FACULDADES UNIDAS DO NORTE DE MINAS – FUNORTE CARLOS HENRIQUE CELESTINO DOS SANTOS USO DE MINI-IMPLANTES EM RETRAÇÃO DENTÁRIA ANTERIOR Maceió 2011 CARLOS HENRIQUE CELESTINO DOS SANTOS USO DE MINI-IMPLANTES NA RETRAÇÃO DENTÁRIA ANTERIOR RETRATION TEETH ANTERIOR WITH MINI SCREWS Monografia apresentada ao ICS Faculdades Unidas do Norte de Minas- FUNORTE/SOEBRAS como requisito para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Alexandre M. Vieira Maceió 2011 AGRADECIMENTOS A Deus, por tudo em minha vida. A minha mulher e filhos, pelo apoio que me deram para a conclusão deste curso. A meus pais, Jehovah dos Santos (in memorian) e Gilza Celestino, por toda educação e amor que destes recebi. Ao orientador Prof. Dr. Alexandre M. Vieira pelo acompanhamento e auxílio que me proporcionou durante o curso. Aos colegas de turma por seu companheirismo e amizade. Aos mestres, Alexandre Pontes, Nilton Costa e Nilton Coelho, por sua compreensão,conhecimento partilhado e doação hodierna de sua sabedoria. Uso de mini-implantes na retração dentária anterior Santos, Henrique* Vieira, Alexandre** RESUMO A busca por um método que minimize ou, até mesmo, elimine os efeitos colaterais nas retrações anteriores vêm fazer dos mini-implantes um importantíssimo recurso terapêutico. Esse estudo vem demonstrar a versatilidade e eficácia do uso dos mesmos nesta mecânica ortodôntica. Utilizou-se de referências bibliográficas obtidas em livros e artigos publicados na internet sendo demonstrados resultados significativos, tornando desnecessária a cooperação do paciente, reduzindo o tempo de tratamento e melhorando a qualidade dos resultados. PALAVRAS-CHAVES: 1.Mini-implantes; 2.Retração dentária anterior; 3.Ancoragem. _________________ *Autor da Pesquisa e Especializando em Ortodontia da FUNORTE / NEO. **Orientador da Pesquisa e Especialista, Mestre e Doutor em Ortodontia pela são Leopoldo Mandic. RETRATION TEETH ANTERIOR WITH MINI SCREWS Santos, Henrique* Vieira, Alexandre** ABSTRACT The search for a method that minimizes or even eliminates the side effects in previous downturns comes to dental mini-implants an important therapy resource. This study is to demonstrate the versatility and effectiveness of this same orthodontic mechanics. Used was obtained from references in books and articles published on the Internet being demonstrated significant results, obviating the cooperation of the patient, reducing the treatment time and improving the quality of results. KEYWORDS: 1.Mini-implants; 2.Previous dental retraction; 3.Anchoring. _________________ *Research Author and Underspecialist in Facial Ortodhontics. **Research Educacional Guide and Especialist, Master and Doctor in Facial Ortodhontics. LISTA DE FIGURAS Páginas FIGURA 1 - Descrição das partes do mini-implante ilustrando a área do perfil transmucoso ....................................................................................... 15 FIGURA 2 - Exemplo de kit de mini-implantes ortodônticos..................... 15 FIGURA 3 - Retração anterior com ancoragem direta.................................. 15 FIGURA 4 - Retração anterior com vetor de força intrusivo para os incisivos superiores ..................................................................................... 18 FIGURA 5 - Diferentes possibilidades de posicionamento vertical do miniimplante e diferentes alturas do apoio da região anterior ..................................................................................................................... 22 FIGURA 6 - Posicionamentos verticais diferentes dos mini-implantes podem gerar desníveis do plano oclusal no segmento anterior ..................................................................................................................... 23 FIGURA 7 - Ancoragem indireta para retração anterior.............................. 24 LISTA DE TABELAS E QUADROS Páginas TABELA 1 - Sugestão de escolha do diâmetro, comprimento, angulação e método de instalação com ou sem perfuração da cortical, de acordo com a região de instalação ......................................................................... 14 QUADRO 1 - Resumo de Protocolo ........................................................... 28 QUADRO 2 - Indicação da aplicação dos mini-implantes quanto ao diâmetro ...................................................................................................... QUADRO 3 - Resumo das principais aplicações 40 clínicas ..................................................................................................................... 41 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9 OBJETIVO ........................................................................................................ 11 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 12 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 26 CONCLUSÃO ................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 47 ANEXO .............................................................................................................. 32 INTRODUÇÃO Com os mini-implantes se abre a porta a novas possibilidades de tratamentos ortodônticos. É necessário reformular a biomecânica, estudar a espessura e tipo de cortical que dá a retenção mecânica, mas está claro que a falta de ancoragem e a ausência de motivação já não são obstáculos para conseguir bons resultados em ortodontia (LABOISSIÈRE JÚNIOR et al., 2006). O ponto mais frágil de um mini-implante utilizado como ancoragem temporária, do ponto de vista biológico, corresponde à interação com os tecidos epiteliais da mucosa. O epitélio une-se ao perfil transmucoso do mini-implante por meio de hemidesmossomos e outras formas de união, incluindo-se substâncias cementantes secretadas na interface de ambas as estruturas. O epitélio nesta interface, provavelmente, prolifera para procurar imitar um epitélio juncional, tal como ocorre com os implantes dentários convencionais (BEZERRA et al., 2006). Alguns mini-implantes apresentam, em seus designs, uma discreta aleta circular ou aba metálica acima do perfil transmucoso, na porção mais próxima de sua cabeça. Esta aba metálica, aparentemente, protege a linha da interface mini-implante/mucosa na superfície externa, mas, provavelmente, esta proteção seja mais física do que microbiana, pois deve favorecer a formação e manutenção de biofilme microbiano e pode dificultar o acesso de escovas e antisépticos neste local. Pesquisas poderiam ser feitas a esse respeito. As mucosites e perimini-implantites ocorrem mesmo em mini-implantes bem instalados, mas em decorrência da formação de biofilmes microbianos sobre as partes expostas ao meio bucal e sem a higienização adequada (LABOISSIÈRE JÚNIOR et al., 2006). Em suma, a instalação de mini-implantes representa um procedimento clínico-cirúrgico simples, mas que expõe e comunica o meio interno com o meio externo, em um ambiente altamente contaminado como o meio bucal. A avaliação da condição sistêmica e óssea do paciente é importante, tanto quanto a sua conscientização sobre a boa higienização, fundamental para o sucesso do procedimento (LEE et al., 2007). 