INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 722 INSTALAÇÃO DE MINIIMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO * ORTHODONTIC MINIIMPLANT INSTALLATION MAXILLARY ANATOMIC CONSIDERATIONS SURGICAL CLINIC CASE RELATE Gabriel FRANÇA ALBUQUERQUE ** Gustavo Lopes TOLEDO *** Clóvis MARZOLA **** João Lopes TOLEDO FILHO ***** ____________________________________________ * Monografia apresentada para conclusão do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de Bauru. ** Autor da monografia para conclusão do Curso e como parte dos requisitos da Disciplina de Metodologia de Ensino e Pesquisa. *** Professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de Bauru. Co Orientador da Monografia. **** Professor Titular de Cirurgia da FOB-USP e professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de Bauru. Coordenador da Disciplina de Metodologia de Ensino e Pesquisa. *** Professor Titular de Anatomia da FOB-USP e professor do Curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial promovido pela APCD Regional de Bauru. Coordenador da Residência e Orientador da Monografia. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 723 RESUMO A utilização do miniimplante estará sempre associada ao tratamento ortodôntico possibilitando uma ancoragem esquelética, com a finalidade de minimizar e, reduzir o tempo de tratamento, trazendo ao Cirurgião Dentista um maior controle das movimentações dentárias. Sendo uma técnica atual faz-se necessário um conhecimento anatômico da região receptora, do procedimento cirúrgico e, do material a ser utilizado. Ainda, aperfeiçoar os resultados, além de conferir melhor previsibilidade para o tratamento proposto. Foi realizada revista da literatura procurando-se apresentar uma associação da região receptora e da técnica cirúrgica, uma comparação entre os miniimplantes autorosqueantes e os autoperfurantes, as possíveis complicações e soluções que podem ocorrer no transcirúrgico, além do relato de um caso clinico cirúrgico. Pode-se concluir que a utilização do miniimplante é um método de tratamento bem previsível, apresentando resultados estáveis, com um índice de sucesso de 87%. ABSTRACT The use of miniimplant will always be associated with an orthodontic treatment allowing a skeletal anchorage. This means an absolute anchorage. In order to minimize, reduce the time of treatment, letting the surgeon dentist greater control of tooth movement. Since this technique is a recent one, it is necessary an anatomical knowledge of the receiving region, the surgical procedure and the used material, so you can refine results having a better predictability for the proposed treatment. A literature review sought to preset an association among the receiving region and the surgical technique, a comparison between the auto drive and auto drilling miniimplants, possible complications and solutions that may occur in a surgical case and the report of a clinical case surgery. It was concluded that the use of miniimplants is a predictable method of treatment that presents stable results, whit rate of 87% success. Unitermos: Mini-implante; Ancoragem esquelética; Ancoragem absoluta; Dispositivo temporário de ancoragem. Uniterms: Miniimplant; Skeletal anchoring; Anchoring absolute; Temporary anchoring device. INTRODUÇÃO ARQUIMEDES (287 a.C. – 212 a.C.) físico, matemático e inventor grego teve grande importância em várias áreas do conhecimento da ciência moderna. No campo da física descobriu o princípio da alavanca sendo a ele atribuída à frase: “dêem-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo”. Um ponto de apoio firme é o que se deseja, para ancorar com segurança e efetuar os movimentos dentários planejados. Embora, no movimento dentário ortodôntico, tipicamente, a ação das forças seja desejada, a reação pode não ser e, neste caso, o advento da ancoragem esquelética abriu novos horizontes terapêuticos. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 724 Faz-se necessário este estudo devido à associação do leito receptor com a técnica cirúrgica, a comparação dos diferentes desenhos dos dispositivos de ancoragem temporária e a apresentação de um caso clínico cirúrgico. O conceito dos componentes de metal parafusado na mandíbula e na maxila para aumentar ancoragem ortodôntica foi primeiro publicado em 1945, com o uso dos parafusos de vitalium, instalados em cães para estudar os movimentos dentários. Apesar de alguns sucessos, o resultado estava limitado à perda do implante com um mês após iniciada a movimentação dos dentes. Duas décadas depois foi descrito o implante na lâmina endoóssea para ancoragem ortodôntica, não sendo relatado um longo período de estabilidade (LINKOW, 1969). Implantes de fibra de carbono mostraram falha de 67% quando submetidos à carga ortodôntica e, a utilização de implantes revestidos de cerâmica, foi decepcionante. Embora todos esses materiais sejam compatíveis com o tecido ósseo, nenhum deles mostrou consistência a longo prazo, não tendo obtido sua verdadeira osseointegração. A partir de pesquisas em animais na Suécia, importantes observações clínicas deram origem a um novo e eficiente sistema de implantes (PER INGVAR BRANEMARK et al., 1952). A possibilidade do crescimento ósseo, naquele implante metálico de titânio, possibilitou a introdução do termo osseointegração (GRAY et al., 1983). O trabalho de Branemark em 1960, sobre implantes é bem conhecido. Define um contato direto entre osso vivo e um implante, confeccionado em titânio, à luz de microscopia, descrevendo a osseointegração, entretanto a essência do sucesso clínico é a reabilitação a longo prazo da fixação do implante, sempre na presença de uma carga funcional (ISMAIL; JOHAL, 2002). A partir de um estudo sobre a altura do palato ósseo, foi desenvolvida uma estrutura como um disco, sendo chamada de onplant, para ser colocado com anestesia local (BLOCK; HOFFMAN, 1995). É um disco revestido de hidroxiapatita de 10 mm de diâmetro por 3 mm de espessura, colocado sob o periósteo na região posterior do palato duro usando um procedimento cirúrgico. Isso minimiza o potencial de infecção que ocorre ao redor do onplant. Esse mecanismo tem mostrado ser resistente à força ortodôntica contínua, maior que 300g comparável à força requerida para fechar espaços convencionais na extração ortodôntica. Após correção da má oclusão o onplant é removido com a utilização de um osteótomo. A profundidade óssea na área média do palato por medida de cefalograma lateral foi investigada, sendo desenvolvido o implante Straumann Orthosystem, podendo chegar a 6 mm de altura (WEHRBEIN; GLATZMEIER, 1997). O Orthosystem é um acessório endoósseo, de 4 a 6 mm de comprimento cicatrizando num período de 8 semanas, sendo utilizado de acordo com a profundidade do palato. Atualmente, têm sido