O Juiz de Paz da Roça Análise literária- adaptada de: http://professorandersonluiz.blogspot.com.br/2009/12/juiz-de-paz-na-roca.html <acesso 18/03/2014 às 17:02h> Autor • Luiz Carlos Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro, em 1815, e morreu em Lisboa, em 1848. Humilde de nascimento, estudou e aprendeu por conta própria o francês e o italiano. • Desde cedo começou a escrever comédias, alcançando muito êxito com o apoio do maior ator da época, João Caetano. Ingressou na carreira diplomática, mas acometido de tuberculose, teve de regressar de Londres, vindo a falecer em Lisboa aos trinta e três anos de idade. Autor • Suas comédias fazem rir ainda hoje, mostrando o ridículo dos tipos e uma crítica, às vezes, sutil e, às vezes direta, à sociedade de seu tempo. Além do valor literário, suas obras têm um grande valor histórico-social e artístico, constituindo-se no primeiro grande valor da nossa dramaturgia. Algumas de suas peças • • • • O Judas em Sábado de Aleluia, O Noviço, Quem casa quer casa, Os Dous ou Inglês Maquinista. JOÃO CAETANO - "O Mestre Aprendiz do Teatro Brasileiro" • João Caetano dos Santos nasceu em 27 de janeiro de 1808 em Itaboraí, no Rio de Janeiro. • Começou sua carreira como amador, até que em 24 de abril de 1831 estreou como profissional na peça "O Carpinteiro da Livônia", mais tarde representada como Pedro, o Grande. • Apenas dois anos depois, em 1833, João Caetano já ocupava o teatro de Niterói junto com um elenco de atores brasileiros. Assim iniciava a Companhia Nacional João Caetano. • O ator também exerceu as funções de empresário e ensaiador. Autodidata da arte dramática, seu gênero favorito era a tragédia, mas chegou a representar papéis cômicos. • Além de atuar em muitas peças, tanto no Rio como nas províncias, João Caetano publicou dois livros sobre a arte de representar: "Reflexões Dramáticas", de 1837 e "Lições Dramáticas", de 1862. JOÃO CAETANO - "O Mestre Aprendiz do Teatro Brasileiro" • Em 1860, após uma visita ao Conservatório Real da França, João Caetano organizou no Rio uma escola de Arte Dramática, em que ensino era totalmente gratuito. Além disso, promoveu a criação de um júri dramático, para premiar a produção nacional. Dono absoluto da cena brasileira de sua época, morreu a 24 de agosto de 1863, no Rio de Janeiro. • O pesquisador J. Galante de Souza (O Teatro no Brasil, vol.1) considera que o ator, "um estudioso dos problemas da arte de representar, e dotado de verdadeira intuição artística, reformou completamente a arte dramática no Brasil". • Antes dele, a declamação era uma espécie de cantiga monótona, como uma ladainha. Ainda segundo J. Galante, "João Caetano substituiu aquela cantilena pela declamação expressiva, com inflexões e tonalidades apropriadas, ensinou a representação natural, chamou atenção para a importância da respiração e mostrou que o ator deve estudar o caráter da personagem que encarna, procurando imitar, não igualar, a natureza". O Juiz de Paz da Roça (1838) • Escola Literária : Romantismo com elementos do pré-realismo Gênero Literário : Dramático Subgênero : Comédia de Costumes Espaço : Interior do Rio de Janeiro ( casa de Manuel João no início da peça e a casa do Juiz no encerramento da obra. Momento Histórico da ação narrativa : período da Revolução Farroupilha (Rio G. do Sul - 1834) Tempo : Cronológico ,pois tudo acontece em menos de 24 horas . Estrutura da Peça : Ato Único com 23 cenas Enredo • Relata sobre o amor secreto de Aninha e José. • Aninha e José planejam casar em segredo, mas ele é capturado para tornar-se soldado, a favor do governo e contra a Revolução Farroupilha. • Após algumas deliberações sobre disputas locais entre os lavradores, o juiz ordena Manuel João, pai de Aninha, que leve José e o mantenha em casa por um dia, para, então, levá-lo ao quartel. • No meio da noite, Aninha e José fogem e casam-se em segredo. Após darem o fato por consumado, os pais perdoam à jovem e vão até o juiz esclarecer o caso. O rapaz fica assim desobrigado de servir e a peça acaba com todos comemorando. Temática • Critica os costumes do interior brasileiro, à época do Império, evidenciando a ignorância dos pequenos magistrados roceiros, o jogo entre o Direito, enquanto doutrina