A RAZÃO ÁUREA E SUA CONSTRUÇÃO COM O SOFTWARE CABRIGÉOMÈTRE Frank Victor Amorim [email protected] Resumo Inicialmente será feita uma explanação da importância do uso de novas tecnologias no ensino da Matemática, o que os PCNs falam a respeito, bem como suas recomendações, além de definições importantes que darão segmento ao trabalho, como uma breve apresentação do software Cabri-Géomètre, que é um caderno rascunho interativo. Dentre as principais características, podemos destacar o fato de ele permitir construir figuras geométricas e deformá-las mantendo suas propriedades, excelente interface, fácil de manusear, entre outras. Em seguida, será desenvolvida a história do número Áureo, a construção do Retângulo Áureo e a Espiral Áurea com o objetivo de explorar a presença dessa razão áurea no cotidiano das pessoas, levando em consideração as construções com régua e compasso (fazendo as demonstrações de cada construção), mas utilizando o software CabriGéomètre. Em seguida, construiremos macro-construções, que é uma seqüência de construções independentes a partir das quais podemos criar novas ferramentas e adicioná-las ao menu de ferramentas do Cabri. Assim, iremos criar macros que identifiquem o ponto Áureo do segmento e outra que construa o retângulo áureo. Tudo isso será feito como uma tentativa de amenizar o desinteresse do aluno em sala de aula, sua forma inquieta de prestar atenção às lições, levando o professor à loucura. Estudos apontam o computador como instrumento facilitador no processo ensino-aprendizagem dos componentes curriculares na escola, estimulando o interesse dos alunos, despertando o prazer de aprender e facilitando a aquisição do conhecimento necessário para sua vida. Palavras-Chave: Razão Áurea, Cabri-Géomètre, Macro-Construções. Introdução Deparamo-nos, hoje, com a necessidade de o aluno aprender como funcionam as novas tendências tecnológicas do mercado. À medida que as crianças avançam em seu mundo de descobertas, tornam-se capazes de compreender sistemas mais complexos. Diante da necessidade da escola em se modernizar e repensar novas formas de atingir seus objetivos, faz-se imprescindível uma reflexão acerca do seu novo papel possibilitando ao aluno uma aprendizagem significativa. O computador é essa nova necessidade tecnológica que as crianças de todo o mundo querem interagir com ele, para que dele obtenham resultados favoráveis aos seus conhecimentos e para o seu mundo de diversão e fantasia. A partir de 9 de abril de 1997 foi criado no nosso país o Prolnfo (Programa Nacional de Informática na Educação) através da portaria MEC 522, visando melhorar o estudo pedagógico nas instituições do ensino fundamental e médio. Ao lidar com computadores em diversas faixas etárias da vida, encontram-se problemas do cotidiano da tecnologia da informação. Crianças, jovens e até mesmo adultos utilizam-se deste meio para somente realizar o próprio ego de fantasias. Crianças brincam, jovens batem papo e adultos entram no mundo da fantasia do "ciber erotismo". O computador não serve somente para esses fins que a humanidade está inserida, mas serve como auxílio metodológico para crianças, jovens e adultos para realizarem seus trabalhos estudantis e outros. Para isso é que se situa a "As novas tecnologias na Educação". Esta ajudará a integração das disciplinas no processo de ensino e aprendizagem, exigindo dos agentes educacionais um posicionamento quanto ao quê e como fazer para dispor os múltiplos recursos da informática a serviço da educação. A integração dar-se-á na interdisciplinaridade no processo de ensinoaprendizagem. Refere-se à atuação conjunta de profissionais de áreas diferentes, que se completam. Os caminhos de aprendizagem do aluno neste mundo da tecnologia fazem do computador um instrumento lúdico, instigante, atrativo. Este possibilita uma resposta imediata, o erro pode produzir resultados interessantes favorecendo a flexibilidade 2 do pensamento, estimula o desenvolvimento do raciocínio-Iógico e possibilita o desenvolvimento do foco atenção e concentração. As escolas não podem se limitar a ensinar os alunos a aprenderem a dominar computadores