2. OBJETIVO Realizar uma revisão de literatura sobre mini-implantes enfatizando a retração dentária anterior. 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Breve Histórico Sabe-se que os implantes consistem de um parafuso intra-ósseo, um pescoço de superfície lisa transmucosa em contato com o tecido macio (de 2,5mm ou 4,5mm de espessura), e uma parte exposta de 2 mm. Diferentes tipos de cabeças e desenhos estão disponíveis no mercado e seu uso varia com o tipo de situação (KYUNG; PARK; BAE et al., 2003). Triaca et al.,(2005) afirma que região anterior do palato duro é uma área potencial para a colocação de implantes ortodônticos. Park et al.,(2001), propõem a utilização de ancoragens intra-ósseas recomendando diferentes localizações mais favoráveis como o trígono retromolar na arcada inferior. Na maxila tem-se maior flexibilidade, porque o osso alveolar é mais largo; a mucosa palatina é muito espessa e é necessária a utilização de parafusos relativamente longos de 4mm ou 5mm. Os mini-implantes colocados em localizações inter-radiculares não devem afetar as estruturas radiculares adjacentes. Estratégias para prevenir o dano radicular incluem colocação de mini-implantes sublinguais ou em ângulo e dirigido para o ápice. Estudos publicados descrevem o lugar de inserção como a metade da raiz ou além do ápice radicular (KIUNG, 2007). Para determinar o lugar onde vai implantar o mini-implante, pode-se realizar uma guia cirúrgica com arame de latão, também podem usar-se guias acrílicas. As potenciais complicações com o uso de implantes ortodônticos são irritação do tecido mucoso no lugar da inserção, risco de infecção e perda prematura do parafuso.Os parafusos podem ser colocados diretamente através da gengiva, sem retalho mucoperiostio (MARASSI et al., 2005). Segundo Lee et al., 2007, mini-implantes de ancoragem devem apresentar uma resistência imediata às forças ortodônticas, não exigir a colaboração do paciente, não provocar moléstias, ser de fácil manejo para o ortodontista e ser compatíveis com os dispositivos ortodônticos habituais. São de grande ajuda naqueles pacientes que apresentam: Pouca ou nenhuma ancoragem seja por falta de material dentário ou por suporte periodontal pobre; Reticências a levar braquetes em toda a boca e que precisam de tratamentos ortodônticos pré-protéticos (endereçar molar, etc); Baixa colaboração; Em casos de dentes inclusos; Pacientes de cirurgia ortognática; De acordo com Cesare et al.,(2007) os mini-implantes estão indicados para indivíduos: com necessidade de ancoragem máxima; não colaboradores; unidade de ancoragem comprometida, por número reduzido de dentes, reabsorção radicular ou seqüelas de doença periodontal; com necessidade de movimentos dentários considerados difíceis ou complexos para os tratamentos convencionais (por ex.: intrusão de molares e casos assimétricos). Um diagnóstico correto do paciente é fundamental para o sucesso do tratamento, pois o uso indevido dos mini-implantes pode agravar movimentos ortodônticos indesejados ou mesmo levar ao declínio da estética facial em casos mal diagnosticados. Portanto, o planejamento para instalação de mini-implantes deve ser feito após exame clínico, avaliação da documentação ortodôntica completa do paciente e após elaboração do plano de tratamento ortodôntico detalhado. O ortodontista deve selecionar, então, dois ou três possíveis sítios de instalação dos mini-implantes, levando-se em conta a direção dos vetores de força em relação ao centro de resistência do dente ou do grupo de dentes a ser movimentado. Após a seleção do sítio de instalação, determina-se o tipo de mini-implante a ser utilizado, estipulando seu diâmetro e comprimento. A tabela 1 traz uma sugestão dos autores para a escolha do diâmetro, comprimento, angulação e método de instalação, com ou sem perfuração da cortical, de acordo com a área de instalação planejada (ARAÚJO et al., 2006). Tabela 1 – Sugestão de escolha do diâmetro, comprimento, angulação e método de instalação com ou sem perfuração da cortical, de acordo com a região de instalação. O ortodontista ou cirurgião precisará eleger um kit de instalação de miniimplantes, pois cada fabricante possui chaves específicas para seus MI (Fig. 1). Fig. 1 - Descrição das partes do mini-implante ilustrando a área do perfil transmucoso. Fig. 2 - Exemplo de kit de mini-implantes ortodônticos Radiografias periapicais e interproximais dos possíveis sítios de instalação devem ser obtidas através da técnica do paralelismo, tomando-se o cuidado para que a fonte de radiação esteja perpendicular ao local de instalação nos casos de implantes entre as raízes (YAO et al., 2004). Estas radiografias serão utilizadas para diagnosticar variações na anatomia radicular e a presença de estruturas anatômicas importantes como o seio maxilar e o nervo mandibular. As radiografias interproximais são mais fidedignas do que as periapicais para avaliar se há espaço interdental suficiente para a inserção do mini-implante entre raízes. Sugere-se executar a tomada radiográfica interproximal com a película posicionada verticalmente (YAO et al., 2004). Em casos de espaço insuficiente entre as raízes no primeiro sítio de instalação escolhido, o ortodontista pode: optar por outro sítio de instalação; aguardar até o final da fase de alinhamento e nivelamento, quando os espaços entre as raízes normalmente estarão regularizados; fazer um preparo ortodôntico para a instalação dos mini-implantes, utilizando colagens atípicas ou arcos segmentados para afastar as raízes dos dentes adjacentes ao local de instalação dos miniimplantes (YAO et al., 2004). 