jurídica, e a vontade e os desmandos puramente pessoais de quem assume o cargo de juiz. PERSONAGENS • As personagens de Martins Pena são pessoas comuns em situações cotidianas: casamentos, festas, envolvidas em pequenas intrigas domésticas, Nesta peça, as personagens são: • • • • • • • Juiz de Paz; escrivão do Juiz de Paz; Manuel João (pai da moça); Maria Rosa (mãe da moça); Aninha; José da Fonseca; lavradores. Corrupção • Na comédia, o juiz de paz é um pequeno corrupto que usa a autoridade do cargo para lidar com a inocência dos roceiros, que lhe trazem os mais cômicos casos. • O escrivão é a pessoa mais próxima ao juiz e viabiliza suas ordens, no entanto não é intencionalmente corrupto e chega a surpreender-se com algumas decisões de seu superior. “O certo é que é bem bom ser juiz de paz cá pela roça. De vez em quando temos nossos presentes de galinhas, bananas, ovos. O Pré-Realismo • A peça enquadra-se na estética romântica, todavia podemos perceber traços de realismo, tanto na descrição do cotidiano rude da família de Manuel João e como no despreparo intelectual para exercer o cargo de juiz de paz e também nos pequenos atos de corrupção do juiz. • Por isso podemos afirmar que é uma obra romântica com características pré-realistas. O núcleo familiar • É formado pela família de Manoel João, Maria Rosa, Aninha (incluindo o negro Agostinho) mais José da Fonseca. Os outros personagens são roceiros que servem para apresentar ao juiz de paz as esdrúxulas situações que ele deve resolver. Crítica aos costumes rurais • É uma sátira aos costumes rurais, revelando os hábitos curiosos, a fala simples e a extrema candura que delimitam os seres da roça. • São criaturas broncas e rústicas, ainda mais quando comparadas aos homens da capital, requintados e espertos. Porém os caipiras têm, com frequência, melhor índole que os tipos da Corte. Até os pequenos corruptos, como o juiz , não deixam de possuir uma certa inocência simpática. Marcas Estilísticas • No conjunto, as comédias são superficiais e ingênuas. Nelas, os tipos humanos são esboçados de forma primária e as tramas pecam, às vezes, pela falta de coerência e verossimilhança. Mesmo assim, essas peças apresentam tal vivacidade nas situações e no registro dos costumes e tamanha espontaneidade nos diálogos que ainda hoje ainda podem ser lidas ou assistimos a elas com prazer. Curiosidades • • • • • • 1. É considerada a primeira comédia de costumes do teatro brasileiro; 2. crítica social; 3. José um herói pícaro; 4. Linguagem com diálogo coloquial; 5. Ação é de forma simples, natural, espontânea, ágil; 6. Criticar as convenções sociais, o casamento, a família, o governo e satirizar figuras como o juiz inescrupulosos e os roceiros; • 7. O enredo é uma sátira da justiça nas época do Segundo Império, denunciando a corrupção e o abuso das autoridades; Curiosidades • 8. o contraste entre a roça e a Corte; • 9. O rapaz, Para seduzir Aninha, faz uma descrição completamente distorcida da Capital, apegado apenas ao aspecto exótico, como se a vida lá fosse prazer, diversão; • 10. O cotidiano simples da classe baixa rural. Ficamos sabendo das lamentações por uma vida trabalhosa, das tarefas feitas e a serem realizadas e até da janta (carne seca, feijão e laranjas); • 11. O juiz não entende nada de lei quando não sabia despachar escrevia “Não tem lugar”, por isso quase foi suspenso; e • 12. Juiz de Paz da Roça permite depreender a crítica voltada para as relações entre as instituições que representam o poder e a parcela menos instruída da população. Herói Pícaro http://www.sobrelivros.com.br/oficina-literaria-picaro-parte-xii/ • O pícaro é qualificado como uma personagem de condição social humilde, sem o sem ocupação certa, vivendo de expedientes, a maioria dos quais escuso. • Possui uma filosofia de vida bastante particular: é materialista, primitivo, desleal, manifestando inclinação para a fraude e a vadiagem, mas tem bom coração. • Aventuras picarescas descrevem, em detalhes realistas e muitas vezes humorísticos, as aventuras de um herói malandro da classe social baixa, que vive por sua inteligência em uma sociedade corrupta. Este estilo do romance foi originado na Espanha, nos anos de transição do Renascimento para o Barroco .