altamente sofisticados. A tecnologia avança, tornando obsoleto rapidamente o computador de ontem. O computador em sala de aula visa quebrar os ciclos organizacionais das escolas, que ministram suas aulas em quadros com giz ou quadros brancos com canetas e até mesmo com projetores de transparências. Transformar computadores em ferramentas de trabalho pedagógico é uma tarefa muito desafiadora. Não só pelo desinteresse governamental de verbas para esses fins, mas mesmo por parte dos alunos, que utilizam de forma errônea este instrumento para obtenção de conhecimentos. Para isso, o corpo docente das instituições de ensino do país tem que passar por um programa de reciclagem educacional para aprender essa nova tendência e, assim, servir de base pedagógica para o ensino dos nossos alunos. Entender esse método de ensino é compreender de que forma isso ajudará cada aluno a assimilar as formas da Matemática, os processos de aprendizagem da leitura interativa, a arte de desenhar usando programas de editoração de imagem, desvendar os mistérios das Ciências e explorar os maiores mistérios que a computação traz de benefícios para os seus alunos. É preciso compreender que papel ele exercerá em sala de aula, qual função terá nos trabalhos e quais disciplinas serão utilizadas por esse meio. Diante dessa necessidade da escola se modernizar, faz-se necessário refletir acerca desse novo papel que é de fundamental importância para o processo de aprendizagem dos alunos, possibilitando que essa seja significativa no seu processo estudantil. As metodologias de ensino hoje utilizadas infelizmente não prendem a atenção dos discentes em sala de aula. É preciso utilizar meios que as crianças sintam prazer de ir às escolas e permanecerem concentrados ao que o professor ministra em classe. A informática veio para somar com as demais disciplinas de estudo. Ela vem preparar o aluno para novos conhecimentos e tecnologias, levando o mesmo a compreender de maneira interativa e eficaz as disciplinas ministradas pelo professor, 3 não lidando somente com informações acabadas e prontas, mas preocupar-se com a capacidade do aluno de apreender. Tem que se enfocar uma questão de pensamento matemático e da generalidade do modelo em um ambiente computacional, através de softwares próprios feitos por designers no ensino computacional para que os alunos possam de maneira clara e prazerosa interagir com uma das disciplinas que mais geram medo pelos que fazem parte do processo de aprendizagem. A partir de teóricos e artigos que já defendem o assunto da informática na educação, à luz da teoria destes, procurou-se identificar o quanto certos ambientes informatizados são ferramentas de grande potencial no processo de ensinoaprendizagem. O que se pretendeu destacar é quão natural e intensa, se tomam, nestes ambientes, as ações, reflexões e abstrações dos aprendizes. O suporte oferecido por esses ambientes informatizados ajudam a superação dos obstáculos inerentes ao próprio processo de construção do conhecimento por parte do aluno. Aqui relatamos algumas vantagens que se vê de imediato no uso da informática no ensino da Matemática. O computador torna-se uma ferramenta extraordinária que visa simular, praticar ou vivenciar verdades matemáticas, de difícil visualização por parte daqueles que desconhecem determinadas condições técnicas, mas fundamentais à compreensão plena do que está sendo exposto. Os computadores propiciam a criação de situações que possibilitam reproduzir a forma de raciocinar e trabalhar de um aluno, ou seja, estimular a investigação, a formulação de hipóteses, a simulação de situações tão pertinentes ao trabalho do dia-a-dia. O computador não pode ser mais ignorado pela escola. Ele é o símbolo e principal instrumento do avanço tecnológico. No entanto, o desfio é colocar todo o potencial dessa tecnologia a serviço do aperfeiçoamento do processo educacional, aliado ao projeto da escola com o objetivo de preparar o futuro cidadão. Além desse desafio, um outro surge como fundamental para que o potencial dessa tecnologia contribua de forma efetiva para o processo educacional: o uso dos softwares