERALL, 2010). As alterações no ritmo de síntese das cadeias polipeptídicas leva à um desequilíbrio entre as globinas α e β, e dessa forma, o excesso de uma das cadeias forma homotetrâmeros que se precipitam no interior dos eritrócitos danificando suas membranas e de suas células precursoras, levando a destruição prematura de eritrócitos. Sendo assim, quanto maior for o bloqueio da síntese de uma das globinas, maior será o desequilíbrio, mais intensa será a quantidade de globinas precipitadas, e mais extensas serão as lesões nos eritrócitos que serão retirados precocemente da circulação causando anemias hemolíticas de graus variados (LINKER, et al., 2005; WEATHERALL, 2010). De um modo geral, a sintomatologia exibida pelo portador de talassemia depende do grau de deficiência da cadeia afetada, podendo apresentar anemia, fraqueza, cansaço, dores nas pernas, palidez, icterícia, e dependendo da gravidade da doença, ocorrem alterações esqueléticas, hepatomegalia, esplenomegalia, cálculos biliares, insuficiência cardíaca e disfunções hormonais, ou ainda manifestar sinais e sintomas de infecção, que é a causa mais comum de morte em crianças com talassemia (NAOUM, 1987, 2004; LINKER, et al., 2005; CAO e GALANELLO, 2010; HIGGS et al.,2012). Analisando o conjunto de afecções acima mencionadas, a OMS e a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) salientam a importância de definir estratégias para a prevenção e controle das talassemias, que incluem serviços de triagem populacional dos heterozigotos (pois os homozigotos são facilmente identificados) atuando principalmente no diagnóstico neonatal (teste do pezinho) e informações sobre aconselhamento genético, entretanto a aplicação deste último é muito difícil, pois requer a inclusão de um geneticista no sistema de saúde (MODELL e DARLISON, 2008; WEATHERALL, 2010). No Brasil, os tipos de talassemia mais prevalentes são as talassemias α e β que se manifestam em heterozigose, homozigose e formas interativas. O número de indivíduos afetados varia de acordo com a origem racial do grupo populacional analisado (LINKER, et al., 2005). A tabela 3 mostra a distribuição regional da população brasileira com β talassemia nas formas minor, intermédia, major e S/β talassemia, conforme dados disponibilizados pela Associação Brasileira de Talassemia (ABRASTA, 2013). Tabela 3 - Incidência da talassemias beta (intermediária, major e associada) Regiões do Brasil nº de casos % do total de casos Norte 17 2,31 Nordeste 187 25,55 Centro-Oeste 39 5,33 Sudeste 418 57,11 Sul 71 9,7 Nº total de Casos 732 100 Fonte: ABRASTA, 2013 2.4.1 Alfa Talassemia A alfa talassemia (α-tal) constitui um grupo de doenças genéticas monogênicas autossômicas recessivas, que estão entre as mais comuns no mundo, causadas pela deficiência da síntese de cadeias α da Hb (OLIVEIRA; MENDIBURU; BONINIDOMINGOS, 2006; DIAS-PENNA et al, 2010; WAYE e ENG, 2013). Isso leva a uma produção excessiva de cadeias β que se unem e formam a Hb H (tetrameros β4), em adultos e crianças. Já em recém-nascidos o excesso de cadeias γ produzem a Hb Bart’s. Existem quatro genes da α globina localizados no cromossomo 16. Os fenótipos da α talassemia são determinados na maioria das vezes pela deleção de 1, 2, 3 ou 4 desses genes, ou ainda por pequenas mutações pontuais (VICHINSKY, 2012; WAYE e ENG, 2013). A expressão clínica e hematológica é diretamente proporcional ao número de genes α deletados. Portanto conforme o número de genes deficientes, os fenótipos observados são: portador silencioso, traço α talassêmico, doença da Hb H e hidropsia fetal por Hb Bart's, respectivamente (LINKER, et al., 2005; LIMA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2006). Figura 22 - Genótipos da alfa talassemia. As caixas azuis representam a presença do gene alfa e as vermelhas sua ausência (Adaptado de WEATHERALL e PROVAN, 2000). A distribuição das α talassemias é comum em todas as partes do mundo onde a malária é endêmica. Estudos têm sugerido que esta evidência confirma que a malária é de fato a principal força seletiva por trás das altas frequências das hemoglobinopatias hereditárias, como demonstrado em muitos países endemicos. As provas que sustentam esta afirmação vem de quatro fontes principais: a similaridade entre as distribuições da malária e das hemoglobinopatias específicas em determinados locais, regiões, e países; as predições históricas e genéticas da população, a partir de estudos clínicos realizados em áreas endêmicas da malária, e a partir de pesquisas realizadas tanto in vitro quanto in vivo. Tais evidências são mais fortes para a Hb S e para as talassemias, que têm sido o foco da maioria das pesquisas, e com base nisso, não há dúvida de que a malária é responsável pelas atuais distribuições das principais hemoglobinopatias (WEATHERALL e CLEGG 2001; WILLIAMS e WEATHERALL, 2012). Abaixo estão listados os percentuais aproximados de várias populações com algumas formas de α talassemia: • Europa - 4-12% • Oriente Médio e Ásia ocidental - 12-55% • Sudeste da Ásia - 6-75% • África - 11-50% • América do Sul e Caribe - 7% (WEATHERALL e CLEGG 2001; CAO e GALANELLO, 2010; GALANELLO e CAO, 2011; HIGGS et al., 2012; KRAUSE et al., 2012). A deleção -α3.7 é a forma mais comum de α talassemia observada mundialmente, seguida de outras como α-4.2, --MED, α-20.5, --SEA, --FIL e --THAI. Atualmente, estão descritas mais de 20 deleções, sendo que algumas podem remover ambos os genes α in cis/trans ou até mesmo todo o locus (Globin Gene Server, 2013). Essas deleções abrangem regiões de 100 a 300 kb (HIGGS et al., 2001) ou segmentos maiores de até 2 Mb, em casos de pacientes com Síndrome do Retardo Mental associado à α talassemia (ATR-16) (LEWIS, 2006; HARTEVELD et al., 2007; DIAS-PENNA et al., 2010; SIMÕES et al., 2010; LORENZZI, 2011). Além disso, existem deleções raras que suprimem a expressão do gene α por eliminar o elemento regulatório principal HS-40 ou α-MRE (Major Regulatory Element) localizado a 40 Kb upstream ao agrupamento de genes α (HIGGS et al., 1998, HIGGS et al., 2001, VIPRAKASIT et al., 2006). Deleções ocorridas nesse local levam a uma importante redução na expressão dos genes α, podendo chegar a níveis abaixo de 5% (VOON e VADOLAS, 2008). Até o momento, mais de 20 deleções comprometendo o sítio HS-40 foram descritas, que em geral, ocasionaram a remoção de 3,3 a 160 kb da região. Nesses casos, os pacientes acometidos apresentavam uma diminuição dos valores do volume corpuscular médio (VCM < 80fl) e da hemoglobina corpuscular média (HCM < 25pg), quadro semelhante ao observado nos portadores que possuem dois genes α afetados (--/αα ou -α/-) (HATTON et al., 1990; LIEBHABER et al., 1990; WILKIE et al., 1990; ROMAO et al., 1991, 1992; FLINT et al., 1994, 1996; HIGGS et al., 1998; WENNING et al., 2002; VIPRAKASIT et al., 2006; HARTEVELD et al., 2005; SONATI e COSTA, 2006; PHYLIPSEN et al., 2010; HIGGS, 2013; PHYLIPSEN, 2013; WAYE e ENG, 2013). Dados da OMS estimam que existam no mundo 270 milhões de portadores de hemoglobinas anormais e aproximadamente 10 milhões no Brasil, indicando que as hemoglobinopatias são um problema de saúde pública no país (FERRAZ et al., 2007; GARANITO, 2008). O Brasil possui notável miscigenação genética, resultante da mistura de ameríndios nativos do país, portugueses colonizadores, africanos trazidos para o trabalho escravo e europeus, principalmente da Itália, Alemanha e Espanha (BONINI-DOMINGOS, 2004; PIMENTA et al., 2006; WAGNER et al., 2010). Desse modo, o país conta com elevadas frequências de hemoglobinopatias decorrente de genes anormais que se dispersaram nestes processos migratórios, provocando distúrbios relacionados, principalmente à anemia falciforme e talassemias (BONINI-DOMINGOS, 2004; LISOT e SILLA, 2004; ZAMARO et al., 2008). A α talassemia é considerada uma das alterações de hemoglobina mais comum na população brasileira, chegando a atingir índices acima de 20% (WAGNER et al., 2010) da população afrodescendente. Em indivíduos com microcitose e hipocromia, a frequência aproximada é de 50% (SONATI et al., 1996; OLIVEIRA, 2003; MELO REIS et al., 2006; WAGNER et al., 2010; MESQUITA et al., 2010). 2.4.2 Diagnóstico laboratorial: testes de triagem para alfa talassemia Em 1975, especialistas em Hbs anormal e talassemias do Comitê Internacional de Normalização em Hematologia, fizeram recomendações de diagnóstico sobre a investigação laboratorial dessas condições. Os testes iniciais recomendados incluem um hemograma completo, eletroforese em acetato de celulose em pH alcalino (8,6), testes de solubilidade e falcização, quantificação de Hb A2 e Hb F. Se alguma Hb anormal for identificada nesses ensaios preliminares, técnicas adicionais são recomendadas para sua identificação. Essas técnicas incluem eletroforese em pH ácido 6,0-6,2, separação das cadeias de globinas, e focalização isoelétrica. Testes suplementares, incluindo testes para detecção de Hbs instáveis ou com alteração da afinidade por oxigênio também são recomendados (CLARKE e HIGGINS, 2000). O diagnóstico laboratorial precoce dessas doenças hereditárias, apesar de não possibilitar a cura da doença, promove melhoria da taxa de sobrevida e qualidade de vida dos pacientes (LIMA, 2001; OLIVEIRA et al., 2006). A identificação laboratorial de portadores de α talassemia é importante por duas razões: (1) detecção de portadores de hemoglobinopatias graves ou com risco de morte e (2) para investigação da anemia microcítica de etiologia incerta, evitando assim tratamentos errôneos e desnecessários tais com intervenções para deficiência de ferro. Em geral, o diagnóstico é realizado por meio de achados no hemograma (análise dos índices e morfologia eritrocitária), métodos eletroforéticos e pesquisa intraeritrocitária dos corpos de inclusão Hb H, estes definidos como testes de triagem ou seletivos. Frequentemente esses portadores são detectados em análises rotineiras ou em participações em estudos populacionais. Para o rastreamento e identificação sugere-se incluir a combinação dos testes de triagem e confirmatórios que utilizam técnicas moleculares. No entanto este último geralmente requerem equipamentos caros que muitas vezes não são acessíveis a todos os laboratórios, principalmente nos de pequeno porte, tornando-os economicamente inviáveis, devido aos elevados custos gerados aos serviços de saúde (WEATHERALL, 2010). Laboratorialmente nas α talassemias ocorre uma diminuição na concentração de Hb, que se mostra como uma redução nos índices hematimétricos (SKOGERBOE et al., 1992). A microcitose (VCM<80fl) e a hipocromia (HCM<27pg) são os mais importantes critérios de diagnóstico para detectar os portadores de talassemias (CHUI e WAYE, 1998; WAYE e ENG, 2013), ambos apresentam sensibilidade e especificidade equivalente, independente da população avaliada. Medidas estratégicas recentes aplicadas na triagem estabelecem unicamente esses índices como método de escolha na identificação de indivíduos com mutações clinicamente significativas (CHAN et al., 2001). Isoladamente, a aplicação dos testes de triagem não é confiável e nem recomendada para quaisquer hemoglobinopatias; por isso, a maior parte dos protocolos recomenda a utilização de mais de uma metodologia na triagem inicial, aumentando a especificidade auxiliando no diagnóstico das alterações