desenvolvidos novos sistemas de miniplacas para uso específico em ortodontia. Essas miniplacas de titânio para fixação interna rígida, utilizadas em cirurgia maxilo faciais, não possuem condições especificas para ancoragem ortodôntica, devido às suas características próprias (NEVES, 1996 e MAH; BERGSTRAND, 2005). O aumento do desejo de usar implantes de carga rápida para ancoragem ortodôntica levou ao desenvolvimento do implante Arhus (MELSEN, INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 725 1999). Devido sua pequena dimensão com 6 mm de comprimento, o parafuso de titânio pode ser utilizado em vários lugares inclusive entre as raízes dos dentes, sendo facilmente retirado quando não mais necessário. Permite que a osseointegração ocorra sempre na presença de carga imediata, provindas de forças ortodônticas passada através do parafuso. A pressão que desenvolve no osso ao redor do parafuso ajuda o resultado de formação óssea no local. Foi desenvolvido um miniimplante confeccionado em titânio puro, com dimensões reduzidas de 1,2 mm de diâmetro e 6,0 mm de comprimento, de fácil instalação e, projetados para serem colocados em qualquer área de osso alveolar, com custo reduzido e maior conforto para o paciente, usado especificamente para fins de ancoragem ortodôntica (KONAMI, 1997 e 2001). A partir desse modelo outros sistemas de miniimplantes surgiram, apresentando pequenas diferenças em relação ao desenho, diâmetro e comprimento, porém mantendo sempre as suas vantagens. Como a utilização do dispositivo de ancoragem temporário é uma forma de tratamento recente, inovadora e pouco difundida, este estudo propõe-se apresentá-la para tornarem-se mais uma alternativa no planejamento ortodôntico. Mostra assim uma associação entre o local de escolha para sua inserção com a técnica cirúrgica, uma comparação entre os miniimplantes autoperfurantes e o autorosqueante, bem como as possíveis complicações que podem ocorrer durante o transcirúrgico, além da apresentação de um caso clínico cirúrgico. REVISTA DA LITERATURA Para melhor compreensão deste estudo, sua apresentação foi realizada numa sequência lógica de assunto, sendo dividido em quatro partes: Anatomia do complexo maxilar. Considerações gerais sobre os miniimplantes. Fatores relacionados ao sucesso, insucesso, além das complicações mais frequentes com o uso dos miniimplantes. Comparações entre mini-implantes autoperfurantes e os autorosqueantes. ANATOMIA DO COMPLEXO MAXILAR No osso maxilar, podem-se observar as seguintes estruturas anatômicas: Processo frontal do osso maxilar. Espinha nasal anterior. Processo alveolar e suas eminências. Forame infra- orbital Fossa canina. Processo zigomático do osso maxilar. Tuberosidade da maxila Sulco infra-orbital Processo palatino do osso maxilar É impossível falar dos limites do osso maxilar sem associá-lo ao seio maxilar. São geralmente maiores que os seios paranasais situando-se, primordialmente, no corpo da maxila (SCHULTZ, 1991). INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 726 O seio maxilar é uma pirâmide quadrangular tendo uma base interna voltada para lingual. Sua parede anterior tem dois pontos principais a fossa canina e sulco suborbital. É feita de um fino osso compacto na região canina e um mais consistente na periferia. Os canais neurovasculares dos dentes anteriores correm através dessa parede (ROUVIERE, 1973 e SCHULTZ, 1991). A parede posterior corresponde à tuberosidade, correndo nessa região os nervos alveolares posteriores e, em sua porção distal fica a artéria maxilar interna. A parede superior constitui a maior porção do assoalho orbital sendo de estrutura muito frágil, especialmente com o sulco sub-orbital atravessando-a. A parede interna é um septo que separa o seio maxilar da fossa nasal, sendo com freqüência retangular (CREPY, 1961). A forma do seio maxilar varia muito, sendo, frequentemente diferente o lado esquerdo do direito num mesmo indivíduo. Sua pneumatização pode estender entre as raízes dos dentes, sendo o ápice radicular responsável pela formação de várias cúpulas em seu interior. Geralmente sua extensão no processo alveolar abrange desde o segundo prémolar até o segundo molar (MADEIRA, 2001). O palato duro é formado por um grupo ósseo correspondente aos processos palatino da maxila e as lâminas horizontais do osso palatino, ambos bilaterais. Estas quatro formações ósseas são separadas pelas suturas palatina mediana e transversa. Anteriormente a sutura palatina mediana é interrompida pelo canal incisivo dando passagem ao nervo nasopalatino responsável pela inervação e vascularização da porção anterior do palato. No ângulo pósterolateral do palato ósseo, ao lado do último molar, localiza-se o forame palatino maior, dando passagem ao nervo e vasos homônimos, responsável pela inervação e vascularização da porção posterior do palato duro (DAIMARUYA; NAGASAKA; UMEMORI et al., 2001). A região anterior do palato duro é uma área extremamente potencial para a colocação de implantes ortodônticos (BLOCK; HOFFMAN, 1995). O grau de interdigitação das duas suturas aumenta com a idade e a extensão da interdigitação pode afetar o sucesso do implante colocado nessa região. A sutura de limitada largura ou amplitude, combinada com o alto grau de interdigitação fornece o melhor ambiente para primeiro estagio da cirurgia e, portanto carga ortodôntica mais cedo. O processo alveolar da maxila, larga expansão que provê alvéolos, separa as raízes dentais pelos septos interalveolares, já os dentes multiradiculares possuem um septo denominado de interradicular. Interna e externamente a lâmina vestibular e lingual completa o alvéolo (MADEIRA, 2001). Foi realizado um estudo para providenciar um mapa anatômico para ajudar o clínico no local seguro para instalação do miniimplante entre as raízes dos dentes (POGGIO et al., 2006). Imagens tomográficas volumétricas de 25 maxilas e 25 mandíbulas foram examinadas. Para cada espaço interradicular, à distância mesiodistal e a vestíbulolingual foram medidas a 2, 5, 8, e 11 mm a partir da crista alveolar. Assim: a medida mesiodistal. Na região posterior do arco maxilar, essa medida foi tomada com dois planos de referência, um do lado palatino e outra do lado vestibular devido à anatomia da raiz do molar. Na região anterior do arco maxilar, do segundo prémolar direito ao segundo prémolar esquerdo. A medida vestíbulo-lingual. A espessura do osso vestíbulolingual da maxila foram medidas 2, 5, 8 e 11 mm da crista alveolar. A ordem dos locais INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 727 seguros avaliados nos espaços interradicular na maxila posterior foi a seguinte: no lado palatino, o espaço interradicular entre o 1º molar e o 2º prémolar na maxila, de 2 a 8 mm da crista alveolar; - no lado palatino, o espaço interradicular entre o 2º e o 1º molar na maxila, de 2 a 5 mm da crista alveolar; - ambos os lados vestibular ou palatino entre o 2º e 1º prémolar, entre 5 e 11 mm da crista alveolar; - ambos os lados vestibular ou palatino entre o 1º prémolar e o canino, entre 5 e 11 mm da crista alveolar; - no lado bucal, o espaço interradicular entre o 1º molar e o 2º prémolar, de 5 a 8 mm da crista alveolar; - na maxila, quanto mais anterior e mais apical, a localização se torna mais segura. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS MINIIMPLANTES Durante ativação do tratamento ortodôntico, a ancoragem ajuda a limitar a extensão dos prejuízos das movimentações indesejáveis dos dentes. Entretanto, essas técnicas não são sempre bem sucedidas, como por exemplo, o arco transpalatino. A capacidade do implante osseointegrado permanecer estável sob força oclusal tem levado ortodontistas a usá-los como ancoragem única, a ancoragem absoluta. A nomenclatura específica de dispositivo temporário de ancoragem refere-se a toda variação de implante, parafuso, pinos e onplants usados com o propósito de fornecer ancoragem ortodôntica, sendo removidos logo após termino do tratamento biomecânico (RITTO, 2006). Numa entrevista CARANO; MELSEN, (2005), responderam sobre os diferentes tipos de ancoragem ortodôntica com a utilização de implantes osseointegrados. Para esses autores, atualmente existe confusão na terminologia a respeito dos dispositivos para a ancoragem esquelética. Implantes ou miniimplantes devem ser instalados quando se requer osseointegração antes da aplicação de força, independentemente de suas dimensões. Pode-se dizer que os termos parafuso, mini e microparafusos são sinônimos indicando dispositivo entre 2 e 1.2 mm. E finalmente, as miniplacas, acessórios fixados através de parafusos com extensão transmucosa à área de aplicação de força. O miniimplante, como método alternativo para ancoragem ortodôntica absoluta, tem sido muito usado nos últimos anos (POGGIO et al., 2006). A maior vantagem comparada ao implante dental ou microplaca é o menor tamanho, maior facilidade da escolha do local e, da instalação do implante em áreas intraorais, além do menor custo e da fácil remoção. Os microimplantes apresentam vantagens comparativamente ao uso do implante protético (RITTO, 2006). O baixo custo, forma simples de colocação e remoção, carga imediata, possibilidade de colocação entre as raízes e, principalmente a estabilidade contribuiu para o avanço deste método. Uma das desvantagens do implante de dois estágios para ancoragem ortodôntica é a necessidade de um longo período de cicatrização, de quatro a seis meses, aumentando significativamente o tempo de tratamento (ISMAIL; JOHAL, 2002). A altura óssea requerida para instalação do implante tradicional pode restringir sua localização e sua utilização. BRANEMARK (1985) define um contato direto entre osso vivo e um implante, à luz do microscópio, descrevendo a osseointegração, entretanto a essência do sucesso clínico dependerá da reabilitação a longo prazo da fixação do implante, sempre na presença de uma carga funcional. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 728 Aos vários fatores que podem influenciar o grau de incorporação do osso ao redor do implante, inclui-se o conhecimento da resposta dos tecidos duros, a biocompatibilidade, a condição da superfície do implante e, o seu desenho, a técnica cirúrgica e a incidência da carga, bem como a qualidade do leito receptor (FAVERO et al., 2002). A estabilidade do implante osseointegrado sob carga ortodôntica é mostrado pelas indicações histológicas que traumas mecânicos repetitivos não resultariam no aumento da perda óssea periimplantar e, que a aplicação de carga lateral não viesse a causar perda óssea marginal, mas que de fato, levassem a um aumento compensatório na densidade do osso periimplantar através de adaptações estruturais (WEHRBEIN et al., 1997). Histologicamente, não há diferença estatística significativa na resposta do osso ao redor do implante à carga ortodôntica, por outras pressões ou forças tensionais, quando comparadas aos casos de controle. Sempre que implantes são usados para tração ortopédica, com carga não axial de 500g, que é maior que a taxa normal requerida para movimentos dos dentes na ortodontia convencional, observa-se perfeita osseointegração. Estudando a osseointegração em tíbias de coelho, também puderam observar que existia uma correspondência direta entre a sua quantidade e o torque de remoção (BANTLETON et al., 2002 e BIANCH et al., 2006). O resultado de suas analises histomorfométricas mostraram uma porcentagem de osseointegração de aproximadamente 68% após 3 meses e, os valores médios de torque de remoção de 42,93 Ncm. Foram utilizados 18 implantes colocados nas regiões posteriores das maxilas e mandíbulas parcialmente desdentadas para servirem de ancoragem ortodôntica e, depois aproveitados na reabilitação protética (FRANCISCHONE; VASCONCELOS, 2000). Foram acompanhados clínico e radiograficamente por quatro anos no pós-tratamento apresentando resultados excelentes. Frequentemente, a movimentação ortodôntica exige recursos adicionais de ancoragem e, os mini-implantes têm-se apresentado como uma possível solução. Foi estabelecido um método para a verticalização de molares inferiores inclinados para mesial, utilizando ancoragem em mini-parafusos colocados na região de linha oblíqua externa da mandíbula (DIMATTEO et al., 2005). Foram para isso, selecionados três pacientes e instalados os miniparafusos bilateralmente, sendo observada presença de inflamação ao redor da cabeça do mini-implante, facilmente controlada com procedimentos de higienização. Concluiu-se que a desvantagem esta relacionada com a facilidade de acumular placa bacteriana e, sua vantagem principal é que este tipo de acessório representa uma alternativa efetiva de ancoragem. Os implantes são problemáticos quando colocados em crianças em fase de crescimento, estando contraindicados devido à possibilidade da sutura médiopalatina estar aberta, pneumatização e alteração do crescimento levando à exposição do implante dentro do seio maxilar e o local do implante definitivo podendo ser difícil de estimar (ISMAIL; JOHAL, 2002). A introdução de implantes palatinos passou a ser uma técnica bem aceita para ancoragem maxilar. A espessura do osso palatino nessa zona permite a colocação de um implante estável. As reações das forças geradas são transmitas ao implante através da barra palatina, fazendo com que o implante funcione como sistema indireto de ancoragem (RITTO; KIUNG, 2004). INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 729 As áreas com maior densidade e largura do osso cortical são consideradas as mais estáveis para as miniplacas e os miniimplantes (PARKET et al., 2006). Na mandíbula