educativos, neste trabalho os matemáticos. Mais importante que o software, em si, é o modo como ele é utilizado, pois nenhum é, em termos absolutos, perfeito. A escolha do mesmo precisa se fundamentar na proposta pedagógica da matemática da escola, visto que não se faz uma proposta de ensino para usá-lo, ao contrário, escolhe-se o software em função 4 da proposta de ensino adotada. No que concerne à aprendizagem da Matemática, os softwares mais proveitosos seriam aqueles que permitem uma grande interação do aluno com os conceitos ou idéias matemáticas, propiciando a descoberta, inferindo resultados, levantando e testando hipóteses e criando situações-problema. Por isso, a escolha do software Cabri-Géomètre, que permite toda essa iteratividade com o aluno. Histórico sobre razão Áurea O número áureo recebe o nome de Phi em homenagem ao arquiteto grego Phidias, construtor do Parthenon e que utilizou o número de ouro em muitas de suas obras. Algumas correntes místicas acreditam que objetos cujas dimensões estão relacionadas a Phi harmonizam-se provocando a sensação de beleza e harmonia. O homem sempre tentou alcançar a perfeição, seja nas pinturas, nos projetos arquitetônicos ou até nos mapas. O número áureo voltaria a ser aplicado mais tarde, principalmente nas pinturas renascentistas, como se poderia observar em algumas obras de Leonardo da Vinci. O segmento áureo O número áureo pode ser obtido por meio de um segmento, seguindo a seguinte definição: se um ponto divide um segmento de reta em média e extrema razão, se o mais longo dos segmentos é uma média geométrica entre o menor e o segmento todo, então a razão do segmento menor com o segmento maior é a razão áurea. Isto pode ser exemplificado a partir da figura abaixo: Figura 1 Pelo estudo das proporções podemos estabelecer que para que esse segmento esteja dividido na razão Áurea podemos estabelecer que: 5 u v = u+v u Que pode ser escrito como u v u u + = , fazendo = x , temos u u v v 1+ 1 = x x2 − x −1= 0 x Essa equação apresenta duas raízes reais, que são 1− 5 ≅ 0,618 e 2 1+ 5 x2 = ≅ 1,618 = Phi 2 x1 = E portanto a relação u representa o segmento áureo. v A construção do segmento áureo por meio de régua e compasso, pode ser feita da seguinte maneira: Seja dado um segmento AB qualquer, Obtendo o ponto médio de AB, colocando a ponta seca do compasso em um extremo, abra-o até o outro extremo e trace um arco para cima e para baixo do segmento da reta AB. Repita este procedimento com o outro extremo da reta, sem alterar a abertura do compasso. Os pontos onde os arcos se cruzam devem ser unidos por um segmento de reta (visto em vermelho) e posto onde este segmento cruza o primeiro segmento AB, é o ponto médio de AB; Figura 02 Traçando uma reta perpendicular a AB, passando por B com a metade do comprimento de AB; Figura 03 6 Traçando primeiramente a perpendicular a AB; Figura 04 Com a ponta seca do compasso em B, abrir até o ponto médio M e traçar um arco até que este cruze a reta perpendicular a AB; Figura 05 Tem-se assim um novo segmento BC perpendicular a AB com exatamente a metade do comprimento de AB. Figura 06 Unindo o ponto C encontrado, temos o triângulo ABC; Figura 07 Colocando a ponta seca do compasso no vértice C do triângulo e abrindo até o ponto B. Usando este raio para marcar o ponto E na hipotenusa do triângulo; 7 Figura 08 Daí, finalmente com a ponta seca do compasso no vértice A, abrindo-o até o ponto E marcado na hipotenusa e usando este raio para marcar o ponto D na primeira reta AB. Este ponto é o ponto que divide o segmento AB em duas partes, onde o maior segmento é 1,618... vezes o menor; Figura 09 Com isto , é obtido o ponto D procurado. Figura 10 Esse tipo de construção é validado a partir do seguinte argumento: Se o lado AB do triângulo mede 1 unidade de comprimento, então o lado BC mede a metade e obtemos a medida da hipotenusa pelo teorema de Pitágoras: AC 2 = AB 2 + BC 2 , logo AC 2 = 1 + 1 5 5 = . Daí, AC = . 4 4 2 E o ponto E na hipotenusa é marcado de forma que CE tenha o mesmo comprimento que CB, ou seja, 1 , daí AE = 2 ( ) 5 −1 . 