Relatório Final do Delegado da ADUFAL no CNG durante o período de 20 a 30 de agosto de 2012. Precisamos derrotar o Neoliberalismo Governista para salvar a universidade pública Camaradas, estamos com há mais de cem dias em greve e a presidenta Dilma não está dando à mínima. A presidenta e seus ministros espalham na mídia que a negociação com os professores já foram encerradas. Na verdade, essa negociação nunca aconteceu, apesar da nossa proposta de Plano de Carreiras ter sido protocolada no MEC e no MPOG desde 2011, ela nunca foi levada em consideração. O governo apresentou um Plano de Carreira, mas não abriu espaço para negociação dizendo que tal proposta já era definitiva. Como o governo é muito articuloso, colocou o PROIFES na mesa de negociação para legitimar este processo. Para se ter uma ideia, o PROIFES tem a cara de pau de ir a mídia criticar a proposta do ANDES argumentando que a nossa proposta elevaria o gasto da folha de pagamento do governo de 4,2 bilhões para 10 bilhões. Esse argumento é inaceitável de sindicato que se diz representar uma categoria – o PROIFES defende mais o governo do que o próprio governo. É preciso destacar que o PROIFES representa menos de 15% da categoria docente em sete universidades. Mesmo sendo contrário a greve, cinco universidades que está sob sua direção entraram em greve, e na UFBA foram destituídos da direção por ordem judicial. O PROIFES é o braço do governo no movimento docente servindo apenas legitimar, perante a opinião pública, a política nefasta do governo Dilma para as IFE. O governo por ser maquiavélico, utiliza-se disso para dizer para opinião pública que negociou com a categoria docente, isolando o ANDES – que representa mais de 80% da categoria. O interessante é que o governo assinou um acordo com o PROIFES no dia 03 de agosto e as universidades continuam em greve até hoje. Que validade tem este acordo? Que validade tem o PROIFES para negociar em nome de todos os professores federais? Nenhuma. O problema maior é que o dito acordo aprofunda ainda mais a precarização da carreira docente. Entramos numa greve para reestruturar a carreira e o que recebemos como proposta é uma carreira mais desestruturada ainda. O plano de careira docente que o governo enviou para o congresso fere a autonomia universitária quando remete ao MEC diretrizes para avaliação de desempenho e progressão; não estabelece percentual para cada step e com valores nominais sem nenhuma lógica; coloca uma classe contra outra, além de fazer com que as classes mais antigas tenham ganhos maiores e os novos professores sejam os mais prejudicados. O aumento salarial proposto não vai cobrir nem a inflação do período. Com o argumento da crise econômica internacional, o governo diz que não tem recursos para investir no setor público. Agora, dinheiro para isentar faculdades particulares, empréstimo ao FMI, empréstimo e isenção de impostos para grandes empresas, pagamento de juros aos banqueiros não falta. Um grande exemplo, é que o estado brasileiro deixou de arrecadar este ano cerca de 20 bilhões de reais com a redução de IPI das indústrias automobilísticas. O estado brasileiro gasta quase 50% da arrecadação com pagamento de juros para os títulos do tesouro. Atualmente, o governo gasta menos com o serviço público do que há 10 anos atrás. A presidenta Dilma é uma autoritária, não dialoga com ninguém e trata os servidores públicos com intransigência. Está articulando um estatuto antigreve para coibir greves dos servidores públicos. Está muito difícil para os funcionários públicos negociar com o governo Dilma, pois o mesmo apresenta uma proposta já falando que se não aceitar vai passar os recursos para outra categoria e somente voltará a discutir algum possível reajuste no ano seguinte. A greve das universidades continua firme, apesar da UNB e a UFRJ terem saído da greve. Esta semana a grande maioria das universidades continua em greve e o governo segue intransigente tentando nos vencer pelo cansaço. Vamos dar uma resposta a isso e continuemos em greve. O governo atual é um governo de direita, mas infelizmente uma parte dos sindicalistas, por estar ligados ao governo, fica colocando panos mornos nas reivindicações dos trabalhadores e acabam fechando acordos absurdos sob a alegação que o governo está forte perante a opinião publica, e não adianta desgastá-lo para não dar espaço para o PSDB. Pergunto: como iremos dobrar este governo se temos medo de derrubar sua popularidade? A classe trabalhadora brasileira está vivendo um período muito difícil de sua historia, uma boa parte de seus antigos defensores estão no lado do governo. O governo é quem dita às regras para os grevistas e os sindicalistas ligados ao governo ficam o tempo inteiro barrando a luta. É urgente a construção de um novo sindicalismo no Brasil, um sindicalismo independente e de luta. Apesar de essa greve ser a mais forte da história da universidade brasileira, as nossas vitórias ainda são apenas de ganho políticos como a unificação da categoria, o enfrentamento ao governo com algum impacto em sua popularidade. Ganhos concretos ainda não obtivemos com essa greve, na verdade nenhuma categoria teve, porque 15%, 25% e 40% de aumento para três anos não significa nada. Precisamos que continuar mobilizados e exigir melhorias estruturais para a universidade, pois o governo se recusa discutir condições de trabalho. Temos que denunciar este governo neoliberal para salvar a universidade pública brasileira. Saudações à Luta, Cícero Adriano Arapiraca, 04 de setembro de 2012.