3.2 Quantidade de Retração dos Dentes Anteriores O uso de mini-implantes permite grandes retrações dos dentes anteriores, porém deve-se tomar cuidado para que esse recurso de ancoragem não traga problemas para o paciente. Uma grande retração dos incisivos pode causar declínio da estética facial do indivíduo que será submetido ao tratamento ortodôntico, especialmente em pacientes portadores de retrusão mandibular. Também deve ser considerado que projeções labiais ligeiramente aumentadas são bem vistas pela sociedade e que uma diminuição significativa da projeção dos lábios pode levar à aparência facial de idade mais avançada(LEE et al., 2007). A quantidade de osso disponível na sínfise mandibular ou no processo alveolar da região anterior da maxila é outro fator a ser considerado, em particular quando se planejam retrações “de corpo” dos incisivos. Mesmo com espaço ósseo disponível, o ortodontista deverá verificar se o periodonto de sustentação permite ampla movimentação, especialmente em pacientes adultos com seqüelas de problemas periodontais. Sugere-se avaliar, também, o comprimento e a anatomia radicular, em relação ao risco de reabsorção, principalmente quando se planeja retração anterior associada a torque lingual de raiz. (LEE et al., 2007) Fig. 3 - Retração anterior com ancoragem direta. 3.3 Vetores de Força de Retração e Controle Vertical dos Incisivos As mecânicas de fechamento de espaço tendem a aumentar a sobremordida e os ortodontistas acrescentam dobras de compensação nos fios, para controlar este efeito colateral. Como os mini-implantes são instalados, usualmente, em uma posição mais apical do que os ganchos dos molares, deve-se considerar que a retração anterior com ancoragem direta de mini-implantes tende a gerar um vetor de força mais intrusivo para os incisivos que as mecânicas tradicionais Este vetor de força pode ser controlado modificando-se a altura da instalação dos mini-implantes e/ou a altura do apoio utilizado na região anterior, gerando uma série de possibilidades de linhas de ação de força. O ortodontista deverá, portanto, antes de instalar ou indicar a instalação dos mini-implantes, definir a linha de ação de força que pretende utilizar e o efeito vertical que o vetor de força irá exercer sobre os dentes anteriores. (KYUNG, 2007) Alguns autores se referem aos vetores da força de retração como puxada ou instalação alta, média e baixa. Embora estes termos sejam apropriados para a maxila, o emprego dos mesmos para a mandíbula pode trazer dificuldade de interpretação para os cirurgiões e ortodontistas. Sendo assim, os vetores de força serão descritos a seguir, de acordo com o seu efeito na região anterior (MARASSI et al., 2005). Fig. 4 - Retração anterior com vetor de força intrusivo para os incisivos superiores. 3.4 Retração Com Vetor de Força Intrusivo Este tipo de retração é indicado para indivíduos que apresentem sobremordida aumentada por extrusão dos incisivos, sendo obtido, usualmente, com instalação de mini-implante afastado do fio e um gancho ou apoio curto na região anterior. Este tipo de vetor de força tende a causar na maxila um giro do plano oclusal no sentido anti-horário. Na mandíbula, a retração tende a promover um giro do plano oclusal no sentido horário. Para potencializar o efeito intrusivo dos incisivos, o gancho na região anterior poderá ser voltado para oclusal, ao invés do sentido convencional. Esta mecânica é contra-indicada para indivíduos que têm sobremordida diminuída ou mordida aberta. Os vetores de força intrusivos gerados pelo uso dos mini-implantes também tendem a ser desfavoráveis em retrações unilaterais, podendo causar uma inclinação de plano oclusal frontal, por intrusão de apenas um dos lados do arco. (KYUNG et al., 2007). 3.5 Retração Com Vetor de Força Extrusivo Este tipo de retração é utilizado para casos de mordida aberta anterior, onde o mini-implante é instalado próximo ao fio, associado a ganchos longos na mesial dos caninos, para potencializar a extrusão dos incisivos e o fechamento da mordida. Recomenda-se avaliar se o grau de exposição dos incisivos permite esta abordagem na maxila, pois, apesar de eficiente, esta mecânica tende a causar giro do plano oclusal no sentido horário, aumentando a exposição dos dentes anteriores (MARASSI., 2005). Na mandíbula, há uma tendência de giro do plano oclusal no sentido antihorário, auxiliando no fechamento da mordida. A correção da mordida aberta pode ser potencializada pelo uso de elásticos ligando os mini-implantes ao fio na região posterior, para intrusão dos molares inferiores, o que irá favorecer ainda mais o giro do plano mandibular no sentido anti-horário e auxiliar de modo significativo a correção dessa má oclusão. Na maxila, pode-se unir os mini-implantes ao fio no segmento posterior ou utilizar um mini-implante na sutura palatina, conectado a ganchos instalados na barra transpalatina, para obtenção de controle vertical dos molares durante a retração anterior. (ARAÚJO et al., 2007). Deve-se atentar para o fato de que a intrusão dos molares superiores provoca, também, giro do plano oclusal maxilar no sentido horário, podendo aumentar em excesso a exposição dos incisivos superiores (ARAÚJO et al., 2007). 3.5.1 Retração Com Vetor de Força Intermediário Utilizado para os indivíduos que apresentam sobremordida próxima à normal, quando se deseja pouca ou nenhuma alteração do plano oclusal. Mesmo em pacientes com sobremordida normal, utiliza-se um vetor de força um pouco intrusivo, para compensar a tendência de extrusão dos incisivos, que ocorre durante e retração anterior. ( LEE et al., 2007) O controle vertical dos incisivos pode, ainda, ser obtido com dobras incorporadas ao arco ou com a instalação de mini-implante na região anterior, para intrusão dos incisivos, durante a fase de retração. Esta mecânica está indicada para indivíduos com faixa estreita de gengiva inserida no segmento posterior ou com presença de seio maxilar baixo, que impeçam a instalação de miniimplante mais apical. (MARASSI, 2006) O sucesso do tratamento ortodôntico depende do planejamento eficiente tanto da mecânica responsável pela movimentação dos dentes, quanto da unidade de ancoragem (BEZERRA et al., 2004). Foram avaliados os resumos disponíveis e, selecionados os estudos que se relacionassem especificamente aos dispositivos temporários de ancoragem ortodôntica do tipo mini-implantes de titânio. A análise criteriosa dos dados encontrados demonstra uma maior prevalência de artigos relacionados a relatos de casos clínicos, revisões de literatura e descrições de técnica, assim como a ausência de estudos com maior impacto científico. Trabalhos prospectivos longitudinais controlados, revisões sistemáticas ou meta-análises avaliando estes dispositivos experimentalmente ou em situações clínicas diversas, validando cientificamente esta nova técnica são pouco efetuados. 