Resenha do livro:
Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido
Jani Antônia Fernandes*
Orientadores: Profª Lenise M. R. Ortega**
Prof. Sérgio de Freitas Oliveira ***
O livro Boniteza de um Sonho:
ensinar e aprender com sentido (Novo
Hamburgo (RS): FEEVALE, 2003, 79
páginas) foi escrito por Moacir Gadotti. O
autor nasceu na cidade de Rodeio (SC), em
1941. É licenciado em Pedagogia (1967)
e Filosofia (1971), Doutor em Ciências da
Educação pela Universidade de Genebra
(Suíça), professor titular da Universidade
de São Paulo e Diretor do Instituto Paulo
Freire. Escreveu várias obras importantes,
algumas traduzidas em outras línguas: A
educação contra a educação (Paz e Terra,
1979: Francês e Português), Convite à leitura
de Paulo Freire (Scipione, 1988: Português,
Espanhol, Inglês, Japonês e Italiano),
História das ideias pedagógicas (Ática,
1993: Português e Espanhol), Pedagogia da
práxis (Cortez, 1994: Português, Espanhol
e Inglês) e Perspectivas atuais da educação
(Artes Médicas, 2000: Português e
Espanhol), Pedagogia da Terra (Peirópolis,
2001) e Um legado de esperança (Cortez,
2001). Gadotti se inspira nos ideais de Paulo
Freire – lutar por mundo de amor e justiça
– sendo a educação a fonte principal e o
educador o meio para essa transformação.
“Boniteza de ser professor de tantos
jovens do planeta” (p. 12). A obra está
dividida em sete capítulos e em cada um deles
Gadotti aborda temas de grande importância
à educação, aos professores e pedagogos
em exercício e aos futuros pedagogos e
professores. Convida os sonhadores e os
que deixaram de sonhar a despertarem e
lutarem para a transformação do mundo,
onde as diferenças sejam dissipadas através
da educação, considerando que a sala de aula
é e será local de capacitar crianças, jovens e
adultos a se engajarem nessa luta. Portanto,
é necessário que o professor e o educador
encontrem a sua própria identidade e, com
autonomia, potencializem os indivíduos,
formando cidadãos autônomos, críticos,
participativos, organizados, articuladores
e capazes de se integrarem à sociedade,
promovendo
o
desenvolvimento
e
garantindo, de forma sustentável, o futuro
da humanidade.
No primeiro capítulo, “Por que ser
Professor?”, Gadotti aborda os desafios
enfrentados pelos professores em um Brasil
que não valoriza os profissionais da educação e
onde não há políticas públicas que se destinem à
área. Os baixos salários, a falta de estrutura nas
escolas, a violência, o cansaço físico e mental,
e a desmotivação contribuem para o caos no
sistema de ensino. Alerta os educadores para não
se perderem nessa crise e sim refletirem sobre a
sua escolha como direção e solução da situação
caótica. Para isso, é necessário que os mesmos
estejam engajados com o desenvolvimento dos
indivíduos, formando-os críticos, participantes
e capazes de superar as adversidades e sonhar
com um futuro melhor, em que a educação
seja a prioridade dos governantes, havendo
assim o reconhecimento e a valorização dos
profissionais.
*Aluna do 1º Período do Curso de Pedagogia da PUC Minas.
**Mestre em Educação. Professora da PUC Minas. [email protected]
***Psicopedagogo. Professor da PUC Minas. [email protected]
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No segundo capítulo, “Crise de
Identidade, crise de Sentido”, trata do desafio
encontrado pelos educadores no tocante à
sua identidade e ao sentido de ser educador.
A crise se evidencia com a globalização, que
interliga as pessoas e o mundo por meio das
informações em tempo real e, para processá-las
e torná-las conhecimento que agrega valores
aos indivíduos, é necessário que estes tenham
uma formação crítica, reflexiva, política e de
autonomia. Os professores são convocados a
deixar de ser apenas professores e se tornarem
educadores da humanidade, pois a máquina
não substitui o homem no pensar, no agir,
no interagir, no compartilhar, no decidir e
não possui sentimentos, portanto, à medida
que ocorrem as transformações no mundo
globalizado, o mestre da educação sempre
será necessário para formação do individuo.
