Alterações Hemodinânicas em RN Prematuros Anêmicos: Estamos permitindo os hematócritos baixos demais ? (Hemodynamic changes in anemic premature infants: are we allowing the hematocrits to fall too low?) Alkalay AL; Galvis S; Ferry DA; Simmons CF; Jr Krueger RC Pediatrics 2003; 112 (4): 838 – 845 Virginia Lira – R2 Pediatria - -HRAS Dr Mauro Bacas – Preceptor Neonatologia HRAS Introdução • EUA: > 300.000 Transfusões em 38.000 RN • Nenhum critério objetivo para transfusão de Concentrado de Hemácias [HEM] em RECÉMNASCIDO PRÉ-TERMO (RNPT) • Anos 80 – Declínio freqüência de transfusões [HEM] • 7.0 ± 7.4 (1982) para 2.3 ± 2.7 (1993) p < 0.001 – Guidelines de transfusão – Aceitação de Hematócritos (Hct) mais baixos • 33.6 ± 2.8 % (1982) para 29.8 ± 5.1 % (1993) • 1995: Hct <20 – 21 % (nível seguro ?) • Vários estudos tentaram determinar critérios objetivos para determinar momento da transfusão • Baseavam-se na “melhores estimativas” da necessidade de hemoglobina para SatO2 ótima • Julgamento clínico do neonatologista (decisão final) • Vários estudos RNPT mostraram alteração na função cardíaca devido anemia – RNPT Anemia = DC , após transfusão DC – Poucos casos (12 a 14 RNPT) – Hct 20 –23 % e 20 – 26 % (guideline 20-21 %) • Hct : RNPT assintomático e DC DC: débito cardíaco Objetivo • Avaliar parâmetros hemodinâmicos RNPT “estáveis” com anemia antes, durante e após transfusão [HEM] • Tentar desenvolver critérios objetivos para indicar transfusão Pacientes • IG 32 sem • ID 60 dias (IGPC:idade gestacional pós-concepção) • Ausência VM, PCA, Cardiopatia Congênita, anormalidades congênitas maiores • RN “estáveis” (24 h) – – – – FiO2 0,24 Ausência Taquipnéia 70 rpm Ausência Taquicardia 180 bpm Ausência Apnéias :frequências 10 episódios; resolução espontânea em 12 h Protocolo de Estudo • Decisão Transfusão: Neonatologista assistente • [HEM] 10 ml/ Kg, desleucotizadas, irradiadas, CMV soronegativas em 4 h • 2 Transfusões com intervalo 12 h • Dados Medidos – Sinais Vitais – Ecocardiogramas seriados (1 ecografista/ 1 cardio) • • • • T1: 1 a 2 h antes T2: 2 a 4 h após 1a [HEM] T3: 4 a 7 h após 2a [HEM] T4: 27 a 34 h após 2a [HEM] Dados Coletados • Indicações clínicas p/ transfusão • Resolução de sinais/ sintomas • Ganho Ponderal diário (1sem) • Calorias médias diárias (1sem) • Hct (%) • FC (bpm) e FR (rpm) • PAS, PAD, PAM (mmHg) • PP (pressão pulso) = PAS – PAD • Diam Sist Final VE (DSFVE) (mm) • Diam Diast Final VE (DDFVE) (mm) • Volume Minuto (VM) ml/Kg/ min • Débito Cardíaco (DC) ml/Kg • Fração de Ejeção (FE %) • Velocidade correlacionada a ejeção circunferencial (V) • Pico Fluxo Sistólico Aorta (PSAo) Análise Estatística • Os pacientes foram separados em 3 grupos Grupo – Baixo Hct – Médio Hct – Alto Hct Hct ≤ 21 % 22 – 26 % ≥ 27 % • Análise de Variância, X2 e mediana Resultados • Estudo prospectivo com 32 RNPT / Perfil Pacientes – *dia da transfusão P TODOS BAIXO HCT MÉDIO HCT ALTO HCT N 32 10 15 7 SEXO MASC 43,8 % 60 % 40 % 28,6 % PESO NASC 0,11 1152 1155 1006 1270 IG SEM 0,008 29 29 28 30 IGPC SEM* 0,16 33,3 34,1 33,4 32,4 PESO ATUAL* 0,8 1505 1505 1570 1310 GANHO POND DIÁRIO 0,76 22,9 22,5 25,7 16 HCT % 23 19 24 29 VARIAÇÃO HCT 14- 34 14- 21 22- 26 27-34 Resultados • Indicações para transfusão e resolução de sintomas – * Critério do neonatologista RNPT com indicação Resolução indicação Aum apnéias / bradicardias 12/32 (0,37) 5/12 (0,42) Dificuldades alimentares 8/32 (0,25) 5/8 (0,62) Baixo Hct * 8/32 (0,25) 8/8 (1) Necessidade O2 