3.6 Posicionamento Vertical e Ângulo de Instalação dos Mini-Implantes Quando os mini-implantes forem utilizados como ancoragem direta, a altura da instalação dos mesmos irá influenciar significativamente a linha de ação da força utilizada na retração dos incisivos. O ortodontista deverá escolher a altura de instalação de acordo com seus objetivos de tratamento, levando em conta as limitações anatômicas de cada paciente (MARASSI et al., 2005). Uma instalação mais apical, ou seja, mais afastada da crista óssea e do fio ortodôntico (ponto de inserção 8mm ou mais acima da papila) está indicada nos casos onde se pretende um movimento de retração anterior, associado à intrusão dos incisivos. Esta instalação é limitada pela faixa de gengiva inserida disponível e pela presença do seio maxilar. De um modo geral, a linha mucogengival representa o limite apical de instalação, pois os mini-implantes instalados em gengiva inserida apresentam melhores resultados e são mais cômodos para os pacientes. O ortodontista deverá avaliar se, realmente, será válida uma instalação em mucosa alveolar para obter um vetor mais intrusivo (MARASSI et al., 2005). Fig. 5 - Diferentes possibilidades de posicionamento vertical do mini-implante e diferentes alturas do apoio da região anterior. O seio maxilar, usualmente, está presente na região de molares superiores a partir de 8mm da crista óssea alveolar e deverá ser evitado durante a instalação do mini-implante. A inserção do mini-implante próxima ao limite oclusal de instalação (ponto de inserção em torno de 4 a 5mm acima da papila) está indicada para casos de mordida aberta anterior. Esta instalação pode ser associada com o uso de ganchos longos na região anterior, para potencializar o fechamento de mordida aberta anterior, em casos onde seja possível o aumento de exposição dos incisivos (MARASSI et al., 2006). A instalação em altura intermediária (ponto de inserção em torno de 6 a 8mm acima da papila) é desejável para os indivíduos que apresentem sobremordida normal ou um pouco aumentada. Na grande maioria das retrações, o ortodontista deseja manter a inclinação do plano oclusal frontal. Para isso, é importante que os mini-implantes sejam instalados na mesma altura do lado direito e esquerdo, pois alturas diferentes podem gerar desníveis do plano oclusal no segmento anterior. Recomenda-se medir a distância entre o fio ortodôntico e a perfuração de um lado e reproduzir esta distância do lado oposto. Seria interessante utilizar, também, a mesma angulação de instalação dos mini-implantes, para que suas extremidades fiquem eqüidistantes do fio do lado direito e esquerdo (MARASSI et al). Fig. 6 - Posicionamentos verticais diferentes dos mini-implantes podem gerar desníveis do plano oclusal no segmento anterior. Fig. 7 - Ancoragem indireta para retração anterior Ao planejar a altura da instalação de um mini-implante que será inserido angulado, deve-se levar em conta que sua extremidade ficará mais oclusal do que o ponto de marcação da perfuração. Portanto, o ponto de perfuração deverá ser ligeiramente mais cervical do que o ponto programado como origem do vetor de força (YAO et al., 2004). Para indivíduos que apresentem plano oclusal frontal inclinado, será desejável a instalação de mini-implantes em diferentes alturas, gerando um vetor de força com componente mais intrusivo em um dos lados, para melhoria ou acerto da inclinação do plano alterado. Caso a inclinação do plano oclusal atinja também o segmento posterior, um módulo elástico poderá ser ligado do mini-implante ao fio na região dos molares que necessitam de intrusão, tomando-se o cuidado de controlar a tendência de vestibularização, devido à força intrusiva (MARASSI et al., 2005). Para retração anterior com ancoragem indireta, a altura da instalação do mini-implante não será tão importante quanto na retração com ancoragem direta, pois o mini-implante estará apenas estabilizando os elementos posteriores e a biomecânica utilizada pelo ortodontista será praticamente a mesma dos tratamentos convencionais. A ancoragem indireta tem esta vantagem de influenciar pouco nos vetores de força da retração, porém, se houver mobilidade do mini-implante, pode haver movimentação dos dentes da unidade de ancoragem (RITO et al., 2010). 4. DISCUSSÃO 4.1 O Procedimento Cirúrgico do Mini-Implante Os autores Kyung et al., (2003) descreveram os seguintes aspectos para o sucesso do tratamento com mini-implantes: habilidade do cirurgião; condição física do paciente, seleção do local adequado , estabilidade inicial e higiene bucal. Nascimento, Araújo e Bezerra et al., (2006) apresentam as partes consideradas como protocolo medicamentoso: O paciente deverá fazer o usos de profilaxia antibiótica. Os autores prescrevem como exemplo quatro cápsulas de 500 mg de amoxilina e de antiinflamatório como Etoricoxib 120mg 1 hora antes da cirurgia. A técnica cirúrgica para instalação dos mini-implantes ortodônticos deverá seguir um protocolo rígido de realização para evitar, sobretudo, lesão das raízes durante sua instalação. Marassi et al., (2005) adverte que como em outros procedimentos, existe uma curva de aprendizado, no entanto, os clínicos podem diminuir o risco para o paciente e obter uma taxa de sucesso mais alta, se os mesmos obtiverem conhecimento dos detalhes da técnica, antes de empregá-la. Para Park et al., (2004), a cirurgia de instalação dos mini-implantes ortodônticos, apesar de extremamente simples e rápida, deverá seguir um protocolo cirúrgico cuidadoso. Sendo assim, o autor recomenda um guia cirúrgico, o qual pode ser confeccionado com fio de latão (0,6 mm de espessura) passando através do ponto de contato entre as unidades dentárias, com extensão na direção apical. A imagem radiopaca do guia visualizada na radiografia periapical, representa uma referência para o correto posicionamento do mini-implantes, minimizando riscos de lesões às estruturas anatômicas. Carano et al. (2004), citam a importância de uma avaliação radiográfica critérios para tanto, a marcação correta do radiopaco, com o intuito de evitar pequenas distorções verticais ou horizontais, no momento da tomada da radiografia, sendo que, se este cuidado não for seguido corre-se o risco de geração de imagens falsas para o posicionamento correto da guia. Diz ainda este autor que o correto posicionamento da marcação do radiopaco pode até evitar aos profissionais com experiência na utilização da técnica de mini-implantes, o uso de guia com fio de latão, seguindo apenas a orientação da radiografia e avaliação clínica do paciente. Segundo Nascimento, Araújo e Bezerra et al. (2006), a intervenção