e no direcionamento das próximas condutas (CHINELATO-FERNANDES e DOMINGOS, 2006). Portanto, além do hemograma completo e análise da morfologia eritrocitária, a triagem inicial para talassemia e variantes de Hb é composta pela associação de vários testes com princípios diferentes (RYAN et al., 2010) que incluem dosagens de Hb A2 e Hb F, contagem de reticulócitos, dosagens de ferro e ferritina sérica, eletroforese em pH alcalino (8.0 a 9.0) em acetato de celulose ou gel de agarose (BONINI-DOMINGOS e MENDES-SIQUEIRA, 2000). A interação destes testes também permite a identificação das alterações físicoquímicas, morfológicas e funcionais dessas hemoglobinas e auxiliam no diagnóstico, além de favorecer o entendimento dos mecanismos fisiopatológicos da doença. Como se sabe, o conhecimento da origem étnica e racial e também do histórico de anemia do paciente é imprescindível para o estudo das desordens genéticas hereditárias (BONINIDOMINGOS, 2006; LIMA et al., 2010). A eletroforese é o método de fracionamento mais usado em laboratórios para identificação de frações de Hb normais e anormais, permitindo ainda quantificálas, através de suas diferentes migrações eletroforéticas, causadas pela troca de aminoácidos na molécula de Hb (CHINELATO-FERNANDES e DOMINGOS, 2006). Com essas substituições, em pH alcalino a Hb produzida apresentará mobilidade similar a outras Hb com cargas elétrica equivalentes, tal como, as Hb A2, Hb C, Hb O e Hb E, e Hb S, Hb D e Hb G (NAOUM, 1999; BONINI-DOMINGOS; MENDESSIQUEIRA, 2000; ORLANDO et al., 2000), tornando-se necessário para algumas Hb anormais o emprego de técnicas complementares no auxílio diagnóstico, por exemplo, a confirmação das Hb S e Hb C que é feita em eletroforese ácida pH 6,2 (Agar fosfato), onde nesta a Hb S separa da Hb D e a Hb C da Hb E, que, em pH alcalino, migram para mesma região (NAOUM, 1999). Além disso, as dosagens de Hb A2 e Hb F, pesquisa de corpos de Heinz e agregados intraeritrocitários de Hb H e Bart’s tem sido extensivamente propagados como métodos de investigação para talassemias α, e em geral são exames que permitem uma avaliação adequada das hemoglobinopatias (NAOUM, 1999; ORLANDO, 2000). A concentração de Hb F acima de 1% na eletroforese sugere a dosagem bioquímica pelo método da resistência alcalina. Já para a Hb A2 aparentemente com concentrações aumentadas (> 4%), deve-se dosá-la quantitativamente. As Hb instáveis são constatadas por teste de desnaturação térmica e pesquisa de corpos de Heinz (NAOUM, 1999). A presença de Hb H pode ser verificada por eletroforese neutra (pH 7,0) em acetato de celulose e/ou por pesquisa citológica intraeritrocitária de Hb H com azul de cresil brilhante 1%. No entanto, diversos estudos relatam e qualificam os testes citológicos como laboriosos, observador-dependente e com baixa sensibilidade para detectar as formas talassêmicas afetadas pela disfunção de um ou dois genes α (SKOGERBOE et al., 1992; CLARKE e HIGGINS, 2000; CHAN et al., 2001; DIASPENNA et al., 2010; RYAN et al., 2010). Porém, existem outros estudos sobre o tema na literatura científica que afirmam exatamente o contrário, sugerindo ainda que para aqueles que queiram aumentar a sensibilidade e confiabilidade do método, outras possíveis causas de microcitose devem ser excluídas, como por exemplo, a deficiência de ferro, traço β talassêmico ou as variantes de Hb (THOMPSON et al.,1989; SABATH et al., 2003; NAOUM, 1987, 2004; PAN et al., 2005; REPAPINOU et al., 2007; HARTEVELD e HIGGS, 2010; WAYE e ENG, 2013). Nos últimos anos, com o avanço das ferramentas de análises moleculares novas linhas de investigação estão surgindo, com isso a quantidade de Hbs variantes descritas na literatura tem elevado significativamente. Até o momento, cerca de 1.160 já foram relacionadas e expostas no banco de dados de Hbs variantes (Hemoglobin Variant Database) (CHINELATO-FERNANDES e BONINI-DOMINGOS, 2006). Apesar do custo oneroso, a análise do DNA é o método laboratorial definitivo para confirmar a presença de uma mutação e diferenciar o tipo de deleção que a causa (BELISÁRIO e VIANA, 2010). O uso de técnicas apropriadas para o diagnóstico é útil e de grande importância principalmente para as formas interativas de Hb, especialmente no Brasil, tendo em vista os inúmeros casos de associação de hemoglobinopatias, além de variantes que apresentam co-migração. A ocorrência de tais associações exige, portanto, que todos os recursos disponíveis, em nível laboratorial, sejam utilizados em benefício do paciente e seus familiares. O esclarecimento diagnóstico destes casos é fundamental, tanto para o correto aconselhamento genético quanto para evitar tratamentos inadequados ou desnecessários dos seus portadores (ORLANDO et al., 2000). Hipótese 3. HIPÓTESE Diante do alto grau e miscigenação da população brasileira, na qual o processo de colonização teve grande influência na dispersão dos genes anormais principalmente relacionados às talassemias e falcemias, acreditamos que deve existir uma alta prevalência na região do Triângulo Mineiro, assim como evidenciado nas demais regiões de Minas Gerais, onde a incidência destas doenças é significativa, principalmente nas regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais, cuja relação está associada à migração da população negra oriunda do tráfico de escravos, trazidos da África no processo de colonização do Brasil. Objetivos 4. OBJETIVOS 4.1. Objetivo geral Conhecer o perfil da alfa talassemia em recém-nascidos, doadores de sangue inaptos por anemia e crianças com anemia a esclarecer atendidos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro mediante a realização de testes laboratoriais de triagem. 4.2. Objetivos específicos 1. Verificar a incidência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em recém-nascidos. 2. Verificar a ocorrência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em doadores de sangue inaptos por anemia. 3. Verificar a ocorrência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em crianças com anemia a esclarecer. 4. Verificar a concordância entre os testes utilizados na triagem para alfa talassemia. Casuística e Método 5. CASUÍSTICA E MÉTODO 5.1. Casuística O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e da Fundação Hemominas, com número de protocolo 1836 intitulado: “Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos, doadores de sangue inaptos por anemia e crianças com anemia a esclarecer” (Anexo I), a fim de seguir as normas de ética em pesquisa. 5.1.2 População/caracterização da amostra Trata-se de um estudo observacional transversal de abordagem quantitativa. A amostra foi determinada pelo cálculo do tamanho amostral para uma população finita (até 100.000 habitantes), baseia-se na fórmula → onde: n = Tamanho da Amostra σ = Nível de confiança escolhido, expresso em números de desvio padrão* p = Percentagem com a qual o fenômeno se verifica q = Percentagem complementar (100-p) e = Erro máximo permitido N = Tamanho da população *95,5 % de nível de confiança (σ) equivale a 2 desvios padrão *99,7 % de nível de confiança (σ) equivale a 3 desvios padrão Usualmente trabalha-se com uma estimativa de erro máximo permitido (e) de 3 e 5%. Quando não é possível estabelecer previamente a percentagem com o qual o fenômeno se verifica, adota-se o valor máximo de 50 para p. Considerando uma frequência de 4% para hemoglobinopatias na população geral, sem considerar a alfa talassemia, originada por um ou dois genes afetados (VIANA-BARACIOLI; PAGLIUSI; NAOUM, 2001) e 10% para alfa talassemia em neonatos (NAOUM, 2004; MENDEZ-SIQUEIRA, 2000). O nível de significância foi de 3%, com o poder do teste de 95% o tamanho mínimo da amostra para recémnascidos foi de 889. O setor de obstetrícia do HC-UFTM, atente em cerca de 110 gestantes/mês, com uma média de 1320 procedimentos obstétricos/ano. Este serviço é considerado referência no atendimento às Gestantes de Alto Risco de todo o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sudoeste Goiano. Nos grupos específicos, como por exemplo, os indivíduos com anemia não ferropriva, foi considerado uma frequência de 50% (SONATI et al., 1996; BONINIDOMINGOS, 2003) nestes grupos, onde o tamanho mínimo das amostras foram 169 para doadores e 19 crianças. O estudo envolveu 1.238 amostras, no período de setembro de 2011 a dezembro de 2012, das quais 1004 foram de recém-nascidos do berçário do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro- HC-UFTM, 214 de doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba (HRU) e 20 crianças com anemia a esclarecer atendidas no Ambulatório de Hematologia Pediátrica do HCUFTM, ambos sem distinção de gêneros e etnia, com procedências variadas. A coleta da amostra dos recém-nascidos foi realizada após o parto (vaginal ou cesariano) pela punção do cordão umbilical, depois de ligado e seccionado pelo obstetra, ou subsequente a triagem clinica e hematológica dos doadores inaptos por anemia e das crianças com anemia a esclarecer, por punção venosa periférica. Foram colhidos cerca de 4 mL de sangue em tubos contendo anticoagulante (EDTA) as amostras foram refrigeradas até o momento das análises no laboratório de hemoglobinopatias do Hemocentro Regional de Uberaba (HRU) após a obtenção do consentimento informado dos participantes. Foram realizadas entrevistas com os participantes e/ou responsáveis, nesse momento foi preenchido uma ficha contendo dados demográficos de identificação, como gênero, idade, etnia, naturalidade, clínicos como histórico e tratamento de anemia e lacunas para anotar os resultados dos exames laboratoriais realizados, tais como eritrograma, ferritina, eletroforese de hemoglobina, dosagem de hemoglobina A2 e fetal, pesquisa de hemoglobina H (Anexo II). O grupo étnico foi atribuído pelo entrevistador (heteroclassificação), e definido em caucasoides e não caucasoides considerando critérios como cor da pele, textura do cabelo e formato do nariz e lábios, critérios estabelecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) (DAUDT, 2002; ARAÚJO et al., 2004), além da origem étnica familiar incluindo avôs/avós maternos e paternos. Todos os participantes e/ou responsáveis foram previamente esclarecidos quanto aos procedimentos adotados e a finalidade do trabalho, sendo que as amostras de sangue foram obtidas somente após a concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (Anexo III, IV e V). Todas as amostras foram submetidas à eletroforese em pH alcalino, neutro e ácido, dosagem das hemoglobinas A2 e fetal, além de testes citológicos com coloração pelo azul de cresil brilhante. O diagnóstico de talassemia α foi feito quando tanto a eletroforese de hemoglobina em pH alcalino quanto na pesquisa citológica dos corpúsculos de inclusão foram considerados positivos para tetrâmeros de hemoglobina β e/ou γ. Esses exames fazem parte da triagem para talassemia alfa. As análises hematológicas foram realizadas no laboratório de Hemoglobinopatias do HRU, como parte da rotina laboratorial. 5.1.3 Critérios de inclusão para ambos os grupos Nesse estudo foram incluídas amostras de sangue dos participantes e/ou responsável cujos, foi obtida autorização para participar desse estudo mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexos I, II e III). 