2 Como o ponto D foi marcado na mesma distância de A, temos AD = AE = ( ) 5 −1 2 Então temos que a proporção AB = AD ( ) 5 +1 , que é o número áureo. 2 8 Retângulo Áureo Denominamos como qualquer retângulo áureo qualquer retângulo ABCD como o da figura abaixo que apresentem a seguinte propriedade: caso seja retirado deste um quadrado, por exemplo, o quadrado ABFE, o retângulo restante CDEF é semelhante ao original. Figura 11 Tomemos “a + b” e “a” como os comprimentos dos lados do retângulo original da propriedade descrita para este retângulo, teremos a seguinte relação: a b = (a + b ) a e fazendo uso da teoria das proporções, teremos que: a b (a − b ) , ou seja b = (a − b ) = = (a + b ) a (a + b ) − a a b Em outras palavras, temos que o retângulo áureo de lados a+b e a é áureo, então o retângulo de lados a e b também o é. Tal procedimento é o mesmo para que se venha a calcular e verificar que também são áureos os retângulos de lados b e a-b, a-b e b-a etc. Figura 12 O processo de sua construção pode ser feito de forma semelhante a do segmento Áureo. 9 Espira Áurea A espira logarítmica é também chamada de eqüiangular, pois corta todos os raios vetores sob o mesmo ângulo é uma curva gerada por um ponto que caminha em torno de um pólo. O ponto se desloca no raio vetor em progressão geométrica, enquanto o raio polar gira em torno do pólo em progressão aritmética numa sucessão de ângulos iguais. Figura 13 Algumas aplicações Vemos aplicações do número áureo desde a Antigüidade. No Egito Antigo, em várias partes podia ser visto essa sua aplicação. Muitos hieroglíficos têm proporções baseadas na razão áurea. FIGURA 14 10 Na figura acima, vemos que a letra h é na verdade uma espira dourada. O uso da mão e pé como hieroglíficos mostra que os egípcios eram cuidadosos com o corpo como proporcional à razão áurea. Outros símbolos, como o p, e sh, são retângulos áureos. Os egípcios usavam a razão áurea em sua escrita para tornar mais fácil para aqueles que escrevessem o fazer com a mesma proporção. Vemos que muitos dos retângulos desenhados são proporcionais aos retângulos áureos. A razão áurea também se mostra presente nos templos egípcios. Figura 15 Na Grécia Antiga, também foi muito utilizado. Construído muitas centenas de anos depois( entre 447 e 433 a. C.) , o Partenon Grego , templo representativo do século de Péricles contém a razão de Ouro no retângulo que contêm a fachada (Largura / Altura), o que revela a preocupação de realizar uma obra bela e harmoniosa. O escultor e arquiteto encarregado da construção deste templo foi Fídias. A designação adotada para o número de ouro é a inicial do nome deste arquiteto - a letra grega Phi Figura 16 11 Conclusão Vemos a importância da razão áurea no desenvolvimento da humanidade, seja nas construções, nas observações da natureza ou na procura pela perfeição e pelo belo, o número phi está sempre presente. Ainda hoje ele se faz presente nos estudos e desenvolvimentos de novos produtos que comumente seguem a razão áurea para que sejam visualmente atrativos. Torna-se, no entanto, difícil separar a eterna procura por relações com as divindades, iniciada pelos gregos, com relações matemáticas concretas. Em muitas situações, resultam em respostas não muito claras. No entanto, é necessário analisar e considerar o phi com muita profundidade, pois um valor que nos acompanha com tanta constância tem sua importância e relevância. Também é certo que se precisa ter um cuidado redobrado para que não se encontre relações onde não haja. A incontestável presença da razão áurea na vida cotidiana já a coloca em motivo de pesquisa. Quando se liga a tais questionamentos ela se torna ainda mais importância, enigmática e fascinante. 12 Referências Bibliográficas [1] BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1974. [2] EVES, Howard Tópicos de História da Matemática. São Paulo: Atual Editora Ltda, 1997. [3] LIVIO, Mario. A razão áurea. São Paulo: Record. 2006. [4] Nóbriga, Jorge Cássio Costa. Aprendendo como o Cabri-Géomètre II e II-Plus – volume único – Brasília: Ed. Do Autor, 2007. [5] Parâmetros Curriculares Nacionais. Matemática Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/ SEF, 1998 13