cirúrgica para a implantação de mini-implantes poderá ser efetuada em ambiente ambulatorial, com a utilização de anestesia local infiltrativa subperiosteal, ou ainda, com a utilização de anestésico tópico de efeito profundo. Estes autores informam ainda que, não é recomendável ação anestésica sobre as unidades vizinhas dentárias, para evitar o contato indesejável com as raízes. Marassi et al. (2005), explica que é aconselhável que o paciente assine um termo de consentimento pós-esclarecido antes da instalação. Pois este documento servirá de guia de informações para o paciente contendo informações sobre o uso de mini-implante, e ainda, a inclusão de riscos e limitações deste dispositivo. Outro ponto que deve ser observado segundo Marassi et al., (2005), é o preenchimento da ficha de anamnese com o intuito de verificar o estado de saúde do paciente e possível necessidade de medicação específica. O procedimento cirúrgico segundo Villela et al. (2008), deverá seguir as seguintes etapas e recomendações: a) a instalação dos mini-implantes autoperfurantes deve ser preferencialmente com a chave manual; b) em regiões do palato em que a chave manual não tem acesso para efetuar a instalação, se faz instalação utilizando o contra ângulo com velocidade média de 20rpm; c) o protocolo de instalação dos mini-implantes autoperfurantes simplifica o ato cirúrgico, oferecendo uma excelente estabilidade primária e diminuindo o risco de lesão de raiz. A seguir se apresenta o exemplo de protocolo para a utilização de miniimplante, seguindo pelos autores Villela, Bezerra e Laboissière et al., (2006). QUADRO 1 – Resumo de Protocolo. Fonte: Adaptação feita pelo autor seguindo as instruções Villela, Bezerra e Labossièrre (2006 p. 49). O protocolo cirúrgico para a instalação dos mini-implantes autoperfurantes é mais simples, reduz a possibilidade de lesão de raízes, reduz drasticamente a necessidade de realização de osteotomia utilizando o motor e contra-ângulo, proporciona uma melhor estabilidade primária em relação aos auto-rosqueantes e minimiza as perdas de estabilidade pós-cirúrgica (BEZERRA et al., 2004). 4.2 Tempo e Magnitude da Força Aplicada A aplicação de carga sobre os mini-implantes pode ser efetuada de forma imediata, segundo Costa, Raffling e Melsen (1998). Para os autores Lee, Park e Kyung (2001) a aplicação de carga só poderá ser efetuada duas semanas após a instalação do mini-implante, sendo este o período ideal. Em relação a força os miniimplantes só devem ser submetidos a forças ortodônticas durante os 16 meses de tratamento, para que assim se possa evitar osseointegração.Para Lin e Liou (2003) a aplicação de carga imediata após a cirurgia deve ser efetuada quando o sítio do implante for na gengiva inserida e após duas semanas quando em caso de aplicação na mucosa alveolar. Ao mini-implante do tipo OMAS de 2.0 mm e 2.7 mm de diâmetro podem suportar forças de 500 a 600 gramas. Miyawaki et al., (2003) indicaram a aplicação de carga imediata e contínua inferior a 2N e regulagem da força de inter-digitação mecânica, entre o mini-implante de ancoragem e o osso alveolar. Ritto e Kyung (2008) sugeriram a aplicação de carga imediata sobre os mini-implantes. Kuroda, Katayama e Yamamoto (2004) aplicaram carga sobre os mini-implantes (Keisei Medical Industrial Co Ltda, Tokyo, Japan) somente três meses após sua instalação. Para Marassi, Leal e Herdy (2004), os mini-implantes podem receber carga imediata. Os estudos não têm apresentado diferenças entre aplicação de força imediata ou mediata, pois a estabilidade dos implantes se dá principalmente por retenção mecânica e não por osseointegração. Marassi, Leal e Herdy (2004) sugere a aplicação de um sistema de forças planejadas no mesmo dia ou em poucos dias após a instalação do implante. A estabilidade desses dispositivos se dá principalmente por retenção mecânica e as avaliações histológicas demonstram maior área de contato ósseo com os miniimplantes que receberam carga precoce do que os que não receberam força ou receberam carga após maior período de descanso. Nascimento, Araújo e Bezerra (2006), indicaram período denominado de espera de 14 dias para que pudesse ser iniciada a aplicação de força sobre os miniimplantes, com a finalidade de facilitar a higienização da área de instalação do miniimplante, durante sua cicatrização do tecido mole periimplantar. A força deverá ser aplicada o mais imediatamente após sua instalação; Inicialmente devem receber cargas menores, que deverão ser em torno de 150g; Esta carga poderá ser aumentada podendo chegar a uma força de 350g (VILLELA et al., 2008). 4.3 As Complicações Clínicas Decorrentes do Uso de Mini-Implantes Dentre as principais complicações em relação à utilização de mini- implantes em odontologia está a perda de estabilidade decorrente da aplicação de forças ortodônticas. Esta complicação pode ocorrer quando a estabilidade primária adquirida na implantação é baixa. Os implantes podem sofrer movimentação com a aplicação das forças ortodônticas. Outro fator que poderá provocar a perda de estabilidade também pode estar relacionado com uma inflamação nos tecidos periimplantares. Caso ocorram estas complicações a recomendação é a retirada de imediato do mini-implante. Para Costa, Maric e Denesino (2006) a utilização de miniimplantes pode desencadear outras complicações clínicas como: lesões nas raízes dentárias e dos nervos e seios maxilares. Caso exista comparação dos miniimplantes com os implantes ósteo-integrados, será possível a observação de uma redução ampla do risco de ocorrência devido, o pequeno diâmetro e do comprimento dos mini-implantes. Autores como Laboissière Júnior et al., (2005) comentaram que algumas complicações clínicas podem ser provocadas com a implantação de mini-implantes citando entre elas: fraturas durante sua instalação e remoção, além de provocar inflamação do tecido peri-implantar e mobilidade antes ou após a aplicação de forças sobre os mesmos. O mini-implante é normalmente colocado em regiões radiculares, assim sendo, deve-se tomar muito cuidado para não perfurá-las. Apesar de que as pesquisas relacionadas à utilização de mini-implantes tenham mostrado que a região lesionada recupera-se rapidamente, é melhor evitar qualquer complicação. Outro aspecto a ser considerado segundo o portal de odontologia (2006) se refere aos cuidados com os elásticos e molas acoplados aos mini-implantes, sendo que, estes podem causar ferimentos na língua ou na mucosa jugal. Diante das recomendações se julga a importância da atenção a lesões provocadas (MELSEN