a região retro molar e vestibular são as áreas mais indicadas e, na maxila a área mais favorável é a sutura palatina mediana, devido à espessura do tecido e à densidade óssea. Foram instalados microimplantes de 1,2 mm de diâmetro e miniimplantes com 2,0 mm de diâmetro, dentro do osso basal abaixo das raízes dos dentes para prevenir lesão na raiz (KONAMI, 1997 e COSTA, 1998). Devido à implantação ser alta, a força aplicada no vetor vertical era limitada. Foram introduzidos microimplantes de 1,2mm de diâmetro dentro do osso alveolar entre as raízes dos dentes posteriores para aumentar o componente horizontal da força aplicada (PARK et al., 2003 e PARK, 2002). Outra questão crítica na avaliação da aplicação do miniimplante inclui a diretriz anatômica para inserção segura, propriedade mecânica adequada do parafuso, escolha correta do material usado, além do tipo e duração da carga aplicada. Estudo foi realizado onde se utilizou a ancoragem ortodôntica rígida com sucesso para a intrusão de seis milímetros dos molares superiores no lado esquerdo, aonde o tratamento convencional não havia surtido efeito desejado (ZETOLA; MICHAILIS; MOREIRA, 2005). A região de escolha para instalação do dispositivo foi o pilar zigomático por proporcionar um vetor vertical para as forças e movimentos desejados. Os melhores locais para colocação dos miniimplantes na maxila são a área de crista infrazigomática, região de tuberosidade, área palatina mediana e, osso alveolar por vestibular e por palatino entre as raízes dentais no septo interalveolar, portanto no palato somente entre os dentes posteriores (KIUNG, 2003). Utilizar uma direção de inserção diagonal ajudará evitar danos as raízes quando é colocado entre elas. Uma raiz típica é inclinada da coroa para o ápice. Assim uma direção diagonal de aproximadamente 45 graus para inserção é mais adequada. Para KYUNG (2006) a intrusão pode ser feita com um ou dois implantes na zona palatina, na zona vestibular, ou uma combinação do aparelho fixo e microimplante. De um ponto de vista puramente mecânico é melhor sua instalação numa direção perpendicular à superfície óssea. Assim quando ele é inserido desta forma deve ser de 1-2 mm mais curto. A espessura da mucosa palatina varia da área cervical à área apical, portanto, para compensar o tecido mole espesso, mini-parafuso mais longo deve ser selecionado para penetrar pelo tecido mole e por pelo menos 6 mm dentro do tecido osso (KYUNG, 2007). ARAUJO et al., (2008) estabelece um protocolo para intrusão dentária: A. incisivos com inclinação adequada utilizar dois miniimplantes, um do lado direito e outro do esquerdo, instalados o mais apicalmente possível entre a raiz do incisivo lateral e do canino. Com inclinação desfavorável utilizar apenas um na linha média próxima à espinha nasal. B. em caninos, para manter sua posição axial, é necessário colocar dois miniparafusos um pela mesial e o outro na distal por vestibular, utilizando o fio do aparelho fixo junto à coroa para impedir movimentos indesejáveis de inclinação dental. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 730 C. dentes posteriores individuais, necessitam a instalação de dois miniimplantes sendo um oposto ao outro, portando, vestibular e palatino, mesial e distal. Para dentes posteriores em grupo deve seguir a mesma região do individual mudando apenas a forma da utilização das forças. A espessura média da cortical óssea é 1-1,5 mm (PARCK, 2002). A distância média entre as raízes do primeiro molar e do segundo prémolar é 3,2 mm; entre o primeiro e o segundo molar é 2,1 mm a uma distância de 5-7 mm da crista alveolar. A distância média da superfície óssea e a raiz dentária é de 2,34 mm. Dessa maneira é recomendado uso de miniparafusos de 1,3 mm de diâmetro e comprimento de 7-8 mm. Para KYUNG (2007) o controle da velocidade do movimento biológico dentário não foi conseguido sendo a ele atribuída à frase: “não existe técnica capaz de aumentar a velocidade da movimentação dentária de forma segura e previsível”. O trabalho de CHEN et al., (2006) teve o propósito de estudar os vários tipos de implantes utilizados com objetivo de ancorar força ortodôntica. A hipótese deste estudo é que o microimplante de diâmetro de 1,2 mm possa ser usado como ancoragem absoluta e, que seu sucesso está sempre relacionado ao seu comprimento. Não foi possível afirmar com precisão que a perda do dispositivo está relacionada ao seu comprimento, mas recomenda-se o uso de miniimplantes maiores que 6 mm, com uma implantação no tecido ósseo de pelo menos 5 mm. Em uma pesquisa clinica realizada no Japão é mostrado que miniimplantes de diâmetro menor que 1,3mm demonstraram maior estabilidade que os miniimplantes mais espessos de 2,0 e 2,3mm e, até superior às miniplacas. Considerando que a profundidade de penetração no tecido ósseo deverá ser de no mínimo 5,0 a 6,0mm, o uso de miniimplantes mais compridos poderá ser contraindicado para regiões com limitações anatômicas (KURODA; SUGAWARA; DEGUCHI et al., 2007). Foram instalados em vinte e nove pacientes cinqüenta e nove miniimplantes, com diâmetro de 1,2 mm e comprimentos que variavam entre 6,0 e 8,0 mm para ancoragem ortodôntica. Após duas semanas da implantação, uma força de 100 a 200g foi aplicada, obtendo um índice de sucesso de 84,7%, portanto 15,3% de falha que correspondeu à perda de nove miniimplantes. Observou uma diferença significativa entre o comprimento do miniimplante e a taxa de sucesso, sendo que nos mini-implantes de 6,0 e 8,0 mm foram respectivamente de 72,2% e 90,2%, sugerindo que os achados dos mini-implantes com maior comprimento apresentam maior estabilidade (CHEN et al., 2006). A ausência de um ou mais dentes implica em graves problemas no arco dental acarretando na maioria das vezes má oclusão, dificultando a função mastigatória. O restabelecimento da função melhora a auto-estima do paciente (MARZOLA, 1997 e 2005). Um mini-implante para ancoragem ortodôntica deve ser pequeno o suficiente para ser colocado em qualquer região do osso alveolar. O procedimento cirúrgico é simples e a cicatrização rápida. O implante deve ser facilmente removível após a tração ortodôntica (BANTLEON; BERNHART; CRISMANI et al., 2002). Atribui-se que não ocorra forte osseointegração entre o miniimplante e o osso adjacente, facilitando assim a remoção do parafuso. Para INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 731 isso, no método aberto não é necessário a administração de anestésico, e no método fechado deve-se utilizar a anestesia e uma pequena incisão (KYUNG, 2006). O mecanismo de ação baseia-se no imbricamento mecânico de sua estrutura metálica nas corticais e osso denso e não necessariamente no conceito de osseointegração. Quando ocorre, dificulta a sua remoção aumentando o risco de fratura e, por esta