5.1.3.1 Critérios de inclusão para os doadores Foram inclusos todos doadores inaptos por anemia, ou seja, aqueles apresentarem baixo hematócrito na triagem hematológica, isto é 38 e 39% para mulheres e homens, respectivamente. 5.1.3.2 Critérios de inclusão para as crianças Foram inclusos todas as crianças que apresentaram microcitose e/ou hipocromia, estabelecidos pelos índices hematimétricos VCM (Volume Corpuscular Médio) e HCM (Hemoglobina Corpuscular Média), com valores iguais ou inferiores a 82 fL e 27 pg, respectivamente, com anemia não ferropênica a esclarecer e em estavam em acompanhamento ambulatorial no HC-UFTM. 5.1.4 Critérios de exclusão para ambos os grupos Foram excluídas da pesquisa amostras em quantidade insuficiente para a realização dos exames laboratoriais de triagem (inferior a 2 mL). 5.1.4.1 Critérios de exclusão para as crianças Foram excluídos crianças com idade inferior a 4 anos, portadores de anemias de outras etiologias (anemia megaloblástica, autoimune e doenças oncohematológicas), Crianças com histórico de hemotransfusões nos últimos três meses, que antecederam à pesquisa, Portadoras de doenças crônicas (diarreias, patologias renais, imunodeficiências, paralisias cerebrais e cardiopatias congênitas cianóticas), 5.2. Métodos 5.2.1. Eritrograma A determinação do número de hemácias, da concentração de hemoglobina, do hematócrito e dos índices hematimétricos VCM, HCM, CHCM e RDW foram determinados por método automático, em equipamento modelo Coulter T – 890 (Flórida – USA), exame realizado somente para as amostras de doadores e crianças. 5.2.2. Ferritina sérica A determinação da ferritina sérica foi realizada (exceto nos RNs) através de ensaio imunométrico quimioluminescente em fase sólida, por técnica automatizada, utilizando equipamento modelo Immulite Cobas cujos valores de normalidade são: 12 a 120 ng/dL para mulheres e 20 a 300 ng/dL para homens. 5.2.3. Estudo das Hemoglobinas/Perfil Eletroforético 5.2.3.1.1. Preparação dos hemolisados Para que os procedimentos eletroforéticos e bioquímicos, fossem realizados, para identificação e quantificação das frações de hemoglobinas, foram necessários preparar um hemolisado cuidadosamente limpo de proteínas do plasma e células do estroma. Os eritrócitos foram lavados com solução fisiológica 0,9% (NaCl) respeitando a proporção de 1/5 (1 mL de sangue e 4 mL NaCl), a mistura foi homogeneizada por inversão, foi centrifugado a 3000 rotações/minuto (rpm), durante 10 minutos, em seguida o sobrenadante e a camada leucocitária (células brancas) foram removidos, permanecendo as hemácias, esse procedimento foi repetido até obtermos um sobrenadante claro e límpido (em torno de 3 vezes). Depois de lavadas as hemácias foram hemolisadas para a obtenção da solução de hemoglobinas, conforme o modo descrito abaixo: 5.2.3.1.2. Hemolisado rápido com saponina (NAOUM, 1987) Em uma placa de plástico, foram colocados 50 µL de hemácias lavadas e 100 µL do reativo hemolisante (Água destilada e Saponina). Em seguida, procedeu-se à homogeneização da mistura por 30 segundos, até completa hemólise (Figura 6). Este hemolisado foi utilizado na eletroforese de hemoglobina em pH alcalino (reconhecimento do perfil eletroforético) e neutro para identificação das Hbs Bart’s, H e Instáveis, é recomendado usar esse hemolisado pois, outros agentes hemolisantes podem destruir essas Hbs. Figura 23- Preparação do hemolisado com Saponina. A: lavagem dos eritrócitos com solução fisiológica a 0,9%; B: Eritrócitos hemolisados. 5.2.3.1.3. Hemolisado com clorofórmio Ao volume de eritrócitos lavados, adicionamos outro de água destilada. Homogeneizamos, e em seguida adicionamos um volume de clorofórmio, idêntico ao do hemolisado formado, então agitamos vigorosamente e centrifugamos a 3.000 rpm, por 10 minutos. A solução de hemoglobina sobrenadante, ou hemolisado, foi retirada por meio de pipeta Pasteur e transferida para um tubo limpo previamente identificado. A obtenção deste hemolisado de hemoglobina, geralmente tem concentração entre 10 e 15 g/dL, foi usada para a dosagem de Hb Fetal, Hb A2. (Figura 7) (BETKE et al., 1959; NAOUM, 1987). Figura 24- Preparação do hemolisado com clorofórmio. A: lavagem dos eritrócitos com solução fisiológica a 0,9%; B: Hemilise dos eritrócitos com água; C e D: Solução de Hb e clorofórmio após agitação; E: Solução de Hb após centrifugação; F: Hemolisado pronto para uso (tubo as direita da foto). 5.2.4. Eletroforese de Hemoglobina Todas as amostras foram submetidas à eletroforese em pH alcalino (MARENGO-ROWE,1965), utilizamos fitas de acetato de celulose de 2,7 x 14 cm e tampão Tris-EDTA-Borato pH 8,4. Acorrida eletroforética foi efetuada sob a diferença de potencial de 300 volts durante 30 minutos. O reconhecimento das hemoglobinas foi feitos mediante o emprego de padrões eletroforéticos conhecidos (Figura 8) (BARTLETT, 1963). Figura 25- A: Hemolisado com clorofórmio; B: hemolisado com saponina; C: inicio da corrida eletroforética; D: Fracionamento das hemoglobinas, após cerca de 30 min, 1ª fita utilizada para dosagem de Hb A2 e 2ª Controle (SC) com padrão normal de Hb (AA). A figura 9 abaixo mostra o perfil eletroforético de algumas hemoglobinas normais e alteradas, sendo este método de separação considerado como primeira linha na investigação das alterações da hemoglobina. Figura 26- Eletroforese em acetato de celulose em pH 8,4, foto tirada antes da coloração com corante de proteínas (Ponceau S). C: controle SC; 1: AS; 2-4: FA; 5: FA com Hb Bart’s. Praticar apenas uma única técnica (eletroforese a pH alcalino) não é recomendado e, novamente, um perfil normal, qualquer que seja o sistema utilizado, não elimina a presença de uma hemoglobina alterada. Assim, por exemplo, as hemoglobinas S/D; C/O-Arab/E/A2 e H/I têm a mesma migração em eletroforese em acetato de celulose (Figura 8), mas são separadas por outros métodos, levando em conta a idade do paciente, de fato, antes da idade de 3 meses, a presença predominante de Hb F diminui muito a sensibilidade da eletroforese em pH alcalino no entanto nesse estudo está técnica foi suplementada com a eletroforese em pH ácido (Figura 10) que foi usada para diferenciar alguns tipos de hemoglobinas variantes mais lentas que a Hb A, diferenciando a Hb S da Hb D, e a Hb C da Hb E, uma vez que essas migram na mesma posição em eletroforese alcalina. (NAOUM, 1987). A eletroforese em pH ácido (VELLA, 1968) foi realizada em Agar e solução tampão fosfato em pH 6,2. Nessa última, o tempo de corrida foi de 30 a 40 minutos na voltagem de 100 a 150 v. Após as corridas, as fitas e lâminas de gel foram coradas por Ponceau S e descoradas com ácido acético 5%. A identificação de hemoglobinas anormais foi feita por comparação de padrões eletroforéticos conhecidos (NAOUM, 1987). Figura 27 - Eletroforese em Agar fosfato pH 6,2. C: controle AS; 1,2,4 e 5: FA; 3 e 6: FS. Na eletroforese de hemoglobina em pH Neutro (DACIE e LEWIS, 1985) realizada em acetato de celulose foram separadas a maioria das hemoglobinas variantes e as talassemias. Particularmente a hemoglobina Bart’s e H, presente nos portadores de talassemia alfa, foi pesquisada entre 5 a 15 minutos do início da corrida eletroforética, pois ao passar desse tempo essa é desnaturada pelo processo termodinâmico da técnica. 5.2.5. Dosagem de Hemoglobina A2 A hemoglobina A2 foi quantificada após eletroforese em acetato de celulose em tampão Tris-EDTA-Borato pH 8,4, em seguida as frações corespondente a Hb A2 e a Hb X que compreende todas as outras Hbs presentes, foram eluídas em solução de NaCl 0,9%, em dois tubos identificados como Hb A2 e Hb X. A leitura das absorbâncias das frações de hemoglobina foi feita em comprimento de onda de 415 nm, utilizando o espectrofotômetro (Figura 11) (BEZERRA, 1984; NAOUM, 1987) e aplicando a seguinte formula: % Hb A2 = Absorbância Hb A2 x 100 (Absorbância Hb X x 5) + Absorbância Hb A2 Os resultados observados com valores de Hb A2 entre 1,5 a 3,7%, foram considerados normais (NAOUM, 1987). Figura 28- Procedimento da quantificação da Hb A2. A: Fracionamento das Hbs A 2 e X; B: Eluição das frações das Hbs A2 e X, deixado em repouso por cerca de duas horas; C: Leitura das absorbâncias dos tubos com a Hbs A2 e X. 5.2.6. Dosagem de Hemoglobina Fetal Para a quantificação da hemoglobina Fetal foi utilizado o método da desnaturação alcalina (Método de Singer) que consiste na adição de uma solução de NAOH ao hemolisado e após exatamente um minutos, a desnaturação será interrompida pela adição de solução saturada de sulfato de amônio que reduz o pH e precipita a hemoglobina desnaturada. Após filtração em papel de filtro Whatman nº 42, a quantidade de hemoglobina não desnaturada foi medida em comprimento de onda de 540 nm, utilizando o espectrofotômetro (Figura 12). A proporção da hemoglobina álcali-resistente foi então calculada como uma percentagem da quantidade total de hemoglobina presente (BETKE et al., 1959; NAOUM, 1987), usando a formula: % Hb F = Absorbância fetal Absorbância padrão Foram consideradas normais as amostras com percentual de Hb F menor que 3% para as crianças e doadores. Nos recém-nascidos (sangue do cordão umbilical) foram considerados normais amostras com níveis de 60 a 90% de Hb F (NAOUM, 1987). Figura 29- Procedimento de desnaturação alcalina pelo método de Singer para quantificação da Hb Fetal. A: Tubos com reagentes utilizados na técnica; B: Desnaturação da Hb Fetal (tubo 1); C: Precipitação das Hbs após adição de sulfato de amônio (tubo 1), tubo 3: diluição da solução total de Hb; D: Filtração da Hb Fetal (tubo F) e rediluição da solução total de Hbs do tubo 3 no tubo P, usado como Padrão. 5.2.7. Pesquisa da Hemoglobina H A pesquisa da hemoglobina H (tetrâmeros de cadeias beta-globina desnaturados) nos eritrócitos foi feita com 50 µL de sangue total adicionados a 50 µL do corante azul de Crezil brilhante 1%, que após incubação o material a 37º por 60 minutos, foi realizado esfregaços finos e examinados no microscópio em objetiva de imersão (100x). A presença de Hb H nos eritrócitos aparecerá como fina granulação distribuída homogeneamente caracterizando um portador de talassemia alfa, conforme está ilustrada na figura 13 (PAPAYANNOPOULOS; STAMATAYANNOPOULOS, 1974; NAOUM, 1987). Figura 30- A: Preparação da solução azul de crezil brilhante com sangue total; B: Preparo da lâmina; C,D,E e F: Visualização de um esfregaços sanguíneos (objetiva de 100 x) com amostras suspeitas de talassemia alfa identificados pela presença de Hb H (setas), formadas pela precipitação das cadeias beta globina, em excesso, no interior das hemácias, visualizadas somente após coloração com azul de Crezil. 5.2.8. Análise dos dados Os resultados dos testes foram tabulados em planilha eletrônica no software Excel. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva (média e desvio padrão) e o Student- t teste para comparar as médias das variáveis hematológicas dos grupos. Teste do qui-quadrado (χ2), foi usado para variáveis não paramétricas. ANOVA teste foi utilizada para testar a igualdade de Hb entre as principais etnias. A concordância entre os testes eletroforéticos e citológicos para pesquisa de Hb H foi avaliada pelo teste do índice de Kappa e McNermar’s. Resultados 6. Resultados 6.1 Incidência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em recém-nascidos Dentre as 1.004 amostras analisadas, observamos que a incidência da α-tal foi de 10,46% (105), destas 92 (9,16%) isoladamente e 13 (1,30%) em associação com a Hb S (Figura 13). A presença da α-tal foi determinada por eletroforese em pH alcalino, neutro e pesquisa citológica da Hb H. As metodologias foram avaliadas comparando-se a presença de Hb H nas duas técnicas. Figura 31-Incidência da α-tal nos 1.004 recém-nascidos analisados Quanto ao sexo, 50,1% eram do gênero feminino e 49,9% do masculino, sem diferença estatisticamente significante na incidência de hemoglobinopatias (p=0, 7732). Com relação à procedência, 9,95% (81) dos RNs sugestivos de α-tal são de Uberaba, 13,39% (15) de municípios vizinhos ou limítrofes e 11,54% (9) de outros estados e regiões (p=0,5089). A avaliação da etnia segundo a presença da α-tal nos três grupos, não mostrou diferença significativa (p=0,8860). Entretanto, quando comparamos os RNs brancos com ascendência branca em relação aos afrodescendentes dos outros dois grupos, encontramos associação significativa da hemoglobinopatia com a etnia negra (p<0,001) (Tabela 4). Tabela 4 - Distribuição absoluta e percentual dos recém-nascidos para cada característica epidemiológica segundo a presença ou ausência da α-tal α talassemia Presente (n=105) Ausente (n=899) Total (n=1.004) nº % nº % nº % Valorp#/$ 51 54 5,08 5,38 450 449 44,82 44,72 501 503 49,9 50,1 0,7732 81 Uberaba Municípios 15 vizinhos* Procedência Outros estados 9 e regiões Total 105 8,07 733 73,01 814 81,08 1,49 97 9,66 112 11,15 0,9 69 6,87 78 7,77 10,46 899 89,54 1004 100 7 40 58 0,7 3,98 5,78 68 354 475 6,77 35,26 47,31 75 394 533 7,47 39,24 53,09 0 0 2 0,2 2 0,2 Gênero Etnia Percentuais das Hb ( ±S') Masculino Feminino BB BNP€ NP€ Indígenas/ Asiáticos Hb A 25,95±11,33 28,99±11,23 28,69±11,33 0,5089 0,8860 0,0089 0,0477 0,78±0,60 0,90±0,61 0,89±0,59 Hb A2 0,0238 72,10±11,14 69,51±11,08 69,81±11,14 Hb Fetal 0,1265 7,18±3,82 9,45±4,88 8,88±4,79 Hb S Notas: #:Teste qui-quadrado; $: teste t-Student para comparar as médias das Hb; : média; S': desvio padrão; Hb: Hemoglobina; *Água Comprida, Aramina, Araxá, Campo Florido, Conceição das Alagoas, Conquista, Delta, Frutal, Igarapava, Ituverava, Nova Ponte, Sacramento, Santa Juliana, Uberlândia, Veríssimo; BB=branco com antecedentes branco; BNP=brancos com antecedentes negros ou pardos; NP=negro/pardos; €: BNP+NP; BBx€ (p<0,0001); Eletroforese: Hb A (96 a 98%); Hb A2 (2,5 a 3,7%); Hb Fetal (até 2%); Hb S (0%) Comparando as médias da concentração das hemoglobinas entre os RNs com presença e ausência da α-tal, foi possível perceber comportamento estatisticamente diferentes quanto à Hb A e Hb A2 e Fetal, sendo a Hb A (p=0,0089) e Hb A2 (p=0,0477) significativamente superior nos RNs sem α-tal e a Hb Fetal superior nos RNs sugestivos de α-tal (p=0,0238) (Tabela 4). A figura 15 mostra uma avaliação comparativa entre a incidência de α-tal nos RNs estudados e a demonstrada nas diferentes regiões do Brasil. Nesta avaliação foi possível observar que em Uberaba e municípios vizinhos, a incidência da α-tal foi semelhante à encontrada nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Norte. À vista disso, as informações adquiridas apontam uma alta incidência da α-tal no nosso meio, estando relacionada diretamente com a etnia. Figura 32- Comparação dos achados do presente estudo com a incidência de algumas hemoglobinopatias nas diferentes regiões do Brasil 6.2 Ocorrência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em doadores de sangue inaptos por anemia Das 214 amostras investigadas, identificamos que a ocorrência da α-tal foi de 7,94% (17), destas, 6,54% (14) isoladamente e 1,4% (3) em associação com a Hb S (Figura 16). A presença da α-tal foi determinada por eletroforese em pH alcalino, neutro e pesquisa citológica da Hb H. As metodologias foram avaliadas comparando-se a presença de Hb H nas duas técnicas. Figura 33- Ocorrência da α-tal nos 214 doadores estudados Segundo o gênero, 91,59% eram feminino e 8,41% masculino, sem diferença estatisticamente significante na ocorrência da α-tal (p=0,1928). A idade variou de 17 a 64 anos (média 36 anos), quanto à presença da α-tal a média de idade foi semelhante aos comparados com doadores sem a presença da α-tal (p=0,6473). Com relação à procedência dos doadores sugestivos de α-tal, 6,07% (13) são de Uberaba, 1,40% (3) de municípios vizinhos ou limítrofes e 0,47% (1) de outros estados e regiões (p=0,4896). Quanto à avaliação da etnia segundo a presença da α-tal nos grupos BB, BNP e NP, não mostrou diferença significativa entre os doadores (p=0,7153). No entanto, quando correlacionamos os indivíduos brancos com ascendência branca com os afrodescendentes dos outros grupos BNP e NP, observamos associação significativa da α-tal com a origem étnica negra (p<0,01) (Tabela 5). Para a análise do perfil hematológico foram estudados históricos de anemia, tratamento e tipo de tratamento para anemia, dados do hemograma e dosagens de ferritina e das frações hemoglobínicas dos doadores com e sem α-tal. A tabela 5 resume os parâmetros hematológicos e perfis de Hbs observados nos sugestivos de α-tal em comparação com os sem α-tal. Dentre os doadores, o histórico de anemia, tipo e tratamento não apresentaram significância estatística (p=0,6499 e p=2118). Embora tenhamos encontrado entre os doadores que realizaram tratamento para anemia menor percentual com perfil compatível com α-tal (6,11%) comparado aos sem tratamento (10,84%) esta diferença também não se mostrou significativa (p=0,8081), foi observado também que não houve associação estatisticamente significativa quanto às médias da contagem das hemácias, hematócrito, os índices hematimétricos (VCM e RDW) e dosagem de ferritina. Entretanto, uma diminuição significante da concentração da hemoglobina (p =0,0059), HCM (p=0,0455) e CHCM (p<0,0001) foi identificada nos doadores sugestivos de α-tal. Nenhuma diferença significativa foi observada nos resultados obtidos pelas dosagens das hemoglobinas A, A2 e Fetal. Portanto, os dados apanhados, indicam uma alta ocorrência da α-tal no nosso meio, estando relacionada diretamente com a etnia e com a presença de anemia. Tabela 5 - Ocorrência e características clínicas epidemiológicas segundo a presença ou ausência da α talassemia, observadas nas 214 amostras de doadores. Doadores* (n=214) α-talassemia& ValorPresente Ausente Total p#/$ nº % nº % nº % 0 0 18 8,41 18 8,41 Masculino 0,1928 Gênero 17 7,94 179 83,65 196 91,6 Feminino 35,00±11,84 36,31±10,85 36,27±10,93 6,07 142 66,36 155 72,4 3 1,4 24 11,21 27 12,6 1 0,47 31 14,49 32 15 BB BNP€ NP€ Indígenas/ Asiáticos 7 4 6 3,27 1,87 2,8 62 58 75 28,97 27,1 35,05 69 62 81 32,2 29 37,9 0 0 2 0,94 2 0,94 Histórico de anemia Sim Não 9 8 4,21 3,73 93 104 43,46 48,6 102 112 47,7 52,3 0,6499 Tratamento de anemia Sim Não 8 9 3,74 4,1 123 74 57,48 34,58 131 83 61,2 38,8 0,2118 Total 17 7,94 197 92,06 214 100 0 8 0 8 0 10,67 0 10,67 21 43 3 67 28 57,33 4 89,33 21 51 3 75 28 68 4 100 Idade ( ±S') Anos 13 Procedência Uberaba Municípios limítrofes** Outros estados e regiões Etnia Alimentar Tipo de Medicamentoso tratamento para Transfusão anemia Total Parâmetros Hematológicos ( ±S') Hc ( x1012/l) Hb (g/dl) Ht (%) VCM (fl) HCM (pg) CHCM (g/dl) RDW (%) Ferritina Hb A (%) 4,09±0,26 10,37±1,35 34,05±3,63 84,50±7,62 25,36±3,24 29,96±2,31 14,75±1,27 58,66±55,54 96,09±0,86 4,41±2,85 11,45±1,49 34,31±3,49 82,36±7,76 27,39±3,89 33,13±2,86 15,08±2,02 64,73±72,80 93,74±9,74 4,38±2,75 11,36±1,51 34,28±3,5 82,5±7,76 27,23±3,89 32,89±2,94 15,07±1,97 67,50±85,19 93,95±9,4 0,6473 0,4896 0,7153 0,1803 0,6674 0,0059 0,8396 0,2919 0,0455 <0,0001 0,5259 0,8565 0,3395 3,16±0,66 2,91±0,62 2,92±0,53 0,066 Hb A2 (%) 0,75±0,26 0,81±0,59 0,8±0,58 0,7126 Hb Fetal (%) ... 38,20±6,0 38,20±6,0 ... Hb S (%) Notas: *Doadores inaptos por anemia/hematócrito baixo na triagem hematológica; Hb: Hemoglobina; #:Teste qui-quadrado; $: teste t-Student para comparar as médias das Hb; : média; S': desvio padrão; &: Incluídos neste grupo três casos com associação da beta talassemia; BB=branco com antecedentes branco; BNP=brancos com antecedentes negros ou pardos; NP=negro/pardos; €: BNP+NP; BBx€ (p<0,01); : média; S': desvio padrão. **Água Comprida, Aramina, Araxá, Campo Florido, Conceição das Alagoas, Conquista, Delta, Frutal, Igarapava, Ituverava, Nova Ponte, Sacramento, Santa Juliana, Uberlândia, Veríssimo. Valores de referência (RF): HC - Contagem de hemácias ( x1012/l) (RF: F/M: 4.0-5.2); Hb Hemoglobina (g/dl) (RF: F/M: 11.5-15.5); Ht - Hematócrito (%) (RF: F/M: 35-45); VCM Volume corpuscular médio (fl) RF: Homem (81 a 99); Mulher ( 80 a 98); HCM - Hemoglobina corpuscular média (pg) (RF: F/M: 25-33); CHCM - Concentração de hemoglobina corpuscular média (g/dl) (RF: 31-37); RDW-Red blood cell Distribution Width (%) (RF: 11.6 -14); Ferritina (ng/dl) RF: Homem (23,9 a 335,2); Mulher ( 11 a 306,8); Eletroforese: HbA (96 a 98%); Hb A2 (2,5 a 3,7%); Hb Fetal (até 2%); Hbs S (0%). 6.3 Ocorrência da alfa talassemia e sua associação com o perfil clínico epidemiológico em crianças com anemia a esclarecer No total das 20 amostras pesquisadas, verificamos que a ocorrência da α-tal foi de 25% (5), sendo que esta foi identificada somente em associação com a β talassemia (Figura 17). Figura 34- Ocorrência da α-tal nas 20 crianças investigadas Quanto ao sexo, 35% eram do gênero feminino e 65% do masculino, também sem diferença estatística na ocorrência desta hemoglobinopatias (p=0,7870). A variação da idade foi de 3 a 14 anos (média 7 anos), também sem diferenças entre a presença e ausência da α-tal (p=0,898). Com relação à procedência, 20% (4) das crianças sugestivas de α-tal são de Uberaba e 5,0% (1) de outros estados e regiões (p=0,5472). A avaliação da etnia segundo a presença da α-tal nos três grupos (BB; BNP e NP) não mostrou diferença significativa entre as crianças (p=0,1767). Porem, quando associamos as crianças afrodescendentes e comparamos com os brancos com ascendência branca, evidenciou-se associação significativa da α-tal com a etnia negra (p<0,05) nas crianças (Tabela 6). A análise do perfil hematológico constou do histórico de anemia, tratamento e tipo de tratamento para anemia, dados do hemograma, dosagens de ferritina e das frações hemoglobínicas das crianças. A tabela 6 sintetiza os parâmetros hematológicos e perfis de Hbs observados nas crianças sugestivas de α-tal em comparação com as sem αtal, percebe-se que o histórico de anemia foi significantemente maior nas crianças sem α-tal (p<0,0001). Com relação ao tipo de tratamento para anemia não houve diferença do padrão entre as crianças com a presença ou ausência de α-tal, não sendo encontrada nenhuma criança com perfil sugestivo de α-tal com tratamento alimentar e transfusão (Tabela 7). A tabela 6 aponta ainda que, estatisticamente não há diferença significante entre as médias da concentração de hemácias, hemoglobina, hematócrito, os índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM e RDW), dosagem de ferritina e as dosagens das hemoglobinas A e Fetal nas crianças sugestivas de α-tal em relação às sem α-tal, no entanto entre as médias da concentração da Hb A2 nota-se que esta aumentou significantemente nas crianças sugestivas de α-tal (p=0,0328). Os resultados obtidos, portanto, demonstram uma alta ocorrência da α-tal no nosso meio, estando