et al., 2001). Com base na publicação de Carano et al., (2004), umas das complicações da utilização de mini-implantes está relacionada em confronto com outras formas de ancoragem a danos causados aos nervos, vasos e raízes; perdas de parafusos durante sua inserção ou aplicação de carga; outro grande risco da utilização de miniimplantes em tratamentos ortodônticos é a fratura dos dispositivos que ocorrem na instalação ou remoção. Para Villela, Bezerra e Menezes et al., (2006), a utilização dos microparafusos ainda é alvo de muita resistência por parte de alguns cirurgiões dentistas, devido à possibilidade de lesões de raízes. Este tipo de problema pode ser evitado através de três atitudes: a utilização de um guia cirúrgico; o tipo de anestesia, e a utilização de mini-implantes autoperfurantes. A fratura ocorre normalmente durante a cirurgia de instalação do miniimplante. Sua causa está relacionada à utilização de conta-ângulo e ao excesso de pressão aplicada durante a inserção do mini-implante na cirurgia de instalação. A qualidade e a densidade óssea podem influenciar na resistência, que aliada à subperfuração pode potencializar a fratura da região próxima à cabeça do miniimplante (LABOISSIÈRE JÚNIOR et al., 2005). A ocorrência de mucosidade do tecido mole da região ao redor do miniimplante, normalmente ocorre quando o mesmo é instalado em gengiva julgal. O acúmulo do biofilme e da placa bacteriana sobre a cabeça do mini-implante é o principal fator causal da mucosite. Esta implicação está normalmente relacionada à má higienização (CHUNG et al., 2004). Depois de constatada a inflamação dos tecidos moles é necessária a remoção da aparatologia (elásticos, amarrilhos e molas) por uma semana, a remoção do biofilme ou da placa bacteriana manualmente. A orientação da forma de higienização correta para o paciente na área de instalação deve ser dada pelo profissional (BAE et at., 2002). Outro fator considerado como complicação do uso de mini-implante é a perda de estabilidade, podendo ser observado durante ou até mesmo antes que se comecem as aplicações de força no tratamento ortodôntico (CARANO et al, 2004). Para evitar ou até mesmo para minimizar os perigos com fratura, é aconselhável a realização de movimentos no sentido cêntrico tanto no processo de instalação como da remoção, pois se evita a concentração de forças de forma brusca em um único lugar (LABOISSIÈRE JÚNIOR et al., 2005). Com os traumas de tecido mole durante o tratamento ortodôntico, frequentemente, surgem lesões de reação inflamatória semelhantes a aftas nos locais próximos a braquetes, tubos e outros. Portanto, a posição do mini-implante na cavidade bucal pode funcionar como fator causal dessas pequenas lesões, normalmente relacionadas ao contato da cabeça do mini-implante tanto em mucosa julgal quanto na língua (LABOISSIÈRE JÚNIOR et al., 2005). Os estudos desses autores vêm ao encontro de nossos anseios, no sentido de mostrar que as complicações que envolvem o uso de mini-implantes ortodônticos podem ser bastante minimizantes se o profissional de odontologia adotar as técnicas de implantação nos padrões recomendados. O resultado do tratamento sem margem de dúvidas será considerado satisfatório para o paciente. 4.4 Sítios Para Instalação de Mini-Implantes A instalação de mini-implantes deve ser efetuada em regiões como as descritas por Costa, Raffling e Melsen (1998), espinha nasal anterior, sutura palatina mediana, crista infra-zigomática, região retromolar, áreas edêntulas e laterais do processo alveolar e região anterior da mandíbula. Kyung et al., (2007) dá algumas orientações para sítios e tamanhos de mini-implantes para ancoragem ortodôntica. 4.4.1 Área da Crista Infrazigomática Este local segundo o autor pode ser utilizado para retrair a dentição maxilar completa e tem como finalidade a correção das relações de canino e de molar de Classe II e também podem ser utilizados para intrusão de molares superiores se os mini-implantes palatinos são utilizados concomitantes. Para a utilização de mini-implantes em área infrazigomática é necessário uma incisão um pouco maior e a cirurgia é mais extensa quando comparada à colocação de miniimplante na área mucogengival. Se o osso for considerado de boa qualidade e o tecido cortical esteja duro, entretanto um mini-implante de 5 a 6 mm de comprimento é suficiente. É quase impossível manter a cabeça do mini-implante exposta, caso isto ocorra será necessário a utilização de um fio de ligadura e deve ser estendido de cabeça do mini-implante (método fechado) até a área da gengiva inserida (KYUNG et al., 2007). 4.4.2 Área de Tuberosidade Maxilar Esta localização é recomendada para a retração de dentes pósterosuperiores, sendo utilizada quando terceiros molares estão ausentes ou foram extraídos e a cicatrização está completa. Entretanto, esta localização é considerada como um desafio sob o aspecto cirúrgico para a colocação do mini-implante, e sua utilização tem sido descrita em casos em que a estrutura óssea do osso cortical esta comprometida. Neste caso mini-implantes considerados longos são necessariamente indicados. A perfuração para incisão do parafuso neste caso não é necessária devido à cobertura da gengiva inserida. Esta localização deve ser prescrita somente em casos especiais sendo a área considerada como ponto de inserção devido à angulação da colocação serem considerados como fatores críticos para o sucesso da instalação dos mini-implantes (KYUNG et al., 2007). 4.4.3 Área Palatina Mediana Este sítio é recomendado para qualquer tipo de movimentação de dentes póstero-superiores incluindo unilateral do arco. Neste caso um mini-implante pode ser ligado a um arco transpalatino podendo também ser utilizado para melhorar a ancoragem e distalizar molares (KYUNG et al., 2007). Nenhuma incisão é necessária antes de perfuração. Esta região é considerada como cortical óssea de boa qualidade, mesmo em se tratando da sutura palatina mediana. Portanto, mini-implantes com diâmetros maiores funcionam melhor em áreas suturais (KYUNG et al., 2007). 