razão, a liga metálica de titânio que os compõem tem grau de pureza V (CONSOLARO et al., 2008). Em áreas de osso pouco denso e cortical fina, a osseointegração pode ser necessária e, para estes casos a liga de titânio utilizada tem grau de pureza IV com sua superfície tratada. A resistência às forças de fratura pode ser aumentada com o desenho cônico e com espirais apropriadas para a autoperfuração. Para a escolha do local de instalação deve-se levar sempre em consideração a biomecânica específica necessária para o paciente em questão para permitir melhor eficiência da força a ser aplicada (BANTLEON; BERNHART; CRISMANI et al., 2002). A ancoragem é justificada como uma resistência ao deslocamento, respeitando a terceira lei de Newton – “ação e reação”, onde a reação torna viável a movimentação dentária. Mas uma ancoragem inadequada é um dos aspectos de maior limitação de uma terapia ortodôntica correta (PADOVAM et al., 2006). Foram testadas num estudo as principais marcas presentes no mercado brasileiro de miniimplantes: SIM, Neodent, Mondeal, Conexão e INP, nos requisitos de microscopia eletrônica de varredura, analise por dispersão de raios-X, medições e ensaio mecânico (TESNG et al., 2008). Não foram encontradas diferenças em relação à composição do material utilizado na confecção dos parafusos e ao tratamento de sua superfície. A marca Mondeal apresentou slot que possibilita a colocação de fio; as marcas Neodent e SIM apresentaram o desenho cônico, favorecendo sua estabilidade inicial. Todas as marcas apresentaram resistência à fratura maior que 18 N/cm². ELLIAS; GUIMARÃES; MULLER (2005) concluiram que quanto menor o diâmetro, mais próximo os valores das forças necessárias para a inserção do miniimplante no osso e a força necessária para fraturá-lo. Num estudo realizado para avaliação do torque de inserção, remoção e fratura foram avaliadas duas marcas comerciais, sendo os resultados muito semelhantes (PRATES et al., 2008). O torque de inserção foi de aproximadamente 25,2 Ncm e o de remoção foi sempre menor que o de inserção, sendo que sua mensuração média foi de 17,6Ncm. A média do torque de fratura dos mini-implantes foi de 30,6Ncm. A força necessária para a flexão e fratura dos miniimplantes ortodônticos quando aplicada perpendicular ao seu longo eixo, foi avaliada. Foram utilizados 75 dispositivos de cinco marcas diferentes e, todas se mostraram aptas para a utilização como dispositivo de ancoragem ortodôntico. O resultado numérico obtido foi muito superior àquele necessário para a movimentação dentária, para um elemento unitário de movimentação em bloco (PITHON et al., 2008). Uma vez que os miniimplantes são confeccionados com o mesmo material, pode-se dizer que a diferença na forma, diâmetro e número de filetes de rosca podem afetar as características físicas do dispositivo, notadamente quanto aos torques de inserção, remoção e fratura (PRATES et al., 2008). INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 732 A ancoragem dentária pode ser usada como auxilio no tratamento ortodôntico, entretanto para os movimentos dentários onde ela tem que ser máxima, o uso do dispositivo extrabucal seria o mais indicado (ZETOLA; MICHAELIS; MOREIRA, 2005), verificado num caso clínico. Esses aparelhos são muitos usados e possuem boa eficiência, porem são dependentes da cooperação do paciente. Devido a este fator, os implantes intraósseos poderiam atuar como ancoragem para que os movimentos dentários pudessem ser realizados em qualquer direção na ausência de forças recíprocas indesejáveis. Em relato de caso clínico, afirmou-se que a anestesia apenas no local da perfuração pode ser suficiente para a realização do procedimento (PADOVAM et al., 2006). Deve-se marcar o local da perfuração com uma sonda exploradora, devendo ser realizada sob irrigação abundante, com uma broca com o diâmetro 0,3 mm, menor que o diâmetro do miniimplante. A perfuração deve ser feita diretamente sobre a gengiva e o acessório deverá ser instalado com o auxilio do contra ângulo ou chave manual. A utilização de miniimplantes como auxiliares da fase de retração anterior irá beneficiar aqueles indivíduos que apresentam dificuldade em colaborar com uso de aparelhos extrabucais, elásticos intermaxilares, unidade de ancoragem comprometida por número reduzido de elementos dentários, plano oclusal inclinado na região anterior ou com outros métodos de ancoragem, daí a necessidade de ancoragem máxima (MARASSI; MARASSI, 2008). A utilização de uma ancoragem estável em ortodontia permite eliminar os movimentos indesejáveis nos dentes de ancoragem quando são utilizados para esse fim. Esta forma de ancoragem substitui os procedimentos tradicionais como à tração extraoral, ou aparelhos intraorais como o botão de Nance ou ainda aparelhos que venham a necessitar da colaboração do paciente. Este sistema de ancoragem permite a aplicação de força, diminuindo o tempo de tratamento (RITTO; KIUNG, 2004). A aplicação de força sobre os mini-implantes pode ser feita antes mesmo da cicatrização óssea, pois a estabilidade primária é capaz de suportar as forças ortodônticas (LIOU, 2004). PARK et al., (2003), recomendam esperar um período de duas semanas antes da aplicação de força, apenas para a cicatrização dos tecidos moles. O microparafuso pode ser dividido em três partes, a cabeça, o perfil transmucoso e o corpo (VILLELA et al., 2006). A seleção destas partes deve ser feita de maneira individual, pois o microparafuso poderá variar em relação aos tipos de desenhos da cabeça, aos vários comprimentos de perfil transmucoso e, aos diferentes tipos de roscas, de comprimentos e de diâmetro do corpo. BEZERRA (2006 a e b) em um simpósio comentou: “O fato das evidências científicas não estarem acessíveis não inviabiliza o recurso. Se funciona bem e tem área de aplicação clínica é muito importante que professores de entidades de ensino, de universidade e outros centros de pesquisas trabalhem com mais vigor para serem encontradas as respostas”. FATORES RELACIONADOS AO SUCESSO, INSUCESSO, ALÉM DAS COMPLICAÇÕES MAIS FREQÜENTES COM O USO DOS MINIIMPLANTES INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 733 A taxa de sucesso de microimplantes utilizados como ancoragem temporária, durante o tratamento ortodôntico, varia na literatura. Os principais fatores que contribuem para o insucesso desse tipo de tratamento podem relacionar-se: 1. Iatrogênicos: 1.1 Calor excessivo durante a utilização das brocas. 1.2 Danos radiculares ou aproximação. 1.3 Estabilidade mecânica inicial inadequada. 1.4 Contaminações do mini-implante. 1.5 Inflamações decorrente de comprometimento gengival causado por materiais elásticos. 1.6 Injurias em estruturas anatômicas. 1.7 Fraturas do mini-implante. 2. Intrínsecos 2.1 Doenças sistêmicas. 2.2 Qualidade e quantidade óssea. 