6/32 (0,18) 5/6 (0,83) Taquicardia / Taquipnéia 5/32 (0,15) 2/5 (0,4) Ganho lento de peso 1/32 (0,03) 0/1 (0) Análise dos Ecocardiogramas • 128 ECO (4 por RNPT) • Aum “significativo” após transfusão PAD, PAM, Hct (sem diferença estatística) • ECO (T1) – DDFVE e DSVE no Baixo e Médio Hct x Alto Hct – Maior DC no Baixo Hct x Alto Hct – Baixo Hct x Médio e Alto Hct • PAD*, PSAo**, = PP, VM antes [Hem] • PAD e PSAo – *PAD T1 ≠T3 T4 – ** PSAo T1 ≠ T2 • DC, DSFVE e DDFVE não variaram após [Hem] • Não houve correlação entre parâmetros clínicos ou ecográficos com resolução dos sintomas • Não houve correlação Hct e melhora clínica, apesar de um a correlação inicial entre Hct e alterações ecográficas • ICC secundária a alto DC leva a pouco ganho ponderal, mas o trabalho mostrou pouco valor preditivo do DDFVE após [Hem] e 31,3 % RNTP ganharam peso • 9/10 (3 baixo Hct e 6 médio Hct) DDFVE (T1) x Alto débito • 16 % Eco normais • 62% tinham 3 ou + ecos anormais Discussão • RNPT com anemia ( < 21 %) e RNPT com HCT 22 – 26 % assintomáticos aparentemente estáveis: sinais hemodinâmico de alto débito (DC, DSFVE e DDFVE) • RNPT Hct < 21 % tendem a ter menores PAD, maiores PSAo, mesmo PP e alto VM (não significante) • Após [Hem] no baixo Hct: alguns parâmetros melhoraram imediatamente (PAD e PSAo) enquanto outros não (VM, DDFVE e DSFVE) • Em outros estudos baseados em eco não demonstraram alterações hemodinâmicas após [Hem] em RNPT com Hct 25 a 33 % (foram estudos com poucas crianças e não incluíam baixos Hct) • Observou-se tendência FC de base após transfusão (Baixo Hct < Médio Hct < Alto Hct) • Alveson (1995) não existe nenhum padrão ouro para indicação de transfusão em RNPT e as tentativas de definir padrões foram falhas • Neste estudo foram escolhidos crianças <32 sem e < 60 dias pela maior incidência de anemia • Alguns sintomas como taquidispnéia , taquicardia e pouco ganho de peso não podem ser explicados apenas pela anemia • Pouco ganho ponderal colocados em muitos guidelines como indicação para transfusão não foi um sintoma significativo neste estudo – pensa-se que só se deva a ICC franca • Outros sintomas , apnéia principalmente, já haviam previamente sido demonstrados • Este estudo é consistente com a hipótese de que a consequência primária da anemia como forma de aumentar a oxigenação tecidual é aumentar o débito cardíaco • Nos fetos com anemia crônica a principal consequência é a hidropsia fetal o que leva aumento do diâmetros dos ventrículos na diástoles (tem grande valor preditivo de mortalidade quando encontrado no US PN) • Pico de Fluxo na AA cerebral média também indica a gravidade da anemia • Não está claro entretanto se o RNPT pode compensar estas adaptações • A correlação da anemia com DDFVE, DSFVE e VM que alteraram em 48 h o que sugere que esta é uma adaptação crônica da anemia • ICC precoce / Dosagens de catecolamina urinária e renina plasmática: valores normais desta faixa etária não estão bem estabelecidos • Ecocardio que não deveria ser considerado não invasivo, é foi bem tolerado em Rn estáveis do estudo • Os sinais e sintomas de anemia resolveram apenas em parte após transfusão • O critério “tradicional” é não objetivo o critério ecográfico pode auxiliar na decisão quanto a indicar a transfusão ou aguardar outro momento • Permanece ainda por serem vistos adaptações crônicas da anemia, como a hipertensão e devem ser feitos estudos randomizados, prospectivos e controlados para avaliar sua viabilidade e importância