4.4.4 Área Retromolar Esta área é indicada quando se deseja a verticalização de molares inferiores inclinados mesialmente e a retração de dentes inferiores ou de toda dentição mandibular (KYUNG et al., 2007). Caso o segundo molar, inferior apresente inclinação lingual, um miniimplante poderá ser colocado por vestibular para fornecer ancoragem para sua verticalização bucal e retração distal dos dentes. Áreas retromolares oferecem espessura adequada e cortical óssea de alta qualidade para uma implantação considerada boa do mini-implante. A mucosa retromolar é espessa como a do palato. O mini-implante deve ser inserido pelo menos 4 mm no osso, nestes sítios. Deve ser tomado cuidado, para não fraturar o mini-implante durante a sua colocação, porque o osso do arco mandibular é forte e denso. A colocação de miniimplantes em posição disto-vestibular do segundo molar inferior tende a ser recoberta por tecidos moles. A espessura do tecido retromolar é variável de paciente para paciente (KYUNG et al., 2007). O planejamento para utilização de mini-implante no caso de verticalização de molares inclinados deve ser determinado considerando a direção e o ponto de aplicação de forças que sejam coincidentes com a direção do dente que está sendo verticalizado. Para que a situação possa ser corrigida em cada caso é aconselhável a utilização de um mini-implante com cabeça do tipo braquete (KYUNG et al., 2007). 4.4.5 Entre o Primeiro e Segundo Molares Por Vestibular Esta localização segundo (KYUNG et al., 2007) é utilizada para retração de dentes ânteros-inferiores, assim como para intrusão e movimentação distal de molares inferiores. Esta localização também fornece sítios para mini-implantes em casos de diagnósticos de mordida tipo tesoura como, exemplo, mordida cruzada posterior vestibular e mordida cruzada tipo Brodie. Para instalação deste sítio uma pequena incisão é feita através do tecido mucogengival antes da perfuração. A cortical óssea, geralmente, oferece espesura suficiente, para permitir uma colocação diagonal do mini-implante. A qualidade da cortical óssea é excelente, com uma espessura média de cerca de 3 mm, e logo devem ser avaliados os cuidados para a prevenção em relação à geração de calor durante a perfuração (BAE; KYUNG, 2006). A probabilidade de danos radiculares durante a colocação de miniimplantes entre o primeiro e o segundo molar inferior é bem menor do que se colocado no arco maxilar. A distância entre as raízes do primeiro e do segundo molar é cerca de 4,5 mm (BAE; KYUNG, 2006). 4.4.6 Entre o Primeiro Molar e o Segundo Pré-Molar Inferiores Por Vestibular Esta localização para a instalação de mini-implante é indicada para a retração de dentes póstero-inferiores. Poderá também ser utilizado como ancoragem, para movimentar molares inferiores para distal e vestibular (BAE; KYUNG, 2006). Nesse caso há uma faixa estreita de gengiva inserida, logo o método aberto é também de uso limitado nesta situação. Esta área tem cortical óssea de boa qualidade e, novamente, deve-se ter cuidado, para prevenir a geração de calor durante a perfuração do osso (KYUNG et al., 2007). Esta área do sítio é mais recomendada para mini-implante que são utilizadas, para retração de dentes ântero-inferiores. O mini-implante também pode ser utilizado, para fornecer ancoragem na movimentação distal de molares inferiores e para controlar, verticalmente, os molares inferiores durante a retração de dentes anteriores (BAE; KYUNG, 2006). 4.4.7 Entre Caninos e os Primeiros Pré-Molares Inferiores Por Vestibular Este sítio é indicado para a protação de molares inferiores. Esta área tem uma faixa estreita de gengiva inserida logo, algumas vezes, é difícil empregar o método aberto de posicionamento cirúrgico. O espaço entre as raízes do canino e do primeiro molar é aproximadamente 2,2 mm. O volume do osso alveolar vestibular, nesta área, não é tão espesso quanto a parte posterior da mandíbula (KYUNG et al., 2007). Esta localização é um sítio comum para colocação de mini-implante os quais serão utilizados como ancoragem para mesialização de molares inferiores. Em alguns casos, esta área apresenta uma oportunidade para ancoragem bi-cortical, se necessário os mini-implantes podem passar por ambas as placas cortical vestibular e lingual (BAE; KYUNG, 2006). 4.4.8 Sínfise Mandibular Por Vestibular Este sítio de mini-implante é indicado para intrusão de incisivos inferiores. Esta área tem uma faixa de gengiva muito estreita, portanto o método cirúrgico aberto não é indicado. Entretanto, o osso nesta região, usualmente é considerado como de boa qualidade. A distância entre os incisivos inferiores é pequena, portanto é mais indicada a colocação diagonal de mini-implantes (KYUNG et al., 2007). 4.4.9 Áreas Edêntulas Estas são consideradas as melhores áreas para a colocação de miniimplantes e para o controle de dentes adjacentes a espaços edêntulos com o objetivo de conseguir movimentações como verticalização de molares. Outro fator considerado excelente para esta localização, é que a cortical óssea é de boa qualidade e não existe risco de danos às raízes (KYUNG et al., 2007). Podem ser colocados dois mini-implantes lado a lado, se necessário, além de poderem conectar as estruturas superiores com uma resina foto-ativável. Desta forma, diversas conexões, inclusive braquetes, podem ser colocadas às estruturas dos miniimplantes; eles podem até ser utilizados como dentes artificiais. A seguir se apresenta o quadro com os diâmetros dos mini-implantes, os quais devem ser indicados de acordo com a região e a densidade óssea presente. QUADRO 2 – Indicação da aplicação dos mini-implantes quanto ao diâmetro Fonte: NASCIMENTO; ARAÚJO; BEZERRA, 2006. 4.5 Aplicações Clínicas Para Utilização de Mini-Implantes Os mini-implantes são indicados principalmente para pacientes com necessidade de ancoragem máxima; não colaboradores; número de elementos dentários reduzidos; portadores de movimentos dentários considerados difíceis ou complexos para os métodos tradicionais de ancoragem (por exemplo: casos assimétricos e intrusão de molares) (MARASSI et al., 2005). Outros estudiosos indicaram os mini-implantes para situações clínicas em que os pacientes necessitam de ancoragem máxima, principalmente nas dentições com ausência de dentes e em casos em que o paciente não colabora com o tratamento. Nascimento, Araújo e Bezerra et al., (2006) indicaram os mini-implantes para os casos clínicos de pacientes onde a necessidade de estabilidade de uma ancoragem esquelética estável, evitam movimentos recíprocos e indesejáveis durante o tratamento ortodôntico para correções da arcada dentária. Rito et al.