2.3 Faixa de gengiva inserida disponível. 2.4 Idade e condição física. 2.5 Inflamações decorrente de má higienização bucal. 2.6 Microfloras bucal, salivação, respiração bucal. 3. A escolha do material 3.1 Tipos de superfície. 3.2 Formas do parafuso. O sucesso do tratamento depende da habilidade do cirurgião, condições do paciente, seleção do local adequado, estabilidade inicial e higiene oral (KIUNG et al., 2003). Os principais componentes do sucesso são a anatomia gengival, qualidade e/ou densidade óssea, distância e/ou proximidade das raízes e, a espessura da cortical óssea (CONSOLARO et al., 2008). Pode-se citar como desvantagem a resistência por partes de alguns cirurgiões à utilização desses dispositivos pela possibilidade de lesões das raízes dentais. Este tipo de problema pode ser evitado com a utilização de um guia cirúrgico, técnica anestésica e a utilização de microparafusos autoperfurantes (VILLELA et al., 2006). A escolha da localização do microparafuso também deve ser avaliada pela etapa cirúrgica, levando-se em consideração não só o aspecto biomecânico, mas também o aspecto cirúrgico como as estruturas anatômicas, as proximidades das raízes, a qualidade de tecido gengival, a densidade do osso e a espessura da cortical óssea (VILLELA et al., 2006). No planejamento ortodôntico é necessário que o profissional determine a área ideal para a instalação dos implantes, preferentemente sobre gengiva inserida e de acordo com a aplicação da força, podendo ser realizada de forma direta ou indireta (PADOVAM et al., 2006). A escolha do miniimplante deve estar relacionada à zona de implantação, por exemplo, em uma depressão ou falha óssea que exigirá uma cabeça mais longa para ser evitado que o acessório fixado (molas ou cadeias elásticas) encoste à mucosa (RITTO, 2006). Algumas complicações após a colocação das miniplacas ou parafusos de ancoragem foram observadas (ZETOLA; MICHAELIS; INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 734 MOREIRA, 2005). Foram notados problemas como a inflamação no tecido gengival ao redor do pino de ancoragem, a hiperplasia gengival na região, a dificuldade da aplicação da força elástica quando o acessório está muito próximo do dente a ser tracionado, causando danos às raízes ou aos nervos adjacentes e, finalmente, algum tipo de fratura ou afrouxamento do dispositivo de tração. A implantação desses dispositivos pode ser simples em mãos habilitadas e mentes preparadas, mas pode oferecer risco, especialmente quando mal planejada (CONSOLARO et al., 2008). As complicações podem ser o contato com as raízes dentárias vizinhas, sem ou com perfuração, mucosite, e contaminação, além de fraturas. A higienização é fundamental para sua manutenção dentro de padrões de normalidade. As piores complicações com a utilização dos mini-implantes podem ser as penetrações radiculares, quando o diâmetro do miniimplante é muito grande, a fratura, quando utilizados miniimplantes com diâmetros reduzidos. Ainda, quando vir a causar danos a estrutura anatômicas como, por exemplo, aos seios maxilares e a artéria palatina maior, a inflamação periimplantar, devido à falha na higienização, a formação de tecido hiperplásico ao redor do miniimplante e, a dificuldade de aplicação da força elástica quando os acessórios estão muito próximos ao dente a ser tracionado (KIUNG, 2008). A estabilidade dos implantes ortodônticos tem sido alvo de muitas pesquisas na literatura mundial recente, associando à falta de estabilidade ou à inflamação tecidual periimplantar, com uma perda estimada em 10%, quando o implante é instalado na mucosa alveolar (PADOVAM et al., 2006). Foi induzido experimentalmente o torque de miniimplantes em superfícies radiculares de dentes de cães, sendo detectado microscopicamente, que, após 12 semanas, um novo cemento já havia sido depositado, recobrindo a região (ASSCHERICKX et al., 2005). Durante a colocação dos miniimplantes, quando estes tocarem ou resvalarem na superfície radicular, deve-se remove-los e/ou redirecioná-los (CONSOLARO et al., 2008). Não houve necessidade de intervenção direta, bastando apenas acompanhá-los radiograficamente por 12 semanas. Se houver trepanação das raizes sem lesão da polpa a conduta deverá ser a mesma, removendo-se o microparafuso e aguardando-se a reparação tecidual. Se a polpa for perfurada deve-se lembrar da capacidade reparatória dos tecidos pulpares e periodontais, sendo a conduta, remoção do parafuso e seu acompanhamento. Os biofilmes microbianos interpõem-se na interface do epitélio do miniimplante, induzindo a um processo inflamatório semelhante à gengivite, nos casos dos miniimplantes. Ocorrerá a mucosite e se o processo seguir adiante a periminiimplantite, com comprometimento da sua fixação, decorrente da perda do dispositivo (CONSOLARO et al., 2008). Os implantes ortodônticos se comportam de maneira estável depois de instalados, porém tendem a sofrer pequenas inclinações em relação ao seu eixo no sentido da aplicação de força (PADOVAM et al., 2006). No caso de ocorrer um pequeno deslocamento do miniimplante, sem a presença de mobilidade e, sem o contato com estruturas anatômicas importantes, poderá continuar a ser utilizado (MARASSI; MARASSI, 2008). Em casos de pequena mobilidade, recomenda-se um novo aperto de ½ a 1 volta, com a utilização de força moderada sobre ele. Em casos de mobilidade e INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 735 deslocamentos excessivos o acessório deverá ser removido e instalado em local alternativo. A infiltração anestésica deverá ser limitada ao local de instalação do microparafuso, utilizando somente 1:16 do tubete (VILLELA et al., 2006). Este procedimento será o suficiente para evitar qualquer tipo de dor para o paciente durante o ato cirúrgico, servindo também de alarme, pois em casos de proximidade com as raizes dentárias o paciente acusará sensibilidade. Mediante este sinal de alarme deve-se direcionar melhor o dispositivo ou mudar o local de instalação. Existindo alguma dificuldade, está contraindicada a remoção do fragmento, e a falha na higienização é o maior responsável pelo insucesso do tratamento (KYUNG, 2007). COMPARAÇÕES ENTRE MINIIMPLANTES AUTOPERFURANTES E OS AUTOROSQUEANTES Os miniimplantes autoperfurantes e os autorosqueantes não apresentam diferença quanto ao índice de sucesso do tratamento (KYUMG et al., 2007). Nos parafusos autorosqueantes os dispositivos requerem o preparo da superfície receptora antes da sua colocação, enquanto que os autoperfurantes são introduzidos diretamente no osso, além do seu desenho que possibilita esse tipo de abordagem (CARANO; MELSEN, 2005). Os miniimplantes autoperfurantes possuem um terço médio inferior bastante afilado, sendo mais simples com relação ao protocolo cirúrgico, reduzindo a possibilidade de