Já o terceiro capítulo, “Formação
Continuada do Professor”, aborda a
importância
do
desenvolvimento
do
profissional da educação, a necessidade
de o professor se atualizar, acompanhar
as tendências da tecnologia, desenvolver
projetos junto à comunidade considerando as
suas necessidades e particularidades, refletir
sobre as práticas e as metodologias, trocar
experiências entre profissionais, realizar
pesquisas e capacitar também sucessores na
formação de futuros pedagogos. O motivo
é evitar a estagnação, o comodismo e a
desatualização do educador e da sociedade.
O capítulo anterior fala de um mundo de
mudanças e, para que essas mudanças sejam
beneficentes a todos e não à classe dominante,
o educador é imprescindível na formação de
cidadãos participantes e atuantes.
No quarto capítulo, “Ser Professor
na Sociedade Aprendente”, Gadotti explana
a necessidade de aprender para ensinar e
ensinar para aprender. O professor é aprendiz
no processo, aprende com as diversidades
culturais, sociais, políticas e econômicas da
comunidade integrante. Através da reflexão
da situação real, desenvolve as melhores
práticas e exerce influências, direcionando
para o trabalho em equipe, a defesa de
ideais, a participação na gestão das escolas,
desenvolvendo alunos e comunidade, pois
somente a ação junto à atitude é capaz de
produzir o saber, a habilidade e o conhecimento.
O conhecimento é o fundamental para se
entender a sociedade, a política e a economia,
de ontem e de hoje e projetar um futuro melhor
para a humanidade.
No quinto capítulo, “Aprender com
emoção, ensinar com alegria”, o autor relata
o sentimento de satisfação do educador
e do educando no processo de ensinoaprendizagem. A emoção e a alegria em
contribuir com a integração das pessoas a
fazerem parte da história da evolução, tornam
o ato de ensinar uma realização e para isso os
objetivos devem ser claros, fundamentados e
articulados com a realidade do educando. Por
meio dessa interação, desperta-se no aluno a
emoção e a satisfação em aprender, sabendo
da utilidade e da aplicação do aprendizado.
Aprender deixa de ser obrigação e passa a ser
descoberta, diferenciando o professor que faz
do seu trabalho apenas um compromisso de
lecionar conteúdos e demandas curriculares.
No sexto capítulo, “Educar para uma
vida saudável”, Gadotti fala da importância
de educar a humanidade no presente para sua
própria existência futura. É preciso mudar a
postura diante do sistema capitalista que é
nutrido pelo consumismo, visando diminuir
as desigualdades sociais pela educação.
O educador pode promover a educação
ambiental nas escolas, empresas e em toda
a comunidade, protegendo a biodiversidade
e a sustentabilidade da sociedade e também
do planeta, conscientizado as pessoas da
importância das fontes de energia naturais, da
opção por produtos recicláveis, de amor ao
meio ambiente como parte de cada um.
No último capítulo, “Ser professor, ser
Educador”, o autor alerta cada profissional a
decidir o seu destino dentro do universo da
educação. O simples professor deve se decidir
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em se tornar um educador ativo, tendo como
diferencial o amor, o compromisso consigo
mesmo, não apenas com um determinado
órgão ou instituição. O seu objetivo deve ser o
compromisso com o desenvolvimento de toda
a humanidade, transformando as pessoas em
autônomas, reflexivas, atuantes, intelectuais
e, principalmente, humanas.
A educação é chave para a libertação
política, econômica e social. Os oprimidos
são a maioria em uma sociedade, estão
desprovidos do básico para a sobrevivência,
são considerados pela sua força de trabalho. Os
bens que produzem são para o enriquecimento
de uma minoria que detém o poder. Precisamos
nos tornar autônomos e liderar a massa
explorada por intermédio do conhecimento
e do amor, pois os que estão no poder fazem
do conhecimento ferramenta de exploração e
opressão. É necessário desenvolver e munir
cada indivíduo do saber, do pensar e da decisão,
formando cidadãos livres pelo conhecimento,
capazes por autonomia e participantes por
consciência.
A obra revelou-me a satisfação de fazer
parte desse sonho. Saber que estou no caminho
certo na realização do ideal disseminado por
Paulo Freire, bem exposto por Gadotti em
Boniteza – manual que considero poderoso
para a transformação de todos. “O amor à
educação é o mesmo que o amor à vida”
Sábias palavras, pois quem ama cuida, ensina,
instrui, direciona e liberta, promovendo o
desenvolvimento do próximo.
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