(2010), relaciona as seguintes indicações para a utilização de mini-implantes: ausência de unidade de ancoragem; correção de linha média e mordida cruzada; movimentos ortodônticos simples ou complexos; pacientes que perderam ou não unidades dentais e necessitam de movimentos ortodônticos; tração, retração, intrusão, mesialização e distalização dos dentes; tratamento simultâneo entre ortodontia e implantodontia. Para um melhor entendimento a seguir se apresentam de forma resumida as aplicações clínicas para utilização de miniimplantes por estudiosos que prescrevem sua utilização, elaborada pelo autor deste estudo. QUADRO 3 – Resumo das principais aplicações clínica Em relação à eficiência clínica dos mini-implantes, são preocupantes as falhas relacionadas à sua utilização e possíveis causas de problemas como a periimplantite e a fratura da peça. Um dos motivos de perda do mini-implante é o acúmulo de biofilme ao redor do implante ou agressão mecânica persistente, podendo causar problemas tais como inflamação aguda ou crônica e infecção (BEZERRA et al., 2004). Para evitar tais adversidades, alguns cuidados relacionados ao design dos mini-implantes devem ser tomados. É indicada a existência de pescoço transmucoso cilíndrico, para facilitar a união da peça ao tecido mole (interface implante-tecido mole) e a higienização. A porção transmucosa dos mini-implantes deve ser bem polida, para que se evite o acúmulo de biofilme nos tecidos locais. Neste estudo, observou-se, através das fotomicrografias, que todas as marcas atendem a esse cuidado no polimento dos mini-implantes, tanto em regiões do pescoço quanto na cabeça das peças (YAO et al., 2004) Para Kiung, 2007, outro cuidado importante no design é o diâmetro da cabeça do mini-implante, que deve ser mais largo que o pescoço transmucoso, para prevenir a cobertura da peça por tecido mole. No presente trabalho, todos os miniimplantes estudados apresentaram tal característica satisfatória. Outro ponto desejado em relação aos mini-implantes deve ser a sua facilidade e diversidade de aplicações. É bastante interessante a possibilidade de utilização de um mesmo miniimplante para aplicação direta e indireta, ou seja, a estrutura da cabeça deve ser anatomicamente desenhada para possibilitar o uso concomitante de elástico e de fio ortodôntico. Dos mini-implantes estudados, apenas o Mondeal apresentou slot que possibilita a colocação de fio ortodôntico. As demais peças apresentam apenas botão e orifício para colocação de elásticos e molas. O design deve assegurar à peça a prevenção contra danos tissulares irreversíveis, tais como injúria à raiz. Para isso, a porção apical da rosca deve ser mais estreita e o sistema de perfuração indicado bastante seguro, de forma a eliminar qualquer possibilidade de ocorrência de injúria permanente às estruturas anatômicas. Esta característica também facilita a inserção do mini-implante e minimiza o trauma cirúrgico. Segundo Massari et al. em 2005, estabilidade primária é um pré-requisito para a cicatrização e está intimamente relacionada ao suporte ósseo. A rosca em forma de cone assegura o efeito de condensação do osso, melhorando sua qualidade e prevenindo destruição indesejável da cortical óssea, causada por inserção excêntrica ou mudança do eixo durante a inserção, o que faz com que a estabilidade do implante não seja muito influenciada pela habilidade do operador ou pelo local de inserção do implante. Quanto à utilização de mini-implantes autoperfurantes ou auto-rosqueantes (sem e com procedimento de perfuração prévia, respectivamente), há controvérsias. Alguns autores acreditam que os mini-implantes autoperfurantes são os mais traumáticos, uma vez que este procedimento produz pressão física e microfraturas na região óssea adjacente, podendo ocorrer lesão no periósteo e no endósteo e necrose nas células ósseas. Entretanto, outros profissionais acreditam que o sistema de mini-implante auto-rosqueante causa maior trauma ósseo, devido ao calor friccional produzido pela fresa no ato de perfuração prévia. Há, ainda, os que preferem realizar a perfuração prévia com instrumento manual de alto poder cortante, para minimizar a produção de calor, realizando resfriamento com irrigação intensa, especialmente onde o osso é mais espesso. Não foi objetivo deste estudo o teste in vivo, para concluir qual a melhor opção a ser utilizada. Porém, estudos clínicos mostram mais sucesso na utilização dos mini-implantes autoperfurantes, uma vez que estes apresentam maior estabilidade primária, quando comparados aos auto-rosqueantes (RITO et al., 2010). 5. CONCLUSÃO Através da revisão da literatura pertinente e resultados obtidos neste estudo concluímos que os mini implantes ortodônticos têm uma grande contribuição e futuro como auxiliares no tratamento ortodôntico, no entanto, novos ensaios mecânicos e avaliações devem ser realizados para padronização de tamanhos e formas, bem como estabelecimento de um protocolo definitivo. O uso de mini-implantes possibilita a execução de movimentos dentários com ancoragem absoluta e veio substituir os procedimentos convencionais de ancoragem, que necessitam da cooperação do paciente, os quais representam um fator de imprevisibilidade, podendo conduzir a um resultado insatisfatório. Os miniimplantes são indicados para os tratamentos ortodônticos que precisam de ancoragem máxima para realização dos movimentos dentários, os quais não seriam possíveis com os métodos de ancoragem convencionais, sendo inclusive contra indicados em pacientes com doenças sistêmicas que impeçam a intervenção cirúrgica e que comprometam a qualidade óssea. Cuidados especiais e monitoramento contínuo também se fazem necessários para o sucesso do tratamento. Controle acurado da higiene bucal, incluindo atenção profissional antes e durante o movimento, é fundamental, visto que a placa supragengival pode contribuir para a formação de placa subgengival, durante a intrusão. Sugerem-se, também, radiografias periapicais periódicas, com intervalos de quatro a seis meses, para monitorar o risco de reabsorções radiculares quando fatores predisponentes forem identificados, como raízes em forma de pipeta ou registro de traumatismos prévios. Vale ressaltar que os mesmos cuidados geralmente tomados quando da utilização da mecânica convencional, em relação à contenção, também devem ser empregados após o movimento de retração anterior com a utilização dos miniimplantes. Sugere-se, então, a manutenção destes por um período adicional de cerca de três meses, fazendo-se sua conexão com o dente, ou grupo de dentes que foram movimentados, por meio de um fio de amarrilho, impedindo-se, desta forma, a recidiva do movimento obtido. Finalmente observamos que a simplicidade no emprego de miniimplantes, de forma versátil e eficaz, torna o trabalho dos ortodontistas, indiscutivelmente superior aos tratamentos convencionas. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Araújo, T.M. 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