lesão das raizes e, proporcionando melhor estabilidade primária (CONSOLARO et al., 2008). A forma do parafuso autoperfurante é diferente do parafuso autorosqueante, tanto a ponta quanto na rosca do parafuso autoperfurante que são mais afiladas (HYUN-SUNG, 2007). Assim um microimplante autoperfurante poderá penetrar na raiz de um dente sem grande resistência durante sua inserção. Quando os parafusos autoperfurantes são utilizados, os riscos de lesionar as raizes diminuem, pois não conseguem causar danos irreversíveis a esta estrutura (HERMAN; COPE, 2005). Normalmente a ocorrência de lesões nas raízes é ocasionada pelo uso de brocas, sendo reparadas após 12 semanas (ASSCHERICKX et al., 2005). CASO CLÍNICO CIRÚRGICO Paciente do gênero masculino, com 57 anos e leucoderma. Na teleradiografia de perfil, através da avaliação cefalométrica apresentava classe I esquelética e, incisivos superiores bem posicionados na sua base. Na radiografia panorâmica observou-se uma pneumatização do seio maxilar esquerdo em direção ao rebordo alveolar, a ausência dentária do elemento 26. Ao exame clínico apresentava linha média dentária superior coincidindo com a linha média inferior, moderada mesialização do dente 27, com espaço entre as coroas do dente 25 e 27 de 4,3 mm (Fig. 1), sendo a distância mínima para a instalação do implante de 7 mm. Para o tratamento inicial foi instituída a utilização de aparelhos fixos superior e inferior para realização do alinhamento e nivelamento dos dentes. Após a conclusão desta fase inicial um resultado satisfatório para o fechamento do INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 736 diastema entre o dente 25 e 27, devido à perda de ancoragem, não foi constatado. Assim, o paciente foi submetido a um procedimento cirúrgico para a instalação de um dispositivo de ancoragem ou miniimplante, com o objetivo de obter uma ancoragem absoluta para a mesialização do dente 27 e, consequentemente fechamento do diastema. Devidamente selecionado O local de instalação, foi corretamente selecionado, correspondendo à região do septo interalveolar entre os dentes 23 e 24, o mais próximo da possível da crista alveolar (Fig. 2). Na fase cirúrgica foi realizada antissepsia intra e extrabucais e, anestesia terminal infiltrativa na região escolhida para fixação do implante (Figs. 3 e 4). Com a própria agulha da anestesia foi realizada marcação da área a ser perfurada na gengiva inserida. Após essa marcação foi realizada uma perfuração direta, sob irrigação constante, com broca de 1,3 mm de diâmetro (Fig. 5) somente na cortical vestibular (fig. 6), para minimizar os riscos de uma lesão radicular. Foi instalado um miniimplante de 1,6 mm de diâmetro por 9 mm de comprimento, com um perfil transmucoso de 1 mm (Fig. 7), para facilitar a higienização e, evitando contato do elástico ou molas com a superfície gengival. Depois de sua instalação (Figs. 8, 9 e 10), para confirmar a localização do dispositivo de ancoragem, realizou-se uma radiografia periapical (Fig. 11), sendo o implante submetido à carga após um período cicatricial de 15 dias, correspondente a cicatrização gengival (Figs. 12, 13 e 14). Após um período de 5 meses, o tratamento foi finalizado com o completo fechamento do diastema e interrupção da mecânica ortodôntica (Figs.15 e 16). Foi avaliada a qualidade do tecido gengival ao redor do mini-implantes no pós-operatório de cinco meses (Figs. 17 e 18), com a remoção do miniparafuso, sem anestesia (Fig. 19), notando-se a cicatrização final (Fig. 20). Fig. 1- Diastema entre o dente 25 e o 27, por vista oclusal. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO Fig. 2- Área de eleição para instalação do miniimplante. Fig. 3- Anestesia infiltrativa somente no local da perfuração. 737 INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO Fig. 4- Isquemia da região após a infiltração anestésica. Fig. 5- Iniciando a perfuração na mucosa ceratinizada, com broca de 1,3 mm de diâmetro. 738 INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 739 Fig. 6- Aspecto da região após a utilização da broca. Fig. 7- Miniimplante de 1.6 mm de diâmetro e 9 mm de comprimento, e perfil transmucoso de 1 mm de altura. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO Fig. 8- Em uma vista lateral o início da instalação do miniimplante. Fig. 9- A instalação do miniimplante numa vista frontal. 740 INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 741 Fig. 10- Vista frontal do pósoperatório imediato. Fig. 11- Radiografia periapical após a instalação do miniimplante, verificando a sua localização entre as raízes dentárias. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO Fig. 12- Miniimplante sendo utilizado como ancoragem indireta para a mesializaçao do molar. Fig. 13- Miniimplante sendo utilizado como ancoragem direta. 742 INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 743 Fig. 14- Vista oclusal observando-se o botão de Nance na face palatina do dente 24, auxiliando na biomecânica do tratamento. Fig. 15- Em vista frontal do pósoperatório com quatro meses. Notar o fechamento completo de diastema apos da mecânica ortodôntica. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 744 Fig. 16- Vista oclusal apos a mecânica ortodôntica, observando-se o completo fechamento do diastema. Fig. 17- Pósoperatório com 5 meses numa vista frontal. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 745 Fig. 18- Pósoperatório com 5 meses numa vista lateral após a instalação do microimplante. Fig. 19- Vista frontal, apos a remoção do miniimplante, no pósoperatório imediato da remoção do miniimplante apos 5 meses. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 746 Fig. 20- Pós-operatório de duas semanas, apos a eliminação do miniimplante com 5 meses. DISCUSSÃO O onplant (BLOCK; HOFFMAN; 1995) é diferente do implante médio palatino (WEHRBEIN; MERZ, 1998), devido suas dimensões, enquanto o sistema Straumann Orthosystem, é menor na largura e maior no comprimento, resultando em menor trauma no tecido mole e de tempo cirúrgico, não corroborando com o dispositivo de ancoragem selecionado para este trabalho. Miniimplante, como um método alternativo para ancoragem ortodôntica absoluta, tem sido muito usado nos últimos anos. A maior vantagem comparada ao implante dental ou as microplacas é o menor tamanho, maior facilidade de local para implantação nas áreas intraorais, menor custo, técnica cirúrgica simplificada e, sua fácil remoção (POGGIO et al., 2006), características que também foram observadas durante a realização do caso clínico apresentado. Há uma concordância sobre a instalação de miniimplante na região da crista zigomática, diferindo da área escolhida no caso apresentado (ZETOLA; MICHAILIS; MOREIRA, 2005 e KYUNG, 2007). A formação de cemento radicular num período de 12 