relacionada diretamente com a etnia e com a presença de anemia. Tabela 6 - Ocorrência e características clínicas epidemiológicas segundo a presença ou ausência da α talassemia, observadas nas 20 amostras. Crianças* (n=20) α-talassemia& ValorPresente Ausente Total (n=20) p#/$ % % % nº nº nº 0,787 3 15 10 50 13 65 Masculino Gênero 2 10 5 25 7 35 Feminino Idade ( ±S') Anos Procedência Uberaba Municípios vizinhos e limítrofes** Outros estados e regiões 7,21±1,61 7,40±3,09 7,35±2,85 0,898 4 20 10 50 14 70 0 0 3 15 3 15 1 5 2 10 3 15 Etnia BB BNP€ NP€ 2 0 3 10 0 15 2 6 7 10 30 35 4 6 10 20 30 50 0,1767 Histórico de anemia Sim Não 5 0 25 0 15 0 75 0 20 0 100 0 <0,0001 Tratamento de anemia Sim Não 4 1 20 5 15 0 75 0 19 1 95 5 0,0756 Total 5 25 15 75 20 100 Tipo de tratamento para anemia Alimentar Medicamentoso Transfusão Total 0 4 0 4 0 20 0 21 0 15 0 15 0 75 0 79 0 19 0 19 0 100 0 100 Parâmetros Hematológicos ( ±S') Hc ( x1012/l) Hb (g/dl) Ht (%) 4,96±0,67 12,42±1,45 38,25±4,20 4,94±0,63 11,89±1,11 35,99±2,81 4,95±0,64 11,84±1,19 35,99±3,17 0,5472 0,0856 0,9577 0,4077 0,1729 78,83±16,33 74,25±9,33 74,02±11,18 0,475 VCM (fl) 25,63±5,50 24,52±3,86 24,35±4,26 0,6571 HCM (pg) 32,46±0,44 33,00±1,19 32,86±1,11 0,4268 CHCM (g/dl) 14,5±2,17 14,00±1,51 14,3±1,75 0,598 RDW (%) 39,62±4,74 40,81±20,14 42,10±18,04 0,9121 Ferritina 93,96±1,33 95,50±1,45 95,11±1,66 0,0872 Hb A (%) 4,70±0,99 3,42±1,05 3,78±1,32 0,0328 Hb A2 (%) 1,32±1,03 1,08±0,93 1,11±0,96 0,6769 Hb Fetal (%) Notas: Hb: Hemoglobina; #:Teste qui-quadrado; $: teste t-Student para comparar as médias das Hb; : média; S': desvio padrão; *Crianças com anemia não ferropênica a esclarecer; &:Todos os 5 casos com associação da beta talassemia; BB=branco com antecedentes branco; BNP=brancos com antecedentes negros ou pardos; NP=negro/pardos; €: BNP+NP; BBx€ (p<0,05); **Água Comprida, Aramina, Araxá, Campo Florido, Conceição das Alagoas, Conquista, Delta, Frutal, Igarapava, Ituverava, Nova Ponte, Sacramento, Santa Juliana, Uberlândia, Veríssimo. Valores de referência (RF): HC: Contagem de hemácias ( x1012/l) (RF: F/M: 4.0-5.2); Hb: Hemoglobina (g/dl) (RF: F/M: 11.5-15.5); Ht: Hematócrito (%) (RF: F/M: 35-45); VCM: Volume corpuscular médio (fl) RF: Homem (81 a 99); Mulher ( 80 a 98); HCM: Hemoglobina corpuscular média (pg) (RF: F/M: 25-33); CHCM: Concentração de hemoglobina corpuscular média (g/dl) (RF: 31-37); RDW: Red blood cell Distribution Width (%) (RF: 11.6 14); Ferritina (ng/dl) RF: Homem (23,9 a 335,2); Mulher ( 11 a 306,8); Eletroforese: HbA (96 a 98%); Hb A2 (2,5 a 3,7%); Hb Fetal (até 2%). 6.4 Concordância entre os testes de triagem utilizados para identificação da alfa talassemia nos três diferentes grupos analisados Os resultados laboratoriais obtidos através das alterações hematológicas, presença da Hb H na eletroforese em pH alcalino e neutro e dos corpúsculos de inclusão de Hb H e Bart’s nos testes citológicos, foram considerados sugestivos de α-tal (fenótipo AH/AFH), deste modo, todas as amostras que apresentaram essas alterações foram classificados como prováveis portadores de α-tal. Contudo a positividade para Hb H, identificada nessas técnicas, foi observada em 127 amostras (10,26%), sendo 109 isoladamente (8,81%), cinco (0,40%) em associação com a β talassemia e 13 (1,05%) em associação com a Hb S (Figura 18). Sendo a hemoglobinopatia mais prevalente neste estudo. Figura 35- Distribuição das formas isoladas e associadas identificadas neste estudo As Figuras 19, 20 e 21, aponta a Hb H identificada pelos métodos eletroforéticos e citológicos, revelando eritrócitos com precipitados em seu interior, denominados de corpúsculos de inclusão de Hb H, evidenciados após a coloração com azul de cresil brilhante 1%, de amostras que apresentaram resultados laboratoriais marcantes, definidos como prováveis portadores de alguma forma de α-tal. No entanto, na maioria dos casos, esses achados foram menos evidentes; nos testes eletroforéticos foram observados bandas tênues e sutis, de Hb H e, os corpúsculos de inclusão de Hb H, quando visualizados, estiveram presentes em um número reduzido de eritrócitos, sendo difícil confirmar sua presença, considerando se a análise inconclusiva para esse teste, pois a ausência de inclusões não exclui a α-tal. Figura 36- Disposição eletroforética das frações algumas de hemoglobinas em acetato de celulose, tampão Tris-EDTA-Borato pH 8,6. A amostra (1) Hb SC (doença falciforme); (2) Hb Hb AS (traço falciforme); (3, 4 e 5) Hb AF (amostras normais de recém-nascidos); (6 e 7) Hb AF + H, amostras de recém-nascidos sugestivos de talassemia alfa, devido a presença da banda da Hb H, no entanto, em recém-nascidos esta banda é denominada de Hb Bart’s) Figura 37- Visão parcial de fitas de acetato de celulose em pH alcalino contendo a fração da Hb H . A- Macro aplicação. B- Micro aplicação. Figura 38- Visualização de esfregaços sanguíneos (objetiva de 100 x) com amostras suspeitas de alfa talassemia identificados pela presença de Hb H (setas), formadas pelo desequilíbrio da relação de síntese entre as cadeias α/γ e α/β acarretando sua tetramerização, formado a Hb H (β4) e Bart’s (γ4), visualizadas somente após coloração com azul de Cresil (A, B, C e D). Analisando os resultados dos testes eletroforéticos em relação ao da lâmina, é possível observar uma elevada concordância de resultados positivos, no entanto, dentre as amostras com resultado negativo na fita, somente 68,23% (758) foram negativos na lâmina, demonstrando uma baixa concordância pelo coeficiente Kappa (k=0,3054). Na análise do teste de McNemar’s, houve 353 pares discordantes (negativo na eletroforese e positivo na lâmina), diferença considerada extremamente significativa (p<0,0001) evidenciando que existe uma baixa associação entre os dois testes (Tabela 7). Tabela 7- Comparação entre os testes eletroforéticos e citológicos para a identificação e pesquisa de Hb H na triagem das amostras com diagnóstico sugestivas de α-tal. % Valor – P Lâmina Mc Positivo Negativo Total Concordância Kappa Nermar’s Eletroforese No. Positivo Negativo Total % No. % No. % A-D 71,49 127 100 0 353 31,77 758 0,00 127 68,23 1.111 100 100 480 38,77 758 61,23 1.238 100 0,3054 <0,0001 Analisando o desempenho dos testes de triagem foi possível perceber que a eletroforese é capaz de detectar 44,4% das amostras sugestivas de α-tal (Se=0,444) e 96,2% das amostras normais (Sp=0,962). A lâmina se demonstrou desempenho discretamente melhor para detectar sugestivos de α-tal (Se=0,669) contudo, para detectar amostras normais sua performance foi bem inferior (Sp=0,447) quando comparado com a eletroforese. Considerando o resultado da triagem que normalmente é realizado no serviço (Triagem final: associação da eletroforese + lâmina) verifica-se melhora no desempenho para detectar os sugestivos de α-tal (Se=0,667). Considerando a positividade da amostra se pelo menos um dos testes de triagem for positivo (esquema em paralelo) a sensibilidade aumenta para 77,8% (Se=0,778), no entanto apresenta uma especificidade de 66,9% (Sp=0,669) (Figura 22). Figura 39-Desempenho dos testes de triagem isoladamente, a triagem final, a partir do esquema em paralelo e em série frente ao teste molecular realizado em 353 amostras. Discussão 7. Discussão A α talassemia é considerada o distúrbio hereditário de síntese da hemoglobina mais comumente observada no mundo, atingindo altas prevalências em algumas populações da África, bacia do Mediterrâneo, Oriente Médio e Sudeste Asiático. Sua epidemiologia reflete esse padrão de disseminação global (HIGGS e WEATHERALL, 2009). Pesquisas realizadas em alguns países das Américas como Estados Unidos, Caribe e Jamaica, demonstraram significativas frequências desse distúrbio, podendo atingir até 40% da população (WEATHERALL e CLEGG, 2001). Dentre os poucos estudos realizados no Brasil a α-tal predomina entre todas hemoglobinopatias, podendo acometer até 20% dos brasileiros, e está diretamente relacionada com a etnia negra, visto que, nesses indivíduos a frequência varia entre 20 e 25% (SONATI et al., 1996; BORGES et al., 2001; ADORNO et al., 2005; SOUZA et al., 2009). Embora alguns autores afirmem que esses dados podem estar subestimados, devido ao fato de que poucos tem se empenhado em identificar α-tal na população em geral, na grande maioria são utilizadas amostras e/ou indivíduos pré-definidos como grupos com microcitose e hipocromia, ou com ancestralidade africana, onde a possibilidade de encontrar α-tal é maior (SONATI et al, 1996; NAOUM, 1987; BORGES et al., 2001; SOUZA et al., 2009; BEZERRA e MEISSNER, 2010). O presente estudo analisou a frequência da α-tal em três diferentes grupos, constituídos por recém-nascidos (105/1004), doadores de sangue inaptos por anemia (17/214) e em crianças com anemia a esclarecer (5/20). A incidência de α-tal nos recém-nascidos observada (10,46%) se assemelha a outros estudos realizados em regiões onde há predominância de afrodescendentes (ORLANDO et al., 2000; DUCATTI et al., 2001; VIANA-BARACIOLI, et al., 2001; SIQUEIRA et al., 2002; ADORNO et al., 2005; NOGUEIRA, 2009; ALCOFORADO et al., 2012; SILVA et al., 2013). Diferindo basicamente apenas dos estados do Rio Grande do Sul e Paraná, onde a proporção destes é menor (SEIXAS et al., 2008). Sabese que o genótipo mais comum da α-tal na população brasileira é a deleção α-3.7, que se relaciona diretamente com a etnia negra. Verificamos que os RNs sugestivos de α-tal são na grande maioria afrodescendentes (93,33%), o que justificaria a alta incidência encontrada. Na população dos doadores, a ocorrência de α-tal foi de 7,94%. O interesse em investigar a ocorrência de α-tal em doadores de sangue inaptos por anemia em Uberaba se deve ao fato de que além de ser uma questão relevante para a Saúde Pública, um melhor conhecimento da atual condição desses doadores de sangue torna-se fundamental, em razão do dever de assegurar que o hemocomponente esteja de acordo com as diretrizes de controle de qualidade, ou seja, sem riscos para o doador e/ou receptor. A partir do ano de 1976, inicio-se nos hemocentros brasileiros, a regulamentação e a padronização de procedimentos para investigação de Hbs anormais (Hb S e Hb C), sendo um procedimento duplamente útil, beneficiando tanto o doador quanto o receptor de sangue. Assim, enquanto o receptor estaria sendo protegido do recebimento de hemácias anômalas, o doador, se identificado como portador de alguma hemoglobinopatia, poderia ser devidamente orientado sobre a sua condição (RAMALHO, 1976). Como esperado, as análises realizadas no grupo das crianças possibilitaram identificar uma ocorrência de 25% de prováveis portadores de α-tal, uma vez que nesse grupo a deficiência de ferro já havia sido excluída, pois, as crianças estavam com os exames de ferro sérico, ferritina e capacidade total de ligação do ferro normais. Portanto a chance de encontrar portadores de α-tal é maior. No sudeste do Brasil, Orlando et al., (2000) estudaram a incidência de α-tal em populações diferenciadas e observaram maior incidência nos portadores de anemia (26%), estudantes (12,5%) e Rns (10%) do que nos doadores (1,90%) (ORLANDO et al., 2000). Em outras pesquisas, realizadas também na região Sudeste (Campinas, SP) foi encontrado α-tal em 23,4% dos doadores com descendência africana (SONATI et al., 1996). Em