semanas, não corrobora com o caso clínico apresentado, pois não houve contato na superfície radicular, apesar da proximidade desta estrutura pelo miniimplante (ASSCHERICKX et al., 2005 e CONSOLARO et al., 2008). Os miniimplantes autoperfurantes apresentam maior risco por causar lesão radicular do que os autorosqueantes (KIUNG, 2007), divergindo (CONSOLARO et al., 2008) e, corroborando com o trabalho apresentado. As principais complicações relacionadas com o uso destes dispositivos são o contato com as raízes dentárias vizinhas, como por exemplo, a mucosite, a contaminação e fraturas dos acessórios, eventos que não ocorreram no caso clínico apresentado. Entretanto destacam a dificuldade de aplicação de força INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 747 quando da instalação em posição desfavorável, além da contaminação do miniimplante antes de sua instalação (KIUNG, 2007 e CONSOLARO et al., 2008). Os parafusos autorosqueantes são dispositivos que requerem o preparo da superfície receptora antes da sua colocação, procedimento este descrito no caso clínico apresentado (CARANO; MELSEN, 2005). Normalmente a ocorrência de lesões em raízes é ocasionada pelo uso da broca (ASSCHERICKX et al., 2005), discordando com este trabalho, que utiliza a utiliza apenas para romper a cortical mantendo uma distância segura da superfície radicular. A literatura é divergente quando os assuntos são parafusos autoperfurantes ou autorosqueantes, pois quando os autoperfurantes são utilizados, os riscos de provocarem lesões nas raízes diminuem (HERMAN; COPE, 2005 e HYUN-SUNG, 2007), pois não conseguem causar danos a esta estrutura, corroborando com este trabalho. Entretanto discorda de outros autores (CONSOLARO et al., 2008) relatando que os dispositivos autoperfurantes possuem um maior controle quanto a trepanação radicular. Concordam entre si CONSOLARO et al., (2008) e HYUN-SUNG, (2007) pelos miniimplantes autoperfurantes possuirem um terço médio inferior bastante afilado. Uma divergência de opinião é destacada em se tratando do melhor momento para a aplicação de forças no dispositivo de ancoragem, podendo ser aplicada logo em seguida à sua instalação, ou após a cicatrização dos tecidos moles, correspondente a um período de 15 dias (PARK et al., 2003 e LIOU, 2004). Esses detalhes veem corroborar com o caso apresentado. A infiltração anestésica deve ser limitada ao local de instalação do microparafuso (VILLELA et al., 2006), fato corroborando com a técnica apresentada neste trabalho. Mesmo se comportando de maneira estável, apos sua instalação, os miniimplantes podem sofrer pequenas inclinações em relação ao seu eixo, no sentido da aplicação de força, sem que haja a presença de mobilidade (PADOVAM et al., 2006 e MARASSI; MARASSI, 2008), fato que não foi observado neste trabalho. Biofilmes microbianos interpõem-se na interface epitélio miniimplante, induzindo um processo inflamatório semelhante à gengivite. Nos casos dos miniimplantes ocorre a mucosite e se o processo for adiante a periminiimplantite, com comprometimento de sua fixação e a consequente perda do dispositivo (ZETOLA; MICHAELIS; MOREIRA, 2005; KIUNG, 2008 e CONSOLARO et al,. 2008), processo este que não ocorreu no caso clínico cirúrgico mostrado neste trabalho. A escolha da localização do microparafuso deve ser avaliada pela etapa cirúrgica e ortodôntica, levando-se em consideração o aspecto biomecânico e cirúrgico como as estruturas anatômicas, as proximidades das raízes, a qualidade de tecido gengival, a densidade do osso, além da espessura da cortical (PADOVAM et al., 2006; RITTO, 2006 e VILLELA et al., 2006). Tudo isso vem a corroborar com este caso clínico. Os seios maxilares são geralmente maiores que qualquer outro seio paranasal, situando-se primordialmente, no corpo da maxila (SCHULTZ, 1991). Geralmente sua extensão no processo alveolar abrange desde o segundo prémolar ate o segundo molar (MADEIRA, 2001), fatos estes que podem ser observados perfeitamente na análise radiográfica do caso apresentado. INSTALAÇÃO DE MINI-IMPLANTES ORTODÔNTICOS CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS DA MAXILA RELATO DE CASO CLÍNICO CIRÚRGICO 748 O sucesso do tratamento depende da habilidade do cirurgião, condições do paciente e, a seleção do local adequado para a instalação do miniimplante (KIUNG et al., 2003). O palato duro é formado por um grupo ósseo correspondente aos processos palatino da maxila e a lâmina horizontal do osso palatino (MADEIRA, 2001). Esta é a região eleita por muitos autores para a instalação do miniparafuso (BLOCK; HOFFMAN, 1995 e WEHRBEIN; MERZ, 1998). Este aspecto não está de acordo com o caso apresentado, pois a eleição da região receptora deverá levar em consideração a mecânica ortodôntica. A região, entre as raízes dentárias, denominada de septo interalveolar (MADEIRA, 2001), corrobora perfeitamente com a região escolhida para o caso clínico apresentado. Os principais fatores que condicionam o sucesso dessa manobra são a qualidade e/ou densidade óssea, à distância e/ou proximidade das raízes, além da espessura da cortical óssea (CONSOLARO et al., 2008). CONCLUSÕES De acordo com a revista da literatura e o caso clínico apresentado pode-se concluir que: 1. O desenho atual do miniimplante permite que ele possa ser instalado em qualquer região do osso alveolar, palato duro ou osso maxilar, levando-se em consideração as estruturas anatômicas presentes. 2. A região da instalação do miniimplante é determinada pela movimentação ortodôntica a ser realizada que determinará suas medidas como o formato da cabeça, o comprimento e a altura do perfil transmucoso. 3. Devido às divergências de opiniões dos autores citados na revista da literatura não se pode concluir qual tipo de miniparafuso é aquele mais seguro para serem evitadas lesões graves na superfície radicular. O desenho do miniimplante autoperfurante possui o ápice mais afilado que o autorrosqueante. 4. O comprimento e o tipo do mini-implante não influenciam no índice de sucesso do tratamento, desde que inseridos numa profundidade maior ou igual 5,0 mm dentro do tecido ósseo. 5. Injúria às estruturas anatômicas adjacentes, como a lesão na superfície radicular e a fratura do dispositivo de ancoragem temporária, são as complicações transcirúrgicas mais frequentes. 6. A falha na higienização é o maior responsável pelo insucesso no tratamento, levando ao um quadro de periminiimplantite, com a perda do dispositivo. REFERÊNCIAS * ARAUJO, M. T. Recursos para ativação do sistema e controle de higiene periimplantar. Implante News, v. 3, n. 4, p. 406, jul.,/ago., 2006. ARAUJO, M. T.; BITTENCOURT, M. A. V.; FRANCO, F. C. M. et al., ,Intrusão dentária utilizado mini-implante. Rev. dent. Press Ortodon. Ortop. 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