outro estudo, na mesma cidade, realizado com pacientes adultos apresentando microcitose e hipocromia foi observado que 49,9% eram portadores de αtal (BORGES et al., 2001). Em Salvador, BA α-tal foi identificada em 22,2% dos recém-nascidos (ADORNO et al., 2005). Dados da ocorrência de α-tal, no norte do Brasil mostraram que 19,4% dos pacientes com anemia microcítica hipocrômica portavam essa alteração (SOUZA et al., 2009). Na região Sul, a prevalência de α-tal estudada em vários grupos étnicos e divididos em descendentes de europeus e africanos, revelou uma maior prevalência entre os afrodescendentes (23,1%) do que entre os europeus (4,5%) (WAGNER et al., 2010). Estes resultados são semelhantes ao nosso estudo, corroborando assim, a alta incidência da α-tal, que oscilam entre 10 e 20% da população geral e até 50% entre portadores de anemia, apontando também sua forte correlação com o grupo de etnia africana. Sobretudo, a migração dos povos do mediterrâneo, principalmente da África, contribuíram na formação da população, principalmente na região Sudeste do Brasil, o que também explica a elevada incidência de alfa talassemia na população analisada (NAOUM, 1987; AIGNER, 2006; OLIVEIRA; MENDIBURU; BONINI-DOMINGOS, 2006; BELISÁRIO e VIANA, 2012). Como esperado, não foi observado diferenças estatísticas quanto ao gênero em nenhum dos três grupos analisados, pois não há na literatura descrição de relações entre a incidência de hemoglobinopatias e o gênero, uma vez que o gene responsável por essa alteração não está ligado ao sexo e sim a genes autossômicos recessivos que estão localizados nos cromossomos 11 e 16 e que determinam a síntese das cadeias polipeptídicas das globinas (TRAEGER-SYNODINOS; VRETTOU; KANAVAKIS, 2011; WEATHERALL, 2013). Segundo os grupos étnicos, registros do IBGE (2010), mostra que a população de Minas Gerais é composta por 45,4% brancos, 44,3% pardos, 9,9% negros e 1,1% de amarelos e/ou indígenas, entre 19.597.330 habitantes. De acordo com a distribuição étnica, os brancos e pardos são maioria no Estado. A grande maioria da população de Minas Gerais é descendente de colonos portugueses e de escravos africanos, que povoaram a região na época da mineração e, após, com o desenvolvimento agrícola. Além destes, contribuíram também para a diversidade da população mineira italianos e indígenas. Um estudo genético, realizado com marcadores de ancestralidade em indivíduos de Belo Horizonte (Minas Gerais), revelou que 66% eram da ancestralidade europeia, 32% africana e 2% ameríndio. De forma geral, as análises mostram alto grau da ancestralidade europeia (principalmente portuguesa) e africana nos mineiros. No presente estudo, com relação à etnia, embora não tenha sido observada diferença significativa entre os três grupos avaliados separadamente, ao comparar a incidência de α-tal no grupo branco com ascendência branca em relação aos outros dois grupos com afro-descendência, observou-se diferença significativa (p<0,05). Assim como em outros estudos, a incidência de α-tal mostrou-se maior no grupo dos indivíduos afrodescendentes (87,40%) englobando os RNs, doadores e crianças. No entanto devido a alta diversidade étnica, dos brasileiros, verificou-se que mesmo na população sem descendência africana, sua frequência é elevada (12,60%) (BEZERRA e ANDRADE, 1991; NAOUM, 2004; AIGNER et al, 2006; CAMPOS; DIAS; MENDES, 2006; WAGNER et al., 2010). O diagnóstico laboratorial da α-tal se faz através da identificação laboratorial da Hb H e/ou Bart’s, que é apontada como a hemoglobinopatia de mais difícil diagnóstico, devido a erros na interpretação dos exames laboratoriais. No nosso trabalho todas as amostras as quais a Hb H foi detectada na eletroforese em pH alcalino e neutro foram confirmadas na pesquisa intraeritrocitária, caracterizando os sugestivos de α-tal. As amostras que apresentaram resultado inconclusivo, com a não detecção de Hb H na eletroforese associada à presença de corpos de inclusão intraeritrocitária, revelam a dificuldade na identificação visual eletroforética dessa hemoglobina quando bandas tênues são formadas. Além disso, hemoglobinas instáveis também apresentam inclusões, denominadas inclusões de Heinz. As técnicas moleculares se fazem necessárias especialmente nesses casos discordantes entre as metodologias iniciais de rastreamento para o diagnóstico da α-tal. Ao contrário das outras Hbs, a Hb A2 tem de ser medida por métodos analíticos que propiciem maior precisão e exatidão, pois a β talassemia menor depende destes valores, que em média estão entre 1 a 2% acima do valor da referência (OLIVEIRA et al, 2003). O comportamento das hemoglobinas (Hb A, A2 e Fetal) nos grupos analisados segundo as faixas etárias, estava na maioria dentro do padrão da normalidade. No entanto, em relação aos recém-nascidos que apresentaram α-tal, a média percentual da Hb A foi significativamente maior, enquanto que a Hb Fetal teve comportamento contrário. Nas crianças identificadas com α-tal, houve um aumento significante da Hb A2. Esses achados foram compatíveis com a pesquisa de β talassemia empregando diferentes métodos diagnósticos (MELO et al., 2008), chamando a atenção para a necessidade de se buscar testes complementares diante de uma suspeita não confirmada. Para o diagnóstico dessa hemoglobinopatia, além da análise completa do hemograma e do status de ferro, são essenciais a análise da morfologia eritrocitária incluindo a pesquisa de Hb H e a eletroforese de Hbs em pH alcalino e neutro, já que direcionam e auxiliam no diagnostico da α-tal. O reconhecimento dos portadores das formas leves de α-tal (portador silencioso e traço α talassêmico) é de extrema importância, embora sejam clinicamente normais, dispensando assim tratamento, ajuda a elucidar a etiologia da microcitose e/ou hipocromia, que muitas vezes é confundida e tratada como anemia ferropriva. A presença de microcitose e hipocromia leve, diminuição dos níveis de hemoglobina e elevação do número de eritrócitos são características dos portadores de α-tal, quando equiparado com os parâmetros de indivíduos normais. Estas alterações são mais pronunciadas em indivíduos homozigotos para α-tal, do que nos heterozigotos (HARTEVELD e HIGGS, 2010). Nessa pesquisa analisamos esses parâmetros nos portadores de anemia. Observamos uma diminuição significante da hemoglobina (p =0,0059), HCM (p=0,0455) e CHCM (p<0,0001) nos doadores sugestivos de α-tal. Enquanto que nas crianças essas diferenças significativas não foram observadas, apesar de que, no grupo com α-tal o número de hemácias, Hb, VCM, HCM e CHCM estarem levemente aumentadas. Em alguns trabalhos os autores evidenciaram uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05) no número de hemácias, VCM, HCM e Hb A2 em portadores de α-tal (α -3.7/αα), em comparação com indivíduos normais (αα/αα) (ADORNO et al., 2005; SOUZA et al., 2009). Como esperado, uma vez que a síntese desequilibrada das cadeias globínicas na α-tal é o princípio do déficit da produção de Hb nas células vermelhas e consequentemente no tamanho das hemácias (formada de 30% -35% de Hb), levando assim à formação de células hipocrômica e microcíticas (HIGGS, 2009). Enquanto que na β talassemia a concentração de Hb A2 normalmente está aumentada, na α-tal ocorre uma diminuição dos níveis de Hb A2 que pode ser explicado pela predileção de síntese da Hb A em comparação com a Hb A2. Em circunstâncias normais ou até mesmo com os níveis elevados, as cadeias α globínicas tendem a formar dímeros αβ mais rapidamente do que os dímeros αδ. Situações como na α-tal, em que a síntese de cadeias alfa está deficiente, ocorre um aumento na produção do dímero correspondente, as cadeias β disputam de maneira mais eficiente, quando comparadas com as cadeias δ, pelas cadeias α que estão insuficientes (WEATHERALL, 2010; HIGGS, 2013). A elevada ocorrência da α-tal em indivíduos portadores de anemia já foi relatada (BORGES et al., 2001; BEZERRA e MEISSNER, 2010; WAGNER et al., 2010). Em nosso estudo, 32,94% dos indivíduos com anemia teve α-tal, comparando dados similares, um outro estudo que investigou uma população semelhante, identificou que 28% dos indivíduos eram portadores de α-tal (ORLANDO et al., 2000). As elevadas taxas de α-tal encontradas em pessoas com estas condições dão destaque à influência dessa hemoglobinopatia como o provável motivo das variações hematológicas. Contudo, as alterações identificadas em alguns dos parâmetros hematológicos, por serem mínimas e às vezes imperceptíveis, dificultam sua detecção mediante somente às análises desses índices, pois, na maior parte os portadores de α-tal sem clínica evidente, apresentam seus parâmetros hematológicos dentro dos valores de referência estabelecidos nos testes de triagem. Comparando os resultados laboratoriais obtidos através dos testes de triagem (eletroforéticos e citológicos para a pesquisa de Hb H) utilizados para identificar os sugestivos de α-tal, observamos que, 71,49% apresentaram boa concordância, o que revela um bom preparo da analista para a detecção dessa Hb, apesar da dificuldade diagnóstica, permitindo ainda considerar que a associação da eletroforese com a pesquisa citológica de Hb H apresentam bons resultados de triagem para a alfa talassemia. Todas as amostras as quais a Hb H foi detectada na eletroforese em pH alcalino e neutro foram confirmadas na pesquisa intraeritrocitária, caracterizando a αtal. O teste eletroforético demonstrou ser mais especifico (92,20%) do que sensível (44,40%). Os resultados inconclusivos (negativos na eletroforese e positivo na pesquisa citológica dos corpúsculos de inclusão de Hb H) para a pesquisa de Hb H (31,77%) revelam a dificuldade na identificação visual dessa hemoglobina quando está em baixa concentração. Alguns autores relatam e qualificam os testes citológicos como laboriosos, observador-dependente e com baixa sensibilidade para detectar as formas talassêmicas afetadas pela disfunção de um ou dois genes α (SKOGERBOE et al., 1992; CLARKE e HIGGINS, 2000; CHAN et al., 2001; DIAS-PENNA et al., 2010; RYAN et al., 2010). No entanto, existem outros estudos sobre o tema na literatura científica que afirmam exatamente o contrário, sugerindo ainda que para aqueles que queiram aumentar a sensibilidade e confiabilidade do método, outras possíveis causas de microcitose devem ser excluídas, como por exemplo, a deficiência de ferro, traço β talassêmico ou as variantes de Hb (THOMPSON et al.,1989; SABATH et al., 2003; NAOUM, 2004; PAN et al., 2005; REPAPINOU et al., 2007; HARTEVELD e HIGGS, 2010; WAYE e ENG, 2013). Além disso, alguns autores apontam dificuldades no diagnóstico das formas de α-tal mais prevalentes, devido à ausência de manifestações clínicas e leves alterações laboratoriais (HIGGS e BOWDEN,2001; WEATHERALL, 2001; NERI et al., 2005). Naoum e colaboradores (2007) ressaltam, como motivos de falha diagnóstica, principalmente, a imperícia técnica e as baixas concentrações de hemoglobina H, como é o caso da interação das talassemias alfa e beta (NAOUM e BONINI-DOMINGOS, 2007). Contudo, em nosso estudo assim como em diversos outros (VIANABARACIOLI et al., 2001; VIANA e OLIVEIRA, 2011) os casos sugestivos de α-tal foram os de maior ocorrência, superando a forma heterozigota da Hb S, característico de descendentes de africanos, demonstrando a eficiência dos métodos empregados. Em síntese, evidenciamos que pela alta incidência, a α-tal caracteriza-se também em nosso meio, como um problema de saúde pública; que as diferentes técnicas eletroforéticas associadas à pesquisa citológica da Hb H se mostraram úteis para a detecção dos portadores dessa hemoglobinopatia e que os métodos de triagem são fáceis, de baixo custo e reprodutíveis nos laboratórios de rotina, podendo ser utilizadas na detecção e pesquisa da α-tal, não incluída na rotina do Programa Nacional de Triagem Neonatal oferecido pela rede pública, nem nos hemocentros brasileiros. Contudo, torna-se evidente a necessidade do uso de técnicas moleculares, principalmente nos casos de investigação da α-tal em associação e naqueles cuja triagem tenha sido inconclusiva. Conclusão 8. Conclusão Com base nos dados obtidos nesse estudo concluímos que: 1. A incidência de α-tal nos recém-nascidos foi de 10,46%. Este resultado foi semelhante ao encontrado nos estados de Minas Gerais e no Sudeste do país. Demonstramos que existe uma associação entre a presença de α-tal com a etnia negra, com a diminuição dos níveis das Hb A e Hb A2 e com a elevação dos níveis de Hb Fetal. 2. A ocorrência de α-tal nos doadores de 7,94% foi similar aos relatados em pesquisas com doadores anêmicos. Houve uma associação quanto à etnia e a presença da α-tal. Na análise do perfil hematológico concluímos que não houve associação do histórico de anemia, tratamento e tipo de tratamento para anemia, contagem das HC, HT, VCM, RDW, dosagem de ferritina e hemoglobinas A, A2 e Fetal, com portadores de α-tal. Observamos uma correlação entre os índices HCM e CHCM e os portadores de α-tal. 3. A ocorrência de alfa talassemia nas crianças de 25%. Ocorreu uma associação entre a presença de α-tal com a etnia negra e histórico de anemia. Com relação ao tratamento e tipo de tratamento para anemia, as médias de hemácias, Hb, HT, os índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM e RDW), dosagem de ferritina e as dosagens das hemoglobinas A e Fetal, nenhuma associação foi identificada. No entanto observamos associação entre as médias da Hb A2 e os sugestivos de α-tal 4. Analisando os resultados dos testes utilizados na triagem para α-tal (eletroforéticos e pesquisa citológica da Hb H), foi possível observar uma elevada concordância (71,49%) entre os testes. Os resultados obtidos, portanto, demonstram uma alta ocorrência da α-tal no nosso meio, estando relacionada diretamente com a etnia e com a presença de microcitose e hipocromia. Assim as informações desse trabalho contribuem para um melhor entendimento da α-tal. Referências Referências Bibliogr Bibliográficas 9. Referências bibliográficas 1. ADORNO, E. V.; COUTO, F. D.; MOURA NETO, J. P.; MENEZES, J. F.; RÊGO, M.; REIS, M. G. et al . Hemoglobinopathies in newborns from Salvador, Bahia, Northeast Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, Feb. 2005. 2. AIGNER, C. P.; SANDRINI, F.; DUARTE, E. G.; ANDRADE, M. P.; LARGURA, M. A.; LARGURA, A. Estudo do perfil de hemoglobinas em 9.189 testes realizados no Álvaro Centro de Análises e Pesquisas Clínicas. RBAC, vol. 38, p.107-109, 2006. 3. AIMIUWU, E.; THOMAS, A.; ROHEEMUN, N.; KHAIRALLAH, T.; NACOUZI, N. A.; GEORGIOU, A.; PAPADOPOULOU, C. A Guide for the Haemoglobinopathy Nurse. 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Anexos ANEXO I Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa-CEP N°____________ ANEXO II FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DATA_____/_____/________ NOME:_______________________________________N°REGISTRO____________ NOME DA MÃE (no caso de menores)______________________________________ ENDEREÇO:__________________________________________________________ TELEFONES:(____)____________D.NASC:_____/_____/_______GÊNERO:_______ NATURALIDADE_________________GRUPO ÉTNICO:_______________________ ETNIA DOS ANTECEDENTES: AVÓ MATERNA ( AVÔ MATERNO ( ( )P ( PAI ( )A ( )B ( )B ( )N ( )P ( )A ( )I )B ( )N )P ( )A ( ) I , AVÓ PATERNA ( ) I AVÔ PATERNO ( )B ( )N ( )N ( )P ( )N ( )B ( )A ( ) I MÃE( )B ( )P ( )N ( )A ( )P ( )I )A ( )I MÉDICO:_____________________________________________________________ MEDICAMENTOS EM USO:______________________________________________ TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: ( HISTÓRICO DE ANEMIA: ( )SIM ( )SIM ( )NÃO; QUANDO?____________________ ) NÃO; HISTÓRICO DE TRATAMENTO PARA ANEMIA: ( )SIM ( )NÃO; QUAL?________ HISTÓRICO DE USO MEDICAMENTOS NOS ÚLTIMOS 12 MESES:_____________ ____________________________________________________________________ MANIFEST. CLÍNICAS:____________________________________________________ ================================================================== == EXAMES LABORATORIAIS: Hct:____________% VCM:___________fL RDW:______% Hb____________g/dL HCM:___________pg He____________x 1012/L CHCM:__________g/dL Morfologia eritrocitária:__________________________________________________ Ferritina sérica:___________ Pesquisa HbH:______________Eletroforese de Hb:_______________Hb A: _________%Hb Fetal:___________ %HbA2: _____________% ANÁLISE MOLECULAR ANEXO III TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Hemocentro Regional de Uberaba/Fundação Hemominas Serviço de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTES DO GRUPO 1 (Doadores de sangue) Título do Projeto: Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. Você é portador de anemia e como já foi orientado pelo profissional que te atendeu aqui do Hemocentro, você será encaminhado ao clínico hematologista do Pronto Atendimento do Hemocentro Regional de Uberaba, para atendimento médico e realização de exames laboratoriais que esclareçam a causa de sua anemia. Existem vários tipos de anemia cujas causas principais são por falta de nutrientes alimentares como o ferro ou de origem genética hereditária. Este último é causado por mutações (mudanças) na formação dos nossos genes e que são passadas durante a formação do feto pelos genes dos pais, como é o caso da anemia falciforme e a talassemia. Considerando que a talassemia alfa é um dos mais prevalentes tipos em nosso meio, mas que ainda tem o diagnóstico controverso, requerendo padronização de técnicas e utilização de exames mais sensíveis para sua confirmação que não são disponíveis na rotina, nós estamos convidando você a participar desta pesquisa. Trata-se de um estudo com título “Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba”. O seu objetivo é determinar a prevalência da talassemia alfa e identificar os tipos de mutações mais comuns em pacientes e doadores de sangue atendidos pelo HRU e Ambulatório de Hematologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, tendo como justificativa, a importância de gerar dados regionais sobre o perfil hematológico e molecular da talassemia alfa na região, os quais poderão servir de auxílio no diagnóstico clínico dessa alteração. Portanto nesta pesquisa, faremos exames que podem confirmar com certeza a presença desse tipo de anemia. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é importante. Caso você concorde em participar, nós aproveitaremos a amostra de sangue que você for colher para a realização dos exames de identificação da causa de sua anemia, não sendo necessário colher mais sangue. Além disso, você só terá que responder a algumas perguntas para preenchimento de uma ficha de identificação com seus dados pessoais (endereço, telefone, data de nascimento, cidade onde nasceu, origem racial) antecedentes de transfusão sanguínea, medicamentos usados, história de anemia na família e com espaço para colocar posteriormente os resultados dos exames laboratoriais que você realizará. No que se refere à coleta do sangue necessário para o exame mencionado acima, esta será realizada pelo mesmo profissional que colherá seu sangue para a realização dos exames que serão solicitados pelo médico hematologista, aproveitando assim essa amostra para a realização dos exames laboratoriais dessa pesquisa. Durante esse processo de coleta não será acrescentado nenhum risco a você além daqueles que já fazem parte de uma coleta de sangue, como a formação de pequenos hematomas (manchas arroxeadas levemente doloridas no local da coleta) no caso de dificuldades encontradas em veias mais finas e sensíveis. Entretanto, isso não deverá preocupá-lo caso venha ocorrer, pois estes desaparecem dentro de poucos dias. Quanto ao preenchimento da ficha de identificação, pode-se afirmar que esse não trará a você também nenhum risco, pois não possui perguntas que possam constranger ou ferir sua integridade. Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um número. Quanto aos resultados dos exames realizados, quando apresentarem positividade para talassemia alfa, estes serão repassados para você pelo médico hematologista que lhe atenderá durante sua consulta de retorno. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Título do Projeto: Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. Eu,_______________________________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Banco de amostras: caso você autorize, o material genético (DNA) recolhido para este estudo poderá ser usado por pesquisadores da Fundação Hemominas e da UFTM em estudos com os mesmos objetivos: investigar mutações genéticas da talassemia alfa. Neste caso, a sua amostra será conservada sem prazo para descarte. Entretanto, o uso futuro deste material nunca será ligado a nenhum dado pessoal do participante. Você pode negar a permissão para o uso da amostra em estudos futuros, e ainda participar deste projeto. Se você autorizar o uso futuro da sua amostra, qualquer novo estudo utilizando esta amostra deverá ser avaliado e autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação. Portanto, marque com um x no quadrado abaixo sua decisão. Aceito que os pesquisadores guardem a amostra coletada para uso em estudos futuros. Não aceito que os pesquisadores guardem a amostra coletada para uso em estudos futuros. Uberaba, ............./ ................../................ ________________________________ Assinatura do voluntário ____________________________________ Assinatura do pesquisador responsável ____________________________ Documento de Identidade _______________________ Assinatura pesquisador orientador Telefone de contato dos pesquisadores: Renata (34) 9935-9502; Aline: (34) 8832-0401; Dr. Hélio (34) 3312-5077 ANEXO IV TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Serviço de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Hemocentro Regional de Uberaba/Fundação Hemominas MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTES DO GRUPO 2 (Recém-nascidos) Título do Projeto: Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. Existem vários tipos de anemia cujas causas principais são por falta de nutrientes alimentares como o ferro ou de origem genética hereditária. Este último é causado por mutações (mudanças) nos nossos genes e que são passadas durante a formação do feto pelos genes dos pais, como é o caso da anemia falciforme e a talassemia. Considerando que a talassemia alfa é um dos mais prevalentes tipos em nosso meio, mas que ainda tem o diagnóstico controverso, requerendo padronização de técnicas e utilização de exames mais sensíveis para sua confirmação que não são disponíveis na rotina, nós estamos convidando seu filho a participar desta pesquisa. Trata-se de um estudo com título “Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. O seu objetivo é determinar a prevalência da talassemia alfa e identificar os tipos de mutações mais comuns em pacientes e doadores de sangue atendidos pelo Ambulatório de Hematologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, tendo como justificativa, a importância de gerar dados regionais sobre o perfil hematológico e molecular da talassemia alfa na região, os quais poderão servir de auxílio no diagnóstico clínico dessa alteração. Portanto nesta pesquisa, faremos exames laboratoriais que podem confirmar com certeza a presença desse tipo de anemia. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a sua participação é importante. Caso você concorde em participar, será aproveitada a mesma amostra de sangue do cordão umbilical do seu filho(a) que será coletada para a realização dos exames de rotina dos recém-nascidos após o parto. Além disso, você só terá que responder a algumas perguntas para preenchimento de uma ficha de identificação com os dados pessoais seus e de seu filho (endereço, telefone, data de nascimento, origem racial), antecedentes de transfusão sanguínea, medicamentos usados, história de anemia na família e com espaço para colocar posteriormente os resultados dos exames laboratoriais realizados. No que se refere à coleta do material necessário para a pesquisa, podemos afirmar que este processo não ocasiona nenhum risco para você ou seu filho(a), uma vez que o sangue colhido é do cordão umbilical, o qual é normalmente descartado juntamente com a placenta após a coleta de sangue para os exames de rotina dos recém-nascidos. Quanto ao preenchimento da ficha de identificação, pode-se afirmar que esse também não trará a você ou a seu filho(a) nenhum risco, pois não possui perguntas que possam constranger ou ferir suas integridades. Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela participação de seu filho(a) no estudo, vocês não receberão qualquer valor em dinheiro, mas terão a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de suas responsabilidades. Seu nome ou de seu filho(a) não aparecerão em qualquer momento do estudo, pois vocês serão identificados com um número. Quanto aos resultados dos exames realizados por seu filho(a), quando apresentarem positividade para talassemia alfa, estes serão repassados para você pelo médico pediatra que lhe atenderá durante sua consulta de retorno. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Título do Projeto: Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. Eu, ______________________________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento ao qual o menor sob minha responsabilidade será submetido. A explicação que recebi esclarece os benefícios do estudo. Eu entendi que eu e o menor sob minha responsabilidade somos livres para interromper a participação dele na pesquisa a qualquer momento, sem justificar a decisão tomada e que isso não afetará o tratamento dele. Sei que o nome do menor não será divulgado, que não teremos despesas e não receberemos dinheiro por participar do estudo. Eu concordo com a participação de meu filho(a) no estudo. Banco de amostras: caso você autorize, o material genético (DNA) recolhido para este estudo poderá ser usado por pesquisadores da Fundação Hemominas e da UFTM em estudos com os mesmos objetivos: investigar mutações genéticas da talassemia alfa. Neste caso, a sua amostra será conservada sem prazo para descarte. Entretanto, o uso futuro deste material nunca será ligado a nenhum dado pessoal do participante. Você pode negar a permissão para o uso da amostra em estudos futuros, e ainda participar deste projeto. Se você autorizar o uso futuro da sua amostra, qualquer novo estudo utilizando esta amostra deverá ser avaliado e autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação. Portanto, marque com um x no quadrado abaixo sua decisão. Aceito que os pesquisadores guardem a amostra coletada para uso em estudos futuros. Não aceito que os pesquisadores guardem a amostra coletada para uso em estudos futuros. Uberaba, ................../ ................../................ _______________________________ Assinatura do responsável legal _______________________________ Documento de identidad _______________________________ Assinatura do pesquisador responsável _____________________________________ Assinatura do pesquisador orientador Telefone de contato dos pesquisadores: Renata (34) 9935-9502; Aline: (34) 8832-0401; Dr. Hélio (34) 3312-507 ANEXO V TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Serviço de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Hemocentro Regional de Uberaba/Fundação Hemominas MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARTICIPANTES DO GRUPO 3 (Pacientes pediátricos) Título do Projeto: Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. Seu filho(a) é portador de anemia e como você já foi orientado pelo clínico hematologista do pronto atendimento do Hospital de Clínicas de Uberaba, deverá realizar exames laboratoriais que esclareçam a causa dessa anemia. Existem vários tipos de anemia cujas causas principais são por falta de nutrientes alimentares como o ferro ou de origem genética hereditária. Este último é causado por mutações (mudanças) na formação dos nossos genes e que são passadas durante a formação do feto pelos genes dos pais, como é o caso da anemia falciforme e a talassemia. Considerando que a talassemia alfa é um dos mais prevalentes tipos em nosso meio, mas que ainda tem o diagnóstico controverso, requerendo padronização de técnicas e utilização de exames mais sensíveis para sua confirmação que não são disponíveis na rotina, nós estamos convidando seu filho a participar desta pesquisa. Trata-se de um estudo com título “Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba”. O seu objetivo é determinar a prevalência da talassemia alfa e identificar os tipos de mutações mais comuns em pacientes e doadores de sangue atendidos pelo Ambulatório de Hematologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, tendo como justificativa, a importância de gerar dados regionais sobre o perfil hematológico e molecular da talassemia alfa na região, os quais poderão servir de auxílio no diagnóstico clínico dessa alteração. Portanto nesta pesquisa, faremos exames laboratoriais que pode confirmar com certeza a presença desse tipo de anemia. Os avanços na área da saúde ocorrem através de estudos como este, por isso a participação de seu filho(a) é importante. Caso você e/ou seu filho(a) concordem em participar, nós utilizaremos a mesma amostra de sangue colhida de seu filho(a) for colher os exames para a identificação da causa de sua anemia. Ademais, você e/ou seu filho terão que responder a algumas perguntas para preenchimento de uma ficha de identificação com os dados pessoais da criança (endereço, telefone, data de nascimento, cidade onde nasceu, origem racial), antecedentes de transfusão sanguínea, medicamentos usados, história de anemia na família e com espaço para colocar posteriormente os resultados dos exames laboratoriais realizados. No que se refere à coleta do sangue necessário para a pesquisa, esta será feita pelo mesmo profissional que colherá o sangue de seu filho(a) para a realização dos exames que serão solicitados pelo médico hematologista. Durante este processo não será acrescentado nenhum risco à criança além daqueles que já fazem parte de uma coleta de sangue, como a formação de pequenos hematomas (manchas arroxeadas levemente doloridas no local da coleta) que ocorrem no caso de dificuldades durante a punção de veias mais finas e sensíveis. Entretanto, isso não deverá preocupá-los caso venha ocorrer, pois estes desaparecem dentro de poucos dias. Quanto ao preenchimento da ficha de identificação, pode-se afirmar que esse também não trará a você nem a seu filho(a) nenhum risco, pois não possui perguntas que possam constranger ou ferir suas integridades. Você e/ou seu filho(a) poderão obter todas as informações que quiserem e poderão não participar da pesquisa ou retirar seus consentimentos a qualquer momento, sem prejuízo no atendimento de seu filho(a). Pela participação de seu filho(a) no estudo, vocês não receberão qualquer valor em dinheiro, mas terão a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de suas responsabilidades. Seu nome ou de seu filho(a) não aparecerão em qualquer momento do estudo, pois vocês serão identificados com um número. Quanto aos resultados dos exames realizados, quando apresentarem positividade para talassemia alfa, estes serão repassados para você e/ou para seu filho(a) pelo médico hematologista que lhe atenderá durante sua consulta de retorno. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Título do Projeto: Prevalência de talassemia alfa em recém-nascidos sadios e pacientes pediátricos com anemia à esclarecer, atendidos pelo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro e doadores de sangue inaptos por anemia do Hemocentro Regional de Uberaba. Eu, ______________________________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento ao qual o menor sob minha responsabilidade será submetido. A explicação que recebi esclarece os benefícios do estudo. Eu entendi que eu e o menor sob minha responsabilidade somos livres para interromper a participação dele na pesquisa a qualquer momento, sem justificar a decisão tomada e que isso não afetará o tratamento dele. Sei que o nome do menor não será divulgado, que não teremos despesas e não receberemos dinheiro por participar do estudo. Eu concordo com a participação do menor no estudo, desde que ele também concorde. Por isso ele assina (caso seja possível) junto comigo este Termo de Consentimento. Banco de amostras: caso você autorize, o material genético (DNA) recolhido para este estudo poderá ser usado por pesquisadores da Fundação Hemominas e da UFTM em estudos com os mesmos objetivos: investigar mutações genéticas da talassemia alfa. Neste caso, a sua amostra será conservada sem prazo para descarte. Entretanto, o uso futuro deste material nunca será ligado a nenhum dado pessoal do participante. Você pode negar a permissão para o uso da amostra em estudos futuros, e ainda participar deste projeto. Se você autorizar o uso futuro da sua amostra, qualquer novo estudo utilizando esta amostra deverá ser avaliado e autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação. Portanto, marque com um x no quadrado abaixo sua decisão. Aceito que os pesquisadores guardem a amostra coletada para uso em estudos futuros. Não aceito que os pesquisadores guardem a amostra coletada para uso em estudos futuros. Uberaba, ................../ ................../............... ___________________________________ Assinatura do voluntário _______________________________________ Assinatura do menor (caso ele possa assinar) __________________________________ Assinatura do pesquisador responsável _____________________________ Documento de Identidade __________________________________ Documento (se possuir) __________________________________ Assinatura do pesquisador orientador Telefone de contato dos pesquisadores: Renata (34) 9935-9502; Aline: (34) 88320401; Dr. Hélio (34) 3312-5077.